terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Grumman Widegon

História e Desenvolvimento. 

Nascido em Nova York em 1895 e graduado em engenharia mecânica pela Cornell University Leroy R. Grumman, um entusiasta da aviação, se alistou na United States Naval Reserv, onde posteriormente foi enviado para a universidade Columbia a fim de se especializar em motores aeronáuticos, em seguida foi encaminhado para a Naval Air Station Miami, para receber instrução em voo, onde após formado exerceu as funções de instrutor de voo e depois piloto de bombardeiro, sua dedicação a todas as atividades a ele destinadas lhe renderam uma vaga no MIT (Massachusetts Intitut of Technology) para cursar engenharia aeronáutica, após formado passou a exercer as atividade de piloto de ensaios e recebimento de aeronaves.

Após pedir baixa do serviço militar, Leroy foi trabalhar na  Loening Aeronautical Engineering Corporation, onde exercia as atividades de piloto de testes e ensaios da linha de aeronaves anfíbias produzidas por aquela empresa, além de participar também da elaboração de projetos. A Depressão de 1929, trouxe o fechamento da Loening, mas não arrefeceu a motivação de Leroy Grumman em projetar e produzir aeronaves. Com a hipoteca da casa , ajuda de seu sócio, viria a fundar a Grumman Aircraft Engineering Corporation. As atividades inicias da empresa estavam baseadas nos reparos e revisões gerais das aeronaves da Loening pertencentes a marinha american. Em 1931 voaria o protótipo do caça biposto FF-1, que chamaria a atenção das autoridades americanas, tornado a empresa a principal fornecedora de aeronaves de caça para a marinha americana pelas seguintes cinco décadas.
Com os olhos voltados para o mercado civil em 1930, surgia o anfíbio Grumman G-21 Goose, que tinha como finalidade atender ao transporte de luxo e executivo, com a excelente aceitação do modelo a empresa dedicou se ao desenvolvimento de uma versão menor e mais barata, resultando no Grumman G-44 Widegon, que teve seu primeiro voo em 22 de julho de 1940, seu primeiro cliente foi o comando da Guarda Costeira dos Estados Unidos (USCG) que adquiriu 8 unidades com a missão de executar missões de busca e salvamento, logo em seguida mais dezessete células foram encomendadas, e  a partir deste momento a aeronave foi designada como J4F-1 Widegon .

O próximo cliente militar foi a Marinha Americana, que passou a operar o modelo J4F-2, que se distinguia da versão da USCG por não apresentar uma escotilha de observação na seção dianteira da fuselagem. No contexto de participação no esforço americana0 o de guerra, um dos J4F-1 da USCG conquistou notoriedade ao receber o crédito pela participação no afundamento do submarino alemão U-166, alguma unidades seriam ainda empregadas pela Marinha Real Britânica ( Royal Navy ), onde recebeu o codinome de Gosling.
O Widegon continuou sendo produzido pela Grumman no período pós-guerra, bem como sob licença pela empresa francesa Societe Aero Navale, um total de 441 células foram construídas no período de 1941 a 1955, sendo 276 da versão militar (até 1944) e as restantes para o mercado civil, no pós-guerra as aeronaves pertencentes a USN e USCG americanas foram cedidas a nações amigas como Cuba, Israel, Portugal, Uruguai, Nova Zelândia e Noruega.

Emprego no Brasil. 

Em decorrência dos acertos entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos relativos a implantação de bases nortes americanas no Brasil, cujas negociações foram iniciadas em 1941, neste cenário seriam recebidos inúmeros equipamentos para as três forças armadas dentro dos termos do Lend Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos). No processo de estruturação do braço aéreo da recém-criada Força Aérea Brasileira, havia a necessidade para um vetor de patrulha e busca e salvamento com capacidade anfíbia, tendo em vista que as aeronaves anfíbias existentes estavam obsoletas e não eram aptas para a operação em alto mar. 

Com base nesta demanda as autoridades militares norte americanas autorizaram a transferência de 14 células novas de fábrica do modelo J4F-2 Widegon que estavam destinadas originalmente para uma encomenda da USN. Desta maneira a partir do segundo semestre de 1942 foram translados em pares dos Estados Unidos por tripulações norte americanas todas as aeronaves destinadas a FAB, sendo as últimas unidades recebidas em fevereiro de 1943.
As aeronaves foram recebidas no Aeroporto Santos Dumont por integrantes da 2º Esquadrilha de Adestramento Militar (2ºEAM), unidade área sediada na Base Aérea do Galeão que era um resquício da Aviação Naval, este grupo se transformaria 2º Grupo da Unidade Volante, sendo sua quarta esquadrilha composta com quatro destas células, sendo as demais inicialmente destinadas as Bases Aéreas de Belém , Florianópolis e Santa Cruz e a Secção de Aviões de Comando.

Apesar destas aeronaves serem recebidas com cabides subalares para transportar pequenas bombas de profundidade, foram poucas as missões realizadas em proveito desta função de patrulha para combate a eminente ameaça dos submarinos alemães e italianos, os registros apontam o maior emprego do J4F-2 Widegon em missões de transporte e ligação.

Na Força Aérea Brasileira o modelo recebeu inicialmente a designação de UCF-4F2   com matricula de 1 á 14, ocorre porém que o modelo logrou de má fama entre os pilotos devido ao alto número de acidentes, sendo perdidas somente no ano de 1945 3 unidades, totalizando sete perdas até o final da década de 1940, sendo que se atribuía este alto índice as características de voo da aeronave, posto que o Widegon apresentava elevada arfagem quando da corrida de amerissagem, pois as maiores ocorrências se deram justamente neste processo de voo.

O último trimestre de 1947 assistiu a algumas mudanças quanto a disposição dos Grummman Widegon na FAB, as células que inicialmente se encontravam na Base Aérea do Galeão foram transferidas para 1º Grupo de Transporte, porem posteriormente o modelo seria concentrado na Base Aérea de Belém, reforçando assim o treinamento de pilotos para operação de aeronaves anfíbias CA-10 Catalina  na região norte , para o atendimento das linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN).
Em agosto de 1952, a Diretoria de Material da Aeronáutica emitiu uma instrução na qual declarou a obsolescência, neste momento a frota estava restrita apenas a 3 células , que se mantiveram em operação até 1958, quando a última célula ainda operacional foi recolhida ao Parque de Material de Aeronáutica dos Afonsos, onde foi alienado e adquirido por particulares, mais tarde já fora de condições de voo esta aeronave voltou para o controle da FAB, sendo restaurada e exposta no acervo do Museu Aeroespacial.

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