terça-feira, 23 de janeiro de 2018

PROJECT 949A ANTEY (OSCAR II)


FICHA TÉCNICA 
Comprimento: 154 m.
Largura: 18,2 m. 
Calado: 9 m. 
Deslocamento: 23000 toneladas quando submerso.
Velocidade máxima: 32 nós (59 Km/h) submerso ou 15 nós (28 km/h) na superfície.
Profundidade: 500 m normalmente, mas pode chegar a 830 m no máximo. 
Armamento: 4 Tubos para torpedos de 533 mm, 2 tubos para torpedos de 650 mm, somando 24 torpedos;  Míssil anti submarino RPK-2 Viyuga (SS-N-15 Starfish) lançados dos tubos de torpedo de 533 mm; missil antinavio RPK-6 Vodopad (SS-N-16 Stallion) lançados dos tubos de 650 mm; 24 mísseis antinavio P-700 Granit (SS-N-19 Shipwreck). 
Tripulação: 94 a 107 homens.

Propulsão: 2 reatores nucleares OK-650B que produz  e 2 × turbinas a vapor tipo GTZA OK-9 entregando 73.070 kW (98000 shp) para dois eixos.

DESCRIÇÃO 
Por Iuri Gomes
A nova doutrina, de construção de uma poderosa força naval, implantada pelo renomado Almirante Sergey Gorshkov nos anos 70 fez com que a marinha soviética nos anos 80 possuísse uma força de superior a três mil barcos com o objetivo de contrapor à marinha norte-americana (US NAVY). Porém, a marinha soviética (VMF) deu prioridade aos meios submarinos, para escolta de seus submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos (SSBNs) e na preparação para um possível confronto com as Frotas Norte Americanas. Enquanto, a US NAVY possuía e ainda possui uma grande e devastadora força naval de superfície, constituída por gigantescos Navios Aeródromos, que em tempos de guerra, são capazes de transportar cerca de cem aeronaves. Em contraposição a ameaça da frota americana, a marinha russa colocou em operação um gigantesco submarino nuclear lançador de mísseis cruzeiros (SSGN), extremamente silencioso, conhecido como projeto 949- Granit (em russo) e Oscar I (no ocidente) e logo posteriormente uma versão modernizada Projeto 949A- Antey (em russo) e Oscar II (no ocidente). Um submarino, que de acordo com o seu armamento, poderia, até mesmo, derrotar um grupo de batalha. Esse projeto foi realizado com o objetivo de atacar grandes navios de superfície, como cruzadores e porta aviões em qualquer área oceânica do globo terrestre.
Este submarino considerado indestrutível pelos marinheiros russos. Contudo, ficou conhecido mundialmente por protagonizar uma grande catástrofe com o K-141 Kursk no Mar de Barents em 12 de agosto de 2000.
Acima: O submarino classe Oscar II representa um dos maiores trunfos da dissuasão russa atual. Seu desempenho de navegação e seu poder de fogo dão a ele uma capacidade da qual nenhum navio ocidental é capaz de igualar.

ORIGEM
No final da Década de 70 a VMF percebeu que seus SSGNs da classe Charlie possuíam uma capacidade limitada, pois eram ruidosos e levavam apenas oito mísseis P-70 Ametist de curto alcance, um problema crônico dos submarinos soviéticos dos anos 60. O primeiro submarino do Projeto 949 foi encomendado em 1980. No qual, foram feitos somente duas embarcações e em 1982 foi substituído por uma versão atualizada e maior o Projeto 949A.
Assim como os submarinos da classe Typhoon (SSBN), o Oscar possui um casco duplo, um casco de pressão interior e um casco hidrodinâmico exterior. A separação 3.5m entre os cascos interno e externo no Oscar fornece flutuabilidade, reserva significativa e melhor capacidade de resistência contra torpedos convencionais. A inovação externa da variante do Oscar no Projeto 949A foi o aumento do comprimento do submarino em cerca de dez metros, menos ruídos que seu antecessor e atualização do sistema eletrônico.
Embora seja uma embarcação muito grande, com incríveis 23 mil toneladas submersas, 154 metros de comprimento e 18,2 metros de largura, o Oscar II possui uma velocidade superior a 30 nós, bem rápido para seu enorme tamanho e alcança uma profundidade de cerca de 500 metros. Este submarino possui uma cápsula de resgate VSK que pode acomodar 110 tripulantes. Seu casco está divido em dez grandes compartimentos.
I.     Sala de Torpedo
II.    Sala de controle
III.   Estações de combate e rádio
IV.   Sala de estar
V.    Reatores nucleares( compartimento V é dividido em dois)
VI.   Engenharia de propulsão
VII.  Principal turbina de propulsão
VIII. Principal turbina de propulsão
IX.   Motores elétricos
Suas escotilhas de acesso estão localizados nos compartimentos 4 e 9. A cápsula de fuga de emergência se localiza na vela.

Acima: A grande largura do Oscar II é consequência de usar uma configuração de casco duplo, o que o torna extremamente resistente a mergulhos a elevadas profundidades.

ARMAMENTO
Esses submarinos estão equipados com dois tubos de 650 mm e quatro 533 mm de torpedos, capazes de lançar dois tipos de torpedos e mísseis anti-navio. Estes incluem os SS-N-16 Stallion mísseis anti-navio com um alcance de 50 km, levando torpedos, ogivas nucleares ou carga de profundidade nuclear para uso contra navios de superfície ou submarinos.
O submarino está equipado com 24 mísseis localizados em tubos fixados com ângulo de aproximadamente 40º. Os tubos, dispostos em duas filas de doze, são cobertos por seis escotilhas de cada lado da vela, com cada escotilha cobrindo um par de tubos. Os tubos de mísseis são fixados entre o casco de pressão interior e exterior hidrodinâmica, que alojam os famosos SS-N-19 Granit (P-700),  mísseis de cruzeiro com um alcance de 550 km. O míssil tem um comprimento de 10,5 m, pesa 6.9t e transporta uma ogiva de alto explosivo de 750kg ou uma ogiva nuclear de 500kt. Sua velocidade é Mach 1.5 em modo inicial e acelera para mais de Mach 2.5 quando está a poucos quilômetros do alvo. O míssil quando lançado tem o modo de orientação única, um dos mísseis sobe a uma altitude superior e localiza os alvos, enquanto os outros atacam em baixa altitude. O míssil responsável pela designação de alvos sobe em curtos pop-ups, de modo a ser mais difíceis de interceptar. Os mísseis estão ligados por datalinks, que formam uma rede. Se o míssil designador for destruído, o próximo míssil subirá para assumir o seu propósito. Os mísseis são capazes de diferenciar os objetivos, detectar grupos e priorizar alvos automaticamente usando informações recolhidas durante o voo e os tipos de navios e formações de batalha pré-programados em um computador de bordo. Eles atacam os alvos em ordem de prioridade. A tática adotada pelo Oscar II contra um grupo de batalha inimigo é de disparar os 24 mísseis em uma única salva para aumentar o máximo de danos.
Outra arma muito temida do Oscar II é o torpedo VA-111 Shkval. Sua velocidade é muito superior a de qualquer torpedo padrão no mundo, resultado da super cavitação. O torpedo é lançado, com efeito, voando em uma bolha de gás criada pelo desvio para fora da água, pela sua forma especial do cone do nariz e da expansão de gases a partir de seu motor. Ao impedir que a água entre em contato com a superfície do corpo do torpedo, o arrasto é significativamente reduzido, o que permite velocidades extremamente elevadas. O torpedo VA-111 é lançado de tubos de 533 mm, possui a capacidade de transportar uma ogiva nuclear ou ogiva convencional de 210 kg a uma incrível velocidade superior a 200 nós e alcance de 11 a 15 km.

Acima: O  míssil  antinavio SS-N-19 Granit (P-700) sendo carregado em um submarino Oscar II. Este armamento permite que um único submarino desta classe destruir um grupo de batalha naval.
ELETRÔNICA
Um de seus principais equipamentos é o EORSAT (Elint Ocean Reconnaissance Satellite). Um sistema especializado russo de inteligência eletrônica por satélite com objetivo de detectar, identificar e rastrear uma força tarefa que possa estar em qualquer parte do mundo, fazendo a transferência de dados quase simultânea de suas informações de inteligência. Cada EORSAT consiste em uma nave espacial de 3000 kg, com diâmetro de 1,3 metros, um corpo cilíndrico de 17 metros de comprimento e dois grandes painéis solares. No qual, a constelação consiste em vários satélites em dois planos orbitais.
A classe Oscar II está equipada com dois periscópios, rádio sextante, radar de busca de superfície Snoop Pair, radar Rim Hat de interceptação, localizado dentro da área de dispositivos retráteis e uma antena retrátil de comunicação via satélite. O submarino possui uma boia flutuante com uma antena para captar mensagens de rádio, dados de designação alvo e sinais de navegação por satélite em uma grande profundidade e, até mesmo, sob o gelo. Seu sonar é o MGK-503 montado no casco fornece detecção automática do alvo, informando a distancia e a classificação do alvo.

PROPULSÃO
A alta velocidade de propulsão debaixo d'água para o SSGN é fornecida pela usina de energia, que possui dois eixos com duas hélices com sete pás cada, duas configurações de turbina a vapor de forma bifurcada no fim da popa. A principal usina é comum ao projeto 941 Typhoon, já descrito nesse blog, tanto quanto possível, tem uma construção modular e um sistema de duas fases de absorção de choque. A usina inclui dois reatores OK-650B resfriados em água (190 MWT cada) e duas turbinas a vapor com 98.000 CV do tipo GTZA OK-9, que impulsionam dois eixos de transmissão com a ajuda dos redutores, que reduzem a frequência de rotação do parafuso da hélice. Além disso, dois turbo geradores DG-190 estão equipados (2 x 3200 kWt).

Acima: Neste modelo em escala, podemos ver uma das escotilhas do lançador de mísseis P-700 aberta. cada escotilha aberta libera dois mísseis.
UM POUCO DE HISTÓRIA: K-141 KURSK
O Kursk fazia parte da frota do norte da Rússia, que havia sofrido cortes de financiamento ao longo dos anos 1990. Muitos de seus submarinos estavam ancorados e enferrujando na base naval Zapadnaya Litsa, a 100 quilômetros (62 milhas) a partir de Murmansk, pois havia muito pouco recursos para uma quantidade tão grande de navios. No fim da década, em 1999, houve uma espécie de renascimento para a frota. O Kursk realizou uma missão de reconhecimento com sucesso na região do Mediterrâneo, seguindo a sexta frota americana durante a guerra do Kosovo. Em agosto do ano 2000 a Frota Russa buscava o maior exercício naval após nove anos do colapso da União Soviética, envolvendo quatro submarinos de ataque, o navio capitânia da Frota do Norte  Pyotr Velikiy ("Pedro, o Grande" Cruzador nuclear classe- Kirov) e uma flotilha de navios menores. Em 12 de agosto de 2000,o K-141 kursk sofreu uma explosão enquanto se preparava para disparar contra “Pyotr Velikiy” no exercício. Os relatórios posteriores  indicavam que a explosão foi devido à falha de um dos torpedos do Kursk movidos a peróxido de hidrogênio do modelo Tipy 65.
A explosão foi equivalente à detonação 100-250 kg de TNT e registrou um tremor de terra de 2.2 na escala Richter. O submarino afundou em águas relativamente rasas, assentando em 108 metros de profundidade e cerca de 135 quilômetros  ao largo Severomorsk . A segunda explosão, 135 segundos após o evento inicial, medida entre 3,5 e 4,4 graus na escala Richter, o equivalente a 3-7 toneladas de TNT. Uma dessas explosões fez com que grandes pedaços de detritos fosse lançados em volta do submarino. Apesar de tentativas de resgate oferecidas pelos norte-americanos, britânicos e noruegueses , a Rússia recusou as ofertas iniciais de resgate temendo que os segredos de uma de suas mais poderosas armas vazassem. Todos os 118 marinheiros e oficiais a bordo de Kursk  pereceram. O Capitão Tenente Dmitriy Kolesnikov, um dos sobreviventes da primeira explosão, sobreviveu no compartimento 9 na  popa do barco, depois da segunda explosão, que destruiu os espaços a frente do compartimento 9 do submarino. Mergulhadores de resgate encontraram notas sobre seu corpo junto com outros 22  marinheiros de 118 a bordo. A segunda explosão destruiu uma grande parte do submarino (pelo menos 4 dos 9 compartimentos) matando até 95 dos 118 membros da tripulação e fazendo com que o submarino  afundasse. Cerca de 23 membros da tripulação sobreviveram ao naufrágio e refugiou-se no nono compartimento onde morreram devido ao envenenamento por monóxido de carbono na sequência de um incêndio no local (entre 6 e 32 horas após o naufrágio).

Acima: Os tubos de torpedos  do Oscar II expostos. Foi em um desses tubos que começou a pior catástrofe da história submarina mundial: a explosão do Kursk e seu afundamento causando a morte de toda a tripulação.

A IMPORTÂNCIA NA MARINHA RUSSA
A importância dessa classe de navio na marinha russa é notável, pois mesmo com o fim da URSS em 1991 e a decadência dos recursos financeiros, a VMF continuou com a construção de algumas unidades do modelo na década de 90 adiantando a aposentadoria de alguns navios mais antigos para que todos os recursos se concentrassem na construção dos Oscar II. Com o:
•    K-186 Omisk - comissionado em 1993
•    K- 456 Tver - comissionado em 1992
•    K-150 Tomsk - comissionado em 1996
•    K- 266 Orel - comissionado em 1992
•    K – 141 Kursk - comissionado em 1994
A estabilidade econômica da Federação Russa e o novo programa de modernização de suas forças armadas no valor superior a 700 Bilhões de dólares até o ano de 2020, fez com que a VMF criasse um novo ciclo de modernização dos submarinos do Projeto 949A, que mostrarão suas novas garras mais mortíferas, que poderá ser a substituíção dos mísseis Granit por P-800 Onix e 3M-54 kaliber ou uma versão modernizada dos P-700 Granit no futuro. Sem data de aposentadoria, O Oscar II continuará presente nos oceanos do mundo, partindo dos portos do atlântico norte e pacífico.
Acima: Como muitos dos submarinos nucleares russo, o espaço interno do Oscar II é particularmente generoso com sua tripulação, diferentemente dos seus similares ocidentais cujo espaço pé muito claustrofóbico.

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