FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 2.
Velocidade de cruzeiro: Mach 1,2.
Razão de subida: *15240 m/min
Potência: 0,84.
Carga de asa: 71 lb/ft²
Carga de asa: 71 lb/ft²
Fator de carga: 9 Gs
Taxa de giro instantânea: 30º/s
Razão de rolamento: 220º/s
Teto de serviço: 15240 m
Raio de ação/ alcance: 1300 km/ 4070km
Alcance do radar: Selex Galileo ES-05 Raven: 120 Km
Empuxo: Um motor General Eléctric F-414G com 9800 kgf de empuxo máximo.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,2 m
Envergadura: 8,6 m
Altura: 4,5 m
Peso: 8000 kg (vazio).
Combustível Interno: 7495 lb
Combustível Interno: 7495 lb
ARMAMENTO
capacidade total: 7200 kg de carga externa divididos por 10 pontos fixos entre asas e fuselagem.
Ar Ar: Míssil AIM-120 Amraam, Meteor, AIM-9 Sidewinder, Iris-T, Python 4, Python V, A-Darter, AIM-132 Asraam, Míssil Derby, MICA.
Interno: Canhão Mauser BK-27 de 27 mm com 120 munições.
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, RBS-15F antinavio, Bombas guiadas a laser da família Paveway (GBU-10, 12 e 16), Bomba dispensadora de submunições DWS-39 planadora, Bombas da família JDAM, guiadas por GPS (GBU-31, 32, 38), míssil antinavio RBS-15, míssil Taurus KEPD 350, Bomba guiada por GPS Spice, Bombas de queda livre da série MK-80.
DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
O avião de combate sueco Saab JAS-39 Gripen é chamado em diversos fóruns de discussão sobre assuntos militares de “pulga alada”, uma forma pejorativa que denigre a imagem deste bom caça. Mesmo sendo uma aeronave pequena, ele apresenta um desempenho bastante respeitável sob qualquer ponto de vista. Sua limitação, amplamente apontada pelos protagonistas das intermináveis discussões pela internet e mesmo entre amigos entusiastas em um botequim, é sua autonomia mais baixa que seus concorrentes. De fato, temos que o JAS-39C Gripen tem um raio de combate de 800 km, pouco menor que o do F-16 que chega a 925 km sem os tanques de combustível externos.
Acima: O caça JAS-39C Gripen ainda representa uma aeronave de credibilidade na arena de combate aéreo, porém para enfrentar os futuros desafios, uma aeronave ainda mais capaz se tornou fundamental. O Gripen E é a resposta a essa demanda.
A Saab, baseada nos pontos fracos apontados no seu produto, resolveu investir no desenvolvimento de uma versão de nova geração de seu moderno caça. O novo modelo foi chamado, inicialmente, de Gripen NG (New Generation). O principal ponto a ser melhorado era a autonomia e para isso, foi necessário modificar a estrutura do Gripen e mudar o posicionamento do trem de pouso traseiro do JAS-39C, liberando um espaço para um novo tanque de combustível com 1132 kg, aumentando a capacidade de combustível do Gripen NG em 40% e chegando à capacidade de 3400 kg de combustível interno. A partir de agora, o raio de combate do Gripen NG passou a ser de 1300 km, quando armado com 6 mísseis ar ar e um tanque externo sob a fuselagem. O alcance de translado passou de 3200 km para 4070 km com 3 tanques externos. As modificações estruturais levaram a um aumento de peso da aeronave vazia, de aproximadamente 1378 kg, porém a capacidade de transporte de carga aumentou em uma tonelada. Uma vez que o modelo foi encomendado pela força aérea sueca com um pedido de 60 unidades, e com a aquisição pela Força Aérea Brasileira (FAB) de 36 aeronaves, a Saab passou a chamar oficialmente o NG de Gripen E. Deve-se observar que a Saab modificou um dos JAS-39D Gripen, para incorporar muitas das mudanças projetadas para os Gripen E e F (versão biplace, que somente o Brasil vai adquirir). Esse Gripen modificado é chamado de Gripen DEMO. O primeiro Gripen E novo deverá ser apresentado no final de 2015.
Acima: O protótipo Gripen DEMO é uma modificação do caça Gripen D (biplace) com diversas soluções projetadas para o modelo E. Esse protótipo foi usado para validar essas modificações e se mostrou uma aeronave mais capaz que seu antecessor.
Para lidar com o aumento de peso decorrente do aumento da capacidade do Gripen E, o motor teve que ser substituído. A escolha do novo motor recaiu sobre o modelo General Electric F-414-400 usado no caça norte americano F/A-18E/F Super Hornet. O motor precisou passar por algumas pequenas modificações para adapta-lo ao uso como único motor, dando origem a versão F-414G. Este motor tem empuxo máximo de 9800 kg, um acréscimo de 35% de potencia sobre o motor RM-12 (GE F404) do JAS-39C Gripen.
Este novo motor permite ao Gripen E voar em regime de supercruzeiro de mach 1,2 (1350 km/h) armado com mísseis ar ar, o que foi demonstrado pelo protótipo Gripen DEMO em 21 de janeiro de 2009. Para quem não conhece o que é supercruzeiro, é a capacidade de voar em velocidade supersônica (mach 1 ou 1234 km/h) ou mais, sem uso do pós-combustor, o que permite uma maior autonomia e ainda coloca o avião em vantagem quando estiver atacando, pois pode chegar mais rápido no ponto de lançamento das suas armas e sair rapidamente da área de combate. Hoje, apenas o super caça F-22 Raptor, Typhoon e o novo caça SukhoiT-50 Pak Fa da Rússia conseguem voar em supercruzeiro.
Acima: O novo motor F-414G fornece 35% mais empuxo que o motor RM-12 do Gripen antigo. Esse aumento tem o objetivo de compensar o aumento de peso do caça.
O radar que será usado no Gripen E será fornecido pela empresa italiana Selex Galileo, sob a forma do modelo ES-05 Raven. Trata-se de um novo radar de varredura eletrônica ativa (AESA), cujo alcance está estimado em 120 km contra um alvo do tamanho de um caça (RCS 5m2). Esse alcance representa um aumento de 30% frente ao alcance do radar PS-05 usado no caça JAS-39C Gripen de geração anterior. O radar Raven, graças a tecnologia “swashplate” permite que a base da antena gire, produzindo um ângulo de varredura de 100º e ele é capaz de fazer a varredura ar ar e ar terra simultaneamente. Outro recurso interessante do Raven é o de poder interferir nos radares inimigos.
Especificamente, no modo ar terra, o radar Raven será capaz de mapear o solo, criando uma imagem sintética do relevo e de eventuais alvos. Já no modo ar ar, o Raven, permitirá engajar até 4 alvos simultaneamente com o uso de mísseis de médio e longo alcance guiados por radar ativo.
Além do radar, o Gripen E terá um sensor passivo de busca infravermelha IRST Skyward-G, também desenvolvido pela Selex Galileo, equivalente aos sistemas IRST instalados nos caças russos MIG-29 Fulcrum e Su-27 Flanker, sendo capaz de rastrear alvos sem emissões, através do calor das aeronaves inimigas, o que dá uma alternativa para o Gripen E caso esteja operando em silencio radar, para maximizar sua discrição operacional.
Acima: O radar Selex Galileo ES-05 Raven é um radar de varredura eletrônica ativa AESA de segunda geração. Ele tem desempenho bastante melhorado em alcance e capacidade de processamento em relação ao radar de varredura mecânica PS-05 usado no Gripen C.
A suíte de guerra eletrônica do Gripen E é composta pelo sistema Saab Avionics EWS-39. Este sistema emprega diversos recursos que alertam sobre emissões de radares inimigos (RWR) e sobre a atividade de guerra eletrônica como interferência (jammer) feita por forças opositoras. O sistema EWS-39 pode fornecer parâmetros para que o radar Raven seja usado para interferir nas emissões hostis, mostrando um elevado índice de integração dos sistemas do Gripen E. O EWS-39 tem um sistema de detecção de aproximação de mísseis (MAWS) de nova geração, aumentando a consciência situacional e, conseqüentemente, a capacidade do piloto de se evadir em caso de ataque. O sistema ativa, automaticamente, os lançadores de chaffs e de flares para despistar os sensores buscadores dos mísseis inimigos.
Mesmo com o moderno sistema de guerra eletrônica do Gripen E, a grande estrela dos sistemas eletrônicos instalados nele é seu sistema de datalink. A Suécia é líder mundial em termos de sistemas de intercambio de dados de uso militar sendo que o Gripen é a 3º geração de caças suecos a ser equipado com um sistema desse tipo que permite à aeronave receber e mandar informações fornecidas pelos sensores dele e de outros elementos, como caças aliados, tropas em terra ou navios. A novidade do datalink instalado no Gripen E, frente ao datalink instalado no Gripen C é que no E, o sistema poderá se comunicar com o link 16, padrão das aeronaves de combate da OTAN. Chamado de TIDLS (Tactical Information Datalink System), este sistema é o mais avançado datalink já desenvolvido no mundo. É interessante observar aqui, que a versão brasileira do Gripen E deverá fazer uso do sistema de datalink brasileiro desenvolvido sob o nome de link BR2, que está sendo instalado em aeronave Super Tucano e F-5EM.
Acima: O cockpit do Gripen E que o Brasil usará será de uma nova geração WAD onde uma tela única de grande dimensão e com recurso touch screen (toque na tela) ocupa toda todo o painel. Esse padrão é seguido pelo F-35, o caça tático de 5º geração dos Estados Unidos descrito neste blog e pelo novíssimo super caça russo Sukhoi T-50 Pak Fa. Os suecos optaram pou um cockpit mais convencional com 3 telas MFDs como o Gripen C.
O uso de data bus MIL-STD 1553B, escolhido pela SAAB para seus caças, facilita a integração de novos aviônicos e de armamentos de diversas procedências. Assim, pode-se de dizer, que o Gripen E é um dos aviões de combate com maior flexibilidade de opção de armas do mercado. Na arena ar ar, ele poderá ser armado com mísseis de curto alcance da família AIM-9 Sidewinder, o A-Darter que está sendo desenvolvido pela África do Sul, com aporte financeiro brasileiro, Python IV e Python V de Israel, AIM-132 Asraam da Inglaterra e o ótimo míssil IRIS-T, desenvolvido pela Alemanha. Os mísseis de médio alcance que estão disponíveis para o Gripen E são o AIM-120 Amraam, o míssil Derby, já em uso no Brasil, o novo míssil Meteor, cujo alcance excede os 110 km e o míssil MICA, francês, cujo alcance chega a 60 km e seu guiamento pode ser feito por radar ativo, como os outros mísseis de médio e longo alcance mencionados aqui, ou por um buscador infravermelho (IR). Já, o arsenal ar terra, é composto por um igualmente variado leque de armas, que vão das bombas guiadas a laser da família Paveway (GBU-10, 12, 16), bombas guiadas por GPS da família JDAM (GBU-31, 32, 38), a bomba de planeio AGM-154 JSOW, também guiada por GPS, a bomba dispensadora de submunições DWS-39, mísseis ar superfície como o Taurus KEPD-350, RBS-15, usado para destruir navios de guerra e o míssil AGM-65 Maverik.
Ao todo, existem 10 pontos duros sob as asas e fuselagem do Gripen E, para transporte de cargas de combate, tanques de combustível e casulos de sensores, totalizando até 7200 kg de carga externa. O armamento interno do NG é representado por um potente canhão Mauser BK-27 de 27 mm carregado com 120 munições e capaz de uma cadência de 1700 tiros por minuto.
A Saab desenvolveu o Gripen E para ter um produto mais agressivo no mercado de defesa internacional. A Suécia deverá adquirir 70 unidades deste modelo, porém, é claro que o foco do Gripen E era o mercado de exportação, situação, esta que mudou devido aos últimos acontecimentos no leste europeu, que acabou aumentando a tensão na Europa, e fazendo com que a Suécia se interessasse mais ainda em ter um caça superior a seus Gripens C. Até mesmo uma nova versão navalisada, projetada para operar a partir de navios aeródromos foi oferecida ao Brasil e a Índia que dispõe de porta-aviões.
O aumento significativo do alcance e a instalação de um sistema de datalink compatível com os sistemas similares ocidentais mostram que o foco da Saab é agradar os países membros da OTAN, notadamente aqueles que não dispõem de uma indústria aeronáutica e que os orçamentos militares não são tão generosos, como a Holanda, Dinamarca e Noruega.
O Brasil escolheu o caça Gripen E no dia 18 de dezembro de 2013, dando fim numa interminável novela chamada FX-2 que se arrastava a mais de 15 anos, se contarmos o programa FX 1 de 1998 que foi cancelado quando o ex-presidente Lula assumiu a presidência. Em 2006 foi criado o FX-2 e ai começou a guerra dos lobbys que se acirrou agressivamente depois da escolha dos 3 finalistas do programa FX-2: JAS-39 Gripen NG (modelo E), caça norte americano F/A-18E Super Hornet e o modelo francês, Dassault Rafale.
Acima: Nesta foto temos uma maquete de um Gripen E com uma proposta de cor que a FAB poderia adotar, porém ainda não é oficial.
O Brasil escolheu o caça Gripen E no dia 18 de dezembro de 2013, dando fim numa interminável novela chamada FX-2 que se arrastava a mais de 15 anos, se contarmos o programa FX 1 de 1998 que foi cancelado quando o ex-presidente Lula assumiu a presidência. Em 2006 foi criado o FX-2 e ai começou a guerra dos lobbys que se acirrou agressivamente depois da escolha dos 3 finalistas do programa FX-2: JAS-39 Gripen NG (modelo E), caça norte americano F/A-18E Super Hornet e o modelo francês, Dassault Rafale.
Acima: Nesta foto temos uma maquete de um Gripen E com uma proposta de cor que a FAB poderia adotar, porém ainda não é oficial.
O Gripén E é um bom caça, com boas capacidades de combate e de desempenho, porém, sua escolha no programa FX se deu, principalmente por uma questão de custo de aquisição e de manutenção menores, uma vez que a Força Aérea Brasileira (FAB), não pode sempre contar com a generosidade do governo com relação a seu orçamento, além isso, há também falhas na gestão do dinheiro disponibilizado aos comandos das três forças armadas brasileiras que complica ainda mais a situação. Outro ponto que contou a favor do Gripen E foi a proposta de transferência de tecnologia, exigida pelo governo brasileiro, onde a Saab foi, particularmente agressiva. Em termos puramente de desempenho, o Gripen era inferior ao caça francês Rafale, um caro bimotor que nem pode ser considerado da mesma categoria do Gripen.
De qualquer forma, o Gripen E trará a FAB uma capacidade de combate que ela nunca a teve, e isso é o que deve ser levado em conta quando se avalia se o Gripen E foi a melhor escolha ou não para o programa FX-2.
Acima: A empresa brasileira AKAER Engenharia, será responsável pela fabricação das partes destacadas em verde neste desenho do Gripen E. A transferência de tecnologia foi um dos pontos fundamentais para a vitória do Gripen E no programa FX-2.
Acima: O míssil MBDA Meteor é o mais avançado e capaz míssil ocidental. O Gripen foi o primeiro caça a ter este armamento integrado a seus sistemas de armas. Com o Meteor, o Gripen E terá condições de tomar a iniciativa do ataque a distancias que excedem os 100 km.
Acima: O míssil MBDA Meteor é o mais avançado e capaz míssil ocidental. O Gripen foi o primeiro caça a ter este armamento integrado a seus sistemas de armas. Com o Meteor, o Gripen E terá condições de tomar a iniciativa do ataque a distancias que excedem os 100 km.
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