Embraer KC-390 | |
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Apresentação da aeronave | |
Descrição | |
Tipo / Missão | Transporte militar e reabastecedor em voo |
País de origem | Brasil |
Fabricante | Embraer |
Período de produção | Em produção |
Quantidade produzida | 4[carece de fontes] |
Custo unitário | US$: 85 milhões |
Primeiro voo em | 3 de fevereiro de 2015 (4 anos) |
Introduzido em | 4 de setembro de 2019 |
Tripulação | 3 |
Soldados | 80 |
Especificações | |
Dimensões | |
Comprimento | 35,2 m (115 ft) |
Envergadura | 35 m (115 ft) |
Altura | 11,8 m (38,7 ft) |
Notas | |
Para outras informações, acesse a seção Ficha técnica. | |
O Embraer KC-390 é um avião para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo, desenvolvido e fabricado pela Embraer Defesa e Segurança, subsidiária do grupo brasileiro Embraer.[1]
A aeronave estabelece um novo padrão para o transporte militar médio, visando atender os requisitos operacionais da Força Aérea Brasileira, em substituição ao C-130 Hercules.[2]
A fabricante pretende ainda alçá-lo como substituto para as demais Forças Aéreas que possuem em sua frota essa classe de cargueiro militar. É também o maior avião produzido na América Latina
Histórico de desenvolvimento[editar | editar código-fonte]
O KC-390 foi desenvolvido como um jato militar de transporte, anunciado pela primeira vez na feira de materiais de defesa Latin America Aero & Defence (LAAD), no Rio de Janeiro em abril de 2007.[4] Na edição de 2009 do mesmo evento, foi anunciado formalmente o lançamento do programa, com a presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.[5][6]
É equipado com dois motores turbofan Pratt & Whitney, modelo IAE V2500-E5, com empuxo de 31 330 lbf (139 400 N) cada.[7][8] Utiliza a tecnologia fly-by-wire em sua aviônica e tem capacidade para transportar 23 toneladas de carga, inclusive veículos.[9]
Em outubro de 2009, o Congresso Brasileiro aprovou a destinação de 305 milhões de reais à Embraer, para o desenvolvimento da aeronave. Essa verba foi liberada pela Força Aérea Brasileira (FAB), via aval do Executivo.[10]
No início de março de 2009, o Executivo Brasileiro anunciou um investimento inicial entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões. Esse montante representava cerca de 5% do custo de desenvolvimento. Enquanto a empresa não fechava outras parcerias, a FAB preparou a proposta de compra de um lote de trinta unidades (incluindo os dois protótipos).[11] O valor deste primeiro contrato deveria chegar a US$ 1,3 bilhão, em um mercado estimado pela fabricante em no mínimo US$ 20 bilhões.[12]
Ainda em março de 2009, o governo brasileiro, em meio às turbulências da economia mundial, reiterou investimentos no projeto, a fim de garantir empregos na fabricante e dotar a Força Aérea com o novo equipamento.[2] Até novembro de 2012, o projeto da nova aeronave fez surgir mil oportunidades de trabalho dentro da própria Embraer, com a criação, no início de 2011, da Embraer Defesa e Segurança (EDS), sediada na cidade de Gavião Peixoto.[13]
Em março de 2013, a FAB e a EDS concluíram a Revisão Crítica de Projeto (CDR) da aeronave.[14] [nota 1]
Após cinco anos de desenvolvimento, foram concluídos os modelos para integração de todos os sistemas da aeronave e simulações de voo, realizadas em mock-up (simuladores em tamanho real da cabine de comando).[15]
O desenvolvimento do projeto e a produção, envolvendo a integração de tecnologias, sistemas eletrônicos e aviônica, foram de responsabilidade da Embraer Defesa e Segurança.[16]
O desenvolvimento do KC-390 contou com R$ 4,5 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além do apoio ao programa, o PAC também investiu entre 2011 e 2014, R$ 5,5 bilhões em programas militares da Marinha e Aeronáutica.[17]
Parcerias[editar | editar código-fonte]
Para o desenvolvimento e produção da aeronave, a Embraer firmou parcerias com a Argentina, Portugal e República Checa. A empresa brasileira fornece a seção dianteira da fuselagem com a cabine de pilotagem, asas, seção intermediária da fuselagem e estabilizadores vertical e horizontal. Executa também a integração dos comandos de voo, softwares, aviônica e equipamentos como os trens de pouso, que também produz, através de sua subsidiária Eleb.[18] A Argentina fornece as portas do trem de pouso dianteiro, porta dianteira direita, parte da rampa de acesso traseira, flaps e cone de cauda. Portugal fornece a seção central da fuselagem, sponson e portas do trem de pouso principal e leme de profundidade. A República Checa fornece a porta dianteira esquerda, portas traseiras, parte da rampa de acesso traseira e a seção traseira da fuselagem.[19]
Protótipos, início da produção e certificação[editar | editar código-fonte]
Dois protótipos foram previstos no programa de desenvolvimento, montados na unidade Embraer Defesa e Segurança em Gavião Peixoto, no interior do estado de São Paulo. O primeiro protótipo (PT-ZNF) foi apresentado em 21 de outubro de 2014 e voou pela primeira vez em 3 de fevereiro de 2015.[20][21][22] Em fevereiro de 2016, o primeiro protótipo havia cumprido mais de cem horas de voo.[23]
A montagem do segundo protótipo (PT-ZNJ) foi concluída em março de 2016 e voou no dia 28 de abril.[24][25]
Em 21 de junho de 2016, a FAB e a Embraer realizaram com sucesso o primeiro lançamento de paraquedistas.[26]
O cronograma de desenvolvimento do KC-390 sofreu atraso de dois anos, por conta de restrições orçamentárias governamentais.[23] A certificação e as primeiras entregas para a FAB foram previstas para 2018.[27][28] O segundo país a receber a aeronave será Portugal.[29]
Em fevereiro de 2017, foi iniciada a produção em série na unidade da EDS em Gavião Peixoto.[30] A primeira aeronave de série tinha previsão inicial para entrega à FAB no final de 2018. No entanto, com a perda de um dos protótipos em um acidente ocorrido meses antes, durante um teste em maio, a primeira unidade de produção foi utilizada para dar continuidade aos testes. A primeira das três unidades da série, previstas para entrega em 2019, voou pela primeira vez em 9 de outubro de 2018.[31] Em 19 de outubro, dez dias depois do voo inaugural da primeira unidade de série, o cargueiro recebeu a certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), habilitando a aeronave para comercialização e operação em todo o território brasileiro.[32]
Missões[editar | editar código-fonte]
- Transporte e lançamento de cargas e tropas;[33]
- Reabastecimento em voo - caças, transporte ou (ISR) e no solo;
- Evacuação Aeromédica (UTI móvel, remoção de feridos);
- Transporte de cargas paletizadas;
- Transporte de veículos leves e médios;
- Ajuda humanitária;
- Lançamento a baixa altura (LAPES - Low Altitude Parachute Extracting System);
- Lançamento de cargas e paraquedistas em todas as altitudes;
- Operação em pistas não pavimentadas e curtas;
- Combate a incêndios florestais.
Segundo a diretoria do programa, o cargueiro pode também ser adaptado para atender alguns segmentos civis, como indústrias de mineração e petróleo.[20]
Ficha técnica (Embraer KC-390)[editar | editar código-fonte]
Dimensões externas[editar | editar código-fonte]
- Envergadura: 35,05 m
- Comprimento: 35,20 m
- Altura: 11,84 m
Dimensões internas do compartimento de carga[editar | editar código-fonte]
- Comprimento máximo: 18,54 m
- Altura máxima: 3,20 m
- Largura máxima: 3.45 m
Pesos e capacidades[editar | editar código-fonte]
- Vazio: 51 000 kg (112 000 lb)
- Máximo de decolagem (MTOW) 67 000 kg (148 000 lb) (missões táticas); 74 400 kg (164 000 lb) (normal) e 81 000 kg (179 000 lb) (transporte logístico)
- Carga útil máxima: 26 000 kg (57 300 lb)
- Combustível nas asas: 23 200 litros (6 130 galões)
- Tripulação: Três (um piloto, um co-piloto e um engenheiro de voo) e oitenta soldados equipados ou 64 paraquedistas (configuração típica)
Desempenho[editar | editar código-fonte]
- Velocidade máxima: 0,8 Ma (988 km/h)
- Velocidade máxima de cruzeiro: 470 kn (870 km/h)
- Alcance com carga útil máxima: 1 520 m.n. (2 820 km)
- Alcance de traslado: 3 310 m.n. (6 130 km)
- Transferência de combustível: 2 495 km (raio de missão REVO)
- Altitude máxima da operação: 36 000 ft (11 000 m)
- Distância de decolagem: 1 100 m (missões táticas); 1 300 m (normal) e 1 630 m (transporte logístico)
Estrutura[editar | editar código-fonte]
- Fator de carga: 3,0 g (missões táticas em pista semipreparada); 2,5 g (normal) e 2,25 g (transporte logístico)
- Pressurização: 7,6 psi (52 400 Pa)
Propulsão[editar | editar código-fonte]
- Dois Turbofans Pratt & Whitney IAE V2500-E5 - 31 330 lbf (139 400 N) de empuxo cada.[7][35]
Sistemas e equipamentos[editar | editar código-fonte]
- RWR / chaff & flare (sistemas de autodefesa)
- DIRCM - Directional Infrared Countermeasures (sistemas de autodefesa)
- Sistema de reabastecimento em voo
- Sistema HUD duplo
- Iluminação da cabina compatível com sistemas de visão noturna
- Sistema de cálculo preciso do ponto de lançamento de carga
- EEPGS – Emergency Electric Power Generator System (Sistema de emergência de geração de energia elétrica) do tipo RAT (Ram Air Turbine)
Operadores[editar | editar código-fonte]
Confirmados[editar | editar código-fonte]
Países que assinaram contratos de compra da aeronave. Fonte: DefesaNet [19]
- Brasil - Trinta aeronaves (incluindo os dois protótipos).[11]
- Portugal - Cinco aeronaves, com opção para mais uma.[36][37]
Potenciais[editar | editar código-fonte]
Países que assinaram cartas de intenções de compra, mas não formalizaram os acordos. Total de 38 unidades anunciadas.
- Colômbia - Doze aeronaves[38]
- Chile - Seis aeronaves
- Argentina - Seis aeronaves
- República Checa - Seis aeronaves
- Suécia - Número indefinido de aeronaves (intenção de compra em acordo assinado pelo projeto FX-2 da FAB).[39]
- Portugal - Seis aeronaves para a empresa especializada em aviação militar de Portugal SkyTech,[40] parceria entre a portuguesa Hi Fly e a australiana Adagold Aviation.[41]
Em negociação[editar | editar código-fonte]
Vários países fizeram contatos para avaliar o KC-390 como possível substituição da atual frota de aviões cargueiros, porém, não manifestaram intenção de compras do KC-390.
- Bolívia - Seis aeronaves. Interesse não confirmado pela Embraer nem pelo governo da Bolívia, mas confirmado por autoridades brasileiras.[42]
- Itália - Quantidade não divulgada. Interesse no KC-390 manifestado pelo governo italiano. [43]
- Emirados Árabes Unidos - Quantidade não divulgada. Interesse no KC-390 manifestado pelo governo dos Emirados Árabes Unidos. [44]
Pedidos cancelados[editar | editar código-fonte]
- Alemanha - Quatro a seis aeronaves, que seriam operadas em conjunto com a França e outros países europeus, membros da OTAN. A Alemanha anunciou formalmente que iria operar dez C-130 (seis alemães e quatro franceses). O acordo de cooperação ainda necessitaria ser aprovado pelo parlamento alemão.[45][46]
- Nova Zelândia - Cinco aeronaves. governo neozelandês optou pelo Lockheed C-130J como substituto dos antigos C-130 Hercules.[47]
Contratos e entregas[editar | editar código-fonte]
Brasil[editar | editar código-fonte]
A Embraer assinou com o governo brasileiro o primeiro contrato para produção em série do cargueiro em 20 de maio de 2014, em um negócio estimado em R$ 7,2 bilhões, que incluía suporte logístico, peças sobressalentes e manutenção.[48]
A Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu a primeira aeronave no dia 4 de setembro de 2019, entregue na Base Aérea de Anápolis, em Goiás.[49]
Portugal[editar | editar código-fonte]
A compra de cinco aeronaves foi confirmada em julho de 2019, a serem entregues de 2023 a 2027.[50] O contrato foi assinado em 22 de agosto do mesmo ano, sendo a primeira venda internacional oficializada. O valor do negócio foi de € 827 milhões (US$ 917 milhões).[51]
Acidentes e incidentes[editar | editar código-fonte]
Em novembro de 2017, foi reportada a ocorrência de um incidente em ensaio em 12 de outubro do mesmo ano, no qual o primeiro protótipo (PT-ZNF) teve inesperada e substancial perda de altitude, superada após a realização de procedimentos de recuperação pelos pilotos.[52] A mídia especializada relatou que o incidente, durante ensaio em voo para situação de estol, ocorreu pouco antes da aeronave atingir o nível máximo de estol, quando teria ocorrido uma perda de sustentação, provocada por uma alteração repentina do centro de gravidade. Isso teria feito com que o cargueiro perdesse altitude rapidamente e a tripulação só teria conseguido retomar o controle a 1 000 pés (300 metros) de altitude do solo. A provável causa, informada por um engenheiro do programa, teria sido o desprendimento de um equipamento de teste que se deslocou para a parte traseira do compartimento de carga. Como o inesperado desbalanceamento da carga da aeronave teria ocorrido no momento mais crítico (chamado "pré-estol"), a perda de sustentação foi inevitável. A Embraer confirmou o incidente, relatando que houve algumas avarias na aeronave, mas não relacionou o fato a uma alteração do centro de gravidade nem o desprendimento do equipamento, informou que o incidente estaria sob investigação e que não haveria atraso para a primeira entrega do KC-390.[53]
Em maio de 2018, o mesmo protótipo (PT-ZNF) saiu da pista do aeroporto de Gavião Peixoto durante a realização de testes em solo,[54] ocasionando danos aos trens de pouso e a parte estrutural da fuselagem.[55][56] Por conta dos danos ao protótipo, a empresa registrou perdas de cerca de 127 milhões de dólares e a entrega do primeiro KC-390, anteriormente prevista para o final de 2018, foi adiada para 2019.
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