terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Morane Saulnier MS-760 Paris

História e Desenvolvimento. 


No início da década de 1950 as forças armadas francesas se ressentiam da falta de um vetor de treinamento a reação para diminuir o impacto na adaptação dos jovens pilotos recém-formados para as aeronaves de alta performance em uso na Armée de L Air, esta demanda gerou uma concorrência para o desenvolvimento de um modelo dedicado as tarefas de treinamento e conversão. Concedendo a preferência a fabricantes nacionais, os principais concorrentes eram o Morane Saunier e a Avions Potez, que, respectivamente , apresentaram o MS-755 Fleuret e o CM-170 Fouga Magister, onde este último equipado com motores  Turbomeca Marboré, foi adotado tanto pela Aeronavale quanto pela Armée de LAir.

Apesar deste contratempo as características básicas do MS-755 Fleuret eram suficientemente promissoras para incentivar a Morane Saunier a dar sequência no desenvolvimento do modelo. Sob a gestão do engenheiro René Gauthier, surgiu o MS-760 Paris, que foi originado de através de distintas modificações que o tornaram apto a realizar missões de ligação e transporte leve, as principais alterações foram a adoção de uma nova secção dianteira na fuselagem e de uma nacele totalmente redesenhada e a substituição do cockpit com dois assentos lado a lado por outro que abrigava quatro assentos em duas fileiras.
O protótipo registrou seu voo inaugural em 26 de junho de 1954, e gerou um contrato de encomenda em julho do ano seguinte, este compreendia 50 exemplares, destinados a força aérea e a marinha, que prenteniam operar este modelo em missões de instrução de voo por instrumentos e ligação. Os primeiros exemplares de produção ficaram prontos em fevereiro de 1958 e logo foi efetuada a entrega dos primeiros jatos Paris a Aeronavale.  Neste mesmo período a  Morane Saunier identificou o potencial de exportação do MS-760, quer como aeronave destinada ao emergente mercado de aviões executivos, quer como aeronave de instrução para os mercado civil ou militar.

No entanto, diversos fatores conspiraram contra o sucesso do Paris no mercado civil e as exportações militares se resumiram ao Brasil e Argentina. Mesmo assim a empresa ainda continuou os estudos para o desenvolvimento de uma nova versão, e assim em 24 de fevereiro de 1964 alçava voo o MS.760C Paris III, uma nova versão dotada de motores mais potentes e capacidade para seis passageiros, porém o modelo não passou da fase de protótipo, sendo a produção da família descontinuada em 1967, totalizando apenas 165 exemplares entregues.
Entre todos os operadores, podemos destacar a Força Aérea Argentina que operou 48 células, sendo que dos quais 36 foram produzidos sob licença em Córdoba pela FMA (Fabrica Militar de Aviones), que inclusive foram empregados em missões reais de combate durante a Revolta Naval Argentina em 1963, sendo utilizados em missões de bombardeio a bases rebeldes, resultando na destruição de várias aeronaves no chão. As últimas células deixaram o serviço ativo na Fuerza Aérea Argentina somente em 2009 após 48 anos de utilização.

Emprego no Brasil. 

No processo de modernização dos meios da Força Aérea Brasileira em curso na segunda metade da década de 1950, existia a necessidade de se dispor de uma aeronave que atendesse melhor a execução dos serviços de ligação entre as sedes das distintas zonas aéreas e seus comandos, bem como entre essas e a futura capital do país, Brasília. Além disso, o Grupo de Transporte Especial (GTE), sentia falta e uma aeronave veloz de pequeno porte para cumprir um dos segmentos de sua atribuição, que era o de transporte de autoridades do governo, esta tarefa até então era executada pelos já obsoletos Beechcraft C-45. Com base nestas demandas a FAB, deu início à busca de uma aeronave que proporcionasse maior conforto eficiência e velocidade.

No início de 1959, o primeiro protótipo do Morane Saulnier MS-760, já elevado para a versão Paris I, estava me turnê pela América do Sul, e durante apresentações realizadas no Brasil, o comando da FAB ficou impressionado com as características da aeronave, resultando em um contrato para a aquisição de 30 células novas de fábrica. As primeiras unidades foram recebidas no final do mesmo ano, a uma razão de duas unidades por mês. Com a designação C-41 os 30 aviões foram montados nas instalações do atual Parque de Material Aeronáutico do Galeão (RJ), um trabalho que só foi encerrado no primeiro trimestre de 1961.
Os primeiros oito Parizinhos , como rapidamente passaram a ser conhecidos na FAB os MS-760, foram entregues ao   Grupo de Transporte Especial (GTE). E as aeronaves seguintes foram distribuídas para a Escola de Aeronáutica (EAer), o Quartel General da 3º Zona Aérea (QG 3º ZA), a Base Aérea de Belém (BABE), a Base Aérea de Canoas (BACO), a Base Aérea de Recife (BARF) e o Parque de Aeronáutica de São Paulo (PqAerSP), além de exemplares adicionais para o GTE. No que se diz respeito aos aviões entregues as bases aéreas e ao PqAerSP, eles efetivamente foram colocados a disposição a disposição dos quarteis generais das zona aérea em que se encontravam sediados. Finalmente na distribuição inicialmente dada aos C-41, algumas aeronaves foram colocadas a disposição de grandes comandos e diretorias da FAB, com a Diretoria de Material Aeronáutico, o Comando Aerotático Naval e o Comando Aerotático Terrestre. No entanto esta distribuição foi efêmera e no final de 1961 decidiu-se pela concentração dos C-41 na Escola de Aeronáutica, na Base Aérea de Natal, e no Quartel General da 3º Zona Aérea.

Conquanto o Paris atendia a contento muitos parâmetros do curso de instrução ministrado aos aspirantes lotados no 5º GAv, porém a ausência do emprego de armamentos tornava a aeronave pouca adequada para a formação completa dos cadetes. Em resposta a esta deficiência a equipe de manutenção da Base Aérea de Natal, instalou cabides subalares para o emprego de bombas de instrução, esta configuração foi possível pois o MS-760 dispunha originalmente desta capacidade. O modelo cumpriu esta atividade até a introdução dos novos A-26 Invader que eram muito mais adequados a este tipo de missão.

No GTE o modelo também teve atuação efêmera, pois aferiu se que a autonomia e o alcance do Paris eram menores do que os almejados para o transporte de autoridades entre a nova capital federal e as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e as peculiaridades no gerenciamento dos sistemas de navegação da aeronave determinava a necessidade de um copiloto, reduzindo assim a capacidade de transporte do mesmo. A ocorrência de um acidente fatal na cidade de Nova Lima em 1963 encerraria a carreira do modelo no GTE, sendo as unidades remanescentes concentradas agora no Quartel General da 3º Zona Aérea e na Escola de Aeronáutica. A partir de 1964 o Destacamento Precursor da Academia da Força Aérea foi dotado com a aeronave para tarefas de instrução.
Em julho de 1969, a Esquadrilha da Fumaça passou a dispor de uma célula para apoiar seus deslocamentos. De fato, aquela unidade área seria a última operadora da FAB a empregar o modelo. A partir de 1968 as células começaram a ser recolhidas e armazenadas no Parque de Aeronáutica dos Afonsos, sendo vendidas a empresa francesa Sud Aviation, que as repassou para a  Armée de L Air onde se mantiveram em uso até 1997.

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