No início da década de 1950 as aeronaves a reação estavam tomando o lugar dos caças a pistão, e no meio naval o cenário não era diferente e para atender a esta demanda a Marinha Americana emitiu uma requisição para o desenvolvimento de uma aeronave de ataque embarcada de pequeno porte, capaz de operar embarcada, com capacidade de ataque nuclear, com um raio de ação de 555 km, capaz de transportar 908 kg de armamento e atingir velocidades de 805 km/h, pesando até 13.600 kg. Seu emprego deveria ainda considerar um baixo custo de operação tendo em vista que a principal aeronave a ser substituída seriam os antigos Douglas A-1 Skyraider.
Em janeiro de 1952 a empresa Douglas Aircraft Company apresentou sua proposta que era baseada em um projeto criado pela equipe do renomado projetista chefe Edward Henry Heinemann, curiosamente a aeronave apresentada era extremamente compacta, pesando apenas 5.440 kg que era a metade da especificação original, podendo atingir uma velocidade máxima 950 kg, com uma carga útil de 2.250 kg (incluindo artefatos nucleares) dispunha de uma diminuta área alar de 8,38 m o modelo dispensava a necessidade de asas dobráveis para hangaragem em porta-aviões, eliminado assim dispositivos complexos . O primeiro vôo da nova aeronave alimentado pelo motor turbojet Wright J65, aconteceu em 22 de junho de 1954 na Base da Força Aérea de Edwards Califórnia, em 22 de junho de 1954, e os resultados satisfatórios levariam a assinatura de um contrato para a construção de dezoito aeronaves de pré-série que seriam denominadas YA4D-1.
A primeira versão de produção A4D-1(A-4A), destinada a Aviação Naval da Marinha entraria em serviço a partir do final do ano 1956, sendo inicialmente empregados para adaptação e conversão junto aos esquadrões VA-72 e VMA-224, sendo posteriormente destinados as unidades embarcadas nos porta aviões nos esquadrões de ataque leve. Seu batismo de fogo ocorreria com o envolvimento americano na Guerra do Vietnã em 1964, sendo o modelo A-4C responsável pelos ataques leves na primeira fase do conflito. Durante a guerra do Vietnã o modelo começaria a ser gradativamente substituído A-7 Corsair II, sendo as unidades remanescentes transferidas para os esquadrões da Reserva Naval, unidades de treinamento em substituição aos TF-9J Cougar e também como aeronaves agressoras junto a Navy Fighter Weapons School (TOPGUN).
A versão inicial designada como TA-4 Skyhawk foi introduzida em 1956, visando prover a Marinha Americana de uma versão de treinamento e conversão para seus modelos monopostos (salientando que as primeiras células foram conversões de do modelo A-4B), basicamente este modelo deveria manter todas a funcionalidades do primeiro permitindo maior eficácia em sua missão. Além de prover esta conversão estes modelos tinham como missão também substituir o modelo TF-9J Cougar com a versão TA-4J , desta maneira este modelo viria a se tornar o vetor padrão de instrução avançada na Marinha Americana, por décadas até começar a ser substituído pelos novos jatos de instrução T-45 Goshawk .
Seguindo o sucesso da versão monoplace os TA-4 foram exportados para 10 países e sua produção total englobando todas as versões atingiu a cifra de 345 unidades, sendo que as últimas a serem produzidas foram seis aeronaves da versão TA-4KU pertencentes a um contrato de compra do Kuwait.
Emprego no Brasil.
A Marinha do Brasil fora impedida de operar aeronaves de asas fixas em 1965, quando o decreto 55.627 de janeiro do mesmo ano determinou a transferência de seus vetores para Força Aérea Brasileira, esta decisão seria revogada somente em 8 de abril de 1998, quando a Aviação Naval conquistou novamente o direito de operar aeronaves de asas através do Decreto Presidencial Nº 2538. Esta decisão tinha como premissa básica que os vetores operassem primariamente embarcados no Nael A-11 Minas Gerais, dotar uma belonave como esta exigiria uma escolha adequada pois a concepção antiga deste porta aviões apresentava possuía muitas restrições para operações de jatos de alto desempenho em função de seu tamanho de pista e capacidade de lançamento das catapultas.
A solução ideal se baseava nas aeronaves da família A-4 Skyhawk que no passado haviam operado em porta aviões ingleses de projeto antiquado e similar nas marinhas da Austrália e Argentina. A solução seria apresentada pela Boeing que dispunha em seus estoques de um lote de caças A-4KU e TA-4KU que haviam sido devolvidos a empresa pela da Força Aérea do Kuwait, como parte de pagamento na aquisição de um lote de F/A-18 Hornet. Esta variante foi desenvolvida com base no modelo A-4M Skyhawk II empregada pela aviação do corpo de Fuzileiros Navais da Marinha Americana, sendo desprovidas das capacidades de ataque nuclear, lançamento de misseis antirradiação e bombas guiadas por TV, porém incorporavam o sistema Hughes Arbs (Angle Rate Bomb System, para a designação de alvos no solo), podendo ainda portar mísseis AGM-65 Maverick. Seu grupo motriz equipado com turbo jato Pratt & Whitney J-52-P408 com 11.200 libras de empuxo. Esta configuração seria considerada como a melhor versão da família A-4 Skyhawk produzida dentre todas.
Já em operação a partir de 2000, os denominados AF-1ª (versão de conversão do TA-4KU) são empregados basicamente na quarta fase de treinamento das equipagens, sendo esta a de transição operacional , preparando assim os pilotos para plena operação do AF-1, infelizmente o reduzido número de células existentes limita a operação deste modelo tendo como base somente as bases em terra nao sendo embarcadas no A-12 São Paulo.
Apesar de serem empregadas na Guerra do Golf, onde realizaram mais de 1.361 surtidas de combate, as células se se encontravam em excelente estado de conservação contando em média com apenas 1.700 horas de voo, e após revisão básica pelos técnicos do Boeing foram transportadas ao Brasil por via naval juntamente com um amplo estoque de peças sobressalentes e pacote de armas entre eles misseis ar ar Sidewinder AIM-9L. Sua incorporação demandaria a criação do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) tendo como base operacional o complexo militar de São Pedro de Aldeia no Rio de Janeiro. As aeronaves receberam a designação de AF-1A portando as matriculas de 1021 á 1023. No final do ano 2001 após a integração dos primeiros aviadores navais de asa fixa, os AF-1 começaram a operar embarcados no porta aviões A-11 Minas Gerais, para a qualificação dos pilotos em tarefas como pouso enganchado e decolagem catapultada e manobra. No ano seguinte após a incorporação do novo porta aviões A-12 São Paulo, os Skyhawks passaram a integrar seu grupo aéreo embarcado.
Apesar de possuírem limitações tecnológicas devido a seu projeto e desempenho, este modelo teve por missão inicial formar a doutrina operacional de aviação embarcada para a Marinha Brasileira, realizando missões de interceptação, reabastecimento em voo e ataque. Transcorridos 13 anos de sua incorporação, o comando da força aeronaval decidiu realizar um extenso programa de modernização que passou a ser realizado pela Embraer a partir de 2012, englobando 09 células do modelo AF-1 e 03 do modelo AF-1A, objetivando manter as células operacionais até 2025, basicamente este programa contempla:
• Instalação do Radar Warning Receiver (RWR): possibilita à aeronave detectar e se evadir de ameaças, como mísseis e caças inimigos, o que aumenta a capacidade de sobrevivência da aeronave e a probabilidade de sucesso nas missões;
• Instalação do 3º Rádio VHF: capacita a aeronave a operar seus dois rádios ROHDE SCHWARZ na transmissão de dados via data-link, enquanto permanece com a escuta dos órgãos ATC (Air Traffic Controler);
• Revitalização do Piloto Automático: possibilita ao piloto gerenciar seus sistemas, permitindo maior concentração na missão imposta;
• Integração do Radar Altímetro e do TACAN: facilita ao piloto focar a sua atenção em apenas um instrumento (a tela do CMFD que concentrará todas estas informações), aumentando assim sua consciência situacional quando operando do porta-aviões e quando voando em condições de voo por instrumento;
• Integração dos instrumentos do motor: possibilita ao piloto receber os avisos aurais dos limites de funcionamento do motor, concentração das informações em uma única tela e melhor visualização das informações dos indicadores; e
• Estações de briefing e debriefing: possibilita às piloto condições de preparar melhor a missão, garantindo assim um maior aproveitamento, economia de utilização dos equipamentos aviônicos, melhor disposição das informações geradas em vôo para treinamento das equipagens e avaliação das missões.
Em em 2010 o AF-1A N-1023 foi entregue a Embraer para servir de protótipo para a atualização dos modelos e a primeira aeronave monoplace modernizada o AF-1B N-1011, voou no dia 17 de julho de 2013 e após ensaios de aprovação, demais aeronaves foram encaminhadas para as instalações da empresa em Gavião Peixoto para serem submetidas a este processo, com a primeira célula entregue (N-1001) em 26 de maio de 2014, com as demais sendo entregues até fins do ano de 2017. Esta modernização proporcionará à MB a oportunidade de operar um vetor aéreo no estado da arte, quanto à aviônica e sistemas embarcados, qualificando-a a empregar suas aeronaves em operações aeronavais e aéreas, nacionais e internacionais, o que aumentará significativamente a operacionalidade da Aviação Naval da Marinha.
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