Fruto de um amplo projeto reconstrução da força militar blindada da Alemanha Ocidental em fins na década de 1960, o Marder foi desenvolvido inicialmente pela empresas alemãs Rheinmetall Landsysteme e suíça MOWAG, seus primeiros protótipos foram completados entre 1961 e 1963,um grande número de melhorias foi proposto para a realização de ensaios, levando a encomenda para a construção de mais dez carros para testes em 1967. O trabalho de desenvolvimento final foi completado pelo grupo Rheinstahl e foram construídos dez veículos de pré-produção e concluídos ensaios de tropas com o exército alemão entre outubro de 1968 e março de 1969. Em maio de 1969, o veículo foi oficialmente chamado de "Marder" e em outubro e a Rheinstahl foi escolhida como o contratante principal.
O primeiro carro foi oficialmente entregue ao exército alemão em 07 de maio de 1971, tratava-se veículo blindado para o transporte de tropas (IFV) com design relativamente convencional, com o motorista sentado no lado esquerdo da frente do casco com o motor à sua direita. Tinha seu casco todo confeccionado em odo aço soldado, proporcionando proteção contra incêndios e fragmentos munição, suportando tiros de armas de até 20 mmm, foi desenvolvido ainda com sistema de proteção contra armas nucleares, biológicas e químicas. Podia transportar 12 soldados totalmente equipados e foi equipado com um canhão automático Rheinmetall MK 20 Rheno 20 de 20 mm para a autodefesa. A versão inicial Marder 1 foi seguida pelo Marder 1 A1 a partir de 1971, e outras variantes que passaram a incorporar a novas tecnologias entre elas sistema de comunicação, visão noturna e câmera termográfica. Até o ano de 1975 foram entregues 2.136 unidades para o Exército Alemão com centenas unidades usadas revendidas a Chile, Indonésia e Jordânia.
A versatilidade de operação da plataforma permitiu explorar um leque de oportunidades, entre elas sua dotação com misseis anti carro Milan , veículo de reconhecimento e terra ar ( SAM ) , sendo este equipados com misseis guiados por radar de curto alcance Roland II. O projeto de origem Franco Alemão , foi desenvolvido a partir de 1963 pelas empresas Nord Aviation da França e da Alemanha pela empresa Messerschmitt - Bölkow com o sistema sendo conhecido como SABA na França e P-250 na Alemanha, esta união proporcionou em 1964 a criação da empresa Euromissile , os testes tiveram início a partir de junho de 1968, com a produção seriada prevista para janeiro de 1970, porém atrasos decorrentes do processo final de testes postergaram sua construção em escala industrial até início de 1977.
O sistema de Roland SAM foi projetado para atingir alvos aéreos inimigos que voam em velocidades de até Mach 1,3 em altitudes entre 20 metros e 5.500 metros, com uma gama eficaz mínima de 500 metros e um máximo de 6.300 metros. O sistema podia operar em modo óptico ou radar e pode alternar entre esses modos durante o rastreio e lançamento. Um radar de busca de pulso-doppler com uma gama de 15-18 km proveria a detecção do alvo, que poderia então ser rastreado ou pelo radar ou um rastreador óptico. O canal óptico, normalmente, seria utilizado apenas durante o dia contra alvos muito de baixo nível ou em um ambiente de bloqueio pesado.
O míssil Roland era composto por dois estágios, sendo unidade propelente sólido 2,4 metros de comprimento com um peso de 66,5 kg, e outro estagio com 6,5 kg portando uma múltipla ogiva de fragmentação-carga oca que contém 3,5 kg de explosivo detonado por impacto ou proximidade fusíveis. O míssil era fornecido em um recipiente vedado que era empregado também o tubo de lançamento, cada lançador carrega dois tubos de lançamento com mais oito no interior do veículo ou abrigo com recarga automática em 10 segundos. A versão Roland 2 foi desenvolvida para operação em qualquer tempo, sendo montado no chassi de veículos blindados sob lagarta, AMX-30R ou Marder 1A2. O míssil se manteve em produção até fins da década de 1990, sendo adotado por 12 nações.
Emprego no Brasil.
Na segunda metade da década de 1970, as forças armadas brasileiras estavam empenhadas na obtenção novas tecnologias de defesa, neste mesmo período, o governo do presidente Ernesto Geisel viria a romper o acordo Militar Brasil - Estados Unidos que além pesar em termos políticos constantemente negava a aquisição de equipamentos de defesa de alta tecnologia. O rompimento deste acordo possibilitou a negociação e a aquisição de equipamentos de defesa oriundos de outras nações, neste novo cenário o Ministério do Exército iniciou tratativas junto a industrias de defesa da República Federal da Alemanha e França, entre os objetivos almejados estava a aquisição de um sistema de defesa área que deveria ser empregado para proteção da capital federal Brasília.
Entre as opções analisadas o Exército decidiu em 1977 pela aquisição de quatro baterias do sistema de misseis superfície ar (SAM) Roland II desenvolvido e produzido pela Euromissile (uma associação entre a Aerospatiale francesa e a Messerschidmitt-Bolkow-Blohm alemã), muito da decisão se baseou no fato que a este sistema havia sido adquirido França (39 carros e 1.315 misseis) e República Federal da Alemanha (43 carros e 825 misseis) e também estava sendo estudado pelo governo norte americano para a adoção. O Roland II podia ser configurado inicialmente sobre os veículos sobre lagartas AMX-30 e Marder VCI e posteriormente montado em shelters para blindados sobre rodas.
O contrato brasileiro previa que o sistema Roland II fosse entregue configurado sobre a plataforma do veículo blindado médio Marder 1A2, que transportava dois misseis na parte extrna da torre prontos para entrar em operação e mais oito misseis alojados em dois carregadores rotativos automáticos na parte interior do veículo. Juntamente foram entregues os sistemas eletrônicos para instrução de emprego teórico e prático.
O Brasil foi o terceiro operador deste sistema de mísseis superfície-ar, que na época representava a tecnologia no estado da arte, para fins de instrução teórica e pratica, os equipamentos eletrônicos foram alocados na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) no Rio de Janeiro, vale salientar que este aparato ocupava um grande área nesta instituição pois ainda não existiam microcomputadores. Toda a instrução sobre a operação deste sofisticado sistema era ministrada no local sendo acompanhada dos uso das plataformas e armamentos.
Este sistema de mísseis foi adquirido inicialmente para a defesa da capital federal, porém extraoficialmente especula-se que a principal intenção era o desenvolvimento de uma versão nacional (empregando técnicas de engenharia reversa), não existe confirmação desta teoria, porém o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) desenvolveu um protótipo de um "shelter" para lançamentos autorebocado nos anos seguintes. O declínio da indústria nacional de materiais de defesa na década de 1990 e problemas no acesso a suprimento de itens de reposição, levaram o Exército Brasileiro a gradativamente abandonar o emprego do sistema Marder Roland, fato este agravado com a perda de um carro em um acidente durante treinamentos no Campo de Provas de Marambaia.
Apenas uma unidade foi mantida em serviço sendo alocada juntamente com os sistemas eletrônicos de tiro e direção no Instituto e Pesquisa e Desenvolvimento do Exército até 2012, a terceira unidade foi preservada junto ao acervo do Museu Militar Conde de Linhares – RJ, e quarto veículo foi empregado como alvo no Campo de Marambaia, sendo destruído por tiros dos Leopard A1 em um processo de análise da resistência de blindagem do modelo que era muito semelhante a emprega no TAM Argentino. Salienta-se que apesar de desativados prematuramente no Brasil, outras nações mantiveram ou mantem sistema em uso até dos dias de hoje.
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