No início da década de 1930 o comando da marinha, necessitava de uma nova aeronave naval bimotor de médio porte, com a finalidade de substituir os já obsoletos hidroaviões biplanos Consolidated P2Y e Martin P3M, para atender a esta demanda foi criada uma concorrência para o desenvolvimento de uma aeronave bimotora com raio de ação de 4.800 km, velocidade de cruzeiro de 260km/h e um peso máximo de 11.340kg e que tivesse a capacidade de transportar até 900 kg entre bombas de profundidade e torpedos.
A empresa Consolidated Aircraft apresentou o modelo 28 que fora projetado por Isaac M. Landdon em 1933, que recebeu a designação militar de XP-3Y1, após avaliações este modelo foi declarado vencedor, principalmente por apresentar um baixo custo de aquisição e também por dispor de uma capacidade de até 907 kg para o transporte de armamentos. O protótipo voou em 19 de maio de 1936, a Marinha Americana logo procedeu a encomenda inicial de 60 unidades do primeiro modelo de produção, o PBY-1, sendo esta seguida por novas aquisições entre 1936 e 1937, totalizando mais 148 células das versões PBY-2, PBY-3 e PBY-4.
Em 20 de dezembro de 1939 a USN encomendou 200 unidades do Consolidated Model 28-5, designado como PBY-5, desses 167 eram aerobotes e o restante foram configurados como anfíbios, recebendo trem de pouso, esta nova variante agora denominada PBY-5A recebeu uma encomenda de 802 unidades, podendo ser dotada com um radar de busca marítima instalado em um radome acima da cabine. A última variante desenvolvida foi a PBY-6ª que apresentava um novo redesenho de cauda, os pedidos iniciais apontavam 900 unidades, porém o término da Segunda Guerra Mundial levou ao cancelamento deste contrato, sendo entregues apenas 175 aeronaves.
Durante o conflito os Catalinas tiveram destacada atuação, principalmente nos teatros de operações do Pacifico e Atlântico, sendo responsáveis por um grande número de missões de grande importância, entre elas a batalha contra a força de submarinos alemães e a frota japonesa, sendo atribuído a um Catalina o feito de ter localizado a a força de invasão as ilha de Midway, frustrando assim os planos do inimigo.
Além da Consolidated, que possuía linhas de montagem em San Diego (CA), New Orleans(LA) e Buffalo(NY), o Catalina também foi fabricado sob licença no Canada, pelas empresas Boeing e Canadian Vickers, houveram também aeronaves construídas na União Soviética, sendo os aerobotes denominados GST / MP-7 e os anfíbios designados como KM-1 e KM-2. Foram produzidas 2.395 unidades das diversas variantes pela Consolidated, 731 unidades fabricadas no Canada (onde receberam o nome de Canso), 155 pela Naval Aircraft Factory e cerca de 770 aparelhos produzidos na União Soviética, perfazendo um total de 4.051 unidades entregues no período de 10 anos ininterruptos, fazendo do Catalina o aerobote/anfíbio mais construído em todo o mundo.
Durante e após a Segunda Guerra Mundial, Catalinas das variantes PBY-5/A/6A, foram empregados em tarefas militares de patrulha marítima, ligação, busca e salvamento e transporte em países como África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Canada, Chile, China, Colômbia, Dinamarca, Estados Unidos, Equador, Filipinas, França, Holanda, Indonésia, Islândia , Israel, México, Noruega, Nova Zelândia, Paraguai, Peru , Reino Unido, Republica Dominicana, Suecia, União Sovietica e Uruguai, se mantendo em operação até o início da década de 1980.
Emprego no Brasil.
Os primeiros PBY-5 e PBY5-A foram recebidos entre os anos de 1943 e 1944 , se baseando nos termos do Leand Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), esta frota seria recomplementada em 1948 com a aquisição de seis células da versão Canadense PBV-1A Canso. Com o avançar dos anos a missão original de patrulha marítima e ataque anti submarino começou a ser substituída por missões de treinamento, transporte e busca e salvamento, cabendo a o Catalina FAB 6156 a tarefa de ser a primeira aeronave especializada em SAR ( Search and Rescue), recebendo inclusive as marcações amarela internacionais dedicadas missões de salvamento.
Sua capacidade anfíbia concedia aos Catalinas o perfil operacional ideal para a operação na região norte do pais, sendo as aeronaves remanescentes concentradas em tarefas de transporte nesta área a partir de 1954, tendo como base a cidade de Belém, onde seriam alocados junto ao 1º/2º Grupo de Aviação. Tendo em vista que somente este modelo podia chegar aos mais remotos pontos das imensas fronteiras brasileiras na Amazônia, a Força Aérea Brasileira iniciou estudos visando melhorar a capacidade de transporte de cargas e passageiros nestas aeronaves, este processo culminou na contratação de um processo de retrofit e conversão das células para a versão de transporte junto ao fabricante americano, desta maneira em 1958 seis aeronaves matriculas como FAB 6508, 6509, 6513, 6514, 6515 e 6521, foram transladas as instalações da Consolidated em New Orleans (LA).
Neste processo foram retirados além de todos os sistemas de armamentos, as bolhas laterais de observação e a torreta da metralhadora do nariz, sendo a mesa do navegador e as macas substituídas por assentos para passageiros, além de se adicionar uma porta de carga onde originalmente se encontrava a bolha esquerda. As superfícies transparentes na parte superior da cabine foram retiradas, um novo padrão de pintura de alta visibilidade foi aplicado e o modelo passou a ser designado como CA-10. Bons resultados aferidos no emprego operacional destas aeronaves motivaram a conversão de mais células nos anos seguintes, sendo agora está conversão realizada nas próprias instalações da Base Aérea de Belém (BABE), neste cenário o 1º/2º Grupo de Aviação passou sua atribuição de ser uma unidade de treinamento para equipes de patrulha para o Esquadrão Orungan, 1º/7º GAV, se focando assim somente em missões de transporte a proveito das operações do Correio Aéreo Nacional.
De 1959 em diante, o 1/2º Grupo de Aviação acentua a operação do Correio Aéreo do Alto Amazonas, com um total de 14 (quatorze) linhas, abrangendo toda extensão territorial da então 1ª Zona Aérea, que naquela época compreendia toda Região Amazônica. Estas missões geraram o famoso trinômio FAB/Missionário/Índio que, por muitos anos nortearam as missões do 1º/2º GAV .Em 12 de maio de 1969 foi desativado na Base Aérea de Belém o Primeiro Esquadrão do 2º Grupo de Aviação , sendo todo o acervo transferido para o 1º Esquadrão de Transporte Aéreo – 1º ETA
.Uma nova série de modificações nos Catalinas remanescentes foram efetuadas em 1969, novamente nas instalações da Consolidated nos Estados Unidos, englobando a transferência para a nacele dos pilotos todas as funções até então exercidas pelo mecânico em sua posição frontal junto ao nariz da aeronave. Os serviços foram feitos com a participação de militares do 1º/2º Gav, Base Aérea de Belém e pessoal do Núcleo do Parque de Aeronáutica de Belém. Posteriormente novas atividades de revitalização foram feitas em Belém no Núcleo do Parque de Material Aeronáutico de Belém (PAMABE).
Cabe a este modelo e seus pilotos, o mérito de serem responsáveis pela integração da Amazônia Brasileira, pois em sua fase de ouro representavam o único meio rápido de ligação entre as localidades mais afastadas da floresta e as cidades, sendo assim fundamentais para o desenvolvimento destas regiões. Foram desativados em solenidade oficial que ocorreu no dia do Correio Aéreo Nacional, em 12 de junho de 1982, na Base Aérea dos Afonsos, Rio de Janeiro, fechado assim um ciclo de 24 anos de missões em proveito do Correio Aéreo Nacional (CAN).
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