domingo, 21 de abril de 2019

Modalidades do Tiro de Artilharia


Obuseiro Inglês Light Gun de 105 mm

O tiro de artilharia pode assumir um variado número de modalidades, de acordo com o efeito que se busca junto às fileiras inimigas. Em sua missão de apoio de fogo, a artilharia de campanha não visa apenas a destruição do inimigo, mas a alocação de fogos oportunos a cada situação tática, atuando em proveito das necessidades da arma apoiada e do escalão a que está subordinada.

Estes tiros são classificados quanto ao resultado que buscam alcançar, sendo o mais conhecido o efeito de neutralização. A neutralização é alcançada quando o tiro cai diretamente sobre a posição do inimigo visada, causando-lhe baixas e forçando-o a abrigar-se. Este tiro tem o poder de desorganizar suas rotinas diminuindo sua eficiência em combate, e devem chegar ao alvo de forma repentina e intensa a fim de destruir o maior número de meios e desdobramento que o inimigo tenha empreendido naquela posição. É o tiro que apoia diretamente a arma-base, que pode avançar sobre as posições batidas de forma eficaz e segura.

O tiro de destruição busca não à "amaciar" o terreno para o avanço dos combatentes de infantaria ou cavalaria, mas sim a destruição até o fim de alvos específicos. É dirigido contra alvos materiais e atinge maior eficiência quando efetuado por disparo direto e com materiais de maior calibre possível. Exige observação apurada, precisão dos disparos e implica em grande consumo de munição, pois só cessa quando o alvo for considerado destruído.

O tiro de interdição, como o próprio nome diz exige menos dos artilheiros, seja em precisão ou consumo de munição, e sua finalidade é impedir a utilização da área de impactos pelo inimigo. Este tipo de tiro é dirigido a nós rodoviários, acesso a pontes, estreitos e gargantas, passos e desfiladeiros. Não visa alvos humanos nem materiais, mas sim efeitos temporários de inacessibilidade a determinado ponto.

Os tiros de inquietação visam a abater o moral do inimigo, através de bombardeios intermitentes a fim de impedir que busque alguma sensação de segurança em determinado momento. De baixa intensidade, visam a "esquentar" momentos de relativa tranquilidade, impedindo que o inimigo durma bem ou relaxe, atrapalhe seus movimentos, cause alguma baixa e mine sua capacidade de combate.

Área de impacto da artilharia


O tiro iluminativo é realizado com munição especial, de queda retardada e visa a proporcionar alguma iluminação através de pirotecnia para operações noturnas. Este tipo de tiro perdeu parte de sua importância com o advento de novas tecnologias como os intensificadores noturnos e dispositivos termográficos. Pode porém ser empregado em algumas situações, principalmente de grande envergadura onde muitos combatentes não dispõem destes equipamentos.

O tiro fumígeno também é realizado com munição especial e visa a sinalização e balizamento do campo de batalha, bem como a ocultação da vista do inimigo de movimentos e outras situações que não se deseja que ele veja, como por exemplo uma transposição de curso d'água. É particularmente útil  para frustrar a missões do OAs inimigos com impactos imediatamente no seu campo de observação.

Outro tipo de tiro frequentemente realizado e que não visa ações de combate é o tiro de regulação, cuja finalidade é ajustar os elementos de tiro às condições locais (temperatura, pressão do ar, ventos, etc...). Estes tiros são efetuados contra alvos auxiliares (uma árvore por exemplo) e buscam uma maior precisão nos disparos subsequentes, em missão operacional.

Impacto único de artilharia


Outros tipos de tiro podem ser empreendidos com finalidades especiais. Tiros de propaganda podem dispersar panfletos por exemplo, junto ao inimigo tentado convencer os combatentes a rendição; tiros com munições especiais de precisão podem atingir móveis como carros de combate em movimento e requerem dispositivos de orientação. No Vietnam os americanos utilizaram a artilharia para "plantar" sensores de trilha que detectavam a vibração no solo e alertavam para o movimento naquela região. Pode-se ainda disparar granadas químicas, biológicas e nucleares, estas de forma pouco usual. 

Os tiros previstos são àqueles previamente preparados e locações precisamente determinadas enquanto os inopinados dependem do transporte a partir de um alvo auxiliar e ajustagem prévia.

Os tiros podem ainda ser observados ou não. Os primeiros demandam menor quantidade de munição e são mais precisos, enquanto os segundo só devem ser empreendidos contra alvos precisamente determinados ou a partir de alvos auxiliares já regulados.

Temos ainda a classificação dos tiros quanto a sua forma. Os tiros de concentração são aqueles que impactam de forma emassada sobre um terreno limitado. Os tiros Hora-no-alvo são uma modalidade de concentração onde se ajusta o tempo de disparo de cada boca de fogo de acordo com sua distância do alvo a fim de que todos os disparos atinjam o alvo exatamente no mesmo instante. Os tiros de barragem são uma forma de tiro que visam criar uma barreira no campo de batalha com impactos caindo linearmente. Esta forma de tiro visa a compartimentar temporariamente o espaço desautorizando acessos pelo fogo. O tiro por peça é aquele dirigido por uma única peça a um alvo previamente determinado e pontaria já pronta. 

Observador avançado (OA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.