Lise de Baissac | |
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Lise de Baissac em seu uniforme da FANY depois de se juntar a Special Operations Executive. | |
Nome completo | Lise Marie Jeanette de Baissac |
Apelidos | Odile Irène Marguerite Adèle (identidades do SOE) |
Nascimento | 11 de maio de 1905 Ilhas Maurício |
Morte | 29 de março de 2004 (98 anos) Marselha, França |
Prémios |
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Serviço militar | |
Lealdade | Reino Unido França |
Serviço | Special Operations Executive (SOE) First Aid Nursing Yeomanry (FANY) |
Anos de serviço | 1942–1944 (SOE/FANY) |
Patente | Oficial Assistente de Seção (hoje equivalente a cabo) |
Conflitos | Segunda Guerra Mundial |
Lise Marie Jeanette de Baissac MBE (Ilhas Maurício, 11 de maio de 1905 – Marselha, 29 de março de 2004) foi uma heroína de guerra e agente especial do Special Operations Executive durante a Segunda Guerra Mundial.
Nascida nas Ilhas Maurício, era de ascendência francesa, mas com nacionalidade britânica. Foi premiada várias vezes por suas missões arriscadas em meio aos conflitos. Foi a primeira mulher a saltar de paraquedas sobre a França ocupada durante a guerra, junto de outra agente, Andrée Borrel, de codinome Denise.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Lise nasceu em uma família francesa nas Ilhas Maurício, em 1905. Era a mais nova de três crianças. Apesar de o arquipélago ser de administração britânica, Lise e seus irmãos, entre eles um agente da SOE, Claude de Baissac, aprenderam francês desde a infância e a família se mudou para Paris em 1919.[1][2]
Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]
Em 1940, Paris foi ocupada pelos nazistas. Seu irmão mais velho, Jean de Baissac, se alistou no Exército Britânico. Lise e seu segundo irmão, Claude, foram para a Península Ibérica, na tentativa de conseguirem vistos para atravessar para a Inglaterra. Eles esperaram por cinco meses até receberem uma autorização para viajaram rumo a Gibraltar e dali para o Reino Unido. O navio aportou na Escócia e de lá Lise e o irmão desceram para Londres.[1][3]
Enquanto seu irmão Claude foi recrutado para trabalhar no Special Operations Executive (SOE), Lise conseguiu emprego em um tabloide britânico chamado Daily Sketch, de Manchester. Tão logo o SOE começou a recrutar mulheres, Lise se candidatou. Entrevistada por Selwyn Jepson, Lise foi selecionada para criar sua própria rede de espionagem. Seu treinamento foi em Beaulieu, Hampshire, onde treinou com o segundo grupo feminino da instituição, ao lado de Mary Katherine Herbert, Odette Hallowes e Jacqueline Nearne.[4][5] Lise foi indicada em julho de 1942 para trabalhar no First Aid Nursing Yeomanry, uma instituição de caridade britânica independente, formada exclusivamente por mulheres, fundada em 1907, ativa em enfermagem e inteligência durante as Guerras Mundiais.[4][5]
Primeira missão[editar | editar código-fonte]
Em 24 de setembro de 1942, Lise e Andrée Borrel[6] foram as primeiras mulheres agentes da SOE a pular de paraquedas sobre a França ocupada.[6][7] As duas pousaram na vila de Boisrenard, próxima à cidade de Mer. A missão delas era estabelecer uma casa segura em Poitiers para que novos agentes pudessem ser recebidos e assim estabelecerem uma vida secreta no país.[4][5][7]
A função de Lise era servir como oficial de ligação e comunicação entre a divisão SCIENTIST da SOE, a PHYSICIAN, administrada por Francis Suttill e a BRICKLAYER, de France Antelme. A intenção era formar um novo círculo e fornecer um centro onde os agentes poderiam conseguir material e informações locais, além de organizar o recolhimento de armas e equipamentos deixados pelo Reino Unido em assistência à França.[5] Lise conseguiu com sucesso reproduzir em Poitiers o mesmo que Virginia Hall criou em Lyon. Lise utilizou diversos codinomes, como "Odile", "Irene", "Marguerite" e "Adele". Sua história de fachada era a de uma pobre viúva de Paris, Madame Irene Brisse, buscando refúgio no campo das tensões da capital e para evitar o racionamento de comida. Ela se mudou para um apartamento em uma rua agitada, próximo ao quartel-general da Gestapo, ficando bastante próxima do chefe da instituição.[1][5]
Sua fachada de viúva também incluía a de uma arqueóloga amadora procurando por amostras nas trilhas do campo, que ela percorria de bicicleta. A função verdadeira era a de reconhecer possível locais de pouso de paraquedas e para os esquadrões da Força Aérea Real (divisões 138 e 161). Sem um rádio para receber e enviar mensagens, ela tinha que viajar até Paris ou Bordeaux, onde estava seu irmão Claude, na divisão SCIENTIST local. Ele organizava missões de sabotagem e colhia informações sobre deslocamento de navios e submarinos.[1][2][5]
Em junho de 1943, as redes da SOE (PHYSICIAN e ARTIST) colapsaram e foram invadidas pela Gestapo. Na madrugada de 16 e 17 de agosto Lise, seu irmão Claude e o major Nicholas Bodington, voaram de volta para a Inglaterra no Westland Lysander. Lise foi enviada para a base da Força Aérea de Ringway, onde treinou duas novas oficiais, Yvonne Baseden e Violette Szabo. Enquanto as treinava, Lise acabou quebrando uma das pernas.[2]
Segunda missão[editar | editar código-fonte]
Assim que se recuperou da fratura, Lise retornou à França, saltando perto de Villers-les-Ormes, na madrugada de 9 e 10 de abril de 1944. Lise trabalharia na divisão PIMENTO da SOE, com Anthony Brooks, sob o pseudônimo de Marguerite. Logo após sua chegada, duas garotas francesas ligadas à divisão PIMENTO ajudaram a danificar 82 navios-tanque das divisões Das Reich, Deutschland e Der Führer, em torno de Montauban.[5]
Lise se reuniu com seu irmão Claude, que chegou em fevereiro de 1944 e dirigiu-se à Normandia para reconhecer possíveis áreas de pouso de tropas, onde elas pudessem estar seguras por 48 horas até se estabelecerem.[5] Depois do desembarque na Normandia, Lise obteve informações sobre a disposição de tropas alemãs e as repassou aos Aliados, chegando a alugar um quarto em uma casa ocupada pelo comando local das forças nazistas.[1][2]
“ | (...) os alemães chegaram e me jogaram para fora do meu quarto. Cheguei para pegar minhas roupas e descobri que elas haviam aberto o pára-quedas que eu havia transformado em um saco de dormir e estavam sentados nele. Felizmente eles não tinham ideia do que era.[5] | ” |
Lise continuou em operação até a libertação da França, organizando grupos e fornecendo informações para as Forças Aliadas. Quando as tropas norte-americanas chegaram, ela usava seu uniforme da FANY, escondido durante todo o período em que esteve na França.[1][5]
Pós-guerra[editar | editar código-fonte]
Com o fim da guerra, Lise se casou com o decorador e design de interiores Gustave Villameur, em Marselha, mas o casal não teve filhos.[1] Lise trabalhava na BBC francesa como assistente e narradora.[2] O casal viveu também em Saint-Tropez e sua residência era um polo cultural agitado, com escritores e artistas.[1][5]
Morte[editar | editar código-fonte]
Gustave faleceu em 1978 e com a morte do marido, Lise voltou para Marselha, onde morava em um apartamento de frente para o velho porto da cidade. Lise morreu em Marselha em 29 de março de 2004, aos 98 anos.[1][2] Seu corpo foi cremado e as cinzas entregues a familiares.[8]
Em 2008, sua vida foi recontada no filme francês Les Femmes de l'ombre
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