Wehrmacht
Forças de Defesa Alemã Wehrmacht | |
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A Balkenkreuz, uma versão estilizada da Cruz de Ferro, o emblema da Wehrmacht. | |
País | Alemanha |
Fundação | 1935 |
Dissolvida | 1945[1] |
Ramos | Exército Força Aérea Marinha |
Sede(s) | Zossen, Berlim |
Lideranças | |
Führer | Adolf Hitler |
Comandantes notáveis | Hermann Göring Wilhelm Keitel Karl Dönitz Robert Ritter von Greim Alfred Jodl Erwin Rommel Erich von Manstein Gerd von Rundstedt |
Efetivo | 18 200 000 (agregado ao longo do tempo) 2 000 000 (1945) |
Artigos relacionados | |
História | Guerra Civil Espanhola Segunda Guerra Mundial |
A bandeira do comandante-em-chefe das forças armadas |
Wehrmacht ? (ouvir) (termo alemão que significa "Força de Defesa", e que pode ser entendido como "meios/poder de resistência") foi o nome do conjunto das forças armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich entre 1935 e 1945 e englobava o Exército (Heer), Marinha de Guerra (Kriegsmarine), Força Aérea (Luftwaffe) e tropas das Waffen-SS (que apesar de não serem da Wehrmacht, eram frequentemente dispostas junto às suas tropas). Substituiu a anterior Reichswehr, criada em 1921 após a derrota alemã na I Guerra Mundial. Em 1955, as novas forças armadas alemãs foram reorganizadas sob o nome de Bundeswehr.
Durante os dez anos de sua existência, aproximadamente 18 milhões de combatentes serviram na Wehrmacht.[2] Cerca de 3,5 milhões morreram em combate durante a II Guerra Mundial, sendo 88% apenas na frente oriental.[3] O número de soldados e oficiais desaparecidos ou mortos nos campos de concentração, principalmente soviéticos, nos anos posteriores ao fim da guerra, é desconhecido.
Origem e uso do termo[editar | editar código-fonte]
Antes da chegada do Partido Nazista ao poder, o termo Wehrmacht era usado em sentido geral para descrever as forças armadas de qualquer nação. Por exemplo, o termo Britische Wehrmacht referia-se às forças armadas britânicas.
O artigo nº 47 da Constituição de Weimar de 1919 declarou “Der Reichspräsident hat den Oberbefehl über die gesamte Wehrmacht des Reiches” (o Presidente do Império possui o comando supremo de todas as forças armadas do Império). Para fazer distinção, o termo Reichswehr era comumente usado para se referir às forças armadas alemãs.
Em 1935, o Reichswehr foi renomeado para Wehrmacht. Após a Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha estava ocupada pelos aliados, o termo Wehrmacht foi abandonado. Quando a República Federal Alemã se remilitarizou em 1955, sua nova força armada passou a ser chamada de Bundeswehr.
Então Wehrmacht costumeiramente passou a referir-se às forças armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich.
História[editar | editar código-fonte]
Quando a Primeira Guerra Mundial terminou, com a capitulação do Império Alemão, o Tratado de Versalhes impôs severas restrições em relação ao tamanho das forças armadas alemãs. O exército foi limitado a ter 100 000 homens além dos 15 000 da marinha. A esquadra alemã seria composta de seis navios de batalha, seis cruzadores e doze contratorpedeiros. Carros de Combate e artilharia pesada foram proibidos e a força aérea foi extinta. Um novo exército do pós-guerra (o Reichswehr) foi estabelecido em 23 de março de 1921. Os alistamentos foram banidos por outro mandado do Tratado de Versalhes.
A Alemanha imediatamente começou a burlar essas condições do tratado e iniciaram um programa de rearmamento. Iniciou-se uma colaboração secreta com a União Soviética depois do Tratado de Rapallo. O major-general Otto Hasse viajou a Moscou em 1923 para negociar os termos. Assim a União Soviética ajudaria a Alemanha no treinamento de militares. Os especialistas alemães em tanques e aeronáutica seriam treinados na União Soviética e as pesquisas e manufatura de armas químicas alemãs seriam executadas ao longo de outros projetos. Cerca de três mil pilotos alemães receberam treinamento em Lipetsk, os treinamentos com tanques aconteceram em Kazan e o gás foi desenvolvido em Saratov para o exército alemão.
Após a morte do presidente Paul von Hindenburg em 2 de agosto de 1934, todos os oficias e soldados das forças armadas da Alemanha fizeram um juramento de lealdade a Adolf Hitler. Em 1935, a Alemanha começou a desprezar deliberadamente as restrições do Tratado de Versalhes, e o alistamento foi reintroduzido em 16 de março de 1935.
A lei de alistamento traria o novo nome Wehrmacht, cujo símbolo seria uma versão estilizada da Cruz de Ferro. A existência da Wehrmacht foi oficialmente anunciada em 15 de outubro de 1935.
Acredita-se que o número de soldados que nela serviram durante sua existência de 1935 a 1945 seja de aproximadamente 18,2 milhões.
Estrutura de Comando[editar | editar código-fonte]
Oficialmente, o chefe de Estado-Maior da Wehrmacht era Adolf Hitler com a sua autoridade de chefe de estado, posição que conseguiu após a morte do presidente Paul von Hindenburg em agosto de 1934. Hitler era o Oberster Befehlshaber der Wehrmacht (Comandante supremo das forças armadas) e Oberbefehlshaber des Heeres (chefe do OKH).
A administração e autoridade militar inicialmente estavam nas mãos do ministério da guerra comandado pelo Generalfeldmarschall Werner von Blomberg. Depois que Blomberg demitiu-se de seu cargo o ministério da guerra foi dissolvido e foi então criado o Alto Comando da Wehrmacht (Oberkommando der Wehrmacht ou OKW) comandado pelo Generalfeldmarschall Wilhelm Keitel.
O OKW coordenava todas as atividades militares, mas a influência de Keitel sobre o exército, marinha e força aérea era de certa forma limitada. Cada um tinha seu próprio alto comando, conhecidos como Oberkommando des Heeres (OKH, exército), Oberkommando der Marine (OKM, marinha) e Oberkommando der Luftwaffe (OKL, força aérea). Cada um desses grupos do Alto Comando tinha seus próprios oficiais.
- OBW - Comandante Supremo das Forças Armadas
- OKW - Alto Comando das Forças Armadas
Chefe de operações (Wehrmachtführungsstab)
-
- Generaloberst Alfred Jodl
- OKH – Alto Comando do Exército
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- Führer e Chanceler do Reich Adolf Hitler
- Generaloberst Werner von Fritsch (1935 a 1938)
- Feldmarschall Walther von Brauchitsch (1938 a 1941)
- Feldmarschall Ferdinand Schörner (1945)
Oficiais do estado-maior do exército alemão
-
- General Ludwig Beck (1935 a 1938)
- General Franz Halder (1938 a 1942)
- General Kurt Zeitzler (1942 a 1944)
- General Oberst Heinz Guderian (1944 a 1945)
- General Hans Krebs (1945)
- OKM – Alto Comando da Marinha
-
- Großadmiral Erich Raeder (1928 a 1943)
- Großadmiral Karl Dönitz (1943 a 1945)
- Generaladmiral Hans-Georg von Friedeburg (1945)
- OKL – Alto Comando da Força Aérea
-
- Reichsmarschall Hermann Göring
- Generalfeldmarschall Robert Ritter von Greim (1945)
Anos em Guerra[editar | editar código-fonte]
Conceitos e tácticas pioneiras, que surgiram pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial e no pós-guerra através de diversas obras literárias de carácter bélico, onde se combinava as forças terrestres (Heer) com as forças aéreas (Luftwaffe), fizeram com que a Wehrmacht tivesse ao seu dispor uma quantidade enorme de maneiras diferentes, umas mais rentáveis que outras, para atacar, conquistar, ocupar ou aniquilar o inimigo. Bem longe da tradicional imagem da guerra adquirida entre 1914 e 1918, em que os exércitos podiam passar anos parados e entrincheirados no mesmo sitio, a Wehrmacht deixou o mundo perplexo ao apresentar uma força de ataque totalmente contrária. Lançando uma poderosa força terrestre, apoiada por maquinaria pesada terrestre como tanques e artilharias moveis, e no ar por bombardeiros leves e caças, nas primeiras fases da guerra vários países foram derrotados pela Wehrmacht em apenas algumas semanas, como é o caso da Polónia que sucumbiu em apenas duas semanas ou da França que se rendeu após seis semanas. Esta táctica foi apelidada de Blitzkrieg, que significa literalmente "guerra relâmpago".
O Exército entrou na guerra apenas com uma pequena parte sua motorizada; das várias armas que compunham o exército, a infantaria era a maior, e ao longo da guerra 90% desta sempre se moveu pelos seus próprios pés, não havendo transportes suficientes para o grande numero de tropas; parte da artilharia ainda se movia graças à tracção animal, nomeadamente por cavalos. O enorme sucesso das formações motorizadas no apoio à invasão da Polónia (Setembro de 1939), da Noruega e Dinamarca (Abril de 1940), da Bélgica, Países Baixos e França (Maio de 1940), Jugoslávia e Grécia (Abril de 1941) e nas primeiras fases da Operação Barbarossa, fez com que os meios de comunicação por todo o mundo se focassem na extrema eficácia de apoio, logística e de ataque das forças motorizadas alemãs. Ao longo de toda a guerra, as forças motorizadas alemãs beneficiaram de um enorme financiamento por parte do Estado para a sua evolução e inovação, tendo sido alcançados enormes avanços tecnológicos aumentando a precisão, a velocidade e a blindagem, fazendo com que ao longo do conflito a maquinaria alemã fosse temida de Paris a Moscovo e da Noruega ao Norte de África, ganhando neste ultimo palco de guerra grande fama pelas mãos da Raposa do Deserto, o marechal-de-campo Erwin Rommel.
Depois da Alemanha declarar de guerra aos Estados Unidos em Dezembro de 1941, os países que formavam e apoiavam o Eixo viram-se forçados a combater contra grandes potências industriais enquanto a Alemanha, embora com uma economia aparentemente forte, ainda se encontrava a dar os primeiros passos em direcção a uma economia de guerra. Devido aos enormes êxitos da Wehrmacht nos primeiros anos de guerra, esta viu-se sem recursos suficientes para continuar as conquistas ao mesmo tempo que teria de controlar e gerir toda a Europa conquistada, sofrendo a primeira grande derrota no longínquo palco de Stalingrado, tendo-se seguido outras grandes derrotas nomeadamente no Norte de África e, consequentemente, perdendo a guerra.
Durante a segunda guerra, a Wehrmacht era a força armada de tecnologia mais avançada, utilizando-se de Messerschmitt Me 163, Me 262, submarinos e canhões ferroviários. Alguns historiadores, como o autor Max Hastings, consideram que "... não há duvida de que, de homem para homem, a Wehrmacht foi a mais forte e mais bem sucedida força da Segunda Guerra Mundial."[4], enquanto que no livro "World War II: An Illustrated Miscellany" o autor Anthony Evans diz: "O soldado alemão era muito profissional e muito bem treinado, agressivo no ataque e brilhante na defesa. Ele sempre se adaptava a qualquer situação, particularmente nos últimos anos da guerra quando a escassez de recursos e equipamento se fizeram sentir."
Contudo, o seu brilhante espírito combativo foi ofuscado pelos crimes de guerra cometidos nos territórios ocupados. Com um vasto território para gerir e vendo-se quase sozinha em várias frentes, não conseguiram ir para além das portas de Moscovo em 1941, sendo posteriormente derrotados no Norte de África e em Stalingrado em 1942, e a partir de 1943 a Wehrmacht permaneceu em constante retirada, não conseguindo se recuperar para uma nova ofensiva bem sucedida.
Entre os voluntários que serviram na Wehrmacht estão neerlandeses, escandinavos, habitantes dos estados bálticos e dos Bálcãs, finlandeses, russos pertencentes ao Exército Russo de Libertação e ao Exército Branco, e não-russos dos estados ocupados da União Soviética que formavam a Ostlegionen. Essas unidades eram comandadas pelo General Ernst August Köstring.
Campanhas[editar | editar código-fonte]
- Blitzkrieg
- Invasão da Polônia
- Sitzkrieg
- Invasão da Dinamarca e Noruega
- Batalha de França (Fall Gelb)
- Bálcãs e Grécia
- Campanha do Norte da África
- Front do Leste (inicialmente Operação Barbarossa)
- Front do Oeste (1944-1945)
- Batalha da Normandia
- Norte da França
- Sul da França (Operação Dragoon)
- Batalha de Siegfried
- Campanhas do Centro da Europa
Membros notáveis[editar | editar código-fonte]
- Alfred Jodl
- Walter Model
- Ludwig Beck
- Fedor von Bock
- Walther von Brauchitsch
- Heinz Guderian
- Franz Halder
- Hermann Hoth
- Ewald von Kleist
- Albert Kesselring
- Hans Günther von Kluge
- Erich von Manstein
- Friedrich Olbricht
- Friedrich Paulus
- Hans-Jürgen von Arnim
- Gerd von Rundstedt
- Erwin von Witzleben
- Erwin Rommel
- Claus von Stauffenberg
- Henning von Tresckow
- Erich Hartmann
Pós-guerra[editar | editar código-fonte]
Depois da rendição incondicional da Alemanha em 7 de maio de 1945, os alemães foram proibidos de ter um exército. Contudo, algumas unidades permaneceram activas quer independentemente ou sob o comando das forças aliadas, cooperando como unidades de segurança.[5] No final de Agosto de 1945, todas as unidades alemãs ainda activas foram por fim dissolvidas.
A 20 de Setembro de 1945 o Conselho de Controlo Aliado decreta que "todas as forças armadas alemãs, quer em terra, no mar e no ar, incluindo a Gestapo, SS, SA e SD, com todas as suas organizações, pessoal e instituições, incluindo o alto comando, os activos, os reservas, as escolas de instrução, os veteranos, [...], devem ser absolutamente dissolvidas de acordo com os métodos e procedimentos defendidos pelos representantes das forças aliadas". Depois deste dia, os aliados começaram oficialmente a desmantelar toda a estrutura da Wehrmacht.[6]
Um ano depois, a 20 de Agosto de 1946, o Conselho de Controlo Aliado declarou que a Wehrmacht havia sido oficialmente abolida.
Durante a década de 50 a tensão resultante da Guerra Fria levou a que fossem criadas duas forças militares distintas, uma na República Federal Alemã e outra na República Democrática Alemã. A nova força militar da Alemanha Ocidental foi oficialmente criada no dia 5 de Maio de 1955 e foi baptizada de Bundeswehr, que significa "Forças de Defesa Federal", com alusão à antiga "Reichwehr". Na Alemanha Oriental a nova força militar foi criada oficialmente no dia 1 de Março de 1956 e tomou o nome "Nationale Volksarmee". Ambas as forças empregaram muitos antigos membros da Wehrmacht, embora sempre tenha havido um esforço para que ficasse bem claro que nenhuma das forças era a sucessora da Wehrmacht, e sim uma força totalmente diferente.
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