terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

ART-556 CT-556


Um tipo de arma de fogo que a Taurus ainda não tinha experiência é o fuzil de assalto. Para poder entrar nesse segmento, ela assinou com a IWI (Israel Weapons Industries) um acordo para produção local do moderno fuzil TAR-21 Tavor, desenvolvido por eles. A ideia era fornecer este fuzil ao exercito brasileiro que estava em busca de um novo fuzil padrão para substituir os velhos e cansados fuzis FAL. Depois de perceber uma certa resistência com um modelo bullpup, a Taurus acabou indo em outra direção e resolveu desenvolver seu novo fuzil do zero. Um projeto novo desenvolvido com soluções já conhecidas, no que tange ao aspecto mecânico e seu funcionamento, mas com grande quantidade de soluções adotadas de acordo com pesquisas feitas junto aos profissionais de segurança  e militares para o aspecto estético da arma. Nasceu aqui o novo fuzil ART-556 e seu irmão menor, a carabina CT-556. Estas armas usam o velho e conhecido sistema de operação a gás, que movem uma haste que impulsiona o ferrolho rotativo com 6 engrasadores. Até ai, tudo bem. 90 % dos fuzis do mundo usam esse princípio. Porém a ergonomia foi inovador e o ART-556 tem soluções interessantes como o alojamento do carregador que segue a mesma linha do submetralhadora MT-40G2 descrita mais acima. Ou seja, já um suporte para  que a segunda mão fique apoiada na posição do poço do carregador. Outro ponto positivo desta família de armas é sua coronha rebatível e telescópica. dando boas opções de regulagem. A alavanca do ferrolho é ambidestra, o que mostra, mais uma vez a preocupação com a adaptação do usuário.
A diferença entre a carabina e o fuzil é justamente a capacidade de dar rajadas do fuzil, recurso este, inexistente na carabina que funciona exclusivamente em semi automático.
O ART-556 seguem em desenvolvimento para aperfeiçoar o produto. 
FICHA TÉCNICA ART-556
Tipo: Fuzil de assalto.
Sistema de operação: Tomada de gases e ferrolho rotativo. 
Calibre: 5,56X45 mm
Peso: 3,6 kg com cano de 10 pol; 3,8 kg com cano de 14,5 pol; 4 kg com cano de 16,5 pol.
Comprimento Total: 75 cm (Estendida e com cano de 10 pol).
Comprimento do Cano: 10, 14,5 pol, 16,5 pol e 20 pol.
Miras: Alça e massa totalmente regulável e aparelhos opticos
Velocidade na Boca do Cano: 950 m/seg.

HECKLER & KOCH G-36


FICHA TECNICA
Tipo: Fuzil de assalto
Calibre: 5,56 X 45 mm.
Miras: Uma mira reflex e uma luneta com aumento de 3X
Capacidade: carregador de 30 e 100 cartuchos (beta).
Taxa de tiro: 750 tiros/ min.
Peso vazio: G-36:3.6 Kg/ G-36K: 3.3 Kg/ G-36C: 2.8 Kg
Comprimento: G36: 100 cm/ G36K: 86cm/ G36C: 72 cm
Comprimento do cano: G-36: 19,89 pol; G-36K 12,52 pol e G-36C: 8,97 pol.
Sistema de operação: Ferrolho rotativo de 7 ressaltos com tomada de gases


DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
A famosa empresa Heckler & Koch da Alemanha, ou simplesmente HK, foi contratada pelo governo alemão para desenvolver um fuzil que pudesse substituir o clássico fuzil G-3 da mesma fabricante em uso pelo exército do país. Nessa empreitada complicada, dado o sucesso e qualidade do G-3, fazia essa missão algo particularmente desafiador. 
Assim a HK apresentou um novo e moderníssimo fuzil chamado G-11, que tinha um aspecto diferente do que estamos acostumados a ver em uma arma desse tipo e que fazia uso de um novo tipo de munição sem estojo (cartucho, como preferem alguns) também chamada de "caseless" em um calibre 4,7 mm, ou seja, era uma arma nova, com um novo conceito usando um novo calibre, diferente do que é usado pela OTAN, da qual a Alemanha faz parte. A questão da munição fora do padrão OTAN, assim como o fator custo, fizeram com que os alemães rejeitassem o G-11, e a HK acabou tentando fornecer o fuzil G-41, que representava uma tentativa de fornecer um substituto para o G-3, no calibre padrão da OTAN (5,56X45 mm) em uma arma moderna. Porém, por usar um sistema de operação com recuo simples retardado ou "blowback" com retardo idêntico ao usado no próprio G-3, acabou sendo rejeitado pelo exército que queria algo efetivamente novo.
Acima: O inovador (e estranho) fuzil HK G-11 com sua munição sem cartucho foi rejeitado devido a usar uma munição fora do padrão OTAN e por ser mais caro. 
Uma vez que estava claro o que o exército alemão queria, a HK arregaçou as mangas e desenvolveu uma nova família de fuzis para satisfazer as necessidades do exército de seu país, porém, pensando também, no mercado de exportação. A nova arma deveria disparar o calibre padrão da OTAN e ser uma arma que tivesse elementos modernos e ser confiável para poder justificar sua aquisição pelos exércitos que já operassem um fuzil no referido calibre, amplamente disseminado no ocidente.
O novo Fuzil da HK foi batizado de HK-50, dentro da empresa, e  foi o resultado deste estudo. Seu sistema de funcionamento é o de tomada de gases com trancamento de ferrolho rotativo, o que melhora a confiabilidade do fuzil. Segundo a HK, o G-36 pode operar sem limpeza até os 15000 tiros, ou seja, no limite da vida util de seu cano. O ferrolho, por sua vez, tem funcionamento ambidestro, facilitando seu uso por pessoas canhotas.
Esse sistema de funcionamento é uma novidade nos produtos HK, que sempre usou o trancamento por roletes como observado no começo desse texto. Depois que o exército alemão decidiu adotar o HK-50, ele passou a se chamar G-36, e este é o nome comercial que foi assumido por este moderno fuzil no mercado internacional.
Acima: Este foi a primeira geração do G-36. Atualmente a arma recebeu muitos refinamentos que a tornaram mais pratica para o ambiente tático.
O G-36 é construído, quase na sua totalidade, de polímero de alto impacto, sendo que as partes metálicas são as poucas que ainda não seriam seguras para serem construída com polímero, como o cano, cabeça do trancamento do ferrolho e molas. O cano, em especial, é produzido com tratamento com cromo duro, forjado por um processo conhecido como martelamento a frio que torna o cano mais resistente e capaz de disparos mais precisos. A coronha de todas as versões deste fuzil é rebatível, permitindo maior facilidade de transporte em lugares apertados, e as versões mais recente possui, também, um novo modelo de coronha que também é retrátil, como é o seu mais próximo concorrente, o fuzil belga FN SCAR. O carregador também é de polímero porém, com acabamento semitransparente ou "translucido", o que torna a visualização da quantidade de munição disponível muito fácil e rápido, além de serem mais resistente e leves que os carregadores tradicionais de aço como os do AR-15/ M-16. Ainda nos carregadores, existem dois encaixes nas laterais deles, que permite acoplar outros carregadores, um nos outros,  agilizando a troca de carregador, também muito rápida.
Acima: O carregador translucido do G-36 é fabricado em polímero e é bastante resistente, além de facilitar a verificação da quantidade de munição.
A versão básica do fuzil G-36 tem um metro de comprimento e um cano de 18,89 polegadas. A mira, dessa versão, é um modulo que contém uma luneta com aumento de 3X com um ponto vermelho que permite executar o tiro com precisão até 800 m, e um visor óptico, com um ponto vermelho também, mas sem aumento, para acoplamento de alvos até 200 metros em rápida visada. Miras compostas como essa estão cada vez mais comuns nos projetos modernos. 
A versão curta do deste fuzil é chamada de G-36K (de Kurtz), pensada para operações especiais e para pára-quedistas. Essa versão tem 86 cm de comprimento total e seu cano possui 12,52 polegadas Essa versão, em minha opinião, é a mais interessante como arma padrão da tropa, sendo que a versão básica (maior), eu usaria para tiros de precisão, e para ser usada como metralhadora leve (versão MG-36), que mostrarei a frente. Esta é a versão mais usada pelos órgãos de segurança publica junto com seu irmão menor o G-36C que é a versão mais compacta da série, e desenhada para ser usada com arma de “invasão” ou CQB (closed quarter battle ou combate em ambientes fechados), por suas dimensões serem as mesmas de uma submetralhadora HK MP5. Esta arma mede 72 cm com a coronha estendida e seu pequeno cano tem 8,97 polegadas, não sendo indicada para tiros em distancias maiores de 50 metros.
Acima: O G-36K possui predileção por forças policiais e de tropas de operações especiais devido ao equilíbrio do conjunto.
Abaixo: A ultima versão G-36K é o G-36KA4 disponibilizado pela HK em 2014.
Existe uma versão com cano reforçado chamado MG-36, equipado com carregador BETA de 100 tiros para uso como metralhadora de apoio de fogo. Possui o tamanho da versão básica do G-36 e é equipada com um bipé no fim da telha (ou guarda mão, como preferem algumas pessoas) para apoio em tiros de rajada. Esta versão é muito útil para se conseguir uma padronização do equipamento. Normalmente a arma que faz o papel de metralhadora de apoio de fogo é uma arma totalmente diferente do fuzil e muitas vezes mais pesada também.
O G-36 pode ser usado com um lançador de granada de 40 mm modelo AG-36 fabricado pela própria HK e que tem capacidade de atingir alvos de área (sem ponto específico) a 400 m ou um ponto específico a 150 m
Acima: O MG-36 é uma versão do G-36 para apoio de fogo que e para isso usa uma carregador Beta Mag de 100 tiros e um bipé de apoio montado ao fim do guarda mão.
Para o mercado civil de países que são, verdadeiramente democráticos, a HK criou uma versão focada para esses consumidores. O G-36 "civilizado" se chama SL-8 que usa o mesmo calibre, o 5,56 X 45 mm, mas com uma ergonomia completamente redesenhada para o conforto do atirador. Nesta versão um trilho picatinny, bastante longo está montado acima do rifle facilitando a instalação de boas lunetas de precisão. Infelizmente, por se tratar de um equipamento de altíssima qualidade, o seu preço é elevado também, chegando aos U$ 3500,00 dólares no mercado norte americano. Atualmente este modelo está fora de linha, sendo que o modelo civil do G-36 que está sendo comercializado é o HK-243 SAR que tem maior semelhança com a versão militar. Este modelo divide espaço no mercado com um outro produto: O MR-556 e MR-762 que são modelos que usam o desenho do conhecido AR-15, mas com sistema de funcionamento similar ao usado no G-36.
Acima: O caro HK SL-8 é a versão civil do fuzil G-36. Embora seja uma arma superior em termos de confiabilidade, seu aoto custo e a preferência do mercado civil por derivados do AR-15, fizeram a HK fechar a linha de produção desta versão. Atualmente o modelo civil é o HK-243 que pode ser visto na foto abaixo:
Recentemente o exercito dos Estados Unidos e o departamento de defesa americano avaliaram uma proposta da Heckler and Koch para um substituto do famoso M-16 / AR-15 como armamento padrão do infante do exercito norte americano. O fuzil HK XM-8, um derivado do G-36, foi amplamente testado pelos soldados dos Estados Unidos, sendo que alguns foram mandados até para o Afeganistão. Porém o alto custo da mudança de armamento, sem que houvesse uma vantagem significativa do novo armamento sobre o M-16, acabou por terminar o programa do XM-8. O exercito busca uma arma com possibilidade de mudar de calibre e assim impor uma maior vantagem tática no campo de batalha, algo que com o XM-8, original, não era possível.
Acima: A pequena versão para combate CQB )combate em ambientes fechados) é o G-36C. Este modelo, assim como a G-36K são muito apreciadas por forças policiais do mundo todo.
Abaixo: O XM-8 foi um projeto para substituir o M-16 e M4 no exército dos Esyados Unidos. Porém devido aos altos custos e a poucas vantagens, o projeto acabou cancelado.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

ARTEC GmbH BOXER MRAV


FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 103 Km/h.
Alcance máximo: 1100km.
Motor: Um motor MTU 8V 199 TE20 alimentado a diesel  com 711 Hp
Peso: 33 Toneladas.
Altura: 2,37 m.
Comprimento: 7,88 m.
Largura: 2,99 m
Tripulação: 3+8 soldados equipados.
Armamento: Variável com a versão. Ver texto
Trincheira: 2 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 30º
Obstáculo vertical: 0,8 m
Passagem de vau: 1,2.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S Junior
Uma das características mais marcantes dos produtos da industria bélica alemã que se tornaram uma espécie de “marca registrada” deles é o tamanho de seus veículos de combate terrestre. O veículo blindado sobre rodas do exército alemão, batizado de Boxer, não é uma exceção. Com suas 33 toneladas de peso bruto, o Boxer é 8 toneladas mais pesado que a média dos veículos de sua categoria. Na verdade, o Boxer não um projeto somente da industria alemã, mas uma criação conjunta entre a industria britânica, francesa, alemã e holandesa que precisaram desenvolver uma nova geração de veículo blindado sobre rodas para múltiplas missões e que o modelo básico fosse um transporte de tropas em meados de 1998.  A França e a Inglaterra se retiraram do programa em 1999 e 2003 respectivamente, passando a desenvolverem seus próprios projetos, deixando apenas a Alemanha e Holanda no programa do Boxer. O primeiro blindado ficou pronto em 2002 e foi entregue para o Exército Alemão para testes. A Alemanha encomendou 272 unidades do Boxer e a Holanda pediu 200 unidades.

Acima: A Alemanha encomendou, inicialmente 272 unidades do Boxer para seu exército. Esta encomenda foi seguida por um lote adicional cujo término das entregas deve ocorrer durante o ano de 2018.
O Boxer, como todos os projetos recentes de veículos sobre rodas, tem na sua modularidade seu principal atributo. Assim, o modelo básico pode ser preparado para diversas missões específicas com a fácil instalação de módulos de missão que podem ser substituídos rapidamente para modificar a função do veículo, promovendo um efeito multiplicador a frota de Boxers, através desta flexibilidade de emprego. Para se ter uma ideia da facilidade desse sistema de módulos, basta observar que em apenas uma hora os módulos são trocados mudando o perfil de missão do veículo. Nesse aspecto, o Boxer pode ser considerado superior a outros blindados da mesma categoria.
A blindagem do Boxer é particularmente forte e é composta de cerâmica com outros elementos não especificados. Normalmente esse tipo de informação é classificada, mas certamente deve haver tecnologia adquirida na produção da blindagem de outros veículos alemães como o poderoso carro de combate pesado Leopard 2A6. Porém, é informado pelo fabricante que a blindagem do Boxer suporta impactos de 30 mm na parte frontal e de munição 12,7 mm no resto de veículo. O assoalho é reforçado com três camadas para proteger contra minas e IEDs (Explosivos improvisados), muito usados em guerra irregular para destruir ou inutilizar os veículos e tanques inimigos.
Acima: Nesta ilustração podemos ver de forma fácil como funciona o sistema de modularidade do Boxer. Esta forma de troca de módulos, pode ser empregada até mesmo em projetos de outras áreas como a naval (já tem sistemas parecidos em navios) e em projetos de aeronaves de combate.
A versão básica do Boxer é capaz de transportar 8 soldados totalmente equipados. A capacidade de transporte de carga excede 8 toneladas, dando muita flexibilidade para adaptações de módulos de missão mais pesados. Ele pode ser usado como posto de comando, porta morteiro de 120 mm, ambulância, transporte logístico entre outras versões, ao gosto do cliente. A Lituânia, o terceiro país a adquirir o Boxer, usa o modelo como um IFV (Infantry Fighting Vehicle) que usa uma torre Samson Mk2, armada com um canhão de 30 mm e um lançador duplo para mísseis anti tanque Splike -LR, guiado por infravermelho e com alcance de 4 km. É interessante que a Lituânica batizopu sua versão do Boxer como "Vilkas IFV". Já, a Austrália, testou a versão Boxer CRV equipada com uma moderna torre Lance que é armada com um canhão automático Rheinmetall MK30-2/ ABM em calibre 30 mm para seu programa de aquisição de um veículo blindado de combate (AFV) sobe o nome Land 400, que deve ter sua seleção decidida em meados de 2018.
Acima: A versão Boxer CRV é armada com um poderoso canhão automático Rheinmetall MK30-2/ ABM em calibre 30 mm capaz de destruir viaturas leves e causar danos graves em veículos maiores como IFVs ou mesmo MBTs, dependendo do modelo.
O Boxer é propulsado por um motor MTU 8V 199 TE20 alimentado a diesel, e que produz 711 Hp de força. A velocidade máxima é de 103 km/h em estrada, o que o torna um dos mais rápidos veículos blindados sobre rodas da atualidade. A autonomia é muito boa, chegando a 1100 km também o colocando em destaque como o blindado de maior autonomia dessa categoria. Todos estas capacidades, é claro, dificilmente, sairia barato. Cada Boxer, básico, custa cerca de U$ 4,5 milhões, cerca de 3 vezes mais que um MOWAG Piranha IIIC, como o usado pelos fuzileiros navais brasileiros. Assim o Boxer traz mais força para uma tendência em se utilizar veículos sobre rodas modulares capazes de múltiplas missões, ainda mais por que a guerra tem se tornado cada vez mais urbana, onde blindados sobre lagartas não tem a mesma agilidade que um blindado sobre rodas.
Acima: Uma das missões que o Boxer pode assumir é o de posto de comando. Nesta foto podemos ver um exemplar desta versão do exército holandês. 

Acima: O Boxer é uma viatura de grandes dimensões.  O "maiorzinho" ali da esquerda é um Boxer CRV, seguido pelo Patria AMV, M-1A1 Abrams (sim, é um MBT!), e um LAV-25.

TUPOLEV TU-160M BLACKJACK


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,82 (1000 km/h)
Velocidade máxima: Mach 1,89 (2000 km/h em alta altitude)
Alcance: 12300 km (travessia e sem reabastecimento)
Teto de serviço: 15600 m.
Propulsão: 4 turbofans Kuznetosov NK-32, com empuxo “seco” unitário de 13.700 kg e em regime de pós-combustão de 25.000kg
DIMENSÕES
Comprimento: 54,10 m
Envergadura: 55,7 m (asas abertas), 33,6 m (asas enflechadas)
Altura: 13,6 m
Peso: 110.000 kg (vazio) e 275000 kg (com máxima carga)
ARMAMENTO
40000 kg de capacidade de transporte de armas que podem ser na forma de doze misseis nucleares de cruzeiro Raduga Kh-55SM "Kent"ou sua versão convencional Kh-555 “Kent-A”, com o mesmo alcance, mas com ogiva de 400 kg de alto explosivo); 12 mísseis Kh-101/102; 20 bombas convencionais de planeio guiadas UPAB-1500; 12 mísseis nucleares de curto alcance Kh-15 "Kickback"

DESCRIÇÃO
Por Sérgio Santana
Curiosamente, a aeronave identificada como Tupolev Tu-160 “Blackjack” é o aperfeiçoamento dos projetos T-4MS e M-18/20, elaborados pelos escritórios rivais OKB-51 e OKB-23, liderados respectivamente por Pavel O. Sukhoi e Vladimir M. Myasishchev.
Em 28 de novembro de 1967 o governo soviético emitiu a ordem 1098-378, estabelecendo as especificações técnicas de um bombardeiro tripulado supersônico de alcance intercontinental armado com até quatro mísseis Kh-45 ou vinte Kh-22; velocidade máxima entre 3200-3500 km/h, na qual devia cobrir uma distância de 11.000-13.000 km voando a 18.000 metros. Estas e outras características deviam ser superiores à ameaça colocada pelo projeto norte-americano AMSA, cujo resultado final é o B-1B Lancer (já descrito no WARFARE).
Todavia, em fins de 1972, após os dois competidores terem analisado diversas configurações aerodinâmicas, o Alto Comando da Força Aérea decidiu que a nenhum deles seria autorizado o desenvolvimento: No que dizia respeito à Myasishchev isto se devia a que suas instalações, resumidas a um conjunto de prédios nos arredores de Moscou foram considerados incapazes de produzir uma aeronave com aquela complexidade, mesmo já tendo concebido o primeiro bombardeiro a jato soviético, o M-4, codificado pela OTAN como “Bison”; enquanto que relativamente à Sukhoi, o impedimento se baseava na crença de que o novo projeto ultrapassava a sua capacidade, já comprometida com variantes do Su-17 “Fitter-C” e o refinamento de projetos que se tornaram o Su-27 “Flanker” e Su-24 ”Fencer”. Assim, todos os resultados da pesquisa para o novo bombardeiro foram repassados ao OKB Tupolev, que embora ocupado com o desenvolvimento de aeronaves civis – o trijato Tu-154 e o supersônico Tu-144 – e militares, como o Tu-142 e Tu-22M, viu prevalecida a sua experiência no tipo de plataforma que o governo buscava, mesmo tendo frequentado as reuniões sobre tal assunto apenas como “ouvinte”.
Acima: Uma das poucas fotos do protótipo do Sukhoi T-4M Sotka, que visava dar a Força Aérea Soviética (VVS) um bombardeiro estratégico de alta velocidade (3000 km/h) para fazer frente ao programa norte americano XB-70. A complexidade e a mudança de prioridades da VVS naquela época, motivou o cancelamento do projeto.

NASCE O TU-160
Inicialmente denominado “Produto K” ou Tu-156 (identificação utilizada por um modelo quadrimotor especializado em funções AEW), o TU-160 se beneficiou especialmente do projeto M-18, do qual as ambiciosas especificações foram reduzidas ao considerado minimamente útil: a obtenção do desempenho resultante combinou asas de enflechamento variável, para se adaptar a cruzeiros subsônicos de longo alcance bem como às bruscas acelerações supersônicas; motores turbofans de baixo consumo – mesmo com a pós-combustão acionada – e elevada potência, testados sob um Tu-142LL. Ainda que a mobilidade das entradas de ar a princípio aumentasse o índice de reflexão-radar (uma das maiores preocupações devido às dimensões do modelo) esta foi atenuada pelo revestimento absorvente de radiação composto por grafite negro. Com o mesmo objetivo, a seção frontal dos propulsores foi protegida por telas especiais.
A suave interação das asas com a fuselagem também servia a este propósito, além de aumentar a sustentação e a eficácia aerodinâmica do conjunto cuja estrutura é formada principalmente por ligas de alumínio, na proporção de 58%, com ligas de titânio, aço de alta resistência e materiais compostos também integrando o Tu-160.
Como no bombardeiro experimental Sukhoi Su-100, as superfícies de controle do “Blackjack” são acionadas por impulsos elétricos (sistema FBW), organizados em uma rede capaz de resistir a três falhas totais (triplamente redundante), com o comando da aeronave final sendo exercido mecanicamente como último recurso. O enflechamento das asas também é automático, de acordo com os perfis de voo.
Durante os voos longos, a instalação de um pequeno forno e de um toalete visou ao conforto da tripulação, composta por comandante, co-piloto e os dois operadores, um para sistema ofensivo e outro para o defensivo, acomodados em assentos K-36OL (equipados com kits de sobrevivência NAZ-7), capazes de ejeção individual ou em sequencia, acionada por qualquer tripulante. Caso a ejeção ocorra sobre a água, há um bote inflável LAS-5M. Em missões a grande altitude, o traje anti-G e o capacete ZSh-7B, ambos equipamentos padrões, são substituídos por uniformes de pressão total Baklan”, similares aos dos cosmonautas.
Além do controle da aeronave, a tripulação tem de supervisionar mais de 100 computadores digitais, dos diversos complexos eletrônicos, oito dos quais destinados à navegação. Tais máquinas integram o sistema duplo de navegação inercial K-042K; a navegação estelar e por satélite (Glonass); a suíte de comunicações multicanal, com antenas acima e abaixo do convés de voo; o radar de seguimento de terreno “Sopka”, para voos a baixíssima altura; o radar de navegação/ataque “Obzor-K”, capaz de fornecer guiagem de meio curso a mísseis ar-superfície e, finalmente, a instrumentação de voo, que inclui itens do Tu-22M3 “Backfire-C”.
Foi esta aeronave, identificada como “Produto 70-00” que decolou em 18 de dezembro de 1981 sob o comando de Boris I. Veremey, acompanhado de Sergey T. Agapov, além dos navegadores Mikhail M. Kazel e Anatoliy Yeriomenko, para um voo de 27 minutos, no qual atingiu a altitude de 2.000 metros. Por essa mesma época a aeronave foi casualmente fotografada por um turista ao lado de dois Tu-144, resultando em uma foto de má qualidade durante muito tempo atribuída a satélites norte-americanos. Logo depois disso, o Tu-160 recebeu da OTAN o código “Blackjack”. A introdução do tipo em serviço ocorreu em abril de 1987, quando começou a ser distribuído ao 184º Regimento de Bombardeiros Pesados da base aérea de Priluki, na então república soviética da Ucrânia de onde foram deslocados para território russo em 1999 após demorada negociação.
Acima: O Tu-160 tem um layout aerodinâmico que lembra o bombardeiro norte americano B-1B, cujo desempenho é bastante inferior ao do modelo russo. Embora isso possa alimentar a "fértil imaginação" de quem acredita que o russo é uma copia do modelo americano, a verdade é que o projeto do Blackjack tem objetivos um pouco diferentes e mais exigentes que os do B-1B.

APARECENDO AO MUNDO
Curiosamente, as primeiras pessoas, fora da União Soviética, a verem um Tu-160 de perto eram parte de uma delegação norte-americana chefiada pelo então Secretário de Defesa Frank Carlucci, que chegou a entrar no “Blackjack”  codificado “Vermelho 12”, estacionado na base aérea de Kubinka em 2 de agosto de 1988. Anos depois, este exemplar foi batizado “ Aleksandr Novikov”, em uma tradição dos tempos soviéticos de dar nome de personalidades às suas aeronaves.
Por sua vez, o público civil tomou conhecimento amplo do tipo em 20 de agosto do ano seguinte, quando um exemplar de desenvolvimento executou um voo rasante sobre a multidão reunida em Tushino para o Dia da Aviação, mas ainda naquele ano um dos Tu-160 se aproximou do litoral canadense após um voo de 12 horas. E entre 24 e 28 de maio de 1990, um Tu-160 comandado em rodízio por Vladimir Pavlov e Sergey Ossipov estabeleceu 18 recordes ainda em vigor para a sua classe (C-1r, Grupo 3, “aeronave a jato com peso máximo de decolagem entre 200.000 e 250.000 kg”), inclusive o de velocidade máxima, 1.017 km/h com 30.000 kg de carga num circuito fechado de 5.000 km, na localidade de Podmoskovnoe.
Em 1991, outro “Blackjack”, identificado “Vermelho 17”, foi interceptado por um elemento de F-16A da Real Força Aérea Norueguesa, orgânicos do 331º Esquadrão baseado em Bødo, assim inaugurando uma prática que obteve grande destaque na mídia mundial em 2007, quando exercícios de larga escala provocaram a reação não só de interceptadores noruegueses, mas igualmente dos seus pares norte-americanos, canadenses e britânicos em um intervalo de poucos dias. Uma interessante  aparição do Tu-160 se deu em 10 de setembro de 2008, quando dois exemplares, “Aleksandr Molodchii” e “Vladimir Sen’ko” pousaram na base aérea venezuelana de El Libertador. Depois desta visita América do Sul, os grandes bombardeiros russos Blackjack voltariam a dar as caras por aqui, em 29 de outubro de 2013, quando pousaram, novamente no país país sul americano. É digno de nota que os caças IAI Kfir da Força Aérea Colombiana tiveram certa dificuldade em acompanhar o Blackjack em sua rota para a Venezuela.
Acima: Um dos primeiros encontros entre o Ocidente e o Tu-160 Blackjack foi protagonizado por dois caças F-16A noruegueses em 1991.
O Tu-160 tem um peso máximo de decolagem de 275.000 kg, o que inclui 148.000 kg de combustível T-8 em 13 tanques de combustível internamente, que dependendo da carga de armas a ser empregada na missão, não são preenchidos completamente, para permitir a aeronave decolar, e serem reabastecidos em voo até o máximo, por uma aeronave tanque. O alcance máximo do Tu-160 é de 12300 km, sendo assim, capaz de atingir, praticamente, qualquer ponto do planeta sem precisar de reabastecimento em voo, recurso este, disponível nesta impressionante plataforma de combate.
A velocidade máxima em grande altitude (acima de 11000 metros) chega a incríveis mach 1,89, o que representa 2000 km/ h, segundo informação passada pelo site da Tupolev. Este desempenho é possível graças a 4 poderosos motores Kuznetosov NK-32 fornecem um empuxo máximo de 25000 kg cada um! Por isso, o Tu-160 é, efetivamente, o mais rápido bombardeiro estratégico do mundo atualmente, e deve se manter nesta posição por décadas a frente.
Acima: O bombardeiro Tu-160 Blackjack é propulsado por 4 motores Kuznetosov NK-32 fornecem um empuxo máximo de 25000 kg cada.

O BLACKJACK NO SÉCULO XXI
Em fins de novembro de 2017 o “Valentin Blyzniuk”, primeiro exemplar resultado do programa de modernização do Tupolev Tu-160 “Blackjack”, designado Tu-160M, teve o seu roll-out, ou seja, foi removido para fora das instalações da Gorbunov Aircraft Works, na cidade de Kazan, onde esteve sendo submetido às modificações previstas.
Também conhecida como “Produto 70M” (Izdeliye 70M), a nova aeronave concretiza uma modernização de meia-vida do “Blackjack”, na qual todos os sistemas de missão do modelo original foram substituídos. Os primeiros trabalhos de design técnico do Tu-160M foram completados em outubro de 2014 e envolveram as seguintes modificações: a incorporação do radar Novella NVI.70 (no lugar do Obzor-K); o sistema de navegação K-042KM (que abrange o navegador inercial BINS-SP-1, o dispositivo de navegação astronômica ANS-2009M e um computador de navegação); o radar de navegação DISS-021-70, o receptor de navegação por satélite A737DP, o piloto automático ABSU-200MT e a suíte de comunicação S-505-70. Os dados de voo serão exibidos em um novo sistema de displays digitais, que substituirão os mostradores analógicos. Um novo dispositivo que deve ser incorporado é casulo Raduga APK-9E Tekon para uso com as bombas UPAB-1500.
Acima: Os 16 exemplares do Tu-160 construídos, serão modernizados para o padrão M2. Nesta foto podemos ver o processo de modernização em pleno funcionamento na fábrica da Tupolev.
Entretanto, é provável que outros sistemas do “Blackjack” original permaneçam no Tu-160M, a exemplo do ADF ARK-22, Radar Doppler DISS-7, do Sistema de Pouso por Instrumentos Kvitok e do Sistema de Dados Aéreos SVS-2ts-4; Complexo de Navegação e Pontaria Buk-K (controlado por oito computadores Orbita-20, responsável pelo voo semiautomático para a área de lançamento dos misseis, sua preparação e lançamento e retorno à base); radar de seguimento de terreno Sopka; o sistema Sprut-SM para inicialização e lançamento de misseis Kh-55SM; e, finalmente, o sistema de gerenciamento de dados pré-voo SVVI-70, parte do Sistema de Planejamento de Missão Sigma, da aviação estratégica russa. O mesmo se aplica ao sistema de auto defesa I232 Baikal-M, que abrange o sensor de infravermelho Ogonyok e o sensor de alerta radar Kiparis, os interferidores SPS-171/SPS-172 Geran-IDU/-2DU, AG-56 Sevan e os lançadores de chaff e flare APP-50 (24 lançadores com três cartuchos cada), localizados na parte inferior do cone de cauda da aeronave.
Antes de incorporar as modificações do “M” o “Valentin Blyzniuk” (nome do projetista-chefe da aeronave) e outros Tu-160, igualmente batizados com o nome de personalidades da história soviético-russa, tais como o “Andrei Tupolev” (o fundador do escritório de projetos fabricante do “Blackjack”), o “Vasiliy Reshetnikov” (piloto de bombardeiros estratégicos) e “Vasiliy Senko” (navegador de bombardeiros estratégicos, também da Segunda Guerra Mundial), passaram pelo estágio preliminar de modificações, conhecido como “Tu-160M1”, no qual receberam alguns dispositivos do Tu-160M.
Acima: O cockpit do Tu-160 é relativamente simples para os padrões atuais, porém, depois de sua modernização para o padrão M2, ele estará dentro dos atuais padrões de configuração onde muitos de seus instrumentos analógicos serão substituídos por sistemas digitais representados por telas MFDs.

EMPREGO EM COMBATE
Antes que o novo Blackjack seja oficialmente declarado operacional, entretanto, a sua versão padrão obteve o batismo de fogo em missões reais, sobre a Síria em 17 de novembro de 2015. Naquela data os Tu-160 “Vitaliy Kopylov” e “Vladimir Sudets” atacaram alvos do grupo terrorista Estado Islâmico com 16 mísseis Kh-101 lançados a partir do território iraniano. Nos dias seguintes o Tu-160 voltou àquele teatro de operações, lançando também misseis Kh-555. Para estas missões o Blackjack decolou da sua base em Engels, voando sobre o Mar Cáspio em direção aos seus alvos; contudo, para uma daquelas missões, em 20 de novembro, dois Tu-160 decolaram da Base Aérea de Olenyogorsk, contornou a Noruega e as Ilhas Britânicas, entrou no Estreito de Gibraltar e percorreu toda a extensão do Mar Mediterrâneo para disparar oito misseis Kh-555 em alvos na Síria. A rota de retorno envolveu sobrevoar Síria (quando foram escoltados por caças Su-30SM), Iraque, Irã e o Mar Cáspio, e após tudo esse percurso, pousaram em Engels. Todo o voo cobriu mais de 13000km.
Acima: Aqui um Tu-160 lança um míssil de cruzeiro (provavelmente um Kh-55) contra um alvo do Estado Islâmico em território sírio. A foto foi feita a partir de um caça Su-30SM. Observe que um segundo caça Su-30SM aparece nesta foto embaixo e um pouco atrás do Blackjack.

AS GARRA DO URSO
No que se refere a armamentos, o Tu-160M tem a mesma capacidade do “Blackjack” original, ou seja, 40.000kg de mísseis e bombas transportados exclusivamente em dois compartimentos internos na fuselagem, que medem 11.28m de comprimento, 1.92m de largura e 2.4m de profundidade.
As opções de cargas incluem: Até doze misseis nucleares de cruzeiro Raduga Kh-55SM (AS-15 “Kent”, com 3500km de alcance e ogiva de 200 Kt (quilotons), ou sua versão convencional Kh-555, AS-15 “Kent-A”, com o mesmo alcance, mas com ogiva de 400 kg de alto explosivo) em dois lançadores giratórios sêxtuplos; a mesma quantidade de misseis Kh-101/102 (ambos com alcance de até 5000km, mas com ogiva nuclear de 250 kt no primeiro modelo e convencional de 400 kg no segundo); mais de 20 bombas convencionais de planeio guiadas a por sensor eletro-optico (EO) de 1500kg UPAB-1500, com alcance de 70 km.
Acima: Aqui podemos ver com mais detalhe o sistema MKU-6-5U de lançamento rotativo de mísseis usado no TU-160.
A Russia herdou 16 exemplares do Tu-160 Blackjack e que estão sendo modernizados. Porém, foi reaberto a linha de montagem para que sejam construídos mais 34 unidades que já sairão da linha de montagem na versão Tu-160M2, versão definitiva, à proporção de três exemplares por ano, que servirão à aviação estratégica russa por pelo menos quatro décadas, com entrada em serviço planejada para 2021. Estas poderosas aeronaves continuarão a serem empregadas ao lado do futuro bombardeiro estratégico russo PAK DA, atualmente em fase de projeto.
Acima: O Tu-160 faz uso de um sistema de asas de geometria variável, como um T-22M3 e o bombardeiro norte americano B-1B, o que lhe permite otimizar a navegação em velocidades altas ou baixas.