sábado, 6 de janeiro de 2018

Northrop F-5FM Tiger II

História e Desenvolvimento. 


No ano de 1968, o governo norte americano no anseio de manter sua influência militar sobre seus aliados começou a considerar um sucessor para a família F-5A/B Freedom Fighter, desta maneira, oito empresas foram convidadas a participar do processo IIFA (Improved International Fighter Aircraft ), o resultado foi anunciado em novembro do mesmo ano, tendo saído vencedora a empresa Northrop Aircraft Co, com seu projeto F-5-21 que nada mais era do que uma evolução do modelo anterior, o voo do primeiro protótipo ocorreu em  23 de agosto de 1972.

As primeiras unidades destinadas a Força Aérea Americana, foram entregues em meados de 1973, sendo os mesmos direcionados principalmente as unidades em operação no Sudeste Asiático, paralelamente ao emprego em missões reais, o 425th Tactical Fighter Training , baseado em Arizona, começou a receber suas primeiras células em 4 de abril de 1973, a principal incumbência desta unidade, era a de formar as equipagens das nações amigas destinadas a operar o modelo em suas forças armadas. Neste processo observou a excelente manobrabilidade do F-5E em combate aéreo, iniciando assim seu emprego em como aeronave especializada para o combate dissimilar (DACT), substituindo os treinadores T-38 Talon até então em uso, que não eram totalmente adequados a esta missão. Cerca de 70 células novas de fabricas que originalmente estavam destinadas a Força Aérea do Vietnã do Sul, foram incorporadas aos grupos 64th and 65th Fighter Weapons Squadrons of the 57th TFW baseados em Nellis AFB no estado de Nevada.
Seguindo as diretrizes iniciais de seu desenvolvimento, o F-5E agora denominado Tiger II começou a ser fornecido para as nações alinhadas aos Estados Unidos, como Vietnã do Sul, Coreia do Sul, Irã, Chile, Brasil, México, Suíça, Malásia, Cingapura, Taiwan, Marrocos, Jordânia, Grécia, Tunísia, Arábia Saudita, Etiópia. Honduras, Indonésia, Quênia, Noruega, Sudão e Iêmen. Em resposta a demanda dos clientes por uma aeronave dedicada de conversão, a Northrop Corporation, iniciaria o desenvolvimento de uma versão biplace que substituiria os F-5B que até então eram operados nas tarefas de conversão e transição pelos primeiros compradores internacionais do modelo F-5E Tiger II, entre eles a Força Aérea Brasileira.

Esta nova versão era basicamente com F-5E Tiger II, com pouco mais de um metro comprimento adicionado a fuselagem na região da cabine. Assim ao contrário do que aconteceu na versão F-5B foi mantido o nariz “bicudo” do modelo monoposto, dispondo da manutenção do radar Emerson AN/APQ-157 e de somente um canhão M39, embora ainda com uma capacidade reduzida de munições, pois o segundo armamento de cano cedeu espaço para os avionicos que, na versão F-5E ocupam a área atrás da cabine original, mas que na versão biplace tiveram de ser transferidos para complementar o espaço empregado pelo segundo assento. No demais, motores, asas e todo o resto é praticamente igual ao monoposto com exceção de alguns detalhes como aletas sobre as asas e peso sobre a cauda, para compensar a mudança no centro de gravidade e as alterações na estabilidade devido ao aumento do comprimento e ao peso do segundo assento. As extensões do bordo de ataque também têm um formato diferente, para aumentar sua aérea, concedendo ao F-5F desempenho muito similar ao F-5E facilitando assim a tarefa de conversão operacional.
Com sua produção sendo encerrada pela Northrop Corporation no ano de 1987 com a entrega de 1399 células dos modelos F-5E/F para mais de 20 operadores, parecia que a carreira do Tiger não seria muito longa, pois neste mesmo período o modelo começava a substituídos na USAF, pelas primeiras versões do novo caça multi plataforma F-16 Falcon, um dos diversos modelos da nova geração que sobrepujava em muito os caças da  Northrop concebidos na década de 1970. Porém na Feira Aeronáutica de Le Bourget em 1993, um F-5E modernizado despertou a grande interesse, retrofitado pela IAI Israel Aircraft Industries em conjunto com a empresa chilena ENAER esta aronave representava a versão mais ousada do tipo modernizado até aquele momento. Os conceitos aplicados neste processo foram baseados nos equipamentos do projeto do caça LAVI, entre eles estava o radar multimodo Elta EL/M-2032B (com capacidade  look down shot down), HUD El-Op israelense, dois displays multi função Astronautics, barramento digital MIL-STD 1553B, cockpit HOTAS, RWR/ECM integrados com chaff/flare, todos estes sistemas estavam integrados a um computador central e ao moderno sistema de armas composto por misseis também israelenses Shafrir e Python III.. Cerca de 12 nações já implementaram diversos níveis de modernização ou retrofit de células inclusive dos F-5F para que a transição operação para as versões modernizadas.

Emprego no Brasil. 

As primeiras entregas internacionais do F-5F tiveram início em 1976, quando o Brasil já havia recebido todas as suas aeronaves encomendadas e mesmo sendo aconselhável a aquisição deste novo modelo, restrições orçamentárias impediram esta compra, ficando a conversão baseada nos não apropriados F-5B. Este cenário mudaria a partir de meados da década de 1980 com a necessidade de complementação da dotação original de Tigers com a aquisição de mais células usadas(a opção por aeronaves novas de fábrica estava fora de cogitação pois sua produção havia sido encerrada em fins de 1987), esta solução se materializaria em um contrato de compra no valor de US$ 13,1 milhões via o programa de Vendas Militares ao Estrangeiro (Foreign Military Sales)  com a Força Aérea Americana (USAF), para a  aquisição de 22 unidades da do F-5E Tiger II e unidades da versão de treinamento e conversão F-5F. As primeiras aeronaves começaram a ser transladadas para a Base Aérea de Canoas,  por pilotos brasileiros entre outubro de 1988 e setembro de 1989. Por pertencerem a lotes distintos de produção, a FAB resolveu concentrar o primeiro lote caças recebidos a partir de 1975 no 1º Grupo de Aviação de Caça em Santa Cruz e segundo no 1º/14º Grupo de Aviação ficando assim os F-5F concentrados nesta última base. Esta decisão tornaria agora a unidade gaúcha como a responsável pela formação e conversão de todos os pilotos de F-5E Tiger II brasileiros.

Além dos problemas ocasionados pela diferença dos avionicos, uma análise mais detalhada mapeou uma série de problemas estruturais, alguns de ordem grave, principalmente entre as unidades oriundas dos Esquadrões Agressores (devido ao perfil de emprego que exigia muito dos pilotos e por consequente das aeronaves), sendo então encaminhadas ao Parque de Material de Aeronáutica de São Paulo (PAMASP) para que se procedesse um minucioso processo de recuperação. Nesse processo verificou se também que os F-5F originalmente estavam dotados dos sensores, antenas e todo aparato para a operação do sistema RWR (Radar Warning Receiver), porém o mesmo foi retirado na Base Aérea Nellis AFB, Nevada antes da entrega aos pilotos da FAB. Após este processo os F-5F começaram a ser extensamente empregados nas missões e ele destinadas junto ao Esquadrão Pampa, infelizmente em 1996 a FAB perderia 0 F-5F FAB 4809 em um acidente próximo a cidade de Triunfo no Rio Grande do Sul, reduzindo assim a frota a apenas três células oque exigira muito do modelo, motivando então o PAMA SP a manter um cuidadoso programa de manutenção para evitar que os períodos das grandes inspeções coincidissem, mantendo sempre no mínimo dois F-5F operacionais.
Visando elevar sua frota de caças a um patamar atualizado em termos de sistemas de armas e eletrônica embarcada a Força Aérea Brasileira em 2002 um contrato junto ao recém-formado consórcio entre as empresas brasileira e Israelense Embraer – Elbit Systens para o retrofit e modernização de quarenta e três células do F-5E e três do F-5F, com investimentos previstos na ordem de US$ 285 milhões de dólares”. No início de 2003 o F-5F “FAB 4808” foi entregue a Embraer para servir com um dos dois protótipos para o programa de modernização F-5BR (que gerou a versão “Mike”), este processo visava não somente uma revisão estrutural completa, como também a adoção dos sistemas descritos abaixo:

- 03 Mostradores Multifuncionais, de cristal líquido (MFCD) na versão “Eco” e 05 na “Fox”
- HUD ( Head Up Display )
- Dispositivo de Manche e Manete de Potência Combinados (HOTAS);
- Mostrador / Visor Montado no Capacete (HMD) tipo DASH 4;
- Sistema Integrado de Navegação com GPS (INS/GPS);
- Receptor de Alerta de Radar (RWR) fornece o alerta de emissões de radar inimigo;
- Sistema de rádio de comunicação segura, com criptografia, saltos e compressão de frequência;
-  Enlace de Dados com interoperacionalidade entre R-99 A/B e A-29 Super Tucano;
- Novos sistemas de pontaria CCIP/CCRP e de Gerenciamento de Combustível
- Sistemas, Sensores e Luzes para missões diurnas e noturnas (NVG) sob qualquer tempo;
- Gravação de Dados e Áudio em VHS-C para reprodução em voo ou no solo;
- Sistema de Planejamento de Missão;
- AACMI (Instrumentação Autônoma para Simulação e Avaliação de Manobras de Combate);
- Radar Pulso Doppler Grifo F/BR (ou Grifo-X P2803), da empresa italiana FIAR SpA Galile:
- Sonda de Reabastecimento (REVO), para as células do segundo lote.
O primeiro protótipo designado F-5FM foi entregue em dezembro de 2003, porém atrasos na definição do vencedor do Programa FX levaram o comando da Força Aérea Brasileira a avaliar a aquisição de mais células da versão do F-5F visando assim distribuir melhor a carga de esforços de treinamento e conversão sobre as três aeronaves operacionais, tendo em vista que o  F-5F FAB 4809 foi perdido em um acidente próximo a cidade de Triunfo no Rio Grande do Sul no ano de 1996. Esta necessidade seria atendida em 2007 com a aquisição de mais três células de F-5F e oito do modelo F-5E usadas oriundas da Força Aérea Real da Jordânia. Após o recebimento no ano de 2008 estas células foram recolhidas ao PAMA SP para recuperação das aeronaves bipostas , visando assim as preparar para a modernização, complementar com a Embraer, quando da conclusão deste processo a FAB passara a contar com 6 aeronaves F-5FM operacionais modernizadas, possibilitando a distribuição de 02 células por esquadrão operador do modelo ( lembrando que anteriormente antes da modernização os três F-5F originais eram concentrados no 1º/14º GAv ), melhorando assim o processo de treinamento e conversão.

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