terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Aérospatiale SA330L Puma na FAB

História e Desenvolvimento. 


No início da década de 1960 a política de independência militar francesa em relação ao alinhamento do pais com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), gerou a necessidade de fortalecimento da indústria de defesa do pais, neste aspecto o comando do Exército Frances emitiu especificações a Sud Aviation para o desenvolvimento de um helicóptero de médio porte para o transporte de tropas com capacidade para 20 soldados totalmente equipados de uso para qualquer tempo. O contrato para desenvolvimento com o governo francês foi firmado em 1963, e o primeiro protótipo foi completado em 1965, e seu primeiro voo ocorreu em 15 de abril do mesmo ano, as primeiras avaliações demandaram a produção de um lote 6 seis células pré produção para a formatação do plano de validação do modelo, tendo a última unidade sido entregue em 30 de julho de 1968. Após as devidas aprovações e validações o modelo foi liberado para produção em série, e o primeiro SA 330 agora batizado de Puma foi entregue ao Exército Frances em 1969.
O Puma foi projetado para ser capaz de velocidades elevadas, apresentando grande capacidade de manobra, com um bom desempenho hot-and-high; os motores possuem um nível constante de  alta de energia de reserva a fim permitir que a aeronave voe efetivamente em peso máximo com apenas um motor de funcionamento para assim poder prosseguir com a sua missão, se as circunstâncias o exigirem. O cockpit possui dois controles convencionais para um piloto e co-piloto, um terceiro assento é fornecido no cockpit de um membro da tripulação de reserva ou comandante. A aeronave ainda dispõe de um sistema de piloto automático eletro-hidráulico Tipo SFIM-Newmark 127; sendo capaz de roll e pitch de estabilização, dispõe ainda da possibilidade do operador gancho de carga poder inserir ajustes corretivos da posição do helicóptero a partir de sua estação através do piloto automático.

O excelente desempenho apresentado quando em serviço no Exército Frances, despertou o interesse da Força Aérea Real (RAF), gerando um acordo de produção conjunta entre a Aeropastiale (que absorveu a Sud Aviation) e a Westland Helicopters no Reino Unido. O modelo agora denominado Puma HC Mc 1 começou a ser entregue para as forças britânicas a partir de 29 de janeiro de 1971, com primeira unidade o 33 Squadron se tornando operacional em 14 de junho do mesmo ano. Novas versões foram produzidas ao longo dos anos, sendo destinadas não só a França e Reino Unido, mas também a diversos países através de contrato de exportações como Argentina, Líbano, Marrocos, Brasil, Paquistão, Portugal, Chile, Camarões, Congo, Equador, Guiné, Indonésia, Costa do Marfim, Kuwait, Nepal, Omã, Romênia Malavi e Espanha. Destacamos ainda o desenvolvimento de versões armadas para suporte de fogo como as Romenas IAR 330 e as Sul Africanas IAR-330 Puma Socat dedicadas ao combate antitanque. Variantes e modernizações foram produzidas sob licença pela Atlas na África do Sul, ICA na Romênia e IPTN na Indonésia.
As versões do Aerospatiale Puma foram empregadas em missões reais sob o fogo inimigo pela primeira vez em 1974, quando forças francesas durante a Operação Barracuda para transportar uma equipe de assalto diretamente sobre a sede do governo do Império Central Africano, estiveram presentes também nos conflitos no Líbano, Angola, Paquistão, Marrocos, Falklands Malvinas e Tempestade no Deserto.Sua produção se extendeu de 1967 a 1987, quando começaram a ser substituídos por uma nova família sucessora a SA-331 e SA-332  Super Puma, até esta data foram completadas 697 células, muitas das quais ainda permanecem em uso tanto no mercado militar quanto no civil.

Emprego no Brasil. 

A aquisição deste vetor pela Força Aérea Brasileira teve origem no projeto de ampliação dos esquadrões de asas rotativas da FAB, que fora iniciado no começo da década de 1980, que resultaria na transformação dos EMRA (Esquadrões Mistos de Reconhecimento e Ataque) no 8º Grupo de Aviação. Nesta época quase a totalidade das aeronaves de asas rotativas estava baseada em aeronaves de pequeno porte, que além de serem monomotoras não dispunha da capacidade de transporte (carga e tropas) almejada pelo comando da Força Aérea.

Visando atender esta demanda o Ministério da Aeronáutica, após avaliar as opções disponíveis no mercado se definiu pela aquisição de seis células novas de fábrica do Aerospatiale SA-330L Puma, variante esta, que era uma evolução do SA-330H dedicado a exportação que era dotado com os novos motores Turbomeca Turmo IVC com rotores e pás do rotor principal confeccionados em materiais compostos, como característica principal da versão adquirida a mesma era otimizada para a operação em regiões de alto calor e umidade.
A criação do 3º/8º Grupo de Aviação ocorreu em 9 de setembro de 1980, sendo inicialmente dotado com helicópteros Bell UH-1H Hey herdados do 3ºEMRA para o adestramento das equipagens , nos meses que seguiram a unidade começou a se estruturar para o recebimento das novas aeronaves, com os pilotos e mecânicos sendo enviados a França para curso sobre o novo vetor. A partir do primeiro trimestre do ano seguinte, as células começaram a chegar na Base Aérea dos Afonsos, sendo recebidas desmontadas, em seis lotes transportadas a bordo dos C-130H Hércules da Força Aérea Brasileira.  Após montadas e testadas por técnicos da Aeropastiale as células foram incorporadas ao 3º/8º Grupo de Aviação, que recebeu o batismo de Esquadrão Puma, devido à baixa quantidade de aeronaves adquiridas, foi decidido concentrar todas elas somente nesta unidade. O primeiro aparelho (FAB 8700) fez seu primeiro voo em 26 de outro de 1981, e já em novembro duas células do agora designado CH-33 Puma participaram da 8º Reunião de Aviação de Transporte de Tropa que foi realizada na Base Aérea de Campo Grande (MS)

A adoção do modelo representou um divisor de águas na operação de helicópteros, devido a sua autonomia e grande capacidade de transporte de carga e tropas. Durante sua carreira os CH-33 foram  empregados em missões de SAR, VIP, transporte, sendo principalmente destinados em missões de apoio ao Exército Brasileiro, transportando até 20 soldados equipados, obuses de artilharia e veículos leves (utilizando seu gancho de carga), em missões de apoio eram armados com duas metralhadoras MAG 7,62mm dispostas na posição lateral operadas pelo mecânico de voo ou outro oficial.
Acompanhando a tendência evolutiva internacional  a Força Aérea Brasileira , iniciou estudos em 1983 para aumentar e modernizar sua capacidade de transporte de asas rotativas, este processo culminou em 1984 na celebração de um contrato para a aquisição de 10 novos AS-332 Super Puma e 41 AS-350B e AS-355F2 Ecureiul (sendo estes últimos fabricados sob licença no Brasil pela Helibras), na sistemática de pagamento deste novo contrato foram contempladas a devolução dos seis AS-330 Puma ao fabricante. Desta maneira os CH-33 foram devolvidos em lotes no ano de 1986 quando do recebimento nos novos CH-34 Super Puma, encerrando assim a carreira deste modelo no Brasil.

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