No final da década de 1920 o comando do Exército Norte Americano estava imbuído em grande processo de motomecanização, e uma das primícias básicas seria o desenvolvimento de um veículo leve, com capacidade de superar terrenos difíceis com obstáculos, e com capacidade para levar alguns homens e armamentos. Este conceito veicular seria projetado em 1932 pelo Coronel R.G Howie, da 7th Tank Company no Forte Smelling Minn, o primeiro protótipo foi construído em 1937 pelas oficinas do Forte Sam Hous Ton Texas, que após testes práticos viria a evoluir para um pré lote em serie no ano de 1940 com 70 unidades sendo produzidas pela Bantan Car Company of Butler que foram entregues o Quartel General do Departamento Exército em Holabird em Baltimore.
Satisfeitos com as perspectivas positivas da operação deste novo veículo, o Exército Norte Americano abriu uma grande concorrência para a produção em massa de um veículo leve 4X4, sendo convidadas 135 empresas para participar deste projeto, porem uma das premissas básicas era o caráter de urgência onde se exigia um prazo de apenas 49 dias para que fossem apresentados protótipos funcionais para testes, destas somente aceitaram o desafio a Ford Motor Company, American Bantam (que foi a única que apresentou um protótipo real dentro do prazo pré-estabelecido) e Willys-Overland. No final das contas, o exército resolveu então pelas três empresas, mas aproveitando o design da American Bantam.
No início, o projeto tinha como nome GP, que significava General Purpose Vehicle, ou veículo para uso geral. As pessoas chamavam o carro pelo acrônimo GP (em inglês), que soava como "jeep". Outro fator curioso também ajudou a popularizar este nome. A palavra "jeep" era a única pronunciada por um personagem de quadrinhos da década de 30 chamado Eugene, que era o bicho de estimação de Olívia Palito, namorada o marinheiro Popeye. Eugene tinha poderes superiores, tais como caminhar pelas paredes e tetos. Graças a popularidade de Eugene alguns soldados começaram a chamar seus veículos de JEEP em alusão a seus poderes.
O primeiro protótipo foi o Bantan BRC cuja traseira é semelhante às traseiras do Jeep Willys e do Jeep Ford, mas a frente é arredondada, bem de acordo com o design típico do final dos anos da década de 1930, e foi empregado em extensivos testes de campos em Holabird entre 27 de setembro a 16 de outubro de 1940 sendo observado de perto pelos engenheiros da Ford e da Willys, o resultado deste processo originaria o modelo BRC 60, a necessidade de se dotar as forças armadas americana geraria uma urgência na aprovação do processo, disparando um contrato inicial de 1.500 unidades, com a produção se iniciando pela Bantam em 31 de março de 1941, o próximo contrato previa 16.000 unidades e foi entregue a Willys , e os subsequentes a Ford. Durante a Segunda Guerra Mundial, Willys produziu 363,000 Jeeps e Ford cerca de 280,000. Aproximadamente 51.000 foram exportados para a União Soviética sob o programa Lend-Lease.
Está na mente coletiva que o primeiro Jeep foi o Willys MB ou simplesmente "42" (de 1942), mas isso é um erro. Antes dele, outros modelos de Jeep foram enviados para as frentes de combate, como o Willys Quad, o Bantan BRC 40, o Willys MA e o Ford GP ou Pigmy. O veículo da Ford era denominado "GP" e pode ser confundido com a origem da denominação Jeep. Segundo a Chrysler do Brasil, o nome Jeep deve-se ao personagem de histórias em quadrinhos chamado "Jeep". Em 16 de março de 1936 a personagem conhecido pelo nome de Eugene the Jeep foi criada pelo cartunista E. C. Segar para fazer companhia ao Popeye. O termo "Hey, he's a real Jeep!" ou "Ei, ele é um verdadeiro Jeep!" Era constantemente empregado para pessoas que demonstravam uma capacidade superior. A ligação entre o nome Jeep e a tração 4x4 é creditado ao piloto de teste da Willys, Irvin Hausmann, que escolheu o nome para o seu veículo em 1940 durante testes para o exército americano.
No pôs guerra o modelo continuou em produção pela Willys, pois a Ford foi judicialmente impedida de fazer uso da marca Jeep, desta maneira o novo modelo designado M-38 (MC) entrou em produção em 1950 sendo descontinuado somente em 1964 após 167.345 unidades fabricadas. Os carros construídos durante a Segunda Guerra Mundial permaneceram em uso em diversas forças armadas no mundo até fins do século XX.
Emprego no Brasil.
A adesão do Brasil ao esforço aliado na Segunda Guerra Mundial proporcionou a adesão ao Programa Leand & Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), gerando o recebimento de inúmeros veículos motorizados modernos entre eles .1.985 Jeeps 4X4 (não existem registros sobre a quantidade de modelos da Ford, Bantam e Willys), o advento do recebimentos destes carros em muito contribuiu no processo de moto mecanização em larga escala no Exército Brasileiro, muito por ser um veículo de desempenho inédito com qualidades práticas que nenhum outro veículo apresentava.
Os primeiros carros começaram a ser recebidos no Brasil em 1942 e mesclavam veículos novos e usados e existem relatos de alguns raríssimos Willys MA (sem registro) e "Slatt Grill" ("grade de grelha"), raríssimos Ford GP (sem registro) e Bantam BRC-40 (ao menos um exemplar existente), todos estes fabricados em 1941, estarem entre as primeiras unidades que chegaram ao Brasil. Estes modelos da fase de pré-produção, foram enviados para muitos países aliados nos termos do Leand & Lease (Inglaterra, Rússia, China, Brasil).
Do lote inicialmente destinado ao Brasil, 655 unidades foram destinadas a equipar as unidades pertencentes a Força Expedicionária Brasileira e também as duas unidades da Força Aera Brasileira e foram entregues na Itália sendo retiradas do estoque do 5º Exército Norte-Americano, algumas das viaturas recebidas eram “veteranas de guerra”, pois haviam sido utilizadas nas campanhas da Sicília e Norte da África. Um dos principais motivos para a FEB receber algumas viaturas já utilizadas, era a necessidade de remanejamento de material para a operação Overlord no Norte da França (Dia D).As viaturas recebidas eram de número inferior às necessidades de nossa tropa, e nossos motoristas, após um breve treinamento de direção já em solo italiano, cuidavam delas com muito carinho, como se fossem verdadeiras “damas”. Prova disso, é que todas possuíam nomes pintados em sua lataria, alguns fazendo referência às “pessoas amadas” que ficaram no Brasil. Podemos citar, como exemplo, o Jeep FEB 330 que recebeu o nome DELOURDES e o Jeep FEB 310 com nome de MACACA. Até o Jeep do Gen Mascarenhas atendia pelo nome de LILIANA, homenagem do Cmt da FEB à sua filha.
Uma curiosidade eram as chaves de ignição das viaturas, soldadas aos painéis para evitar o risco de perdê-las. Outra curiosidade importante, era que nossas viaturas não possuíam uma numeração catalogada pelo Exército Brasileiro (conhecida por nós pelo “EB” da Viatura) e sim catalogada pelo Exército Americano, o que de certa maneira, dificultava um pouco o controle do material por parte dos escalões responsáveis da FEB. Por outro lado, facilitava em muito o lado das pracinhas brasileiras, que conseguiam repor rapidamente as viaturas perdidas em combate. Os americanos, em algumas missões, deixavam suas viaturas encostadas, camufladas e sem ninguém para tomar conta delas; bastava passar por aquele local uma patrulha brasileira que, ao observar a viatura americana sem sentinela para vigiá-la, a “pegava emprestada”, já que a chave de ignição estava no painel.
Das unidades recebidas no teatro de operações italiano, total 09 estavam configurados na versão de ambulância transportando feridos até os hospitais de campanha com muito boa eficiência, no Batalhão de Saúde, junto a outros tipos de veículos. Nas demais unidades da FEB, junto ao destacamento de saúde, existiram jipes ambulâncias, na maioria das vezes apenas um por unidade. Muitos veículos militares podiam ser convertidos em transportes de pacientes com ligeira modificação ou não da estrutura, mas a viatura Jipe de 1/4 tonelada e seu reboque faziam parte do equipamento padronizado das seções do batalhão de saúde e de muitas outras unidades do Exército norte-americano e seus aliados. Quase sempre estavam ao alcance e eram adaptados facilmente para transportar feridos ou doentes.
Diversas montagens foram elaboradas para a versão do Jipe Ambulância, como a de poder levar dois pacientes sem alterar o veículo original, colocando uma padiola atravessada na parte detrás da viatura com os punhos assentados nas laterais do veículo, e a segunda ao longo do lado direito do veículo com seus punhos apoiados na primeira padiola e no para-brisa deitado.
Após o termino do conflito os Jeeps da FEB foram despachados ao Brasil sendo distribuídas as diversas unidades operacionais, ao longo da década de 1950 mais unidades usadas seriam adquiridas como excedente de fabricação americana ("war surpluss"), se mantendo em operação em larga escala té meados da década de 1960 quando começaram o ser substituídos por novas versões do M-38 e CJ-2A militarizado, muitos carros se mantiveram em operação como veículos cerimoniais até fins do século XX
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