A origem da família Northrop F-5 tem início em meados da década de 1950 com o desenvolvimento com recursos próprios do conceito de um pequeno caça multimissão de baixo custo aquisitivo e de operação, gerando duas variáveis de trabalho, sendo o projeto N-156F classificado como aeronave de combate e o N-156T um instrutor avançado com dois assentos em tanden. No final da década de 1950 a versão do caça multimissão N-156F passaria a ganhar a perspectiva de se tornar realidade pois o governo norte americano buscava desenvolver uma aeronave de combate multifuncional de baixo custo que pudesse se tornar uma opção atraente a ser fornecido as nações amigas com as quais os americanos buscavam aumentar seu poder de influência, em 25 de fevereiro de 1958, após avaliações iniciais dos parâmetros do projeto a Northrop recebeu uma encomenda para a produção de três protótipos, tendo o N-156F decolado da base da força aérea de Edwards o 30 de julho de 1959, embora o modelo tenha mostrado potencial em superar o F-100 Sabre em missões de ataque ao solo, a USAF não se interessou pela incorporação da aeronave em sua frota ou indicação para forças armadas alinhadas, gerando assim um certo desanimo por parte do fabricante.
Em 1962 o governo Kennedy reativaria a intenção inicial de dispor de uma aeronave para fornecimento as nações amigas e uma nova concorrência denominada projeto FX foi lançada, e o N-156F sagrou se vencedor em 23 de abril de 1962, e logo se tornaria a principal aeronave de combate oferecida nos termos do MAP (Military Assistance Program - Programa de Assistência Militar).
O recém designado F-5A Freedom Fighter foi entregue inicialmente para a Força Aérea do Vietnã do Sul onde receberam seu batismo de fogo na operação Skoshi Tiger em 1965, após os resultados obtidos neste conflito o modelo receberia encomendas das Filipinas, Irâ, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha, sua produção foi encerrada em 1971 com um total de 1.629 unidades produzidas. No ano de 1968, o governo norte americano no anseio de manter sua influência militar sobre seus aliados começou a considerar um sucessor para a família F-5A/B Freedom Fighter, desta maneira, oito empresas foram convidadas a participar do processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft ), o resultado foi anunciado em novembro do mesmo ano, tendo saído vencedora a empresa Northrop Aircraft Co, com seu projeto F-5-21 que nada mais era do que uma evolução do modelo anterior, o voo do primeiro protótipo ocorreu em 23 de agosto de 1972.
As primeiras unidades destinadas a Força Aérea Americana, foram entregues em meados de 1973, sendo os mesmos direcionados principalmente as unidades em operação no Sudeste Asiático, paralelamente ao emprego em missões reais, o 425th Tactical Fighter Training , baseado em Arizona, começou a receber suas primeiras células em 4 de abril de 1973, a principal incumbência desta unidade , era a de formar as equipagens das nações amigas destinadas a operar o modelo em suas forças armadas. Seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o F-5E agora denominado Tiger II começou a ser fornecido para as nações alinhadas aos Estados Unidos, como Vietnã do Sul, Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen, com sua produção sendo encerrada pela Northrop Corporation somente no ano de 1987 totalizando a entrega de 1399 células dos modelos F-5E/F.
No final da década de 1980 o F-5E Tiger encontrava-se tecnologicamente defasado quando comparado as novas ameaças advindas dos novos vetores do Pacto de Varsóvia, e seu substituto na USAF representado pelas primeiras versões do novo caça multi missão General Dynamics F-16 Fighting Falcon começavam a entrar em serviço, parecia realmente o fim da carreira do caça da Northrop em seu pais de origem. No entanto quando o modelo iniciou sua carreira junto ao 425th Tactical Fighter Training, os oficiais americanos ficaram impressionados com a manobrabilidade do F-5E em combate aéreo e com sua substituição pelo F-16 nas unidades de primeira linha a força área passava a dispor de um grande número excedente de células em bom estado, o que motivaria a transferência deste modelo para diversas unidades especializada em treinamento de combate dissimilar ( ACT), substituindo os treinadores T-38 Talon até então em uso, que não eram totalmente adequados a esta missão. Além das células já em uso foram incorporadas cerca de 70 células novas de fabricas que originalmente estavam destinadas a Força Aérea do Vietnã do Sul, foram incorporadas aos grupos 64th and 65th Fighter Weapons Squadrons of the 57th TFW baseados em Nellis AFB no estado de Nevada, também os Tiger seria empregados como agressores em esquadrões de treinamento da marinha e corpo de fuzileiros navais, onde foram empregados até fins da década de 1990.
Emprego no Brasil.
Em fins do ano de 1964, os três principais esquadrões de linha de frente da Força Aérea Brasileira, estavam equipados com os caças ingleses Gloster Meteor (modelos F-8 e TF-7) , ocorre porém que foram detectadas fissuras nas longarinas das asas de diversas células, que após um detalhada inspeção, foram classificadas como falhas gravíssimas, limitando assim a operação deste modelo no pais, em poucos meses a aviação de caça no Brasil se convertera em uma simples sombra do que era no começo da década.
Na tentativa de reverter este cenário, chegou a ser considerada a compra de 12 caças Northrop F-5A/B no ano de 1966, porém face a prioridade no reequipamento da frota de aviação de transporte, este programa foi deixado em segundo plano, como plano paliativo a Força Aérea Brasileira passou a dotas suas três principais unidades de caça com modelos de segunda linha, na verdade aeronaves de treinamento configuradas precariamente para missões de interceptação, entre eles, os velhos Lockheed AT-33A e o recém incorporado Embraer AT-26 Xavante, porém os mesmos como era de se esperar se mostraram completamente inadequados as missões básicas destes esquadrões, assim em meados de 1973, a FAB iniciou estudos para a aquisição de um novo vetor, figurando entre os principais concorrentes, modelos como o Spect Jaguar, Bae Harrier MK-50 , Aermachi MB-326K, McDonnel Douglas A-4F e o modelo Northrop F-5E Tiger II, com a escolha recaindo sobre este último modelo, que assim apresentava praticamente todas as características especificadas nos estudos até então elaborados.
Foi assinado um contrato no valor de US$ 115 milhões, prevendo o recebimento de 06 unidades do modelo biplace F-5B (pois o modelo F ainda não se encontrava disponível), e 36 células do modelo F-5E, incluindo neste pacote sobressalentes, armamentos, equipamentos de solo e treinamento para as equipagens, no ano seguinte, turmas de pilotos e mecânicos foram enviados aos Estados Unidos, para receberem a instrução necessária a suas respectivas áreas. Finalmente entre 06 de março e 12 de junho de 1975, as primeiras células começaram a ser recebidas no Brasil.
A dotação total das aeronaves monoplaces foi distribuída entre o 1º GaVCa, 2º GaVCa e o 1º/14º Gac, sendo que a introdução deste modelo representou um marco na aviação de caça brasileira, pois além tecnologia embarcada e desempenho ser superior aos modelos em uso nestas unidades, grande parte dos ensinamentos colhidos pelos norte-americanos durante o conflito do Vietnã, foram repassados a FAB. Vale ainda salientar que o F-5E Tiger II, foi a primeira aeronave em uso no pais a dispor de sistema de reabastecimento em voo, sendo que em maio de 1976 ocorreria a primeira operação de REVO no Brasil, quando sobre o litoral do Rio de Janeiro, um KC-130H Hercules reabasteceu dois F-5E do 1º Grupo de Aviação de Caça.
Como curiosidade, vale comentar que junto com um grande lote de peças sobressalentes a FAB, viria a receber seis narizes fotográficos iguais aos utilizados pelos RF-5E de vários países ocorre, porém que devido à dificuldade em se configurar rotineiramente este equipamento, seu emprego foi efêmero, deixando esta tarefa focada somente junto ao 3º/10º Gav Esquadrão Centauro, equipado com os RT-26 Xavante.
Em meados da década de 1980, a Força Aérea Brasileira observou que as perdas em acidentes operacionais e o desgaste natural das células remanescentes, havia reduzido drasticamente a disponibilidade operacional do modelo, sendo necessário recompor o inventário, solução que ocorreu em 1988 com aquisição de 22 unidades , oriundas dos estoques da Força Aérea Americana ( USAF ). O recebimento imediato, destas novas aeronaves possibilitou a concentração de todas as unidades originais do primeiro lote na Base Aérea de Santa Cruz dotando o 1º GaVCa e o 2º GaVCa, destinando as novas aeronaves ao 1º/14º Gav baseado em Canoas, este processo permitiu ainda uma padronização por unidade dos modelos, tendo em vista diferenças técnicas entre as unidades dos dois lotes.
No final da década de 1990, a FAB iniciou estudos visando a modernização de toda a sua frota de F-5E Tiger II, este processo inicialmente orçado em US$ 285 milhões para as 46 unidades então disponíveis, foi iniciado em 2003 com entrega sistemática das células nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto, as últimas células modernizadas foram devolvidas em FAB no início de 2013. Este processo permitirá a operação do modelo até meados de 2020, quando deverão ser substituídos pelos novos SAAB Gripen NG.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.