No final da década de 1950 o comando do Exército Norte Americano, lançou uma concorrência para o desenvolvimento de um veículo blindado de transporte de tropas sob esteiras para a substituição dos modelos em uso, sendo o pioneiro M-75, que apesar de ser um veículo robusto e de alta confiabilidade apresentava como principal característica negativa seu excessivo peso de deslocamento o que além de prejudicar sua capacidade em acompanhar os demais veículos blindados em campo, limitava sua capacidade anfíbia e não permitia ser aero transportado. Seu sucessor o M-59 foi concebido como um blindado mais leve, porem teve sua blindagem sacrificada neste processo, se mostrando também inadequado a missão.
Os requisitos deste novo projeto visavam unir as melhores características do M-75 e M-59 criando assim o conceito Airborne Armored Multi-Purpose Vehicle (AAM-PVF), o projeto escolhido era da FMC Food Machinery Corp. a mesma fabricante dos modelos antecessores, aplicaria neste novo blindado o sistema de blindagem em duralumínio que fora desenvolvido em parceria com a empresa Kaiser Aluminum and Chemical Co. que traria ao projeto a proteção blindada do M-75 aliada a mobilidade do M-59. Inicialmente a FMC apresentou duas propostas distintas sendo o T113 em alumínio e o T-117 em aço, resultando como escolha o modelo T113, que gerou o primeiro protótipo designado M-113 sendo dotado com um motor a gasolina Chrysler 75M V8. As primeiras unidades de produção foram entregues ao Exército Norte Americano em 1960. Em 1964 testes de campo validaram um novo protótipo agora empregando um novo motor a diesel passando a ser designado M113-A1, que seria a versão predominante no exército desde então.O M113 foi desenvolvido como um blindado leve e confiável capaz de ser transportado e lançado por aeronaves de transporte como C-130 e C-141, sendo usado unicamente para transporte de tropas até a linha de frente (11 soldados totalmente equipados), servindo de escudo até o desembarque dos mesmos quando daí deveria recuar para a retaguarda, como armamento de defesa contava com uma metralhadora M2 Browning de calibre .50 (12,7 mm) operada pelo comandante.
Em 30 de março de 1962, o primeiro lote de 32 M113s chegou ao Vietnã e foram enviados para duas companhias mecanizadas do Exército da República do Vietnã (ARVN), cada uma equipada com 15 M-113 que receberam seu batismo de fogo durante a Batalha de Ap Bac em janeiro de 1963, o que evidenciou a necessidade de alterações no projeto visando melhorias no sistema de blindagem. Com a implementação destas modificações o veículo tornou se viável para situações de combate real e sua plataforma mostrou-se extremamente customizável para novas versões com emprego especializado entre eles carro comando porta morteiro, lança chamas, antitanque com misseis tow, antiaéreo e socorro.
O M577 foi desenvolvido como carro comando com o conceito de projetar um centro de comando e comunicações avançado na linha de frente dos conflitos, para isto sofreu alterações em seu casco, recebendo uma elevação em seu habitáculo gerando assim espaço para movimentação interna, um sistema de rádio de longo alcance e APU (unidade de potência auxiliar)de 4,2 kW disposto na parte frontal direita do veículo com capacidade para fornecer 24 volts, visando assim manter em funcionamento os sistemas, as primeiras unidades começaram a ser entregues a partir de 1963.
Um dos pontos importantes desta nova versão foi manutenção da capacidade anfíbia do restante da família M-113, e a adição de um tanque de combustível suplementar instalado na parte traseira lhe garante uma autonomia superior aos demais modelos. Embora o M577 foi originalmente desenvolvido para ser usado como um veículo de posto de comando, também pode ser usado como um centro diretor de fogo, veículo de comunicações móvel e unidade de tratamento médico, tal versatilidade lhe garantiu uma produção de 7.792 unidades dispostos em quatro versões sendo empregada por cerca de 12 nações até a atualidade.
Emprego no Brasil.
O emprego do M577 no Brasil tem início juntamente com a criação da arma blindada do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha em meados da década de 1970. Este processo previa principalmente a aquisição de veículos blindados para transporte de tropa e em março de 1976 começavam a chegar os primeiros M-113 e juntamente duas unidades do carro comando na versão M577A1, estes blindados foram destinados a Companhia de Viaturas Anfíbias (CiaVtrAnf) em dezembro do ano seguinte e permaneceram em serviço por mais de 35 anos, onde foram incluídas no processo de modernização realizado pelo Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais em conjunto com a empresa israelense Israel Military Industries (IMI), que tem como premissas a troca do grupo motriz com uma nova transmissão 3200SP Allison, motor Caterpillar C7, kit de flutuabilidade, tanques de combustível externos, alternador de 200 amp e estação de armas Platt MR555 Mod 2, além de melhorias nos sistema de comunicação, permitindo se manter em operação por mais vinte anos.
Em outubro de 2015 o Exército Brasileiro celebrou com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos a doação de 50 veículos blindados diversos, entre eles estavam 34 veículos tipo posto de comando M577 A2, versão posterior a recebida pelo Corpo de Fuzileiros Navais, que apresenta significativas melhorias como de materiais postônicos, inclusive de visão noturna. Os carros chegaram em 19 de setembro de 2016, desembarcando no porto de Paranaguá (PR), de onde foram imediatamente transportados para o Parque Regional de Manutenção 5 (PqRMnt/5) na cidade de Curitiba, para a realização de uma manutenção básica e aplicação de esquema de padrão de pintura padrão do exército. Apesar da aparência desgastada apresentada quando de seu recebimento fruto de seu tempo de armazenamento no deserto no Sierra Army Depot, na Califórnia, os M577 A2 são veículos com pouquíssimo uso, sendo que alguns deles apresentavam apenas 7 a 54 milhas de rodagem, e seus ohmímetros (instrumento de medida que indica a quantidade de horas que estiveram em funcionamento) registrando apenas de 45 a 300 horas, reforçando assim a excelente oportunidade aproveitada pelo exército. A única observação senão é que nem todos os M577 A2 estavam com os geradores de energia elétrica, necessários para operar com equipamentos de comunicação complexos, e nos que vieram, os motores funcionam com gasolina, sendo que o diesel é o combustível operacional, o que pode ser facilmente resolvido, incluindo a utilização de alguns componentes nacionais.
Após sofrerem a revisão básica e serem postos em serviço quatro M577 A2 foram encaminhados para o 20º Batalhão de Infantaria Blindada (20ºBIB) para Experimentação Doutrinária (ED), integrando temporariamente essa unidade. O primeiro emprego operacional do modelo se deu na Operação Aço realizada em novembro de 2016, onde foram empregados junto ao 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda Cav Bld), os M577 A2 compuseram o Posto de Comando Tático do 20º BIB, neste cenário o carro foi avaliado para obtenção dados quanto a seu emprego, possibilidades e limitações. Posteriormente os veículos foram destinados a gestão do Comando Logístico (COLOG) que passou a distribuir os mesmos as unidades aos Grupos de Artilharia Autopropulsada, Regimentos de Carros de Combate e Batalhões de Infantaria Blindada, inicialmente além do Centro de Instrução de Blindados, seis unidades já incorporaram o modelo e tudo indica que num futuro próximo os blindados restantes sejam destinados a mais unidades operacionais