sábado, 3 de dezembro de 2016

FRAGATA CLASSE NITERÓI




FICHA TÉCNICA
Tipo: Fragata multimissão.
Tripulação: 209 tripulantes.
Data do comissionamento: Novembro de 1976
Deslocamento: 3800 toneladas
Comprimento: 129 mts.
Boca: 13,5 mts.
Propulsão: 2 Turbinas a Gás Olympus TM3B com 56000 hps e 4 motores a diesel T16V956 B-9
Alcance: 8500 Km
Sensores: Radar de busca aérea e de superfície Alenia 2D RAN 20S com alcance de 240 km, Radar de navegação Terma Skanter Mil, radar de direção de tiro RTN-30X, Sonar EDO 997F.
Armamento: AAW: 1 lançador de 8 células para mísseis Aspide Mod 7; 2 canhões Bofors Trinity MK-3 de 40 mm antiaéreos; AsuW: 1 Canhão Vickers MK-8 de 114,5 mm, 4 lançadores de mísseis MBDA MM-40 MK II Exocet; ASW: 2 lançadores triplos MK-32 para torpedos leves MK-46.
Aéronaves: Um helicóptero anti-submarino Westland Super Linx


A marinha do Brasil foi durante um bom tempo a mais moderna e bem equipada marinha da América do Sul, tanto pela quantidade de navios em serviço como pela sofisticação de alguns de seus navios. Parte dessa vantagem estava em sua fragata da classe Niterói, o mais importante navio de guerra da marinha do Brasil até hoje. As fragatas da classe Niterói (F-40) foram parte de um acordo entre a marinha do Brasil e o estaleiro britânico Vosper Thornycroft no ano de 1970, para que este construísse 4 navios do projeto MK-10 e que outros 2 navios desse tipo fossem construído pelo Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro, obtendo assim a transferência de tecnologia para esse tipo de navio, o que, mais tarde acabou permitindo o desenvolvimento das corvetas Inhaúma e Barroso, que são fruto dessa transferência para nossa marinha.
Por ser um projeto um tanto antigo, o sinal da idade dos navios começou a se perceber de forma preocupante durante a década de 90, quando se decidiu, no final da década de 80 que as fragatas Niterói precisariam passar por um processo de modernização para poderem se manter como meios de combate viável no cenário de guerra moderno. Assim nasceu o programa MODFRAG, que elevou, em muito, a capacidade de combate do navio, tanto em sistemas de armas como em sistemas eletrônicos. Como tudo que diz respeito a defesa no Brasil, a implantação do programa MODFRAG, também, sofreu atrasos significativos, graças ao descaso gritante das autoridades governamentais diante das necessidades das forças armadas do Brasil.
Essa modernização, também trouxe uma experiência importantíssima para a marinha do Brasil nesse tipo de empreendimento, para que no futuro, possamos executar esse tipo de trabalho em outras embarcações de nossa marinha e até, em navios de países amigos.
A fragata Niterói desenvolve uma velocidade máxima de 30 nós (56 km/h), oque é considerado bom para esse tipo de navio além de permitir ao navio navegar junto com navios de guerra maiores e mais potentes, como no caso de uma missão multinacional onde tenha navios de guerra de uma marinha mais poderosa como a dos Estados Unidos, que, diga-se de passagem, participa todos os anos de exercícios militares com a marinha brasileira. Esse desempenho é proporcionado por duas Turbinas a Gás Olympus TM3B que produzem 56000 hps de potencia e quatro motores a diesel T16V956 B-92. A autonomia da Niterói chega a, aproximadamente, 8500 km navegando em velocidade de 17 nós (30 km/h).


A suíte de sensores nas fragatas classe Niterói foram os sistemas mais atingidos pelo programa de modernização, sendo que o radar principal, de busca aérea e de superfície, é o modelo italiano da Alenia 2D RAN 20S que opera na banda E possui um alcance Maximo de 240 km. Para navegação o radar dinamarquês Terma Skanter Mil operado na banda X tem um alcance maximo de 45 km.
Para direção de tiro um sistema NA-30 composto por um radar RTN-30X com alcance de 45 km contra alvos aéreos e 15 km de alcance contra mísseis em vôo rente a o mar (sea skimmer) e por um sensor Saab EOS 400-10B que proporciona imagem de TV e térmica para apoiar a direção de tiro dos canhões do navio. O sensor termal detecta o calor de um alvo a uma distancia máxima de 20 km. Para detecção de ameaças submarinas um novo sonar modelo EDO 997F, o mesmo usado no moderníssimo novo destróier da marinha britânica o Type 45 Daring, foi instalado. Esse sonar permite uma maior sensibilidade na detecção das ameaças submarinas. Os sensores das Niterói são controlados por um sistema de gerenciamento de dados táticos Sinconta Mk-2, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM). Esse sistema gerencia as informações dos sensores dando agilidade de resposta para as ameaças ao navio.
A suíte de guerra eletrônica é composto por um sistema Racal Cutlass B1W de apoio a guerra eletrônica (MAGE) que classifica as ameaças eletromagnéticas como ondas de radares inimigas que estejam iluminando o navio para que estas possam ser interferidas, ou “jameadas” como preferem dizer alguns especialistas. O interferidor usado nas fragatas Niterói é o ET/SLQ-1 desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Marinha (IPqM), que interfere em radares de direção de tiro e de busca, além de gerar sinais eletrônicos que despistam os sensores inimigos, dando uma posição do navio diferente da real.

O armamento das fragatas Niterói também foi bastante modernizado, visando uma melhora significativa na capacidade antiaérea, antes feita por velhos e ineficazes mísseis Sea Cat, cujo alcance mal passava dos 5 km, além da péssima precisão, para os bem mais poderosos mísseis Aspide Mod 07, guiados por radar semi ativo que conseguem uma probabilidade de acerto de 0.8 (80%) contra um alvo aéreo e com um alcance maximo de 15 km. O lançador usado é do tipo óctuplo (com 8 mísseis), e pode ser modernizado, caso a marinha do Brasil assim o queira para a versão Aspide 2000, com alcance aumentado para 21 km. Foram instalados, também pensando na capacidade anti aérea, dois canhões Bofors Trinity MK-3 de 40 mm, que é apontado elo radar RTN -30C, o mesmo que guia os mísseis Aspide, ou pode ser apontado pela mira optronica EOS 400. As granadas disparadas por este canhão são do tipo de fragmentação e sua detonação se dá por espoleta de aproximação ou ainda programáveis. O alcance maximo é de 10 km contra alvos de superfície, ou 6 km contra alvos aéreos.
  Aspide 2000  
lançamento de um Missil  Aspide 2000
 Canhão Bofors Trinity MK-3 de 40 mm 

Para guerra anti-superfície, as fragatas Niterói, está armada com 4 lançadores de mísseis antinavio MBDA MM-40 MK 2 Exocet, cujo alcance é de 70 km e com guiagem por radar ativo. O canhão principal é o Vickers MK-8 de 114,5 mm, com cadência de tiro na ordem de 25 tiros por minuto e um alcance efetivo de 22 km. O uso deste canhão se dá contra alvos de superfície e aéreos. Esse canhão já é bem conhecido da marinha pois além das fragatas da classe Niterói, também arma as corvetas Inhaúma e a nova corveta Barroso. O armamento anti-submarino é composto por dois lançadores triplos MK-32 para torpedos MK-46 de 324 mm capazes de atingir um submarino inimigo a 7,3 km e a uma profundidade máxima de 365 metros além do lançador de foguetes anti-submarino Bofors SR-375 cujos foguetes podem atingir um alcance de 3,7 km.
Ainda há, nas Niterói, um helicóptero anti-submarino Westland Super Linx, que pode ser armado com torpedos MK-46 ou mísseis antinavio Sea Skua guiado por radar semi ativo e com alcance de 20 km. Esse míssil usa os dados do radar de médio alcance Sea Sprey MK-3 do Super Linx para atingir seu alvo.
Westland Super Linx  Foto: Felipe Sallen www.alide.com.br

  Vickers MK-8 de 114,5 mm

  lançador de foguetes anti-submarino Bofors SR-375

  mísseis antinavio MBDA MM-40 MK 2 Exocet

  lançadores triplos MK-32 para torpedos MK-46 de 324 mm

  mísseis antinavio MBDA MM-40 MK 2 Exocet

Embora o projeto da classe Niteróis seja um pouco antigo, com mais de 30 anos, atualmente, a modernização pelo qual passou estes navios permite ela que ainda seja considerada como meio naval válido por mais alguns anos. Porém já é hora da marinha do Brasil começar a estudar com seriedade a substituição em médio prazo destes navios. O acordo de cooperação militar assinado com a França no inicio de 2008 poderia ser muito útil nesse caso pois a fragata FREMM já descrita nesse blog é um dos mais avançados projetos nessa categoria de navio e poderia servir muito bem a marinha do Brasil.







F-46 Greenhalgh



Navios constituintes da classe
Nr.    Nome                                    Estaleiro                    I.C.   E.S.    F.S.   Situação  
F46   Greenhalg (ex Broadsword)   Yarrow Shipbuilders 1975  1995 - - - -  Em serviço
F47   Dodsworth (ex Brilliant)         Yarrow Shipbuilders 1977  1996  2004  Retirado 
F48   Bosisio (ex Brazen)                Yarrow Shipbuilders 1978  1996 - - - -  Em serviço
F49   Rademaker (ex Battleaxe)      Yarrow Shipbuilders 1976  1997 - - - -  Em serviço

IC = Inicio de Construção ES=Entrada no Serviço Activo FS=Final de Serviço Activo


D a t a s

Batimento de Quilha: 7 de fevereiro de 1975
Lançamento: 12 de maio de 1976
Incorporação (RN): 3 de maio de 1979
Baixa (RN): 30 de junho de 1995
Incorporação (MB): 30 de junho de 1995


C a r a c t e r í s t i c a s

Deslocamento: 3.900 ton (padrão), 4.400 ton (carregado).
Dimensões: 131.2 m de comprimento, 14.8 m de boca, 6.0 m de calado e 7.5 m de calado máximo.
Propulsão: COGOG (Combined Gas or Gas) com 2 turbinas a gás Rolls-Royce Olympus TM3B de 27.300 shp cada; 2 turbinas a gás Rolls-Royce Tyne RM1A de 4.100 shp cada, acopladas a dois eixos com hélices passo variável.
Eletricidade4 geradores diesel Paxman Ventura 12PA 200CZ de 1.000 kw cada.
Velocidade: máxima de 29 nós (turbinas Olympus), cruzeiro de 18 nós (turbinas Tyne).
Raio de ação: 1.200 milhas náuticas a 29 nós (turbinas Olympus) ou 4.500 a 18 nós (com turbinas Tyne).
Armamento:
Misseis Anti-Navio: 4 lançadores de mísseis superfície-superfície MM 38 Exocet; Alcance: 38km Velocidade: 1100km/h
Misseis Anti-Aéreo: 2 lançadores sêxtuplos de mísseis antiaéreos de defesa de ponto Sea Wolf GWS 25 Mod. 0; Alcance: 5km Velocidade: 2100km/h
Canhões: 2 x Bofors / BAE Systems 40mm /L70 Mod.1958 (1 x) (Calibre: 40mm/Alcance: 12Km)
2 x Rheinmetal Defense 20mm Oerlikon/BMARC GAM-BO1 (Calibre: 20mm/Alcance: 2Km)
Torpedos: 6 x ATK Alliant Techsystems MK-46 mod.5 - sistema de lançamento: lançadores STWS Mk.2
Sensores: 1 radar de vigilância combinada (aérea e de superfície) Marconi Type 967-968; 1 radar de navegação Kelvin-Hughes Type 1006; 2 radares de direção de tiro Marconi Type 910 (GWS 25 Mod.0); 2 ofuscadores laser tipo do tipo DEC; CME Racal Type 670; MAGE MEL UAA-1; 4 lançadores sêxtuplos de chaffs/flares SRBOC Mk 137; sonar de casco Ferranti-Thomson Type 2050, telefone submarino Type 2008 e engodo rebocavel para torpedos Graseby Type 182.
Sistema de Dados Táticos: CAAIS 400, com Link 11 e 14.
Aeronaves: 2 helicópteros Westland AH-11A Super Lynx.
Código Internacional de Chamada: PWGH
Tripulação: 246 homens, sendo 21 oficiais e 225 praças.


As fragatas da classe Greenhalgh, são as quatro primeiras fragatas do tipo 22 da Royal Navy, transferidas para o Brasil em meados dos anos 90. Trata-se das fragatas HMS Broadsword, HMS Brilliant, HMS Brazen e HMS Battleaxe. Estas fragatas substituiram na marinha britânica as fragatas da classe Leander. Na sua construção, houve uma considerável influência do projecto tipo-21, do qual são originárias as fragatas Niterói. Aquando do seu projecto, e para reduzir o peso e deslocamento do navio, optou-se por não colocar nenhuma peça de artilharia, pelo que a sua artilharia mais portente são os canhões de 40mm. Esse erro foi posteriormente corrigido nas sub-classes posteriores deste mesmo tipo de navio, construidos depois da guerra das Malvinas/Falkland.





Na marinha do Brasil estes navios vieram substituir os velhos contra-torpedeiros com funções ASW, que ainda se encontravam ao serviço na marinha do Brasil.

As Greenhalgh, após o projecto ModFrag da classe Niterói, já não são os navios mais modernos da frota brasileira e a sua principal deficiência, além da já referida falta de uma peça de artilharia, é o seu sistema de defesa anti-aérea Sea-Wolf que face ás actuais ameaças, se encontra desactualizado. A marinha do Brasil, prevê igualmente a substituição dos misseis Exocet da versão MM-38, pela mais moderna versão MM-40). No entanto, com as fragatas da classe Niterói e as corvetas Inhaumá, fazem parte da mais poderosa força de escoltas da américa latina.

 Repare que a F46 Greenhalg esta com misseis MM-40 Exocet e não o MM-38 Exocet

MBDA GWS-25 Mod.0/3 «Seawolf»

Embora não existam planos para a substituição destes navios, considerando a sua vida útil, devem ficar ao serviço da marinha brasileira até 2020, ano em que toda a classe já deve ter sido desactivada. Entre as várias possibilidades, está a sua substituição por navios da Royal Navy, como por exemplo as fragatas do tipo 23. 

Apenas uma das fragatas tem instalados os Bofors de 40mm transferidos das fragatas Niterói


Informação
As fragatas Type 22 ou classe Broadswoard foram as sucessoras da classe Leander. A primeira destas fragatas foi incorporada na marinha britânica em 1979 e a primeira série da classe foi constituida por quatro navios.
A principal função dos navios era a luta anti-submarina, pelo que quando foram projectados, pensou-se que não seriam necessários canhões, pelo que as Broadsword não contam com canhões de maior calibre que 20mm e o seu armamento principal é apenas constituido por mísseis anto-navio Exocet e mísseis anti-aéreos Seawolf.
Notou-se a infuência norte-americana, que também tinha construido as fragatas Perry sem pensar na necessidade de um canhão de maior calibre, que acabou por ser incluido no design, por pressão dos setores mais conservadores da marinha norte-americana.

Dois dos navios do primeiro lote das fragatas tipo 22, também conhecidos por classe «Broadsword» estiveram no Atlântico Sul em 1982.
Nos anos 90, os quatro navios foram transferidos para a Marinha do Brasil.

Type 22 «batch 2»
O lento processo de desenvolvimento e as características dos estaleiros levaram ao desenho de uma classe modificada, que ficou conhecida como lote dois (batch 2) en inglês.
Trata-se de navios de maiores dimensões, que continuaram sem um armamento principal de maior calibre.

Type 22 «batch 3»
Já depois da guerra nas Malvinas, a falta do armamento principal foi reconhecida, dando assim lugar ao lote três (batch 3).
Esse terceiro grupo de navios da classe distingue-se por possuir uma torre armada com um canhão de 114,5mm à proa.

Alguns navios do lote II foram vendidos a marinhas estrangeiras. Um foi vendido ao Chile e dois foram vendidos à Roménia.
Estes navios sofreram modificações para lhes instalar uma peça de artilharia de 76mm.
Com os planos britânicos para cortes na defesa, os quatro navios do terceiro lote foram retirados de serviço e colocados na situação de reserva, podendo ser vendidos a outras marinhas.