terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Curtiss P-40E Warhawk

História e Desenvolvimento.


As primeiras células de produção do caça P-36 começaram a ser entregues aos esquadrões de combate do United States Air Army Corps (USAAC) em 1938, sendo alocados não só no próprio território continental como também em bases aéreas avançadas no pacifico, porém o  início das hostilidades na Europa em 1939, trouxeram à tona novos patamares de desempenho  para aeronaves e caça, e o desempenho apresentado pelos novos caças alemães Messerschmitt Me-109 e japoneses Mitsubishi AM-6 Zero , tornou claro e evidente que o P-36A Hawk não seria páreo para este nível de ameaça. Visando atender a esta deficiência a Curtiss quis dar um sopro de vida a seu projeto anterior que já havia atingido o limite de seu desenvolvimento.

Inicialmente a equipe de engenheiros da Curtiss se dedicou ao casamento entre a célula básica do P-36 com uma sofisticada versão do motor refrigerado a liquido V-1710, recebendo a designação militar de XP-37. Foram produzidos 13 exemplares, mas acabaram sendo atingidos por toda sorte de problemas vinculados ao grupo motopropulsor e seus acessórios. Assim, a empresa optou por uma linha mais conservadora, descartando o motor radial e aplicando em seu lugar um motor em linha em V com 1.150 hp. Esta nova aeronave recebeu da USAAC a designação de XP-40, com o primeiro protótipo alçando voo em 14 de outubro de 1938 sob o comando do piloto de testes Edward Elliot.
No entanto para o desespero de seu projetista chefe Donavan Berlin e de sua equipe de engenheiros, o desempenho da aeronave deixou muito a desejar, o que levou a introdução de uma série de alterações para que o XP-40 atingisse um desempenho aceitável. Mesmo assim, a aeronave continuava nitidamente inferior em termos de desempenho e manobrabilidade quando comparados as ameaças dos caças alemães e japoneses. Mesmo compreendendo as limitações a USAAC se viu premida pela urgente necessidade de se reaparelhar. Diante do baixo custo o XP-40 e do fato que poderia ser colocado em produção seriada muito antes de qualquer aeronave de melhor performance que poderia estar em desenvolvimento. Assim em 26 de abril de 1939 foi assinado o primeiro contrato para a produção de exemplares da versão P-40B, com as primeiras unidades popularmente chamadas de Tomahawk sendo entregues as unidades de caça americanas a partir de abril de 1940.

O P-40 teve o seu batismo de fogo junto aos esquadrões da Real Força Aérea no teatro de operações da África do Norte em agosto de 1942, onde sua baixa performance em altas altitudes não era uma fraqueza devido aos perfis de combate neste cenário. O 112º Esquadrão da RAAF foi a primeira unidade a empregar o modelo, fazendo uso das famosas “bocas de tubarão” inspiradas as utilizadas nos Messerschmitt Me 110 Zerstörer, da Luftwaffe, sendo este tipo de marcação foi posteriormente adotada pelos P-40 pertencentes à esquadrilha Tigres voadores na China Nacionalista.

A ausência de turbo compressor tornava como dito a aeronave inferior aos caças alemães Messerschmitt Bf 109 e Focke-Wulf Fw 190 em combates em altas altitudes. Visando sanar esta deficiência a Curtiss desenvolveria a versão P-40D que seria seguida pelos novos e aprimorados P-40E em fevereiro de 1941 que diferiam da versão anterior por contar com um novo motor mais potente e armamento orgânico reforçado e blindagem reforçada, sendo produzidas aproximadamente 1.500 células, que seriam notabilizadas por grandes resultados em teatros de operações como China, Burma, Pacifico Sul e Norte da África.
Os P-40E seriam também fornecidos a nações aliadas nos termos do Leand Lease Act, entre elas União Soviética, Grã Bretanha, Austrália, Canada, Nova Zelândia e Brasil. Ao todo entre 1939 e 1944 foram entregues 13.739 células dividias em doze versões que também seriam empregadas no pós-guerra pelas forças armadas do Egito, Finlândia, França, Indonésia, Polônia, Holanda, África do Sul e Turquia. Com muitas células sendo retiradas do serviço ativo somente em fins da década de 1950.

Emprego no Brasil.

No início de 1942 a jovem Força Aérea Brasileira, estava em pleno processo de estruturação e reequipamento sendo beneficiada nos termos do Lend & Lease Act (Acordo de Empréstimo e Arredamento), com o recebimento de aeronaves de patrulha, treinamento, bombardeio, transporte e combate. Neste mesmo ano no mês de abril sob o contrato B-905 seriam cedidas seis células da versão P-40E-1-CU, aeronaves novas de fábrica que estavam originalmente destinadas a atender uma encomenda da RAF (Royal Air Force) e ostentavam o padrão de pintura desta arma área, dispondo ainda das famosas "Shark Mouth" (bocas de tubarão) pintadas na fuselagem, sendo desviadas ao Brasil para atender a urgência no processo de reequipamento da FAB.

As seis aeronaves foram recebidas portando suas matriculas originais ET-742, ET-778, ET-779, ET-780, ET-782 e ET-785, sendo as mesmas alteradas para FAB 01 á 05 e posteriormente em 1942 como FAB 4020 á 4025, e foram destinadas a Base Aérea de Fortaleza, onde foram incorporadas ao Agrupamento de Aeronaves de Adaptação (AAA), neste mesmo ano seriam transferidos para a Base Aérea de Natal, onde voariam ao lado de aeronaves P-40K e P-40M, no Grupo Monoposto Monomotor, unidade esta que eram composta por quatro esquadrilhas, sendo os P-40E concentrados na 1º Esquadrilha.
Mesmo não dispondo de armamento adequado para combate contra submarinos, a presença dos P-40E já era suficiente para inibir as atividades daquelas embarcações, já que não possuíam meios para diferenciar distintos tipos de aeronaves a grandes distancias. No final de agosto de 1942, tal era a urgência de colocar os P-40E voando nessas missões que, poucos dias após serem declarados habilitados naquela aeronave, os pilotos da primeira turma de aviadores ja estavam realizando missões de patrulha. No entanto periodicamente os pilotos também exercitavam suas habilidades de tiro ar terra no estande adjacente ao campo de pouso de Jardim de Angicos (RN). A partir de 1943 os P-40E seriam também empregados pelo II Grupo Monoposto Monomotor sediado na Base Aérea de Recife.

Em 17 de agosto de 1944, foi extinto o GMM e, em seu lugar, criado o 2º Grupo de Caça (2ºGpCa) que passou a concentrar todos os P-40 sediados em Natal , sendo também a primeira unidade a receber os P-40N em setembro do mesmo ano, porém em 5 de outubro de 1944 o grupo seria transferido para a Base Aérea de Santa Cruz (RJ). Em seu lugar seria criado o 1º Grupo Misto de Aviação (1ºGMA) com esquadrilhas de caças P-40 de todos os modelos e bombardeios B-25 Mitchel, porém novamente esta organização teve uma vida efêmera sendo substituída pelo 5º Grupo de Bombardeio Médio, transferindo assim as últimas células do P-40 para a Base Aérea de Santa Cruz (RJ).

Na pratica, do que se referia aos P-40E, esta transferência não ocorreu imediatamente, pois as cinco células remanescentes foram recolhidas ao Parque da Aeronáutica de São Paulo para serem submetidos a uma revisão geral com fins de estender sua vida útil, porém quatro aeronaves foram condenadas para voo, pois sua intensiva utilização nas fases iniciais da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, haviam causado um grande desgaste estrutural. Somente uma aeronave foi recuperada e reintegrada ao serviço ativo em fins de março do ano de 1950.
Desta maneira o P-40E FAB 4021, foi transladado para a Base Aérea de Canoas para ser operado pelo 1º/14º Grupo de Aviação (1º/14º GAv), sendo incorporado a Esquadrilha Branca, se mantendo em atividade até agosto de 1953, quando novamente foi submetido a uma revisão de segundo nível, sendo recolocado em voo operando até abril de 1954 e posteriormente foi recolhido ao Núcleo do Parque de Aeronáutica de Porto Alegre para desmonte e aproveitamento de peças.

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