terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Helibras HB-350B BA Esquilo

História e Desenvolvimento. 


No início da década de 1970 a empresa francesa Aérospatiale iniciou o desenvolvimento de uma nova aeronave de asas rotativas, visando a substituição de seu modelo Alouette II no mercado civil (pois no mercado militar este modelo havia sido substituído recentemente pelo Gazele), para atender a este mercado, o projeto deveria atender as exigentes especificações dos usuários (reduzidos índices de ruído, vibrações e baixo custo operacional), todo o estudo inicial foi orientado para competir com o  americano Bell 206 Jet Ranger . O protótipo AS350-001 dotado com um novo motor Lycoming Avco LTS -101 fez seu voo inaugural em 27 junho de 1974, sendo conduzido pelo piloto de testes Daniel Bernard Certain Bauchart, em 14 de fevereiro de 1975 alçava voo uma segunda célula agora equipada com um motor francês Turbomeca Arriel 1A.

Após obter todas as certificações internacionais a versão destinada ao mercado civil denominada AS350B Écureuil (Esquilo) começou a ser entregue a operadores civis na Europa e Estados Unidos, obtendo também grande êxito em vendas de aeronaves AS-350 no segmento policial e aero médico. O sucesso observado do mercado civil e paramilitar, motivou Aérospatiale a desenvolver uma versão para o mercado militar, tendo como foco primordial o treinamento e conversão de pilotos, tendo como missões secundarias transporte VIP, ligação e observação, este modelo inicialmente passou a contar com os motores Turbomeca Arriel 1A e Turbomeca Arriel 1B, que apresentavam ligeira melhoria de desempenho frente a versão civil.
Os primeiros clientes militares do modelo foram as forças armadas francesas, onde as versões do AS350 começaram gradativamente a substituir os Aérospatiale Gazele sendo empregados para missões de treinamento, a estes foi seguido um contrato para o fornecimento de seis células iniciais na versão HB350 B1 que seriam montados no Brasil pela empresa Helibras, porém um dos maiores trunfos seria a aquisição de um grande número de células para serem empregados junto a Defence Helicopter Flying School (Escola de Voo de Helicópteros de Defesa), organização militar britânica que realiza a formação e treinamento de pilotos das três forças armadas inglesas, posteriormente versões básicas de treinamento seriam também fornecidas a Argentina,  Botswana, Austrália, Canadá, Chile, Gabão, Camboja, Paquistão e República Centro-Africana.

Com sua natural adaptação ao meio militar a Aerospatiale começou a estudar o potencial do projeto para o desenvolvimento de versões mais especificas, entre elas, ataque leve, Combat SAR, esclarecimento e patrulha marítima, guerra ASM e ASW. Partindo da célula padrão do AS-350 e AS-355, foram acrescidos reforços estruturais , blindagem para o grupo motriz e para os tripulantes (piso e assentos blindados), nova avionica embarcada mais adequada a missões de combate, preparação para instalação de sistemas de imageamento diurno e noturno, óculos de visão noturna (OVN/NVG) e dispositivos de defesa passiva, porém  uma das melhorias mais importantes foi a troca da motorização original por um novo motor Turbomeca Arriel 2B turboshaft com 847 hp.

Como sistemas de armas a plataforma foi adequada para portar, um canhão automático de 20 mm Giat M621, pods com metralhadoras FN Herstal de 7,62 mm ou 12,7 mm, lançadores de foguetes não guiados ( 7 X 70 mm ou 12 X 68 mm), além de misseis anti tanque TOW BGM-71.
As primeiras entregas tiveram início no final da década de 1980, envolvendo usuários como França, Argentina, Brasil, Colômbia, Argélia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Malásia, México, Singapura, Paquistão, Uzbequistão e China (versão produzida localmente do Z-11).

Emprego no Brasil. 

Em fins da década de 1970 a Marinha iniciou estudos para incremento de sua frota de helicópteros utilitários e que até então estava baseada no emprego dos Westlad Wasp e Bell Jet Ranger, em suma este processo seria um dos catalisadores da edificação de uma indústria nacional voltada a produção de aeronaves de asas rotativas. Umas das opções iniciais seria a construção sob licença na Embraer de helicópteros Westland Gazelle, infelizmente verificou se que esta possibilidade não se concretizaria, neste interim o Instituto de Fomento Industrial do CTA passou a estabelecer contatos com diversos fabricantes de helicópteros, solicitando-os a apresentar propostas para produção no Brasil. Entre as empresas interessadas a Aérospatiale, que inicialmente oferecia o AS-315B Lama, que depois seria descartado em função da escolha do modelo mais recente o AS-350 Écureuil. Com esta definição em abril de 1978 foi constituída a Helicópteros do Brasil S/A - Helibras , uma empresa formada com 45% de capital da Aérospatiale e 55% de capital brasileiro, tendo sua planta fabril se estabelecido na cidade de Itajubá em Minas Gerais.

A Marinha do Brasil foi uma das principais impulsionadoras da iniciativa de estabelecimento da produção nacional de helicópteros, sendo assim uma das primeiras clientes da Helibras, com a assinatura em 30 de março de 1979, de um contrato de fornecimento de seis AS350B Écuriel, que no Brasil receberia a designação de HB-350B Esquilo. O modelo recebeu a designação militar na Marinha de UH-12, com a primeira célula matriculada N-7051 sendo recebida desmontada em julho de 1979 no Aeroporto de Viracopos, e foi montada por técnicos da Helibras e Aérospatiale nas instalações provisórias da empresa no CTA e posteriormente submetida a um intenso programa de ensaios para sua aceitação, sendo incorporado ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1) somente no final do mesmo ano. As demais aeronaves matriculadas N-7052, 7053, 7054 e 7055 foram recebidas e incorporadas até março de 1980. Neste período, a unidade era comandada pelo Capitão de Fragata Lynch, que teve como principal missão qualificar, em 60 dias, todos os 33 pilotos no UH-12, ressaltando que este oficial, era o único Instrutor de Voo do Esquilo qualificado pela Helibrás, no Brasil.
Sua entrada em serviço, e a consequente execução das missões atribuídas ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, começaram a clarificar algumas necessidades de melhoria no projeto, principalmente no que se refere a proteção quando a maresia e melhora na robustez de componentes sujeitos a um alto índice de esforço. Tais demandas seriam atendidas pela Aérospatiale em seus modelos produzidos a partir desta data, levando também a Helibras a aplicar estas alterações nas aeronaves entregues a Aviação Naval. Além da missão de transporte e ligação os UH-12 passaram a operar embarcados nas fragatas, contratorpedeiros, navios faroleiros, substituindo também os Whirlwind S-55 na função de “Pedro” (Guarda de Aeronaves) no porta aviões Minas Gerais (A-11). O UH-12 também seria inicialmente empregado nas missões na Antártida (PROANTAR), operando em conjunto com os  Westlands Wasp, sendo embarcados no navio de apoio oceanográfico H-42 Barão de Teffé.

Os bons resultados apresentados nos primeiros anos de operação levaram a Marinha do Brasil a aumentar sua frota de UH-12, assinando em 4 de novembro de 1983 um contrato para o fornecimento de mais três células (N-7056, 7057 e 7058) que apresentavam uma suíte de comunicação e a navegação atualizada, esquis altos e guincho de carga externo, nesta oportunidade as seis aeronaves originais seriam modernizadas neste novo padrão. Em 1991 uma decima célula seria incorporada, sendo a mesma convertida de um Helibras AS355 F2 biturbina  (UH-13)que estava estocado após um acidente. No ano seguinte as aeronaves foram submetidas a um novo processo de atualização elevando agora para a versão HB350 BA. Com a criação dos Esquadrões Distritais HU-3, HU-4 e HU-5, a MB efetivou a encomenda de mais quatro HB-350B (N-7078 a 7081) e sete HB350BA (N-7082 a 7088), assim o Tucano, Gavião Pantaneiro e o Albatroz, passaram a operar com a mesma aeronave de Norte a Sul do país. No final de maio de 2004, o HU-4 substituiu seus UH-12 por três IH-6B (Bell Jet Ranger III), provenientes do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), por estes terem dimensões mais apropriadas para operar a bordo do Monitor Parnaíba.
A partir de 1985 os UH-12 passaram por um amplo processo de ensaios e adaptação para o emprego de armamentos para assim poder proporcionar suporte aéreo em operações de desembarque do corpo de fuzileiros navais, para isto foi homologado o emprego de lançadores de foguetes SBAT-70, casulos TMP com duas metralhadoras FN Herstal de 7,62mm e uma metralhadora para tiro lateral MAG58M de 7,62mm. Durante 36 anos as aeronaves desempenharam um variado leque missões deste apoio às operações anfíbias e especiais, esclarecimento por radar e visual, patrulha naval, transporte de tropa, apoio logístico, busca e salvamento, guarda de aeronave e evacuação aero médica e ataque, este emprego intenso aliado as agressivas condições de operação no ambiente marinho impactaram no desgaste estrutural das células, não sendo aconselhável a aplicação de nenhum programa de modernização nos moldes realizados pelo Exército ou Força Aérea, restando como solução a substituição por vetores novos ,sendo este o objetivo do Programa UHP que vem ao longo dos últimos dois anos analisando e testando aeronaves para enfim aposentar os UH-12 Esquilo na aviação naval.

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