A Segunda Guerra Mundial descortinou a necessidade de veículos blindados anfíbios para o transporte e desembarque de transporte de tropas, a primeira aplicação pratica foi empregada no teatro do pacifico com os LVT-1 Alligator, sendo seguido pelos modelos LVT-2, LVT-3 e LVT-4, estas evoluções agregavam maior capacidade de transporte de tropas e proteção. Em 1956 entrava em serviço o LVTP-5 (Landing Vehicle, Tracked, Personnel) produzido pela empresa FMC Corporation e apresentava dimensões e capacidades superiores aos seus antecessores, seu batismo de fogo ocorreu nas primeiras fases da guerra do Vietnã. Por ser um veículo de grande porte e alta proteção blindada carecia de agilidade no deslocamento tanto marinho quanto terrestre, levando o comando do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos a buscar um sucessor logo em fins da década de 1960.
A Marinha Americana abriu em 1970 uma concorrência para o desenvolvimento de um novo veículo de desembarque de pessoal rastreado (Landing Vehicle, Tracked, Personnel), sendo escolhido o projeto apresentado pela empresa FMC Corporation. O primeiro protótipo foi apresentado ao Corpo de Fuzileiros Navais em janeiro de 1972 e submetido a diversos programas de ensaios antes de ser liberado para produção em meados do mesmo ano. Sua fabricação foi destinada a United Defense, uma antiga divisão da FMC Corporation, com as primeiras entregas ocorrendo em fins de 1972.
O agora designado LVTP-7 possuia um desing inovador quando comparado ao seu antecessor LVTP-5, possuindo 7,54 mts de comprimento, 3,14 mts de largura, 3,12 mts de altura, com peso vazio de 18 toneladas e carregado com 23,5 toneladas. Estava equipado com um motor Detroit Diesel 8V-53T, de 400 hp, com transmissão automática com quatro marchas a frente e uma a ré. Podia desenvolver 65,4 km/h em estradas e 13,5 km/h na água, graças a seu novo sistema com dois hidrojatos operando em conjunto com as hélices propulsoras. Além da blindagem apta a resisitir a impactos de armas de pequeno e médio calibre contava com uma metralhadora M2HB de calibre.50 (12,7 mm) montada em uma torreta automatizada com acionamento hidráulico.
As primeiras entregas começaram a ser distribuídas aos Batalhões de Anfíbios de Assalto de Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, onde substituíram os LVTP-5. Curiosamente o primeiro emprego real em combate ocorreu durante a Guerra das Falklands – Malvinas em 1982, quando vinte LVTP-7 da Marinha Argentina foram empregados com sucesso na operação da invasão das ilhas em maio do mesmo ano. Os carros americanos passaram a ser empregados entre 1982 e 1984 como parte da força multinacional de manutenção da paz em Beirute, no Líbano, em 25 de outubro de 1983 seriam empregados em um desembarque anfíbio bem sucedido na ilha de Grenada como parte da Operação Urgent Fury.
No final da década de 1970 o comando do Corpo de Fuzileiros Navais passou a estudar melhorias no projeto original resultantes do emprego operacional que seriam comprovadas durante seu emprego real no início da década seguinte. Assim a empresa FMC Corporation foi contratada para conduzir o Programa de Extensão de Vida de Serviço LVTP-7, este processo consistia no retrofit estrutural e modificações com o objetivo de obter expressiva melhoria em seu desempenho. O motor original Detroit Diesel 8V-53T foi substituído pelo novo Cummins VT400 de 525 hp, foi adotada uma transmissão mais eficiente a HS-400-3A1 da FMC, a suspensão e amortecedores também foram reforçados. O acionamento hidráulico da estação de armas foi substituído por motores elétricos eliminando assim o risco de incêndios, foram trocados os tanques de combustível por novos modelos mais seguros. Novos painéis de comando e dispositivo de visão noturna foram instalados em conjunto com oito lançadores de granadas de fumaça. Os carros modernizados receberam a designação de LVTP-7A1, sendo em 1984 renomeados como AAV-7A1 (Assault Amphibious Vehicle), atualmente o modelo é operado por 13 nações e sua produção total em unidades atingiu a cifra de 1803 veículos de diferentes versões e modelos.
Emprego no Brasil.
O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil começou a estruturar suas operações de desembarque anfíbio a parir de 1973 com a incorporação dos primeiros blindados anfíbios de transporte de tropas EE-11 Urutu criando assim os alicerces do Batalhão de Transporte Motorizado (BtlTrnpMtz). A partir de março de 1976 começaram a ser recebidas 30 viaturas da família M113, compondo a Companhia de Viaturas Anfíbias (CiaVtrAnf) que vieram a aumentar o nível das operações anfíbias em função da maior disponibilidade de veículos. Porém mesmo os novos M-113 não eram perfeitamente adequados para as missões de desembarque anfíbio operando com base nos navios de desembarque de doca, levando assim a necessidade de incorporação de um novo veículo.
Para se definir a escolha do novo veículo que iria dotar a futuro Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf) foram adotados os parâmetros que deveriam permear a escolha, como excelente proteção blindada, sistema de autodefesa e agilidade de deslocamento no mar permitindo assim o transporte e desembarque de tropas de forma rápida e segura. A escolha obvia recaia sobre o modelo da FMC Corporation o LVTP-7, vale salientar que esta decisão foi influenciada pelo contato dos fuzileiros brasileiros com o carro em treinamentos com seus pares americanos e também pelo sucesso no emprego do mesmo no processo de invasão da ilhas Falklands Malvinas em 1982.
Desta maneira foi contratado junto ao governo norte americano em fins de 1985 a aquisição de 12 unidades usadas da versão modernizada LVTP-7A1 oriundas dos estoques Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados (US Marines), sendo recebidos nas versões de transporte de tropas, carro comando e oficina. Os carros foram recebidos em julho de 1986, sendo desembarcados no píer da Praça Mauá no Rio de Janeiro. Neste período, foi conduzido um programa de cursos de operação e manutenção e, logo após sua conclusão, foi oficialmente montada a Companhia de Carros Lagarta Anfíbios (CiaCLAnf). A incorporação dos CLAnfs constituiu um passo significativo na evolução da doutrina da guerra anfíbia na MB. O emprego dessas viaturas permitiu que fossem executados desembarques em trechos do litoral, até então impossíveis de se realizar com as embarcações de desembarque de carros, aumentando assim poder de choque e a impulsão das vagas de assalto, devido às velocidades desenvolvidas, tanto na água como no terreno e sob proteção blindada.
Extremamente versáteis os Clanfs (denominação aplicada pela marinha aos LVTP-7A1) são empregados em tarefas de transporte de pessoal e carga operando em navios de desembarque de doca como o G-30 Ceará ou navios doca multipropósito como o G-40 Bahia com capacidade de transporte máximo de 25 militares (incluídos os três componentes da guarnição) equipados para combate, podem ainda ser operados como como viatura de apoio logístico podendo transportar até 4.536 Kg de carga geral, preferencialmente paletizada. Os LVTP-7A1 do CFN tiveram também destacada participação durante as ações em prol da segurança pública deflagrada pelo governo federal no Rio de Janeiro no ano de 2010, quando foram empregados as ações de invasão nas favelas cariocas
O êxito do emprego dos LVTP-7A1 no CFN levou o comando da Marinha do Brasil a adquirir um segundo lote de 14 carros usados provenientes dos estoques do US Marines, agora na versão AAVP-7A1, que foram transportados navio de desembarque de carros de combate G-28 Mattoso Maia em junho de 1997. Além da inclusão da torre automatizada equipada com o lançador de granadas MK19, os dois lotes diferem em alguns detalhes, como por exemplo a alteração da especificação de diversos parafusos de fixação de componentes. Em fins de 2012 a Marinha do Brasil anunciou a intenção de adquirir mais 26 unidades da nova versão RAM/RS (Reliability, Availability and Maintainability/Rebuild to Standard), atualmente utilizado pelo United States Marine Corps (USMC), além de elevar a este padrão todos os veículos anteriores.
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