terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Boeing Model 267 - P-12

História e Desenvolvimento. 


Em 1928 a Boeing Aircraft Corporation se encontrava na fase final do desenvolvimento de um novo caça embarcado que fora projetado com recursos próprios com objetivo de substituir os então obsoletos caças F2B e F3B em serviço na United States Navy (USN) e o Boeing PW-9 pertencentes ao United States Army Air Corps (USAAC). Dois protótipos foram construídos do novo caça recebendo a designação de Boeing Model 83 e Boeing Model 89, com primeiro realizando seu voo em 25 de junho de 1928 e o segundo em 7 de agosto do mesmo ano. Durante as avaliações realizadas pela USN e USAAC foram aferidas no Boeing Model 83 características positivas de desempenho e manobrabilidade, levando a formalização de uma encomenda inicial de 27 exemplares que passaram a ser designados como F4B-1 e passariam a ser os modelos mais avançados em serviço até então.

O Boeing Model 89 também foi exaustivamente analisado pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC) e com base nos resultados obtidos e em consonância também com os laudos fornecidos pela USN sobre o Model 83 permitiram a primeira encomenda em 07 de novembro de 1928, de dez aeronaves que viriam a receber a denominação de P-12. Estas aeronaves foram destinadas a voos de avaliação e adaptação que foram realizadas pelo corpo técnico do exército americano, resultando em um novo contato de aquisição 90 unidades da nova versão model 267 P-12B em 10 de junho do ano de 1929.
As primeiras células foram entregues a partir de 12 de maio de 1930, sendo distribuídas as unidades de primeira linha, entre elas o 17th, 34th, 73th e 95th Pursuit Group que estavam baseados emt March Field, na Califórnia. As operações iniciais apontaram oportunidades de melhoria que seriam concretizadas com a encomenda de mais 131 unidades da versão P-12C, onde foram entregues 96 unidades, e as 35 restantes configuradas em uma nova evolução denominada P-12D. A partir desta versão, houve um upgrade das células já produzidas para a versão P-12E (Boeing Model 234 ou F-4B-4 na Marinha Americana). Ainda houve uma encomenda de mais 135 P-12E para a USAAC em 03 de março de março de 1931, sendo recebidos até maio de 1932. A última variante a ser produzida do P-12 foi a “Fox” , contemplando 25 unidades, totalizando um total de 366 P-12 operados pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC).

Seu armamento consistia de duas metralhadoras Colt Browning de 0.30 polegadas instaladas na parte superior do nariz, atirando sincronizadas com a hélice e dispunha também de dois suportes subalares para emprego de bombas de até 52 kg, podiam ainda ser equipados com um tanque de combustível suplementar ventral que permitia estender sua autonomia de voo para até 1.000 km. Infelizmente os avanços aeronáuticos implementados a partir da última metade da década de 1930 relegaram o modelo a obsolescência, sendo relegado a missões de treinamento no continente americano com somente algumas aeronaves dispostas junto aos 6th, 8th  e 19th Pursuit Group baseados no Hawaii, que também não chegariam a participar efetivamente das operações da Segunda Guerra Mundial.
Foram produzidos 586 Boeing P-12/F4B de todas as suas variantes, o modelo foi substituído na USAAC pelo novo Boeing P-26 que passaram a ser incorporados entre 1934 e 1935. Cabe a menção que o P-12 foi o último biplano de caça empregado pelo USAAC, estando em uso até 1941 principalmente em missões de treinamento e instrução em solo. Versões para exportação denominadas modelo 256 para o F-4B e 267 para o P-12, foram entregues as forças militares de países como Espanha, China, Filipinas, Tailândia e Brasil.

Emprego no Brasil. 

A Revolução Constitucionalista de 1932 evidenciou que as forças militares brasileiras não dispunham de meios aéreos de combate adequados a realidade do cenário bélico da época, gerando assim a necessidade emergencial de renovação da frota de aeronaves de caça, esta demanda seria atendida a partir de fins do mesmo ano, quando foram adquiridas 14 células novas de fábrica do Boeing Model 256 , sendo esta variante idêntica aos F-4B-4 operados pela aviação naval da Marinha Americana. Estas aeronaves foram distribuídas na ordem de seis células para a Aviação Naval e oito para a Aviação Militar.

As oito unidades da Aviação Militar foram destinadas a equipar o 1º Grupo do 1º Regimento de Aviação (1ºRAv), baseado no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro, no Exército estes aviões foram designados como P-12. No ano seguinte o comando do Exército Brasileiro, no anseio de ampliar sua frota de caças, realizou a encomenda de um novo lote de aeronaves, agora na versão Model 267, modelo este que era muito similar ao Boeing 256, empregando a fuselagem do F-4B-3 naval em conjunto com as asas e trem de pouso do P-12E em uso pelo Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC), como principal diferença visual cita-se o estabilizador vertical.
Estas novas células foram também incorporadas ao 1º Grupo do 1º Regimento de Aviação (1ºRAv), e foram matriculadas com os números de produção “ 1794 e 1802”, sendo posteriormente modificado para “1-107 á 1-115”. Os P-12 então foram destinados a atividades de caça e treinamento. No ano de 1939 em função de um processo de reorganização da Aviação Militar, os mesmos foram destinados ao 2º Grupo do 5º Regimento de Aviação (5ºRAv) sediado na cidade de Curitiba no Paraná.

Com a criação do Ministério da Aeronáutica em 20 de janeiro de 1941, as aeronaves do inventário da Aviação Naval e Aviação Militar, foram imediatamente transferidas para esta nova instituição, assim os Boeing 256 e 267 foram recebidos pela Força Aérea Brasileira, onde receberiam as matriculas de FAB “01 á 20” (considerando inclusive o registro de células perdidas em uso), todas as aeronaves foram concentradas no 5º Regimento de Aviação (5ºRAv), equipando o 2º Grupo sendo baseados Base Aérea Do Bacacheri em Curitiba. O recebimento de novas aeronaves de caça como os P-36 Hawk e P-40 Warhawk nos termos do Leand Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), determinaram a transferência de algumas células dos P-12 para a Base Aérea de Santa Cruz (FAB 4019), Parque de Aeronáutica dos Afonsos (FAB 4000 e 4001) e Base Aérea de Santa Cruz (FAB 4019).
Em 03 de dezembro de 1945 as células remanescentes foram consideradas obsoletas e a constante falta de peças de reposição e seu alto grau de desgaste operacional, levaram a desativação da maioria dos Boeing 256/267 entre os anos de 1946 e 1949. Somente permaneceu em operação o P-12 FAB 4000 que estava alocado no PAMA Afonsos, se mantendo em uso até outubro de 1951.

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