Com a Guerra da Coreia em pleno curso, a Marinha dos Estados Unidos (USN) decidiu expandir os seus meios de guerra antissubmarino para assim poder rivalizar com a crescente ameaça soviética, dando atenção especial as plataformas aéreas, principalmente helicópteros. Apesar do bom desempenho do Sikorsky S-55 verificou se a necessidade de se dispor de um vetor de asas rotativas com uma melhor performance e com a possibilidade de poder portar além de armamento um varia suíte eletrônica e sistemas de sonar e radar destinados a guerra antissubmarino (ASW).
Definidos os requisitos técnicos, a USN emitiu uma solicitação de propostas para diversas empresas. Entre estas a Sikorsky sagrou se vencedora com o projeto designado S-58, que mantinha as melhores características de seu antecessor, e eliminava as deficiências anteriores, fazendo uso de soluções como a instalação de um motor de maior potência, rotor principal de maior diâmetro e quadripá e sistema de transmissão de confiabilidade e eficiência muito superiores ao S-55. Após a assinatura do primeiro contrato de encomenda em junho de 1953, o período de desenvolvimento foi relativamente rápido, com o primeiro de três protótipos realizando seu primeiro voo em 8 de março de 1954. A nova aeronave foi designada pela Marinha dos Estados Unidos (USN) como HSS-1, com sua produção em série sendo iniciada ainda neste ano.
Os primeiros HSS-1 começaram a ser recebidos nos esquadrões de helicópteros de guerra antissubmarino entre agosto de 1955 e abril de 1956 quando foi feita a entrega da última aeronave de uma encomenda de 385 unidades nas versões HSS-1 e HSS-1N. Em 1962 o modelo teve sua designação alterada para SH-34G e SH-34J, muitos destes retirados dos estoques da USN e sendo exportados para diversas nações. Com a entrada em serviço as múltiplas qualidades dos S-58 atraíram o interesse da Aviação do Exército Americano (US Army) e do Corpo de Fuzileiros Navais (USMC), que estavam em busca de um helicóptero para o transporte de tropas, e desta forma viriam a assinar também contratos de encomenda com a USMC adquirindo 515 exemplares sob a designação de HUS e o US Army que contratou a produção de 437 desses helicópteros, que receberam a designação de H-34A . Também a Força Aérea Americana recebeu 23 unidades nas versões HH-34D e UH-34D destinadas a exportação para países amigos.
De todos os operadores do S-58, coube ao Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) o batismo de fogo destes helicópteros, empregando os extensivamente nos anos iniciais do envolvimento norte americano na Guerra do Vietnã. Ao terminar da década de 1950 coube ainda ao USMC operar oito aeronaves na versão HUS-1Z destinados ao transporte do presidente dos Estados Unidos, sendo o primeiro chefe de estado a empregar regularmente o helicóptero como meio de transporte.
No mercado civil o sucesso se repetiria em função das excelentes características do S-58 e obtendo melhores resultados após a implementação de kits que o dotavam com o motopropulsor Pratt & Whitney PT6T-3 Turbo-Pac. Ao ser encerrada a produção do S-58 nos Estados Unidos, a Sikorsky havia construído 1.821 unidades e também foram produzidas 382 células sob licença pela Westland sob a designação de Wessex HAS.1, HAS.2,HAS.3 e HU.5. Além de Estados Unidos e Inglaterra foram operados pela França, Austrália, Brasil, Brunei, Gana, Iraque, Omã, Uruguai, Canada, Bélgica, Argentina, Chile, Costa Rica, República Dominicana, Alemanha Ocidental, Haiti, Indonésia, Itália, Israel, Japão, Laos, Holanda, Nicarágua, China, Filipinas e Tailândia.
Emprego no Brasil.
Em 1956 a Marinha do Brasil realizou a aquisição de seu primeiro porta aviões desencadeou, na Força Aérea Brasileira, as primeiras providências para a ativar e dotar uma unidade aérea especificamente destinada a compor o grupo aéreo daquela embarcação, sendo criado em 6 de fevereiro de 1957 o 1º Grupo de Aviação Embarcada (1ºGAE), que deveria ser dotado em sua formatação final por aviões Grumman S2F-1 Tracker e helicópteros Sikorsky HSS-1, sendo fornecidos pelos Estados Unidos sobre a égide do Programa de Assistência e Defesa Mutua (MDMAP).
Não existem registros exatos sobre a real versão dos S-58 fornecidos a FAB, apesar de serem células novas de fábrica, algumas fontes indicam que eram versão HSS-1 (SH-34G) e outras sugerem que eram helicópteros HSS-1N (SH-34J), no entanto em face da existência de equipamentos de sonar NA/ASQ-5, radar altímetro NA/APN-117 nos seis helicópteros recebidos, típicos do HSS-1N. As primeiras duas unidades foram entregues em fevereiro de 1961 e as últimas entre março e abril do mesmo ano, foram transportadas por aeronaves de carga C-124 da USAF semi desmontadas, sendo preparadas para voo por mecânicos da FAB e do fabricante americano.
Os seis Sikorsky SH-34J foram incorporados ao 2º/1º Grupo de Aviação Embarcada (1º/2ºGAE), que já dispunha de um núcleo de pessoal treinado pela USN para a operação da aeronave, sendo possível dar início ao ano de instrução e em paralelo, formar a doutrina de emprego na FAB de guerra antissubmarino com base em plataformas de asas rotativas. No entanto este processo foi prejudicado pelo embate entre a marinha e aeronáutica quanto a jurisdição sobre as aeronaves a serem operadas a partir do convés do navio aeródromo A-11 Minas Gerais, sendo que a maioria do processo de formação de doutrina operacional foi realizado com base em terra, abrindo caminho também para missões de transporte de pessoal e carga, tendo em visto sua capacidade e desempenho. Este impasse só seria resolvido em 26 de janeiro de 1965, onde o Decreto de Lei Federal nº 55.627, determinava a Marinha a operação de aeronaves de asas rotativas embarcadas e a Força Aérea Brasileira o emprego de aeronaves de asas fixas também embarcadas, desta maneira os SH-34J foram transferidos a Marinha em 29 de junho do mesmo ano, sendo os mesmos incorporados aos efetivos do 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (HS-1).
De posse de seus novos vetores guerra antissubmarino, a Marinha concentrou todos seus esforços para o treinamento das equipagens com o auxílio da Unidade de Treinamento Militar da da Marinha Americana (MTU-USN), visando assim capacitar o do 1º Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (HS-1) a participar da Operação Unitas VI, um exercício de guerra antissubmarino realizado em cooperação com a USN e marinhas amigas. Em 08 de fevereiro de 1966 o HS-1 registrou sua primeira perda, quando o SH-34J teve problemas no motor, vindo a chocar se contra o solo causando a morte de três tripulantes.
Quando de sua incorporação em 1961 os sensores da aeronave representavam o estado da arte em termos de detecção e guerra antissubmarino, entretanto o rápido desenvolvimento tecnológico levaram as empresas especializadas a descontinuar a produção de peças de reposição do de sonar NA/ASQ-5, radar altímetro NA/APN-117 e outros sistemas eletrônicos do SH-34J, resultando em baixos índices de disponibilidade dos sistemas de detecção e acompanhamento de submarinos, limitando assim as missões do modelo a tarefas de guarda aviões a bordo do A-11 Minas Gerais. Cabe ainda ao SH-34J o feito de realizar o primeiro lançamento de um torpedo (MK-44) por um helicóptero no Brasil, e também em 1 de maio de 1969 realizar o primeiro voo noturno embarcado a partir do navio aeródromo.
A chegada dos primeiros Sikorsky S-61 Sea King em abril de 1970, encerraria o ciclo dos SH-34J em tarefas de combate, relegando os a missões de transporte de tropas, cargas, busca e salvamento e evacuação aeromédica, até fins de 1972 , quando por fatores econômicos foram suspensos todos os trabalhos de revisão de quarto escalão em curso nas células, neste períodos restavam apenas três unidades operacionais que se mantiveram voando irregularmente até o final de 1974, sendo alienados para a venda a partir do início do ano seguinte.
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