sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Mercedes Benz 1213-1313-1519-1819

História e Desenvolvimento. 

Em meados da década de 1950 a Mercedes Benz iniciou sua participação no segmento de caminhões de pequeno porte, sua primeira investida neste novo nicho de mercado se deu com o o L-319, um modelo que apresentava um desenho de cabine avançada, uma solução para alguns problemas que possuía inúmeras vantagens, pois este formato permitia um espaço maior para a carga, sem a necessidade de se modificar o comprimento total do chassi, nem a distância entre eixos. 


O êxito alcançado no mercado com este modelo denominado LP ou Pulman originou uma família de caminhões com as versões LP-315, LP-321, LP-326, LP-329 e LP-331, que também passariam a ser produzidas pela subsidiaria brasileira a partir de 1957. Na década seguinte o lançamento da linha MB 1111 apresentava como novidade um projeto de cabine semi avançada com um novo design visual contemplando faróis redondos, este novo modelo logo conquistaria a preferência dos consumidores, ajudando a consolidar a imagem da Mercedes Benz com uma marca sinônimo de confiança, estabilidade e baixo custo de manutenção, tornado a mais vendida no mercado brasileiro.
Em 1950, o “Onze Onze” foi o grande precursor da cabine semiavançada da série AGL, que anos mais tarde faria muito sucesso o L-1113 “Onze Treze”. Em suma se tratava do modelo antigo com teto baixo que evoluiria entre 1970 e 1971 para a versão teto alto, que equipou outros modelos como L-1313, L-1513, 2013 (6X2), 2213 (6X4) e outros até fins da década de 1980. Os dois modelos iniciais foram os veículos mais representativos na trajetória da marca no Brasil, introduzindo entre outras inovações o sistema de suspensão por feixe semielíptico transversal secundado por amortecedores telescópicos. 

O L-1113 vinha equipado com o novo motor diesel Mercedes Benz OM-352LA com injeção direta de 5,6 litros de cubagem, 6 cilindros em linha com potência de 130 cv. Este sistema (com o combustível sendo injetado diretamente na câmara de combustível) proporcionava um consumo bastante moderado, sendo este um diferencial competitivo no mercado civil, pois apresentava ainda mais vantagens perante os concorrentes como boa acessibilidade aos componentes mecânicos sob o capo. Seu peso máximo de transporte de 11 toneladas, de tamanho mediano, e era uma resposta as necessidades de transporte em curtas distancias e usos leves.

A versão com adaptação de um terceiro eixo denominada L-1113/48 garantia ao veículo o peso bruto total de 18,5 toneladas proporcionaria um aumento na participação de mercado da Mercedes Bens no Brasil, a este modelo se seguiram outros de grande sucesso. A produção foi oficialmente encerrada em 1987, totalizando mais de 213.000 caminhões destinados não so ao mercado brasileiro, mas também Estados Unidos, Paraguai Chile e Uruguai, dos quais se estima que pelo menos 160.000 ainda estejam em uso.
O sucesso comercial da Série 1113 gerou toda uma família de caminhões 1313, 1513, 1519, 1819, 2013  e outras versões utilizando a mesma cabine mas com capacidade de tração do motor e de transporte de carga diferentes., totalizando  mais 500.000 veículos comerciais na planta brasileira até fins da década de 1980.

Emprego no Brasil. 

Em fins da década de 1960 o Exército Brasileiro possuía em sua frota poucas unidades dos antigos caminhões GMC CCKW e Studebaker que em conjuntos com os M-34 e M-35 Reo compunham a frota de caminhões genuinamente militares, sendo complementados por veículos civis militarizados como os FNM D-11000 e Mercedes Benz LP-321, neste mesmo período o acordo de cooperação militar com os Estados Unidos começava a mostrar sinais de desgaste não gerando segurança para a necessária renovação de sua frota de caminhões de transporte, neste contexto a solução deveria ser provida internamente com a adoção de veículos produzidos no Brasil.

O primeiro modelo produzido em larga escala foi o  LA/LAK 1313 4X4  que era dotado com o motor a diesel OM-352 de 6 cilindros com 147 HP, possuindo uma caixa de transmissão reprojetada MG-G-3-36, em seu processo de militarização foram incluídos reforços estruturais, cabine militar, para-choques especiais , faróis especiais e de comboio protegidos por grades, gancho hidráulico na traseira para reboque e com uma capacidade máxima de 21.650kg de carga na carroceria, além deste modelo o exército viria a adquirir sucessivos lotes do modelo 1113 para transporte geral.
Em 1971 a pedido do Exército Brasileiro a Mercedes Benz viria a desenvolver o modelo LG 1213, um veículo com características muitas próximas a versão 4X4, mas dotado de 3 eixos com tração 6X6 com um motor mais potente o diesel OM 335/5 com 5 cilindros e 215 hp, novamente seu emprego operacional logo proporcionou novas encomendas em grandes volumes, sendo destinado a diversas aplicações como transporte, oficina, cisterna, combustível suas qualidades podem ser atestadas pela existência ainda em serviço de 80 unidades que foram repontecializadas no ano de 1988. 

Neste mesmo período a empresa Engesa começava a se destacar no segmento de suspensões fora de estrada com aplicações militares, o que despertou o interesse do exército para o desenvolvimento de um novo caminhão 6X6 mais adequado as tarefas off road, desta demanda nasceriam os  modelos  LG-1519 & LG-1819 6×6  que foram uma militarização do modelo civil de mesmo modelo feita pela Engesa, incluindo um trabalho quase artesanal no 1519, onde as 200 unidades produzidas tiveram a cabine foi fabricada a mão, não empregando o processo de  estampo, fazia uso ainda da  transmissão e suspensão do tipo boomerang desenvolvida para o projeto do blindado Sucuri, que não entrou em produção, e pneus 14.00×2-18PR com rodas raiadas de aço. 

Estes veículos foram desenvolvidos para operar  como trator de artilharia para obuseiros de grande porte como o de 155 mm M114 e transportador de equipamento pesado para os batalhões de engenharia,  sendo equipados com um motor diesel OM-352 sem turbo de 5 cilindros e 215 HPs a 2.200 rpm, 5 marchas a frente e 1 a ré, podendo carregar um máximo de 32 toneladas, sendo sua capacidade “off-road” (QT) de 5 toneladas, pesando vazio cerda de 10,9 toneladas. Foram equipados com uma carroceria Bernardini com rolete para facilitar a movimentação de volumes pesados, um gancho para reboque na traseira, cabina com teto de lona e pára-choque dianteiro reforçado. Se mantiveram em operação até fins e 2014, quando começaram  a ser substituídos pelo modelo VW Constellation 31.320 6×6 de 10 toneladas QT.
Durante quase 45 anos os caminhões militares produzidos peças Mercedes Benz, representaram a espinha dorsal da frota de veículos do Exército Brasileiro, os modelos iniciais fabricados na década de 1970 e 1980, passaram a ser complementados e gradativamente substituídos por variantes da nova linha MB 1418 , 1618 a partir da década de 1990, porém algumas centenas de unidades ainda se encontram em operação devendo ser rapidamente substituídas pelos novos VW MAN e MB Atego / Axor / Atron.

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