sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

M-4 High Speed Tractor

História e Desenvolvimento.

Logo no início da participação americana na Segunda Guerra Mundial, foi identificada a necessidade de se dotar o exército com veículos capazes de tracionar no campo de batalha peças de artilharia, devendo ter como requisito básico a capacidade de acompanhar os demais veículos blindados em terrenos irregulares.

Buscando atender a esta demanda a empresa Allis-Chalmers fundada em 1901 na cidade  de Milwaukee no estado de Wisconsin, especializada na produção de tratores, transmissões e implementos agrícolas, começou a produzir primeiros protótipos  em fins de  1942 o M-4 High Speed Tractor , basicamente o veículo foi desenvolvido sob a plataforma básica do blindado leve M-3 Stuart, este processo foi adotado visando otimizar a produção partindo do mesmo ferramental e também a manutenção devido a comunalidade de componentes com blindados leves M-3 empregados em larga escala pelos forças aliadas. 
Conforme sua capacidade e classificação de veículo de 18 toneladas foi destinado primeiramente a tracionar peças de artilharia de grande porte como os canhões de 155 e 240 mm e obuses de 8 polegadas ou ainda baterias antiaéreas de 90 mm. Por questões de segurança o M-4 foi equipado com um sofisticado sistema combinado de freios a ar e elétrico para assim suportar a carga rebocada em quaisquer condições adversas. Grande parte da munição destes armamentos acima descritos era transporta pelo próprio veículo, sendo alojada em racks modulares específicos para os projeteis de 90 mm,155 mm ,200 mm e obuses de oito polegadas, para movimentação deste último empregava se um pequeno guindaste mecânico.

Como item de versatilidade apresentado o modelo também permitia o transporte de até 10 soldados pertencentes a guarnição da peça de artilharia, além também de seu condutor, era ainda equipado com uma metralhadora M2 Browning. 50 montada em um anel giratório no teto, para emprego antiaéreo e anti pessoal. As primeiras unidades entraram em serviço a partir de março de 1943, sendo empregadas em todos os fronts de combate pelas forças norte americanas, três versões foram produzidas sendo o M-4 base, o M-4C que passou a dispor com racks para transporte de munição, e por fim o M4-A1, que apresentava esteiras mais largas tipo "duck bill" a exemplo das modificações adotadas nos blindado Sherman.

Após o termino da Segunda Guerra Mundial os M-4 High Speed Tractor seriam ainda empregados na Guerra da Coreia pelos exércitos Americano e Sul Coreanos, algumas centenas de unidades também foram transferidas para nações amigas como Brasil, Portugal, Nova Zelândia, Paquistão, Iugoslávia e Japão. Também muitos destes tratores foram despidos de seus componentes militares e usados no mercado civil em atividades de construção de base e estradas, como rebocadores de brocas de perfuração de rocha, transporte de carga, tendo notada participação na exploração de madeira na Colúmbia Britânica. Cerca ainda de 500 unidades foram reconstruídas como tratores civis na década de 1960 pela empresa G.M. Philpott Ltd. de Vancouver, e alguns deles ainda se encontram em uso até os dias atuais.
Entre março 1943 e junho 1945 a Allis-Chalmers produziu e entregou 5,552 unidades do M-4 High Speed Tractor, esteve em uso no Exército Americano até meados da década de 1960, sendo substituído pelo M40 Gun Motor Carriage.

Emprego no Brasil.

Logo após o termino da Segunda Guerra Mundial, o governo norte americano no objetivo de manter sua influência política e militar junto as nações alinhadas, instituiu o Programa de Assistência Militar (MAP Military Assistance Program) que criava linhas de credito e vantagens econômicas para o fornecimento de material militar, desta maneira se fazendo valer destes termos o Exército Brasileiro passou a receber armas, equipamentos, motores de reposição, tanques médios M-3 Sherman e  64 tratores M-4 High Speed Tractor, que foram recebidos entre 1949 e 1952.

As unidades foram destinadas aos grupos de artilharia de campanha e anti aérea, entre elas o  5º Grupo de Canhões 90mm Anti-Aéreos (5º GCan 90 AAé), 1º Grupo de Canhões 90mm Anti-Aéreos (1º GCan 90 AAé) Rio, Escola de Artilharia de Costa (EAC), Escola de Defesa Antiaérea (EsDAAe), 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), 1º Grupo do 7º Regimento de Obuses 105(1º GA7ºREGOb), 8º Grupo de Artilharia 75 Auto Rebocado (8º GaRec 75), 26º Grupo de Artilharia de Campanha (26º GAC) e 2º Grupo de Obuses 155 (2º GaOb 155), onde vieram a reforçar a dotação dos tratores M-5  e também substituir os já obsoletos Mineapolis Monline GTX-147 6X6que foram fornecidos nos termos do Leand Lease Act durante a Segunda Guerra Mundial.
Nestas unidades os M-4 High Speed Tractor foram dedicados a tracionar as peças de artilharia de maior porte do Exército Brasileiro entre elas os canhões alemães Krupp de 88 mm, Vickers Armstrong de 152 mm, M-3  e M1A3 anti aéreos de 90 mm, obuseiros M-114A2 de 155 mm, entre outros. Apesar de apresentarem motores diferentes, a comunalidade de itens com a frota de tanques leves M-3 Stuart manteve os tratores de artilharia com alto índice de disponibilidade nas unidades operacionais. Em fins da década de 1960 o o Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) passaria a desenvolver estudos para a modernização dos tanques leve Stuart, incluindo a troca dos motores originais por novos de produção nacional a diesel Scania Vabis D-11 com 205 vc, visualmente a única diferença da versão repotencializada do M-4 High Speed Tractor era o posicionamento do cano de escape do motor, sendo este similar aos escapamentos dos caminhões civis a diesel. Alguns importantes itens de reposição passaram a ser nacionalizados entre eles a produção dos patins das esteiras.

A desativação dos antigos canhões Vickers Armstrong de 152 mm em meados da década de 1970 reduziria a necessidade do emprego dos veteranos M-4 High Speed Tractor, e desta maneira iniciava-se assim um longo processo de retirada do serviço ativo do modelo, sendo a maioria das unidades armazenadas e cerca de 17 veículos foram empregados como fonte de peças para o sistema de suspensão empregados nos protótipos e pré-série dos novos carros de combate leve CCL X1 Pioneiro.
Alguns veículos ainda se mantiveram em uso nos Grupamentos de Artilharia de Campanha e Artilharia antiaérea até meados da década de 1990 quando enfim foram desativadas do serviço ativo, sendo conservadas para exibição ou uso em datas cerimoniais

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