No ano de 1968, o governo norte americano no anseio de manter sua influência militar sobre seus aliados começou a considerar um sucessor para a família F-5A/B Freedom Fighter, desta maneira, oito empresas foram convidadas a participar do processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft ), o resultado foi anunciado em novembro do mesmo ano, tendo saído vencedora a empresa Northrop Aircraft Co, com seu projeto F-5-21 que nada mais era do que uma evolução do modelo anterior, o voo do primeiro protótipo ocorreu em 23 de agosto de 1972.
As primeiras unidades destinadas a Força Aérea Americana, foram entregues em meados de 1973, sendo os mesmos direcionados principalmente as unidades em operação no Sudeste Asiático, paralelamente ao emprego em missões reais, o 425th Tactical Fighter Training , baseado em Arizona, começou a receber suas primeiras células em 4 de abril de 1973, a principal incumbência desta unidade , era a de formar as equipagens das nações amigas destinadas a operar o modelo em suas forças armadas. Neste processo observou a excelente manobrabilidade do F-5E em combate aéreo, iniciando assim seu emprego em como aeronave especializada para o combate dissimilar ( DACT ) , substituindo os treinadores T-38 Talon até então em uso, que não eram totalmente adequados a esta missão . Cerca de 70 células novas de fabricas que originalmente estavam destinadas a Força Aérea do Vietnã do Sul, foram incorporadas aos grupos 64th and 65th Fighter Weapons Squadrons of the 57th TFW baseados em Nellis AFB no estado de Nevada.
Seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o F-5E agora denominado Tiger II começou a ser fornecido para as nações alinhadas aos Estados Unidos, como Vietnã do Sul, Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen, com sua produção sendo encerrada pela Northrop Corporation somente no ano de 1987 totalizando a entrega de 1399 células dos modelos F-5E/F. No final da década de 1980, estes modelos começaram a ser substituídos na USAF, pelas primeiras versões do novo caça multi plataforma F-16 Falcon, porém algumas unidades seriam ainda transferidas para a Marinha Americana na finalidade de serem empregados como agressores em unidades baseadas em Key West na Florida.
Apesar de estar defasado tecnologicamente em relação as aeronaves de nova geração, alguns dos maiores operadores do modelo vislumbram a oportunidade de prolongar a vida útil das células do F-5E/F Tiger, pois além de apresentar uma excelente relação custo benefício em termos de operação, o mesmo ainda possuía, baixa assinatura aos radares e grande manobrabilidade, o que garantiria sua sobrevivência e êxito no novo ambiente de combate dos caças de quarta geração. A primeira experiencia foi desenvolvida pela Força Aérea de Cingapura com a adoção de radares FIAR Grifo-F da Galileo Avionica (similar em desempenho aos modelos AN / APG-69), cockpits atualizados e sistema de armas compatíveis com misseis ar ar AIM-120 AMRAAM e Rafael Python.
Na Feira Aeronáutica de Le Bourget em 1993, um F-5E modernizado despertou a grande interesse, retrofitado pela IAI Israel Aircraft Industries em conjunto com a empresa chilena ENAER e representava a versão mais ousada do tipo modernizado até aquele momento, sendo aplicado a doze unidades do F-5E e dois F-5F. Os conceitos aplicados neste processo foi baseada nos equipamentos do projeto do caça LAVI, entre eles o radar multimodo Elta EL/M-2032B (com capacidade look down shot down), HUD El-Op israelense, dois displays multi função Astronautics, barramento digital MIL-STD 1553B, cockpit HOTAS, RWR/ECM integrados com chaff/flare, todos estes sistemas estavam integrados a um computador central e ao moderno sistema de armas composto por misseis também israelenses Shafrir e Python III. O resultado deste processo foi confirmado durante o exercício multinacional Salitre em 1994, quando pilotos americanos de F-16 da 198th Fighter Squadron teceram grande elogios ao desempenho dos Tigre III chilenos que se apresentaram como excelentes opositores.
Cerca de 12 nações já implementaram diversos níveis de modernização ou retrofit de células, permitindo assim que a família Tiger II se mantenha em operação até fins da década de 2020, completando uma carreira de quase 45 anos de serviço.
Emprego no Brasil.
Em meados de década de 1990 a Força Aérea Brasileira dispunha de cerca de 65 aeronaves Mirage IIIE e F-5E dispostos em quatro unidades, vetores pertencentes a terceira geração de caças, que estavam ultrapassados em termos de tecnologia e sistemas de armas, fatores estes que puderam ser confirmados em exercícios multinacionais realizados em conjuntos com as forças aéreas francesas e americanas, quando nossas unidades de caça enfrentaram aeronaves de quarta geração como os Mirage 2000 e F-16 Falcon. Alem da defasagem tecnológica a FAB enfrentaria também o fator de obsolescência das células dos Mirage que se encontravam próximo ao limiar de sua vida útil, a solução mais adequada seria a substituição dos dois modelos por uma nova aeronave de combate da quarta geração, porém a aquisição de pelo menos 50 células traria ao pais um custo inviável muito além de nossa capacidade orçamentaria.
Analisando a situação de um ponto de vista mais viável financeiramente a Força Aérea Brasileira decidiu derivar por dois caminhos sendo um pautado na escolha de um novo vetor para a substituição dos F-103E Mirage (programa FX) e e outro pela modernização de sua frota de caças F-5E/F Tiger II. O estudo inicial para o desenvolvimento deste processo necessitava de um ponto de partida real e viável adequado as necessidades brasileiras, e estes parâmetros foram fornecidos após a avaliação do projeto chileno Tigre III. Após a definição das premissas e parâmetros do projeto, a FAB celebrou em 2002 um contrato junto ao recém-formado consórcio entre as empresas brasileira e Israelense Embraer – Elbit Systens para o retrofit e modernização de quarenta e três células do F-5E e três do F-5F, com investimentos previstos na ordem de US$ 285 milhões de dólares.
Além do retrofit e padronização das células incluindo a inclusão da sonda de reabastecimento em voo na células recebidas a partir de 1988, a modernização dos sistemas eletrônicos foram pautados na adoção de:
- Três Mostradores Multifuncionais, de cristal líquido (MFCD);
- HUD (Head Up Display) de última geração
- Dispositivo de Manche e Manete de Potência Combinados (HOTAS);
- Mostrador / Visor Montado no Capacete (HMD) tipo DASH 4;
- Sistema Integrado de Navegação com GPS (INS/GPS);
- Receptor de Alerta de Radar (RWR) fornece o alerta de emissões de radar inimigo;
- Radio V/UHF digital da marca Rohde & Schwartz , com criptografia, saltos e compressão de frequência;
- Enlace de Dados com interoperacionalidade entre R-99 A/B e A-29 Super Tucano;
- Novos sistemas de pontaria CCIP/CCRP e de Gerenciamento de Combustível
- Sistemas, Sensores e Luzes para missões diurnas e noturnas (NVG) sob qualquer tempo;
- Gravação de Dados e Áudio em VHS-C para reprodução em vôo ou no solo;
- Sistema de Planejamento de Missão;
- AACMI (Instrumentação Autônoma para Simulação e Avaliação de Manobras de Combate);
- Radar Pulso Doppler Grifo F/BR (ou Grifo-X P2803) look down shot down);
- Integração com sistema para capacete HMD (Helmet Mounted Display) DASH-V
Estas modificações permitiram ao F-5M passar a portar um novo leque de armamentos entre eles o míssil Rafael Derby com capacidade BVR (Beyond Visual Range Air to Air Missile), misseis Python-4 e Piranha, bombas inteligentes como os kits LGB ou Lizard para emprego com modelos MK-82 ou MK-84. Aliado a este pacote foram integrados também sistemas como os pods israelenses de guerra eletrônica Rafael Skyshield e Rafael Litening III para desgigançao de alvos para bombas inteligentes do tipo IR, laser ou GPS.
O primeiro F-5E FAB 4874 foi encaminhado a Embraer em 21 de fevereiro de 2001 juntamente com um F-5F para servirem como protótipos do projeto, tendo a versão biplace realizado seu primeiro voo em 4 de dezembro de 2003 e a monoplace em 16 de junho de 2004. No dia 21 de setembro de 2005 o primeiro F-5 modernizado da FAB foi recebido na Base Aérea de Canoas. Era o F-5EM matrícula FAB 4856. Uma das curiosidades do 4856 é que ele foi o primeiro F-5E construído pela Northrop, tendo voado pela primeira vez no dia 11 de agosto de 1972. Infelizmente ocorreram atrasos no processo motivados por problemas orçamentários do Ministério da Defesa estenderam este processo sendo que a última aeronave modernizada foi entregue somente no ano de 2013. Em 2007 mais 8 células foram adquiridas oriundas dos estoques da Real Força Aérea Jordaniana, aeronaves estas que tiveram a compra condicionadas como fator obrigatório para o recebimento de 03 unidades do modelo F-5F, inicialmente previa-se a modernização destas aeronaves monoplaces, porém restrições orçamentarias viriam a limitar somente a modernização dos biplaces.
A implementação deste processo de modernização trouxe a Força Aérea Brasileira para um novo patamar no que tange ao combate aéreo de caças de quarta geração, atualizando a doutrina para um novo cenário, possibilitando ainda a integração e padronização de sistemas de avionica e armas junto as aeronaves Embraer A-29 Super Tucano, E-99 e R-99 e A-1M AMX.. Este processo evolutivo foi coroado quando da participação do 1º/14º Gav Esquadrão Pampa no prestigioso exercício multinacional RED FLAG realizado em junho de 2008 nos Estados Unidos, onde cinco F-5EM participaram de combate simulados contra aeronaves F-15E Eagle , F-16C Falcon e Gripen, obtendo excelentes resultados operacionais.
Além das unidades originais operadoras da versão F-5E, a versão modernizada passaria a dotar o 1º/4º GAv Esquadrão Pacau a partir de 12 de dezembro de 2010 em substituição aos veteranos AT-26 Xavante, se elevando assim a categoria de unidade de caça de primeira linha. Com a desativação dos F-2000 Mirage em dezembro de 2013, os F-5EM passariam a dotar o 1º Grupo de Defesa Aérea (1ºGDA) e devem permanecer nesta unidade até o recebimento dos novos F-39 Gripen NG a partir de 2018, sendo este o ponto inicial do ciclo gradual de desativação dos F-5EM/FM na Força Aérea Brasileira.
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