sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

GMC CCKW 353 C2-D1 Tanque



História e Desenvolvimento. 


Perto do final da década de 1930 o comando do Exército Norte Americano estava imbuído em grande processo de modernização de suas forças motomecanizadas, um dos pilares deste plano contemplava a aquisição em larga escala de uma nova família de caminhões 6X6 que viesse a substituir ou complementar os modelos 4X4 como os Chevrolet G-506, G-621 Dodge e G-540 Ford. Os parâmetros da concorrência apresentada as montadoras de caminhões estabeleciam um veículo com capacidades off road, tração integral 6X6, com 3,7 metros de área útil de carga, com capacidade de 2.268 kg de transporte. Diversas empresas americanas entre elas Ford, Studebaker, Corbitt, REO, Federal Motor, Biederman Motors  e Kenworth Motor apresentaram suas propostas em no início de 1940, entre estava a General Motors Co. que já detinha grande experiência no fornecimento de caminhões comerciais modicados as forças armadas americanas, como no caso do Chevrolet G-506 e Chevrolet G-085.

Avaliações detalhadas de todas as propostas foram realizadas no início de 1940 pelas equipes do US Army Ordnance Corps , deferindo pelo projeto da General Motors Co, esta proposta foi desenvolvida com base no  caminhão GMC ACKWX 353 6X6 que fora desenvolvido em 1939 sob encomenda para o Exército Frances, no entanto diferia visualmente deste por contar com a cabine do Chevrolet G-506, além disto extensas modificações foram implementadas neste modelo original, visando assim se adequar aos parâmetros exigidos na concorrência. Após ser oficialmente declarado como projeto vencedor da concorrência, o mesmo recebeu a de CCKW (com o C referente ao ano de 1941, C de Cabine Simples, K de tração em todas as rodas e W de eixos traseiros duplos). Após a celebração dos contratos com o governo americano foi definida que a produção inicial seria baseada na planta fabril da MGT Yellow Truck and Coach Division's Pontiac, Michigan, sendo depois estendidas as fabricas da General Motors e Pontiac, em St Louis e Missouri. As versões iniciais de produção dispunham da cabine padrão comercial (modelo A1) , porém em 1944 um novo modelo com cabine em lona e sem as portas seria desenvolvido ( B2 ), esta concepção apresentava entre outras vantagens um menor tempo de produção, redução da altura do veículo para transporte naval e também a possibilidade de se portar uma metralhadora .50 em um suporte giratório sobre a cabine.
Um dos grandes segredos do sucesso deste projeto, foi o emprego de componentes já desenvolvidos, testados e provados no meio civil, que além concederam ampla confiabilidade resistência e desempenho, proporcionaram uma produção em série em uma escala jamais vista, atingindo no período de 1940 a 1945 a casa de 562.750 unidades construídas. Estava equipado com o tradicional motor GMC 270 com 16 válvulas, desenvolvendo 91 Hp a 2750 rpm, em conjunto com uma transmissão Warner T-93 de 45 velocidades, sua suspensão off road permitia perfeito deslocamento em terrenos desfavoráveis e inicialmente empregando em todos os três eixos o sistema de suspensão Timken que posteriormente foi alterado para o sistema GM "banjo"; havia duas distâncias entre eixos, o modelo curto 352 com 3,68 mts e o longo designado  como modelo 353 com  4,17 mts. Seus pneus tinham a configuração 7.50-20 com freios eram hidráulicos com assistência a vácuo. Vale salientar que o racionamento de metais durante o curso da guerra levou a substituição da carroceria em aço por madeira, porém devido a resultados negativos durante o uso o aço retornaria a composição posteriormente, algumas versões seriam ainda equipadas com guinchos montados na frente do veículo com capacidade para 4.500 kg.
A família de caminhões General Motors CCKW 352-353, representou o esteio da força de transporte das forças armadas americanas e aliadas na Segunda Guerra Mundial, sua flexível plataforma permitiu o desenvolvimento de inúmeras variantes especializadas entre elas surgiram os modelos dedicados ao transporte e abastecimento de combustível seja ele para o consumo aeronáutico ou para veicular, as primeiras versões foram montadas sobre a plataforma básica do CCKW 352 e distribuídos as unidades operacionais da Força Aérea, Exercito e Marinha americanas, duas variantes foram empregadas sendo uma delas equipadas com duas cisternas com capacidade individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente uma cisterna para 2.840 litros, sendo ainda os dois modelos dotados de equipamento e ferramental de apoio dispostos em compartimentos distribuídos ao longo dos tanques. O advento da produção do modelo CCKW 353, também foi contemplado com a versão tanque, recebendo as designações D1, D2 , E1 e E2, foram produzidos inicialmente pela Yellow Truck and Coach Manufacturing Co initially e posteriormente GMC Truck and Coach Division, sua produção total atingiu a cifra de 4.133 unidades, se mantendo em operação no pós guerra até meados da década de 1950 quando começaria a ser substituído pelas versões inicias especiais da nova família REO M-34/M-35.

Emprego no Brasil. 

A adesão do Brasil em 1941 ao esforço aliado na Segunda Guerra Mundial proporcionou sua inclusão no  programa Leand &Lease Act (Lei de Empréstimos e Arrendamentos), gerando o recebimento de armas, equipamentos e  milhares de veículos motorizados modernos, sendo grande parte composta por caminhões de diversos modelos que viriam a preencher uma das maiores necessidades do Exército Brasileiro que tinha em suas fileiras antigos caminhões civis adaptados a operação militar com tração 4X2,  sendo complementados por poucos veículos de transporte  alemães 6X6 Henschel & Son e americanos Thornycroft Tartar 6X4.

As primeiras unidades dos modelos CCKW-352 e CCKW-353 começaram a ser recebidas no Brasil a partir de 1941, porém as primeiras unidades das versões de transporte de combustível e cisterna dos modelos CCKW 353C2 D1  “cabine aberta” e  CCKW 353C2 D1  “cabine fechada” seriam recebidas somente na Itália a partir da chegada das tropas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) onde seriam empregados no abastecimento em transito dos caminhões , jeeps e blindados leves M-8, e também pelos contingentes da Força Aérea Brasileira que dotariam o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação. Os modelos recebido em termos de capacidade de transporte de líquidos estavam divididos em duas configurações, sendo uma com tanque individual para 1.420 litros e a outra dotada de somente um tanque para 2.840 litros.
Os CCKW 353C2 D1 e CCKW 353C2 D2 da FEB acompanharam todo o deslocamento das tropas brasileiras na campanha da Itália, o mesmo ocorrendo com os veículos da FAB que foram transferidos juntamente com a equipe de terra com a mudança, do 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1º Esquadrilha de Ligação e Observação de aeródromos se aproximando cada vez mais da linha de frente. Após o termino do conflito os GMC CCKW-352 A1 e B2 remanescentes seriam remetidos via naval ao Brasil juntamente com todo o equipamento pertencente a FEB, novos lotes de caminhões novos lotes de caminhões seriam recebidos no pós-guerra nos termos dos programas de ajuda militar celebrados entre o Brasil e Estados Unidos, além das versões básicas de transporte o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira receberiam mais unidades das versões de transporte de combustível, sendo os mesmos distribuídos entre bases áreas e unidades mecanizadas espalhadas ao longo do território nacional.
No final da década de 1960, advento da terceirização do serviço de abastecimento de querosene de aviação para as aeronaves da Força Aérea Brasileira, viria a abreviar a carreira deste modelo na aeronáutica, porém no Exército o mesmo iria se manter na ativa até meados da década de 1970, quando passaram a ser substituídos por novos modelos oriundos da família REO. Algumas unidades foram preservadas para exposição estática, porém em 2015 o 19º RC Mec em conjunto com entusiastas e empresários promoveu a recuperação de um CCKW-353 6x6 matricula EB22-6396 que com o minucioso trabalho de restauração dos componentes da viatura por mecânicos especialistas do Pelotão de Manutenção do Regimento, ficou pronto para a participação do desfile  comemorativo do 70º aniversário do início das operações da Força Expedicionária Brasileira (FEB) em  7 de setembro deste ano na guarnição de Santa Rosa, RS.

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