Durante o transcorrer da Segunda Guerra Mundial, os americanos cientes dos avanços alemães na tecnologia de propulsão a jato, decidiram empenhar esforços no desenvolvimento da primeira aeronave de caca a jato americana operacional e apesar da Bell Aircraft já ter iniciado os esforços que culminaram no XP-59 Airacomet,o comando da USAAF definiu por transferir este projeto para outra empresa, então em 23 junho de 1943 foi celebrado junto a Lockheed Aircraft Corp o contrato para projeto do XP-80 Shooting Star, que teria como líder o brilhante engenheiro aeronáutico Clarence L. "Kelly" Johnson
Em 09 de novembro de 1943 foi concluído o primeiro protótipo, sendo levado a testes secretamente na base aérea de Muroc Dry Lake, porem diversas anomalias e falhas técnicas no motor, paralisaram as avaliações , sendo retomadas somente no dia 28 do mesmo mês com o recebimento de um novo motor inglês Haviiland H-1B Goblin. O primeiro voo ocorreu em 08 de janeiro de 1944, tendo a aeronave atingindo a velocidade de 806 km/h.. Ocorre porem que incertezas quanto ao fluxo de fornecimento dos motores ingleses, levara a Lockheed a repensar o projeto sugerindo a adoção do motor americano General Eletric Whittle I-40, com esta definição, em vistas ao porte maior deste grupo propulsor foi necessário redesenhar a fuselagem do modelo gerando assim a versão XP-80A com o primeiro voo ocorrendo em junho de 1944.
Para a produção em serie do modelo foi decidido novamente alterar o motor, optando agora pelo turbo jato Allison J-33, um contrato de fornecimento de 4.930 unidades foi firmado com a USAAF (Forca Aérea do Exército dos Estados Unidos), no entanto com a capitulação do Japão em agosto de 1945 este número foi reduzido para 671 unidades entregues em três variantes.
A segunda versão do modelo designada P-80B incorporava várias melhorias, entre elas novos e mais confiáveis assentos ejetáveis e adoção do sistema de injeção de agua e metanol no motor, sendo entregues 240 células entre 1947 e 1948. Prosseguindo em seu ciclo evolucionário , alçou voo em 1 de marco de 1948 o primeiro P-80C, versão dotada com o motor Allison J-33-23 com 2086kgf de empuxo, que lhe permitia atingir a velocidade de 928 km/h. Este novo modelo recebeu uma nova estrutura alar reforçada com a provisão para receber quatro cabides subalares com capacidade de carga útil de até 1.080 kg, sendo assim considerado o primeiro caca bombardeiro a jato americano, ao todo foram completados 799 unidades, , sendo seguidos por inúmeras conversões dos modelos P-80A e P-80B.
O batismo de fogo do agora renomeado F-80C Shooting Star ocorreu na guerra da Coreia, onde em combate foram superados pelos MIG-15 russos, que apresentaram uma performance muito superior. Desta maneira os F-80C foram neste conflito substituídos nas missões de caça por aeronaves mais modernas sendo relegados a missões de apoio aéreo aproximado em conjunto com os F-51 Mustang e reconhecimento fotográfico, este processo ocorreu também nas unidades da USAF (Forca Aérea Americana), unidades das Forças de Reserva e Guarda Aérea Nacional dispostas nos Estados Unidos.
A única versão operacional restante foi a RF-80A/C de reconhecimento aéreo fotográfico, que se mantiveram na ativa até fins 1957, quando foram retirados do serviço ativo na USAF. Este processo gerou um lote excedente de células do F-80C em boas condições, que começaram a ser cedidos através dos termos do Programa de Assistência Militar (PAM) a nações alinhadas aos Estados Unidos, que buscavam substitutos para os já obsoletos caças P-47 Thunderbolt e P-51 Mustang. Entre os países beneficiados estavam o Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru, República Dominicana e Uruguai, onde estiveram em serviço pelo menos até a primeira metade da década de 1970.
Emprego no Brasil.
No final do ano de 1956, o 1º Esquadrão do 4º Grupo de Aviação (1º/4º Gav. Pacau) passou a receber as últimas células operacionais do caça bombardeiro Republic F-47 Thunderbolt, alterando assim sua principal missão para a formação de pilotos de caca da Forca Aérea Brasileira, sendo estas aeronaves transferidas do 2º Esquadrão do 5º Grupo de Aviação (2º/5º Gav Rumba) que passou a realizar a formação em aeronaves multi motores. Ocorre porem que em decorrência de inúmeros problemas técnicos entre eles a falta de peças de reposição (devido a descontinuidade de produção do modelo em 1945) e fadiga estrutural, determinaram a desativação imediata do modelo em norma da segurança, e para se manter as operações de formação, a unidade foi dotada temporariamente com células do North American T-6G Texan, modelo este não adequado para esta finalidade.
Com o objetivo de sanar esta deficiência o Ministério da Aeronáutica, fazendo uso dos termos do Programa de Assistência Militar, pleiteou junto ao governo americano a cessão de aeronaves de caça usada para a substituição dos F-47 Thunderbolt. Tal pedido foi prontamente atendido através da liberação de 33 células do modelo F-80C Shooting Star e 04 células da versão biplace o T-33 Thunderbird.
As primeiras aeronaves recebidas em 10 de dezembro de 1956 eram da versão biplace e se destinavam a instrução dos pilotos, que iriam realizar as tarefas de instrução avançada nos modelos monopostos F-80C Shooting Star, que deveriam ser recebidos no primeiro semestre do ano seguinte, porem devidos a problemas operacionais e burocráticos as primeiras 13 aeronaves foram recebidas somente em 17 de janeiro de 1958, a este lote se somaram mais 15 celulas em 17 de maio e 6 entre os dias 25 e 26 de maio também do mesmo ano completando o lote de 33 aparelhos que foram transladados por pilotos americanos.
Os já designados F-80C receberam as matriculas de FAB 4200 a 4232 e no mesmo ano em conjunto com os T-33 na realização do curso operacional de piloto de caca dos oficiais recém-formados na então Escola de Aeronáutica. A adição deste novo vetor proporcionou enorme avanço no processo de formação, pois o emprego de um vetor a jato de alta performance, ao invés de uma aeronave a pistão, facilitava em muito a transição para as aeronaves de caca Gloster F-8 Meteor.
Além de ser empregado em missões de formação, os F-80C foram empregados como vetores para a defesa área de toda a região nordeste do pais. Infelizmente problemas operacionais e técnicos elevaram em muito o índice de indisponibilidade das células, culminado na desativação total do modelo no ano de 1967, sendo os mesmos substituídos por novos lotes de T-33 oriundos dos estoques da Forca Aérea Americana (USAF), que viriam a dar continuidade ao processo de formação de pilotos da FAB.
Com a desativação da frota de aeronaves F-80C, foi decidido que uma das células, justamente o de matricula mais antiga (FAB 4200) fosse mantido em condições de voo para ser usados exclusivamente pelo comandante do esquadrão Pacau. Tendo um amplo estoque de peças de reposição para eventuais necessidades de manutenção, a aeronave foi preparada com um esquema especial de pintura, e se manteve operacional até o ano e 1973 quando foi desativada, infelizmente a aeronave se acidentou com perda total quando do translado para o Museu Aeroespacial, encerrando assim a carreira do modelo no pais.
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