terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Embraer EMB-312 AT-27 Tucano

História e Desenvolvimento. 

Em meados da década de 1970, o sistema de treinamento de pilotos da FAB era baseado nas aeronaves Aerotec T-23 Uirapuru, Neiva T-25 Universal e jato Cessna T-37. Este último tinha um alto custo operacional e sofria de uma falta crônica de peças, tornando sua operação cada vez mais complicada. Assim, no final da década, começaram a ser substituídos nas tarefas de instrução básica-avançada pelos T-25 Universal. Entretanto, a FAB demandava uma aeronave de treinamento mais moderna, principalmente porque novas e avançadas aeronaves de caça Mirage III e Northrop F-5E iniciavam suas operações.


Vislumbrando uma oportunidade de negócio, a Embraer passou a estudar as alternativas disponíveis no mercado que, na época, se resumiam a aeronaves a jato ou aviões de propulsão convencional, adaptados com motorização turboélice. A opção por uma aeronave turboélice logo se mostrou mais adequada, principalmente, por ser um motor mais econômico, fator fundamental num cenário de crise internacional do petróleo e da consequente alta nos preços dos combustíveis que encarecia a hora de voo de treinamento.Em 1977 a Embraer elaborou as primeiras propostas do EMB 312 ao então Ministério da Aeronáutica. O Ministério fechou um acordo de desenvolvimento no final de 1978 e o projeto teve início oficial em janeiro de 1979.
A aeronave EMB 312, designada na FAB como T-27, tinha desenho avançado para a época e várias características inovadoras que acabaram por se tornar padrão mundial para aeronaves de treinamento básico. O EMB 312 foi o primeiro avião de treinamento desenvolvido e produzido desde o início como turboélice, mas mantendo características operacionais das aeronaves a jato. Além disso, e diferente das outras aeronaves de treinamento do inventário da FAB, o EMB 312 não possuía assentos lado a lado, mas sim na configuração em tandem escalonados, onde o instrutor e aluno se sentavam no eixo longitudinal da aeronave, sendo o posto traseiro mais elevado, permitindo ao instrutor a visão frontal. Esta configuração, além de reduzir a área frontal da aeronave, ainda permitia melhor adaptação do cadete ao ambiente de uma aeronave de caça.

Outra característica inovadora foi a adoção de assentos ejetáveis. O EMB 312 foi o primeiro treinador básico turboélice a ser equipado com esse importante recurso de segurança. Os tripulantes ficavam abrigados sob uma grande capota transparente em peça única de plexiglass, produzida de forma a não gerar distorções óticas

O primeiro protótipo, matriculado como YT-27 1300, foi apresentado oficialmente em cerimônia de rollout em São José dos Campos no dia 19 de agosto de 1980 – data da comemoração dos 11 anos da Embraer, ocasião em que a aeronave efetuou seu primeiro voo oficial.O avião logo despertou o interesse internacional e várias nações passaram a testá-lo. As primeiras encomendas partiram de Honduras e do Egito. O Tucano foi produzido sob licença no Egito, para a Força Aérea daquele país e também para o Iraque, transformando-se na primeira experiência da Embraer na montagem de aeronaves no exterior.
Pouco depois, a Real Força Aérea (RAF), do Reino Unido, emitiu os exigentes requisitos de sua futura aeronave de treinamento, dando início à mais acirrada concorrência militar da época. A Embraer estabeleceu parceria com a empresa irlandesa Short Brothers PLC e o Tucano foi extensamente modificado, dando origem ao Shorts Tucano, que venceu a concorrência. Essa vitória foi um marco na história da Embraer, com grande repercussão na mídia internacional, além de gerar uma terceira linha de montagem na Irlanda do Norte para a produção do Shorts Tucano.Em 1991 foi firmado acordo para venda de um lote de 80 aeronaves EMB 312 Tucano para Força Aérea da França, as entregas do primeiro lote aconteceram a partir de 1994.

Emprego no Brasil. 

Diante do excelente desempenho do EMB 312 nos primeiros voos de teste, o Ministério da Aeronáutica assinou com a Embraer, em outubro de 1980, uma encomenda de 118 aeronaves, viabilizando o início da produção seriada. No ano seguinte, a aeronave foi batizada com o nome "Tucano". As primeiras células na versão de treinamento T-27 foram entregues a partir de 29 de setembro de 1983 para a Academia de Força Aérea da Força Aérea Brasileira (FAB) onde substituiriam os T-25 Universal como treinadores avançados.

O EMB 312 foi concebido para ser uma aeronave estável em baixas velocidades e altamente manobrável, características importantes para uma aeronave de treinamento básico. Além de sua missão principal de treinador, ainda poderia receber cargas externas em quatro pontos duros nas asas, permitindo seu emprego em missões de treinamento armado, apoio aéreo e ataque ao solo. Visando esta possibilidade em 1986 a 2º ELO (Esquadrilha de Ligação e Observação) passou a receber a versão AT-27 dotada de com um visor de tiro fabricado pela DF Vasconcelos, e provisão para o emprego de casulos de metralhadoras MAG 7,62 mm, lança foguetes SBAT-70/7 e bombas de emprego geral, em quatro pontos fixos sob as asas. Ao todo a Força Aérea Brasileira viria a adquirir 50 células desta variante voltada a missões de contra insurgência e apoio leve aproximado.
O emprego do AT-27 Tucano nesta unidade em muito gerou o aumento da capacidade operacional da mesma, sendo o modelo ativamente utilizado em missões de treinamento de grande porte, participando inclusive de operações reais, repelindo os ataques de guerrilheiros colombianos as unidades do Exército Brasileira, na fronteira Brasil Colômbia, toda esta experiência proporcionou a 2º ELO auxiliar a implementação do modelo nas demais unidades operacionais, entre elas o 1º Grupo de Caça, 1º Grupo de Defesa Aérea e 1º/14º Grupo de Aviação onde o modelo foi empregado manter a proficiência em voo dos pilotos dos F-5E Tiger II e Mirage IIIEBR.

Em missões de ataque, os A-27 ou AT-27 Tucano foram utilizados ainda pelo 1º/5º Grupo de Aviação Esquadrão Rumba, sendo empregado também para formação e adestramento dos demais pilotos que irão fazer uso do modelo nas demais unidades, entre elas o 1º/3º Grupo de Aviação Esquadrão Escorpião e 2º/3º Grupo de Aviação Esquadrão Grifo, grupos estes que foram formados para compor o primeiro Braço Armado do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) , sendo alocadas nas bases aéreas em Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO), sendo designados como guardiões da fronteira norte. A eles foi atribuída a complexa missão de prover a vigilância do espaço aéreo amazônico, cumprindo as tarefas operacionais de superioridade aérea, interdição, reconhecimento armado, ligação e observação, apoio aéreo aproximado e controle aéreo avançado. Cada unidade foi dotada inicialmente de oito células do modelo para a realização de suas atividades.

Em 11 de fevereiro de 2004 complementando o plano de estruturação do Braço Armado do SIVAM, foi ativado na Base Aérea de Campo Grande – MS o 3º/3º Grupo de Aviação Esquadrão Flecha, cobrindo uma das áreas ainda não atendidas pelo sistema de vigilância aérea para assim poder coibir os trêfegos ilícitos nesta região. Esta unidade herdou as aeronaves e as equipagens da extinta 2º ELO.
Toda a experiência obtida neste período veio a contribuir no desenvolvimento do Embraer A-29 Super Tucano, sendo este considerado o sucessor natural do A-27 / AT-27 Tucano. A unidade escolhida para ser a pioneira da implementação do modelo foi o 2º/5º Grupo de Aviação Esquadrão Joker, que passou a formar toda a doutrina operacional do modelo e a conversão dos pilotos. A partir de 2005 os AT-27 começaram a ser substituídos pelos novos A-29 no 1º/3º GAv, 2º/3º GAv e 3º/3º GAv,, fechando este ciclo até fins do ano de 2008. As demais unidades operadoras dos modelos também o retiraram de serviço neste mesmo período sendo as células encaminhadas para o Parque de Material de Aeronáutica de Lagoa Santa, onde as aeronaves em melhores estado foram revisadas e encaminhadas a Academia da Força Aérea e as demais foram estocadas, encerrando assim a carreira da versão de ataque leve do Tucano na Força Aérea Brasileira.

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