O carro de combate leve M3 Stuart surgiu no final da década de 1930 com uma solução para a substituição dos obsoletos tanques M1 e M2. Apesar de suas limitações frente aos carros de combates alemães, a família M3 Stuart/Honey foi empregada pelos aliados em todos os teatros de operações (sendo inclusive fornecido aos soviéticos), obtendo maior êxito no Pacifico, quando sobrepujaram os carros de combate japoneses. Em fins de 1943 as limitações originais do projeto em termos de blindagem e armamento levaram a sua substituição pelos novos, novos tanques leves M-24 Chaffe, sendo produzidas até junho do ano seguinte 22.744 unidades entre os modelos M3 e M5. Após o termino do conflito, os Stuart foram empregados em combate na Indochina, Guerra Civil Chinesa e Guiné, sendo também fornecidos a mais de 40 países alinhados a geopolítica americana. Sua facilidade de operação e manutenção iria motivar desenvolvimento de programas de modernização em algumas forças armadas.
Em fins da década de 1960, a frota brasileira de carros de combate leve M3/M3A1 Stuart apresentava itens críticos de disponibilidade, devido à falta de peças de reposição, principalmente dos dispendiosos motores a gasolina Continental. Resultados positivos obtidos pelo Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo PqRMM/2 na modernização dos M8 Greyhound e M3 meia lagartas levaram o exército a criar um centro de estudos que resultaria no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB), que teria como missão o desenvolvimento de uma família de blindados leves, buscando aproveitar os componentes da residual frota de 300 carros de combate M3 Stuart, tendo como ponto de partida a troca do motor original por um nacional a diesel, testando três modelos da MWM, Deutz e Scania Vabis.
Foram desenvolvidos três protótipos que foram exaustivamente testados, a instalação dos novos motores demandou alterações na estrutura do veiculo que tiveram de ser alongados acomodar o novo grupo motriz, obrigando a troca da suspensão original do Stuart pela do trator de artilharia M4 de 18 toneladas que era maior e mais larga. Apesar do MWM apresentar a melhor opção por suas características de desempenho, a decisão final pendeu para o motor Scania devido a razões comerciais. Com a constatação da viabilidade de remotorização dos M3 e M3A1 Stuart, o no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Blindados (CPDB)iniciou a segunda fase do projeto, visando a transformação dos carros originais em uma nova plataforma de combate. Os trabalhos foram iniciados em 28 de junho de 1973 com a autorização da Diretoria de Pesquisas e Ensino Técnico e apoio da Diretoria de Motomecanização.
O plano previa a utilização da carcaça original e chassis, sem fazer uso da torre e do canhão, instalação do motor a diesel nacional Scania l DS-11 6-cyl TD de 250 cv, com adaptações no carter e na turbina, com aproveitamento dos sistemas originais de transmissão e diferencial, troca de suspensão e lagartas mais largas. Em termos de armamento o projeto incluía um canhão de DEFA D-921 90mm a exemplo da solução oferecida pela Engesa nas versões de exportação do EE-9, sendo este equipamento instalado em uma nova torre a francesa H-90 da Hispano Suiza pertencente a este mesmo kit. Estas alterações resultariam em um novo carro de combate, solucionando assim grande parte dos problemas com suprimentos e manutenção que afligiam os M3 e M3A1 Stuart.
O primeiro protótipo após superada todas a dificuldades técnicas de concepção, foi construído e entregue em setembro de 1973, e foi testado exaustivamente na Biselli sobre a supervisão do PqRMM/2, e estava equipado com o canhão francês 62 F1 de 90mm e inicialmente com uma torre produzida pela Engesa que seria depois substituída por uma produzida pela Bernardini com melhor blindagem. A primeira aparição publica do carro foi no desfile de 7 de setembro de 1973. Com a aprovação formal do projeto as empresas Biselli e Bernardini foram contratadas para a produção em série do agora designado Viatura Blindada de Combate, Carro de Combate MB-1, recebendo o apelido de Pioneiro.
Emprego no Brasil.
O contrato previa a entrega inicial de 53 carros de combate podendo chegar até 113 unidades, porém o programa enfrentou contratempos como a restrição de importação de alguns componentes, problemas de gestão de processos por parte da Bernardini e desvio de recurso que provocaram um atraso de 27 meses com as primeiras unidades foram recebidos somente entre fevereiro e março de 1976 com 10 carros incorporados ao 6º Regimento de Carros de Combate (RCB) e também ao 6º RCB . O último lote composto por 16 veículos foi entregue também ao 6º RCB em abril de 1979, com uma unidade sendo destinada a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e outro para a Escola de Material Bélico (EsMB), neste período sua designação oficial passou a ser CCL-MB-1 Pioneiro X1.
Em uso nestas unidades os X1 foram bastantes utilizados, pois com sua manutenção simples não apresentavam problemas técnicos de difícil solução, a não ser os transtornos causados pela ausência de materiais técnicos que deveriam ser elaborados pelo fabricante, o que prejudicava a manutenção preventiva No entanto alguns problemas crônicos de projeto assolariam a operação do modelo como a embreagem deficiente por conter apenas um disco, e a constante quebra de molas volutas (originarias dos tratores M4 e semelhantes nacionais) e trincamento do garfo da polia tensora em função do peso elevado da roda tensora que solicitava exageradamente o garfo no deslocamento do veículo em alta velocidade sobre um terreno difícil . Apesar destas dificuldades o uso continua recomendava a conversão de mais unidades dos M3 e M3A1, pois o X1 tinha uma excelente relação de custo beneficio em atividades de treinamento, poupando assim custos e desgastes na frota de carros M-41.
Os problemas aferidos com os CCL X1 levaram a necessidade de implementação de correções e melhorias no projeto original, e com base nos relatos de operação e ocorrências a equipe do IPD/CPDB, juntamente com a Bernardini, criou o X1A1 ou Viatura Blindada de Combate, Carro de Combate MB-1A. A principal alteração visava resolver o problema de trincamento do garfo, a solução partiu com a adoção de mais um bogie e a substituição da polia tensora do trator M4 pela do M4 Sherman. O chassi foi alongado em 80 cm melhorando sua capacidade de transpor trincheiras, sua transmissão foi substituída pelo do trator M4 devido ao aumento do peso. O chassi mais longo possibilitou a adoção de uma torre maior, que também foi alongada em sua parte traseira, alojando mais um radio e aumentando também o numero de munições transportadas. Apenas um protótipo foi construído e testes aferiram grande dificuldade no esterçamento, que era causada pela relação entre o comprimento da lagarta sobre o solo e a bitola do carro que excedia os limites de projeto de carros de combate. Dificuldades em se encontrar uma solução para este problema e a saída da Bisseli do programa levaram ao encerramento do projeto.
O próximo estagio evolutivo previa o desenvolvimento de um veículo leve de combate denominado X15 que deveria em sua concepção abandonar o aproveitamento das carcaças e peças do Stuart. Porém decisões de cunho econômico levaram o projeto a ser menos ousado mantendo ainda o uso de componentes dos M3 e M3A1. Nascia assim o X1A2 que manteve o nome de Carcará, podendo ser considerado o primeiro carro-de-combate sobre lagartas brasileiro. Sua carcaça foi totalmente reformulada, inclusive retirando-se o espaço para o auxiliar do motorista, permitindo assim uma blindagem frontal com características balísticas muito superior às do X-1 e do X1-A1, além de lhe dar um desenho mais moderno. Passou a contar com uma caixa de transmissão Allison CD-500 Cross-Drive, novo canhão nacional de EC 90 mm, sistema de giro da torre ser hidráulico. Além destas melhorias o modelo passou a apresentar um maior índice de nacionalização de componentes.
Após a avaliação do primeiro protótipo foi decidido pela produção inicial de 24 unidades, com o primeiro lote de 10 carros sendo entregue ao 6º RCB em 1981 e as unidades restantes apresentavam algumas diferenças de projeto e receberam a designação VBC CC MB-2A Lag, e curiosamente estes carros não foram colocados em serviço sendo apenas armazenados nesta unidade. Em operação verificou um vazamento crônico do selo mecânico do conversor de torque original do trator M4 e também alto índice de falhas e quebras no sistema de manches de direção. No entanto o contrato para a modernização da frota de carros de combate médios M-41 Walker Buldog, direcionaria todos os recursos para este programa, encerrando assim a produção do X1A2. O 6º RCB manterias os últimos X1 Pioneiro e X1A2 Carcará em operação até julho de 1994 quando foram substituídos pelos novos M41C Caxias.
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