segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

MITSUBISHI F-2


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,9 (1190 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,0 (2448 km/h).
Razão de subida: 14630 m/min.
Potencia: 0,95 (somente com combustível interno).
Carga de asa: 78,58 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs; -3Gs.
Taxa de giro instantânea: 24º/s.
Razão de rolamento: 270º/s.
Teto de serviço: 18000 m.
Raio de ação/ alcance: 850 km/ 4000 km.
Alcance do Radar: J/APG-2 com 189 km de alcance.
Empuxo: Um motor General Electric F110-IHI-129 com 13335 kgf com pós-combustão.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,52 m.
Envergadura: 11,13 m.
Altura: 4,96 m.
Peso vazio: 9527 Kg.
Combustível interno: 8470 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil AIM-9L Sidewinder, AAM-3,  AAM-4, AIM-7 F/M Sparrow.
Ar Terra: Mísseis ASM-1, ASM-2, Bombas Mk-82/83/84, Bombas CBU-87 de fragmentação e lançadores de foguetes.
Interno: 1 canhão M61 A1 de seis canos calibre 20 mm
Carga externa máxima: 7711 Kg.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
A força aérea japonesa é um operador de vários modelos de aeronaves  militares de origem norte americana. Mesmo com uma industria aeroespacial relativamente desenvolvida, a dependência dos Estados Unidos para adquirir aeronaves foi, e ainda é, um fato incontestável. O primeiro avião de combate desenvolvido no Japão, após a segunda grande guerra, foi o Mitsubishi F-1, que se tratava de um avião de ataque supersônico com limitadíssima capacidade de combate ar ar. Porém, os japoneses precisavam de uma aeronave de desempenho superior e que pudesse ser mais útil em missões ar ar, também, mesmo que esse perfil de missão fosse secundário dentro de seus requisitos. Os japoneses decidiram iniciar estudos das opções que tinham em 1982 e poderiam comprar uma aeronave de prateleira, desenvolver um caça do zero (muito mais caro e demorado), ou partir para uma aeronave que já existisse e que fosse modificada para poder suprir as necessidades das forças de auto defesa do Japão.
Acima: O primeiro avião de combate japonês a jato depois da segunda guerra mundial, o Mitsubishi F-1, não tinha  um desempenho satisfatório que permitisse ao modelo operar em missões ar ar com chances boas de vencer. O Japão precisava de uma aeronave com muito mais desempenho e o F-2 trouxe isso às forças de defesa japonesas.
Em 1985 o Japão contatou três fabricante para que respondesse se suas aeronaves poderiam cumprir os requisitos que eles estabeleceram. As empresas que receberam esse documento foram a General Dynamics para seu caça F-16, a McDonnell Douglas com seu caça F/A-18 Hornet, e a Panavia com seu caça bombardeiro pesado Tornado. Nenhum dos três modelos satisfez as expectativas japonesas, e acabou ficando claro que o Japão deveria partir para o desenvolvimento de uma aeronave própria. Nesse ponto dos acontecimentos, os Estados Unidos fizeram muita pressão encima do governo japonês para que ele usasse um modelo de caça americano modificado para suprir os requisitos japoneses, e foi exatamente isso que acabou ocorrendo.

Acima: O F-2 é baseado no extremamente bem sucedido projeto F-16 Fighting Falcon dos Estados Unidos. Porém, os requisitos dos militares japoneses impôs a necessidade de modificações importantes no modelo de forma que o F-2 acabou se tornando uma aeronave maior e mais pesada que o F-16 original.
O Japão escolheu, em 1987, o modelo do caça F-16 para ser base para sua futura aeronave de combate, cujo programa foi chamado de FS-X. A Mitsubishi Heavy Industries foi contratada para levar adiante o projeto e o novo caça passou a se chamar F-2. As diferenças entre os F-16 original e o F-2 são bastante elevadas e mesmo uma pessoa não muito familiarizada com aeronaves de combate conseguiria perceber elas sem muito esforço. As asas tem desenho diferentes, com bordo de fuga com enflechamento negativo, e com maiores dimensões em cerca de 25% quando comparado a um F-16 original levando a um aumento na envergadura de 1,68 m em relação ao modelo norte americano. O F-2 também tem maior comprimento em cerca de 50 cm. Os tailerons tem um bordo de fuga chanfrado lembrando técnicas de desenho de aeronaves stealth, embora o F-2 não seja uma aeronave desse tipo. Nesse aspecto é importante observar que a Mitsubishi faz uso pesado de materiais absorventes de radar RAM na estrutura do F-2 com o objetivo de diminuir sua reflexão do eco radar para as antenas inimigas. Outro ponto de diferença é que o F-2 pesa quase uma tonelada a mais que um F-16, considerando as aeronaves vazias.
Acima: O F-2 possui mais capacidade de combustível e consequentemente maior alcance que os caças F-16 norte americanos..
O F-2 aproveita seu maior tamanho para transportar mais combustível internamente que o F-16 em pouco mais de 1000 lb o que permite um aumento do alcance da aeronave sem tanques externos. A motorização usada pelo F-2 é o potente General Electric F110-IHI-129 que produz de empuxo máximo de 13335 kgf com pós-combustão. A relação empuxo peso é de 0,95 quando a aeronave estiver operando exclusivamente com seu combustível interno e dois mísseis ar ar de curto alcance. Embora esse valor não seja espetacular, a aeronave consegue bom desempenho de aceleração e de velocidade máxima que chega a mach 2 (2448 km/h) em altas altitudes. No que tange a manobrabilidade, o F-2 é ligeiramente menos acrobático que o F-16 e sua taxa de giro instantânea, também é um pouco menor (24º/seg), porém, deve-se reforçar que o F-2 é um avião que se deve respeitar na arena de curto alcance, pois pode ser considerado, ainda uma aeronave ágil de uma forma geral. Como poderia se esperar, a estabilidade aerodinâmica do F-2 é relaxada, o que o obriga a usar um sistema de controle de voo computadorizado FBW (Fly By Wire) desenvolvido localmente, uma vez que os Estados Unidos se recusaram a fornecer os códigos fontes do sistema FBW do F-16 para esse programa. Este sistema FBW é triplamente redundante, o que garante a segurança em caso de falha de um ou mesmo de dois destes sistemas de controle de voo.
Acima: Embora seja um caça ágil sob qualquer ponto de vista, o F-2 ainda tem um desempenho acrobático levemente inferior ao do F-16C.
O F-2 foi equipado, inicialmente com um radar J/APG-1 AESA  (varredura eletrônica ativa), e este foi o primeiro avião de combate fabricado em série a entrar em serviço com um radar desse tipo. O radar, no entanto tinha um alcance relativamente modesto, chegando a apenas 100 km. Recentemente os caças F-2 receberam um radar aperfeiçoado J/APG-2 cujo alcance foi aumentado para cerca de 189 km, o que o torna comparável em capacidade ao de um radar AN/APG-79 usado no caça norte americano F/A-18E Super Hornet.
O sistema de comunicação abrange um radio V/UHF modelo AN/ARC-164 que opera com alta confiabilidade e grande imunidade a interferência e um interrogador IFF (identificação amigo inimigo) da Hazeltine. O sistema Head Up Display (HUD) é fornecido pela Shimadzu. Pode se perceber  que muitos dos equipamentos eletrônicos foram desenvolvidos pelo Japãomesmo, para esta aeronave.
O F-2 recebeu a integração do casulo designador de alvos Lockheed Martin Sniper que fornece coordenadas de localização para as armas guiadas a GPS e iluminação a laser para bombas guiadas por este sistema, produção de imagens da área alvo para reconhecimento, mesmo em baixa visibilidade, além de transmissão por data link em tempo real. O casulo Sniper permite um aumento da eficiência tática do F-2, e consequentemente, seu valor militar sobre o campo de batalha
Acima: Inicialmente, os F-2A foram colocados em serviço com o primeiro radar de varredura eletrônica ativa AESA em um caça. Aqui este radar, J/APG-1 tinha um desempenho de alcance limitado frente aos radares de maior alcance, mas de varredura mecânica dos caças usados pelos adversários japoneses. O novo radar J/APG-2 resolveu essa desvantagem.
Acima: O radio norte americano Raytheon AN/ARC-164 é o principal equipamento de comunicação do caça F-2A.
O armamento transportado pelo F-2 é particularmente variado, e com um forte foco em missões anti-navio. Só nesse segmento de guerra anti-navio são 3 tipos de mísseis. O míssil Type 80, que entrou em serviço em 1980, possuindo um alcance bastante restrito, atingindo alvos a apenas 50 km. Sua guiagem é feita por radar ativo e sua ogiva tem 150 kg de alto explosivo. No fundo, essa arma é pouco inferior ao velho míssil MBDA AM-39 Exocet, que já pode ser considerado um armamento relativamente obsoleto. O segundo míssil anti-navio integrado ao F-2 é o Type 93, um míssil derivado do Type 80, porém com um significativo aumento de desempenho. Seu alcance é de 170 km e sua ogiva foi aumentada para 250 kg. O sistema de guiagem é feito por um sistema inercial e com engajamento final por um sensor infravermelho (IR). O mais moderno míssil anti-navio que o F-2 usa é o avançado XASM-3 que faz uso de propulsão Ramjet que proporciona uma velocidade supersônica alta (3500 km/h) e um alcance de cerca de 200 km, tornando este míssil, praticamente imune a defesas anti-míssil dos navios. O sistema de guiagem é por radar ativo ou passivo, dando alta capacidade de precisão para este armamento.
Acima: O míssil XASM-3 é uma poderosa arma antinavio que possui um regime de voo supersônico o que praticamente inviabiliza qualquer tentativa de interceptar o míssil durante seu ataque.
O F-2 é um caça multifuncional, por tanto é qualificado para operar em missões de combate aéreo, também. Para isto, o seu arsenal é composto por misseis ar ar de fabricação norte americana AIM-9L Sidewinder, de curto alcance e os mísseis de médio alcance  AIM-7M  Sparrow guiados por radar semi ativo (exige que o radar do F-2 mantenha-se iluminando o alvo durante todo o percurso do míssil até o alvo). O míssil Sidewinder, é um armamento praticamente onipresente na guerra moderna. A absoluta maioria dos países do mundo usa alguma versão desta arma, e o modelo L, usado no F-2 já é considerado um míssil com algum nível de obsolescência uma vez que ele é incapaz de manobrar tão bem quanto os mísseis com vetoração de empuxo e capacidade de engajamento off boresight atuais. O Sidewinder "L" tem alcance cinético quando lançado de altas altitudes de até 33 km. Na pratica, porém, esse desempenho nunca é atingido, e a arma é empregada a distancias que variam de 10 a 15 km. Seu sistema de guiagem é por infravermelho e com capacidade all Aspect (podem ser lançados de qualquer angulo, mesmo de frente da aeronave inimiga). Já o AIM-7M Sparrow, é um míssil de médio alcance que tem um histórico relativamente pobre em termos de resultados de combate. A versão em uso, chamada de AIM-7M, com alcance de cerca de 50 km, tem melhores índices de precisão, porém, por se tratar de uma arma semi ativa, ele traz problemas táticos pois obriga o caça lançador a se manter com seu radar apontado para o alvo até ele ser destruído pelo míssil que segue o reflexo da iluminação do radar do lançador.
Acima: Em uma missão de patrulha aérea de combate,o F-2 pode receber até 8 mísseis ar ar, sendo 4 de curto alcance e 4 de médio alcance.
A industria de defesa japonesa desenvolveu, também, mísseis ar ar próprios para armar os seus caças. O míssil de curto alcance desenvolvido pelos japoneses é conhecido como AAM-3 e está substituindo os mísseis AIM-9 Sidewinder remanescentes no inventário japonês. , Também conhecido como Type-90, o AAM-3 tem um sensor de busca infravermelha com capacidade de engajar alvos off boresight (fora da linha de visada), e com alcance de 35 km. Para combates fora do alcance visual, o moderno míssil AAM-4 (Type-99), possui um sistema de guiamento por radar ativo, como o eficiente míssil AIM-120 Amraam, norte americano, porém, com alcance que pode chegar a 100 km.
A Mitsubishi Heavy Industries desenvolveu um moderníssimo míssil de curto alcance de 4º geração conhecido como Type 04 ou AAM-5. Este míssil, cujo desenho lembra levemente o do míssil Iris-T europeu, possui vetoração de empuxo para permitir altíssima agilidade e um sensor de busca infravermelha com elevado angulo de campo de busca para garantir uma capacidade de engajamento off boresight  (cerca de 60º do angulo de visão da aeronave). Seu alcance cinético é de 35 km, o que o torna quase um míssil BVR.
Para bombardeio de alvos em terra, o F-2 recebeu bombas guiadas a GPS GBU-31 JDAM, bombas guiadas por infravermelho bombas de queda libre da série MK-80 e bombas de fragmentação GBU-87. E por ultimo, o F-2 usa um canhão de canos rotativos General Electric M-61A1 Vulcan em calibre 20 mm com uma cadência de 6600 tiros por minuto. Ao todo, o F-2 transporta uma carga de armas de 8085 kg.
Acima: Nessa foto podemos ver com clareza o desenho dos estabilizadores tailerons com a borda de uga chanfrado. No F-16, esta peça tem um essa característica muito menor.
O caça F-2 é um tipico caça de 4º geração, onde temos agilidade e capacidade multifunção presentes no projeto. O Japão conseguiu alguma transferência de tecnologia para sua industria além de um bom incentivo para pesquisar alguns itens que os norte americanos se recusaram a passar, durante o programa de desenvolvimento. Porém, trata-se de um avião de combate que apresenta um desempenho que não permitiria impor superioridade aérea contra as forças aéreas dos países que possuem conflitos pendentes com o Japão. A China e Rússia usam pesadamente aeronaves de combate da extremamente bem sucedida família Flanker, uma aeronave com desempenho muito superior ao F-2. Por isso, o Japão entende e trabalha pelo desenvolvimento de um novo caça de 5º geração que possa permitir uma condição de enfrentamento com seus adversários de forma mais párea. O F-2 deverá se manter em serviço por pelo menos mais 15 anos, porém, focando mais em missões anti superfície e de interdição naval.

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