Em meados da década de 1950 a empresa americana Northrop Corporation iniciou esforços para o desenvolvimento de uma aeronave de caça e ataque de baixo custo de operação e manutenção, foi designado inicialmente como N-156 e tinha como objetivo se adequar a uma concorrência emitida pela Marinha Americana que buscava um caça leve para emprego em seus porta aviões de escolta, pois o porte dos caças a jato da marinha excedia a capacidade de lançamento e hangaragem dos caças em operações nos porta aviões normais. Infelizmente para a Northrop a marinha reavaliou sua estrutura e meios resultando na desativação dos pequenos porta aviões de escolta, como o projeto estava em avançado estado de desenvolvimento a empresa manteve seus esforços para a criação de um instrutor avançado com dois assentos em tanden designado N-156T e um caça leve designado N-156F.
As características de voo e performance do N-156T agradaram o comando da Força Aérea Americana, selecionando o como treinador padrão para a USAF, em substituição aos Lockeheed T-33. O primeiro protótipo do já designado YT-38 Talon em 12 de junho de 1959 e após um longo processo de avaliação o modelo recebeu um contrato de produção de 1.158 células que foram produzidas e entregues até janeiro de 1972 e muitas aeronaves após passaram por diversos processos de retrofit e modernização, se mantem na ativa até os dias atuais, com previsão somente de substituição a partir de 2020 percorrendo uma carreira de quase cinquenta anos como treinador intermediário.
No final da década de 1950 o N-156F passaria a ganhar a perspectiva de se tornar realidade pois o governo norte americano buscava desenvolver uma aeronave de combate multifuncional de baixo custo que pudesse se tornar uma opção atraente a ser fornecido as nações amigas com as quais os americanos buscavam aumentar seu poder de influência, em 25 de fevereiro de 1958, após avaliações iniciais dos parâmetros do projeto a Northrop recebeu uma encomenda para a produção de três protótipos, tendo o N-156F decolado da base da força aérea de Edwards o 30 de julho de 1959, embora o modelo tenha mostrado potencial em superar o F-100 Sabre em missões de ataque ao solo, a USAF não se interessou pela incorporação da aeronave em sua frota ou indicação para forças armadas alinhadas, gerando assim um certo desanimo por parte do fabricante. Em 1962 o governo Kennedy reativaria a intenção inicial de dispor de uma aeronave para fornecimento as nações amigas e uma nova concorrência denominada projeto FX foi lançada, e o N-156F sagrou se vencedor em 23 de abril de 1962, e logo se tornaria a principal aeronave de combate oferecida nos termos do MAP (Military Assistance Program - Programa de Assistência Militar).
O recém designado F-5A Freedom Fighter foi entregue inicialmente para a Força Aérea do Vietnã do Sul onde receberam seu batismo de fogo na operação Skoshi Tiger em 1965, após os resultados obtidos neste conflito o modelo receberia encomendas das Filipinas, Irâ, Etiópia, Noruega, Taiwan, Marrocos, Venezuela, Grécia, Turquia, Holanda, Turquia Coreia do Sul, Formosa e Espanha. Visando atender a necessidade de se facilitar o processo de transição operacional a Northrop iniciou um desenvolvimento de uma versão biplace que seria designada como F-5B, com primeiro protótipo sendo colocado em voo em 24 de fevereiro de 1964, basicamente a versão se tratava de uma célula alongada do F-5A, sendo estruturalmente muito semelhante ao treinador T-38 Talon, no entanto a versão biplace não dispunha dos armamentos da versão de combate. Ao todo foram fabricados 305 exemplares do F-5B até fins do ano de 1972, sendo 191 pela Northrop, 46 pela Canadair, 34 pela CASA Espanhola e 34 por outras empresas, e as células se mantiveram em uso por muitas destas nações pelo menos até fins do século XX.
Emprego no Brasil.
Desde o ano de 1965 os aviões de caça F-5A e F-5B Freedom Fighter eram cogitados internacionalmente para se tornarem o braço armado do Projeto de Sistema de Defesa Aérea e Controle do Trafego Aéreo (SISDACTA), o interesse inicial do Ministério da Aeronáutica recaia sobre o caça multifuncional McDonnell Douglas F-4 Phantom, porém o governo norte americano vetou esta opção, visando assim não alterar o balanço de forças no cenário da América do Sul, devido a este posicionamento a Força Aérea Brasileira optou pela aquisição de caças franceses Marcel Dassault Mirage IIIEBR.
No entanto os caças da Northrop passariam a figurar novamente frente a emergencial necessidade da FAB em substituir os Lockheed AT-33A no 1º Grupo de Aviação de Caça e no 1º/14º Grupo de Aviação, no ano de 1972 uma nova concorrência internacional foi iniciada, onde diversos modelos subsônicos figuraram como concorrentes, com a escolha em 1973 recaindo sobre o único vetor supersônico do processo o recém lançado Northrop F-5E Tiger II, envolvendo um contrato no valor de US$ 115 milhões para a aquisição de 36 células monoplaces e 06 biplaces. Porem neste período a versão de conversão operacional designada F-5F ainda estava no estágio de desenvolvimento pela Northrop com a entrada em serviço prevista somente para o meados do ano de 1976, levando então a aquisição de 06 células da versão anterior o F-5A Freedom Fighter.
Em maio de 1974 foi criada a Comissão de Fiscalização e Recebimento (Comfirem) dos F-5, em Palmdale na Califórnia, onde pilotos e técnicos da FAB realizaram a adaptação e treinamento em voo junto ao 425 Tatical Fighter Training Squadron (TFTS) da USAF, na base aérea de Willians, no Arizona. A aeronaves seriam transladadas ao Brasil na denominada Operação Tigre, com os F-5B divididos em duas esquadrilhas de três aeronaves cada, que seguiram a rota Palmdale (CA), San Antonio (TX),Homestad (FL), San Juan (PR),Trinidad e Tobago, Suriname, Belém, Anápolis e Galeão.
A primeira esquadrilha com três F-5B chegou a Base Aérea do Galeão no Rio de Janeiro em 6 de março de 1975 e os restantes em 13 de maio do mesmo ano. Como a pista da Base Aérea de Santa Cruz, estava passando por obras para prolongamento da pista, as aeronaves ficaram operando no Galeão, efetuando também missões de treinamentos em São Jose dos Campos e Guaratinguetá. As aeronaves designadas-F5B e matriculadas como FAB 4800 e 4805 foram alocadas junto ao 1º Grupo de Aviação de Caça distribuídas em seus dois esquadrões (Senta a Pua e Rompe Mato), sendo responsáveis também pelo treinamento e conversão dos pilotos do 1º/14º Grupo de Aviação Esquadrão Pampa.
A operação dos F-5B sempre foi realizada pelo 1º Grupo de Aviação de Caça, sendo as únicas aeronaves utilizadas na transição para os F-5E Tiger II, até a chegada dos quatro F-5F adquiridos em 1989, que passaram a dotar o 1º/14º Grupo de Aviação, sediado em Canoas no Rio Grande do Sul, evitando assim que os pilotos que fossem destinados a esta unidade tivessem que fazer o treinamento inicial na Base Aérea de Santa Cruz. Além de ter formado inúmeros caçadores os F-5B também protagonizaram dois eventos importantes, sendo o primeiro o voo do Campeão Mundial de Formula 1 Ayrton Senna da Silva em 1 de abril de 1997 com o FAB 4803,e com o falecimento do piloto em 1995,esta célula foi batizada com seu nome em 6 de julho do mesmo ano. Outra personalidade que voou o modelo foi o ex presidente Fernando Collor de Mello, que entre Brasília e Santa Cruz (RJ) em 22 de abril de 1990, onde foi participar das festividades do Dia da Aviação de Caça.
Durante seu período de operação somente uma célula foi perdida em acidente, quando o F-5B FAB 4801 veio a colidir com um urubu em um voo de treinamento na cidade de Guaratinguetá no ato de aproximação, felizmente os pilotos conseguiram ejetar se salvando. As aeronaves foram empregadas até 22 de maio de 1996, ocasião em que foram desativados na FAB e estocados no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo para alienação e venda, fato este que ocorreu para um empresário americano que pretendia leva-los para os Estados Unidos, onde fariam voos panorâmicos. Todavia os termos da Lei do End User, estabelecida pelo Departamento de Defesa Americano proibiu esta operação e as células ficaram armazenadas por quase dez anos aguardando o desenrolar deste processo, posteriormente a FAB decidiu por preservar as mesmas sendo dispostas no Museu Aeroespacial (MUSAL), Comando Geral de Apoio (COMGAP) , Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA SP), Base Aérea de Santa Cruz (BASC) e na Base Aérea do Galeão (BAGL).
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