terça-feira, 9 de janeiro de 2018

A-26 Invader

História e Desenvolvimento.

O B-26 Invader foi o último dos bombardeiros táticos bimotores a pistão dos Estados Unidos, e provavelmente o melhor de todos produzidos durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi desenvolvido como substituto natural do A-20 Havoc, pela genial e habilidosa equipe de projetos da Douglas liderada por Edward H. Heinemann, Robert Donovan e  Ted R. Smith O primeiro o XA-26 protótipo voou em 10 de julho de 1942 na base aérea de Mines Field, El Segundo, porem diversas alterações nas especificações ditadas pela Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) principalmente no que tange a configuração de armamentos vieram a atrasar sua entrada em serviço, tendo entrado em combate somente em 1944 no teatro de operações europeu junto ao 553° Bomb Squadron baseado na Inglaterra.


O emprego inicial em missões reais, denotaram algumas deficiências de projeto, tendo como a mais marcante a fragilidade das pernas do trem de pouso e problemas no sistema de refrigeração dos motores. Inicialmente no teatro de Operações do Pacifico as unidades de bombardeiro e ataque tiveram alguma resistência ao novo modelo em detrimento ao já habitual A-20 Havoc, porem após a resolução destas pequenas falhas o A-26 Invader conquistou excelente reputação entre suas tripulações.
O Douglas Invader foi originalmente desenvolvido em duas configurações diferentes, sendo a versão A-26B dotada de um nariz solido no qual poderiam ser alojados diversas combinações de armamento incluindo metralhadoras calibre .50, canhoes de 20 ou ainda um obuseiro de 75 mm (que nunca foi usado operacionalmente), as configurações mais comuns  eram designadas como "six-gun nose"ou "eight-gun nose, na a versão A-26C era dedicado a missões de bombardeio de queda livre para media altitude e para isto dispunha do nariz envidraçado equipado com uma mira Norden, inicialmente duas metralhadoras M-2 eram fixadas no nariz na fuselagem a exemplo dos A-20, posteriormente a  partir de 1570° unidade produzida as mesmas foram substituídas por seis metralhadoras alojadas internamente nas asas. Além do piloto, a tripulação era composta por um navegador que também executava as tarefas de carregador de munição das armas frontais, um terceiro assento estava localizado no compartimento traseiro e tinha por função a operação de controlar remotamente as torretas de metralhadora dorsal e ventral. 

Com uma pesada carga útil de bombas e foguetes (até 1.814kg) grande capacidade de autodefesa aliado a um comando dócil e grande manobrabilidade o A-26 Invader reunia qualidades especiais que estavam separados em diversos modelos, cabe ainda ao modelo sob o comando do Major Myron L. Durkee, do 386° BG, o possível crédito de vitória em combate aéreo contra um jato alemão Messerschmitt Me-262. 

Por ter entrado em serviço nos períodos finais da Segunda Guerra Mundial, para substituição dos já cansados B-26 Maurader e A-20 Havocs, a produção dos Invaders foi limitada a apenas a 2.452 células entregues até meados de 1945, ao contrário da grande maioria dos vetores a pistão da USAAF que foram desativados logo após o termino da guerra, os A-26 permaneceram na ativa, sendo enviados para a operação na Guerra da Coreia onde tiveram valiosa participação em missões de ataque, após 1949 foram  redesignados como RB-26 para emprego em missões de reconhecimento tático nas unidades dispostas nos Estados Unidos e na Europa, onde operam até fins de 1957. Muitas unidades classificadas como excedente de guerra foram transferidas a nações aliadas como França, Brasil, Colômbia, Chile, Republica Dominicana, Guatemala, Indonésia, Laos, Nicarágua, Peru, Portugal, Arabia Saudita, Reino Unido e Turquia.
No entanto o Invader voltaria as origens quando foi chamado para participar do esforço da Força Aérea Americana na Guerra do Vietna, quando foram empregados para missões de ataque e supressão contra as tropas norte vietnamitas principalmente na campanha contra a Trilha Ho Chi Minh, porém também algumas células também seriam empregadas pela CIA em missões secretas neste mesmo cenário de operações. Para atender a estas demandas surgia uma uma nova versão denominada A-26K Counter-Invader que passava a contar com significativas melhorias atualização de motores, hélices, taques de combustível suplementares nas pontas das asas e sistema de FLIR, se mantendo em serviço até fins do ano de 1969.

Emprego no Brasil.

A história do A-26 Invader no Brasil remonta ao início da década de 1950, quando o modelo foi oferecido pelo governo dos Estados Unidos para a Força Aérea Brasileira, porem naquele momento a quantidade de bombardeiros B-25 Mitchel atendia as necessidades atuais no cenário, não sendo necessária a adoção de um novo vetor de ataque. Porem este cenário se alteraria rapidamente pois já em 1956 a FAB percebia a necessidade do reequipamento de sua aviação de ataque, inclusive porque chegava ao fim o suporte norte americano a operação dos Mitchell que fora anteriormente acordado nos termos do Plano de Ajuda e Defesa Mutua.

Apesar do comando da FAB vislumbrar a adoção de bombardeios a reação como os English Eletric Canberra B.8 e T.4, a realidade orçamentaria daquele período inviabilizaria a concretização desta compra. Diante deste panorama, a FAB enfim acabou se sensibilizando com uma nova oferta dos Invaders feita por Washington, que apresentava uma excelente relação de custo benefício, incluindo 14 células do A-26B e 14 do A-26C.

As aeronaves adquiridas pela FAB estavam armazenadas na base aérea de Davis em Montana, tradicional base de recolhimento e estoque de aeronaves da USAF, e antes de serem transladadas para o Brasil foram revisados pela Fairchild em suas oficinas em Saint Augustine na Florida e Hagerstown em Maryland. As primeiras quatro células chegaram ao Brasil em setembro de 1957, sendo seguidas por outra 24 em seis voos de translado que se encerraram em fevereiro do ano seguinte, totalizando 28 aeronaves.
Os 14 B-26B estavam equipados com o formidável arsenal orgânico de seis metralhadoras Browning M2 de 12,7 mm dispostas no nariz, 2 M2 em uma torreta dorsal (salientando que todos os Invader brasileiros não dispunham da torreta ventral), e foram distribuídos ao 1º e 2º Esquadrões do 5º Grupo de Aviação, unidade esta que além de desempenhar as missões de ataque e bombardeio, tinha por atribuição o treinamento operacional dos aspirantes, tendo o 1º/5º GAv encarregado da instrução de ataque e bombardeio e o 2º/5º GAv responsável pela transição para aeronaves multimotoras. Uma célula a mais ainda seria incorporada em 1970, sendo apreendida pela Policia Federal por emprego em contrabando, como era uma versão civil foi empregada para transporte sendo designada como CB-26B passando a ostentar a matricula 5176.

No entanto a operação dos designados B-26B/C revelou-se não ser das mais fáceis, e logo surgiram sérios problemas de disponibilidade operacional, gerados por dificuldades de manutenção e fornecimento de peças de reposição. Em função disso, a partir de 1963, os Invader deixaram de realizar as missões de treinamentos, que passaram a ser realizadas pelos Beech H-18S, e desta maneira todos os B-26 foram concentrados no 1º/5º GAv, passando a atuar exclusivamente em missões de ataque e bombardeio tático. As células em sua maioria foram produzidas entre 1944 e 1945, e em meados da década de 1960 já começavam a apresentar sintomas de fadiga estrutural, levando a FAB a optar pelo Programa Wing Spar, que visava a substituição das longarinas das asas das aeronaves a partir de 1967, quando foram escolhidas 10 das melhoras células do B-26B e encaminhadas a fábrica da Hamilton Aircraft Corp na cidade de Tucson no Arizona. Neste processo além da aplicação do retrofit estrutural, foram encomendadas também a implementação de melhorias nas aeronaves que receberam novos sistemas de comunicação, avionica e sistemas de armas (com a remoção da torreta dorsal), aproximando as células brasileiras ao up grade realizado no modelo B-26K Counter Invader.

Os primeiros quatro Invader retornaram ao Brasil em 7 de setembro de 1968 onde foram reincorporados ao 1º/5º GAv, paralelamente em 1969, algumas células foram transferidas ao 1º/10º GAv, sediado na Base Aérea de São Paulo, onde passariam a atuar em outro perfil operacional, especializando em missões de ataque, reconhecimento fotográfico, esclarecimento e anti guerrilha / contra insurreição (COIN). Com a desativação do 1º/5º GAv em 1972 todos os Invader foram concentrados no 1º/10º GAv, onde foram redesignados como A-26B e A-26C. 
Apesar de da carreira do modelo estar se aproximando do fim, aparentemente os Invader participaram de algumas ações de combate real em 1972 /1973, quando foram empregados em missões secretas de contra insurreição e reconhecimento fotográfico contra o movimento de luta armada do Partido Comunista do Brasil na região do Araguaia, incursões estas que foram cercadas de grande sigilo naquele conturbado período.
Infelizmente o recorrente problema de fadiga estrutural e rachaduras nas longarinas voltou a suscitar as células da FAB (mesmo fator que levou a desativação dos A-26K da USAF), e naquele momento um novo retrofit em um modelo já obsoleto era uma opção economicamente inviável, e em 1974 apenas 12 Invader dos dois modelos estavam em operação, sendo estes remanescentes rapidamente desativados, com a última célula sendo retirada de serviço em 3 de dezembro de 1975.

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