Em 1937 a Gra Bretanha envolvida em uma corrida armamentista contra a Alemanha, buscava renovar sua frota de aeronaves de combate, entre elas os bimotores Avro Anson que eram dedicados a missões de patrulhamento marítimo e reconhecimento. Vários modelos me produção foram avaliados pelo comando da Força Aérea Real, gerando o interesse por um modelo de aplicação civil, o Lockeed Modelo 14 Super Electra, modelo que realizou seu primeiro voo em 29 de julho de 1937.
Em virtude do aumento das tensões na Europa, a RAF estabeleceu algumas modificações, entre elas a adoção de bomb bay ventral, torretas de metralhadoras e armamento ofensivo no nariz, para ataques a alvos no solo, devido a urgência das alterações a Lockheed manteve as janelas laterais da versão original. Em 10 de dezembro foi apresentado o aparelho com as modificações solicitadas, sendo batizado como Hudson MKI, e em fevereiro de 1939 era assinado o primeiro contrato abrangendo 200 células, que seriam destinadas inicialmente ao 224 Esquadrão que era baseado na Escócia.
Durante o transcorrer do conflito mais de 800 novas aeronaves foram adquiridas pela RAF, sendo dispostas em novas versões como MK.II, MK.III, MK.IV, MK.V e MK.VI, sendo empregues também pela Austrália, África do Sul, Canada, Nova Zelândia, onde atuaram em missões de patrulha, ataque, transporte e antissubmarino.
A entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra mundial, proporcionou a aquisição do renomeado A-28 Hudson pela Força Aérea do Exército (USAAF) e pela Marinha (US Navy), inicialmente as células destinadas a estas duas forças foram retiradas dos lotes destinados a Grã Bretanha, devido a necessidade de se fazer frente as ameaças das forças do Império do Japão no oceano Pacifico. Nas fases iniciais da participação americana no conflito os A-28 foram fundamentais nas missões de patrulha em ambos os teatros de operações, sendo o primeiro avião a afundar um submarino alemão, o U-656 em 27 de agosto de 1941.
Apesar de suplantando por aeronaves de melhor desempenho as variantes do Lockheed Hudson tiveram destacado papel de atuação, fato este que se comprava pela produção de 2914 unidades até maio de 1943, coube ainda ao modelo o mérito afundamento comprovado de 25 submarinos alemães durante o conflito, provando assim sua qualidade na realização de missões antissubmarino.
Após o termino do conflito as últimas células Lockheed Hudson foram desativadas pelas forças aéreas e navais dos Estados Unidos e Gra Bretanha (pois a maior parte da frota já havia sido substituída pelos novos Harpon e Ventura), as células excedentes foram vendidas ao mercado civil onde pelos registros se mantiveram em operação até fins da década de 1960. As versões militares ainda se mantiveram em operação no pós-guerra pela China Nacionalista, Irlanda, Canada, Brasil, Austrália, Holanda, Israel, Trindade e Tobago, Nova Zelândia e Portugal, com as últimas células sendo retiradas do serviço ativo em meados da década de 1950.
Emprego no Brasil.
Com a adesão do Brasil ao esforço aliado na Segunda Mundial, um acordo com o governo dos Estados Unidos, propiciou o reequipamento da recém-criada Força Aérea Brasileira, pela lei de Empréstimos e Arrendamentos (Leand Lease Act), neste pacote de assistência militar a FAB viria a receber 28 células do Lockheed A-28A Hudson, estas aeronaves foram transladadas ao Brasil por pilotos americanos, sendo as primeiras 10 unidades recebidas entre novembro e dezembro de 1942 e as demais entre fevereiro e março do ano seguinte.
A primeira unidade a receber o modelo foi o Grupo de Aviões Bimotores (GAB) que fora estabelecido em Natal no Rio Grande do Norte, iniciando assim sua carreira operacional, atendendo a missões de patrulhamento marítimo para proteção de comboios, a próxima unidade a receber os Hudson foi a Base Aérea de Salvador que recebeu uma dotação de 7 células. Também o 2º Grupo de Bombardeio Médio (2ºGBM) foi ativado em Salvador (BA) em 17 de agosto de 1944 para cumprir missões de cobertura de comboios, antissubmarino e de bombardeio, seria dotado com 5 unidades do modelo.
Ao longo do conflito os A-28A Hudson foram também operados pelo 4º Grupo de Bombardeio Médio (4ºGBM), que herdou as células do 2ºGBM, pela Base Aérea de Fortaleza, Unidade Volante do Galeão, 3º Grupo de Bombardeio Médio (3ºGBM),Grupo de Aviões Bimotores do 6º RAv (GAB-6ºRAv), 1º Grupo de Bombardeio Médio (1ºGBM),Base Aérea de Canoas e Base Aérea de Santa Cruz.
Durante as missões de patrulhamento, duas unidades dos A-28A travaram acirrados combates com submarinos alemães, tendo o primeiro ocorrido em 5 de abril de 1943, quando o Hudson FAB 75 (414-7175) da Base Aérea de Salvador , atacou com 4 bombas de profundidade um submarino alemão no litoral de Sergipe a 60 km de Aracaju, sem ter a confirmação de afundamento, porém com registros de uma enorme mancha de óleo no local do embate. O segundo encontro ocorreu em 31 de julho do mesmo ano, quando o Hudson FAB 73 (414-7173) pertencente a Unidade Volante do Galeão, participou do ataque que culminou no afundamento do submarino alemão U-199.
Após o termino do conflito, de acordo com a nova sistema de reorganização da Força Aérea Brasileira, 10 células remanescentes em bom estado do modelo foram reunidas no 4º Grupo de Bombardeio Médio (4ºGBM) sediado na Base Aérea de Fortaleza, com o objetivo de facilitar e padronizar tanto a operação quanto a manutenção. Em 29 de julho de 1947 esta unidade seria transformada no 1º/4º Grupo de Aviação (1º/4º GAv), a partir de 26 de maio de 1948 o grupo passaria a operar também os recém recebidos B-25J Mitchel A partir de 1949 foram identificados problemas estruturais o que condenaria muitas células, as três unidades em melhor estado foram convertidas para o transporte de carga onde receberam a designação de C-28 operando a partir Base Aérea de Fortaleza na realização de missões administrativas. Em 18 de julho de 1955, o FAB 2900, o ultimo avião em operação foi desativado, encerrando assim sua carreira no Brasil.
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