terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Embraer P-95A - P-95B Bandeirulha

História e Desenvolvimento. 

Em 19 de agosto de 1969 o governo brasileiro autorizou a criação de uma empresa de capital misto e controle estatal que receberia o nome de a Embraer Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A, que seria inicialmente destinada a fabricação seriada do avião Bandeirante, e as primeiras unidades de um contrato de 80 unidades do C-95 começaram a ser entregues a FAB a partir de fevereiro de 1973, substituindo com grande êxito os já obsoletos Douglas C-47 e  Beechcraft C-45 nas tarefas de transporte e nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN). As estas aeronaves iniciais se seguiram mais encomendas, porém agora em uma versão denominada C-95A (EMB 110K1) que foram incorporadas em meados de 1975. Neste mesmo período os Lockheed P-15 Neptune alocados junto ao 1º/7º Grupo de Aviação “Orugan”, chegavam no limiar de suas vidas úteis, gerando assim a necessidade de uma substituição urgente, como sucessor natural despontava no mercado a opção do Lockheed P-3 Orion, porém infelizmente os altos custo de aquisição e operação tornavam esta opção proibitiva para a Força Aérea Brasileira

Como alternativa viável do ponto de vista econômico, o Ministério da Aeronáutica solicitou a Embraer o desenvolvimento de uma aeronave de patrulha baseada na consagrada plataforma do EMB-110 Bandeirante, que já contava com 158 células entregues a FAB e a diversos operadores civis. A proposta da empresa foi apresentada em 1975 com a designação de EMB-111 Bandeirante Patrulha, basicamente as modificações incluíam a instalação de um radar Eaton AN/APS-128 Super Searcher, em um nariz alongado, uma nova suíte de comunicações, sistemas de navegação inercial Litton LN-33, piloto automático Bendix M-4 e um sistema de contramedidas eletrônicas Thomson CF. As asas eram reforçadas para  permitiram a instalação de tanques suplementares de 318 litros cada (os mesmos do AT-26 Xavante), e também a opção de se operar com quatro cabides subalares para o lançamento de foguetes de 127 mm, casulos de foguetes de 70mm, equipamentos na fuselagem para o lançamento de marcadores navais, granadas fumigenas e botes salva vidas infláveis. A exemplo dos demais aviões de patrulha naval, o modelo foi dotando ainda com um farol de busca de 50 milhões de candelas do tipo HIVA (High Intensyty Aircraft Searchlight) instalado no bordo de ataque da asa direita,
Com base no projeto apresentado a Força Aérea Brasileira aprofundou estudos sobre a viabilidade da aeronave, e apesar de apresentar algumas ressalvas técnicas fundamentadas no conceito que o P-95 seria um vetor bem menos capaz que seu antecessor o P-15 Netuno, principalmente em termos de alcance, autonomia, perfil de missão e capacidade de transporte de armamentos, deu sinal verde para a produção do protótipo, visando assim manter o estimulo da indústria nacional de defesa. Seu roll out ocorreu em 30 de junho de 1977, com o primeiro voo ocorrendo em 1 de agosto do mesmo ano, nas instalações da Embraer em São José dos Campos, imediatamente o modelo foi submetido a um amplo programa de ensaios e voo e aceitação, realizados por oficiais e técnicos do fabricante. Após a implementação de pequenas modificações o P-95 foi aprovado com a assinatura de contrato de doze células iniciais, o próximo cliente do modelo seria a Armada Chilena, que procedeu em 1979 a aquisição de seis aeronaves na versão EMB-111A(N) que dispunham como diferencial da versão brasileira a adoção de anti congelamento no bordo de ataque das asas, o último cliente do P-95 seria a Força Aérea do Gabão que encomendou uma unidade do modelo EMB-111A(N) em maio do ano seguinte.

O P-95 Bandeirante Patrulha recebeu seu batismo de fogo durante o conflito das Falklands / Malvinas em 1982, quando a Armada Argentina em uma negociação sigilosa com o Governo Brasileiro, arrendou duas unidades o EMB-111A(A) este processo visava a substituição  dos dois últimos P-2V Neptune  que foram retirados do serviço ativo por motivos de obsolescência de  durante a campanha contra a Inglaterra, deixando Armada Argentina sem um vetor para a realização das missões de patrulha e direcionamento dos caça bombardeios Super Etandard. As duas aeronaves que foram retiradas das unidades operacionais da FAB e encaminhas as instalações da Embraer onde foram emergencialmente pintadas nas cores nacionais daquele pais, e tiveram seus sistemas de comunicações customizados aos padrões empregados pela Marinha Argentina. Após o termino do conflito as duas células foram devolvidas a Embraer para revisão e durante este processo verificou se um elevado nível de desgaste nas longarinas das asas, denotando o emprego em missões de alto risco sob a ameaça dos caças inimigos. Antes deste episódio os P-95 já haviam debutado em missões operacionais, quando as três primeiras células chilenas foram empregadas durante a crise do Canal de Beagle em tarefas de monitoramento dos navios argentinos.
Em 1986, a Embraer apresentou o EMB-111A(C), uma versão modernizada do EMB-111A(A), externamente a principal diferença são os profundores com 10° de diedro positivo, idênticos aos do C-95C que visava aumentar a estabilidade e desempenho da aeronave. Em termos de avionica embarcada o modelo passou a contar com novos sistemas como o MAGE (Medidas de Apoio a Guerra Eletronica) Thompson CSF DR 2000 MKII/Dalia 1000A MKII, piloto automático APS-65, sistema de navegação Omega Canadian Marconi CMA 771 MKII e um FLIR no nariz da aeronave. A capacidade de emprego de armamento foi mantida, mas foram suprimidos os sistemas acústico e o farol de busca de 50 milhões de candelas do tipo HIVA, surgindo assim a versão P-95A. Ao todo foram produzidas 29 células do EMB-111A entre os anos de 1997 e 1991.

Emprego no Brasil. 

Após a conclusão do programa de ensaio em voo do modelo original, o Ministério da Aeronáutica procedeu a encomenda de doze células, sendo que as três primeiras foram entregues ao 1º/7º Grupo de Aviação “Orugan” em 11 de abril de 1978, apesar de como já citado o modelo não atender a todos os anseios de performance e capacidade bélica, a adoção dos P-95 Bandeirulha, contribuíram em muito para a modernização da aviação de patrulha no Brasil, se baseando principalmente nas funcionalidades do radar AN/APS–128, empregado em missões de vigilância costeira, busca, salvamento, navegação, e apoio na elaboração de carta meteorológica, sendo este sistema capaz de detectar um alvo de 150 m² a cerca de 100 quilômetros de distância, mesmo em mares agitados, contava ainda com um transceptor Collins 618T-3B em HF/AM/SSB/CW, dois transceptores VHF Collins 618M-3, duas bússolas giromagnéticas Sperry C-14, dois receptores de ADF Bendix DFA-74A, dois receptores VOR/ILS/Marker Beacon Collins VIR-31A, um transponder de IFF Collins AN/APX-92, um VHF/DF Collins DF-301E, um rádio-altímetro Bendix ALA-51, um sistema de navegação inercial Litton LN-33 e Piloto automático Bendix M4-C,representando assim um salto tecnológico em avionica quando comparado ao seu antecessor americano.

Neste período toda a frota de P-95 estava concentrada em Salvador, sendo quatro células emprestadas ao 2º/10ºGAv Esquadrão Pelicano entre os anos de 1980 e 1981, para serem empregados em missões de busca e salvamento, no aguardo da chegada da versão especializada o SC-95 Bandeirante SAR. Em 1982 a disponibilidade das células permitiu criar um novo esquadrão de patrulha o 2º/7º “Phoenix” a ser baseado na cidade de Florianópolis, permitindo assim uma maior cobertura do litoral brasileiro.Em meados da década de 1980 a Força Aérea Brasileira no anseio de melhorar suas capacidades de patrulha e esclarecimento marítimo encomendou a Embraer uma nova versão da aeronave, tendo como diferencial a plataforma aprimorada do Bandeirante C-95C, esta nova variante recebeu a designação de EMB-111A(C) P-95B, através da assinatura de um contrato para o fornecimento de 10 células.
O P-95B por sua vez era outra classe de aeronave. O radar AN/APS-128 foi substituído por um moderno THORN EMI Super Searcher apresentado publicamente em 1982. Este radar apresenta capacidade Track While Scan (TWS - acompanha o alvo sem ter de parar de buscar no resto do espaço aéreo), contava ainda com uma nova suíte avionica dispondo de sistemas  Thomson-CSF DR 2000A Mk II /Dalia 1000A Mk II (MAGE - Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica), Collins EFIS-74, ADI-84, Piloto-automático APS-65 e o Sistema de navegação Omega Canadian Marconi CMA 771 Mk III. Este grande up grade de sistemas gerou a necessidade de uma padronização da frota criando uma nova versão que receberia a designação de P-95A, unindo a plataforma original a eletrônica moderna do Bandeirulha “Bravo”. Tanto a fiação quanto as cambagens tiveram de ser refeitas e os novos módulos aviônicos foram inseridos nas estantes internas pré-existentes nos P-95.

A adoção do sistema de Guerra Eletrônica ESM Thomson-CSF (hoje Thales) DR2000/Dalia no modelo P-95B modificou o emprego da aeronave e deu um novo fôlego ao Bandeirulha, agora passando a atuar como plataforma ELINT/SIGINT (Electronic/Signals Intelligence – Monitoramento de emissões eletromagnéticas). Novamente a ampliação de células, permitiu no ano de 1990 a criação de uma nova unidade o 3º/7º “Netuno” baseado em Belém, melhorando a cobertura na região norte do pais. A última unidade a receber o Bandeirante Patrulha foi o 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada que recebeu em 1992 quatro P-95A, de início para complementar e, eventualmente substituir os UP-16 e P-16 Tracker. Depois da desativação desta unidade e a criação do 4º/7º GAv “Cardeal” em 1988 estas aeronaves foram alocadas na nova unidade.
No início do século 21 a Força Aérea Brasileira apesar da introdução de novas aeronaves de transporte como os C-105 Amazonas, C-97 Brasília e C-99 ainda dependia muito do emprego dos C-95B/C como vetores de transporte, no caso da aviação de patrulha os P-95B necessitavam ser substituídos ou atualizados em termos de avionica e sistemas nos mesmos moldes dos recém recebidos Lockheed P-3AM Orion. Estudos tenderam para a implementação de um amplo processo de retrofit estrutural, este estudo começou a ganhar forma em setembro de 2008, quando foi assinado um contrato no valor de R$ 89,9 milhoes com a empresa AEL Sistemas para modernização e revitalização de 38 C-95B/C e 12 P-95B, no caso das aeronaves de patrulha o principal ponto foi a substituição de seus radares atuais pelo novos Selex Seaspray 5000E de abertura sintética ( AESA Active Electronically Scanned Array) e também a adoção novos sistemas de navegação e comunicação sendo dispostos no formato Glass Cockpit.

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