Para que eram necessários ? Qual é a utilidade de tanques anfíbios? Se estivermos defendendo nosso território, se estivermos em guerra eminentemente defensiva, tanques anfíbios não são realmente necessários. Podemos passar sem eles. Para deter o inimigo, é melhor ter tanques de blindagem espessa e armas poderosas - quanto mais pesadas e potentes, melhor. Se não pudermos deter o inimigo na guerra defensiva, seremos forçados a bater em retirada. E fugimos usando nossas pontes. Se o inimigo ameaçar tomá-las, podemos detoná-las e levá-lo conosco. Há pouco uso para tanques de blindagem leve e metralhadoras numa guerra defensiva. Sua capacidade de flutuar não tem utilidade alguma: na guerra defensiva não há lugar para navegar.
Porém, se estamos numa cruzada pelo domínio do mundo, quando é preciso tanger a população do planeta para campos de concentração, onde ela forme exércitos de operários - a chamada trudóvaia ármia, exército de mão de obra - , nossas necessidades são outras. Para invadir a linha inimiga, precisamos de tanques pesados, com maior blindagem e canhões mais potentes. Se acontece uma batalha, se duas unidades de tanques colidem, precisamos dos mais poderosos tanques. Quando a linha de frente é rompida, e os tanques inimigos desbaratados, nossa tarefa muda para aproveitar o momento e avançar fundo na retaguarda inimiga, a fim de dividir suas defesas e ter acesso a suas linhas de comunicação e suprimentos, atingir a aorta e cortá-la, separando o inimigo das bases, e alcançar a capital, as regiões industriais, as fontes de petróleo e os portos. O tanque pesado não é bom para esse avanço. Devido ao peso ele quebra estradas e pontes, e ainda fia no caminho de quem o acompanha. Um tanque pesado consome muito combustível; tente abastecer milhares de tanques, caminhões de reboque e outro tanto de veículos que queiram avançar no território inimigo. Além de tudo isso, um tanque pesado é também lento e pouco ágil, retardando o deslocamento das colunas. E ainda por cima ele se desgasta rapidamente e perde o fôlego, tal como o peso-pesado numa maratona. Para um avanço rápido, tanques médios e leves são ideais. Possuem blindagem mais frágil, armas menos potentes, mas têm muito maor velocidade, facilidade de manobrar e atravessar o país. E gastam menos combustível.
Agora, nossa armada blindada está diante de um obstáculo de águas. Aqui, todos os tanques médios e pesados, bem como os leves que não foram ensinados a flutuar, perdem seu poder de agressão. Seu valor cai a zero. Precisam de uma ponte; mas o inimigo protege as pontes a as detona, quando se sente ameaçado. É preciso lutar pelas pontes. E é melhor lutar não deste lado, mas do outro lado do rio, onde ninguém nos espera. Nessa situação, o valor dos tanques anfíbios leves cresce tremendamente. Se dois, três, cinco, dez tanques atravessarem o rio à noite, e com um ataque fulminante tomaem a ponte pela retaguarda, isso pode decidir o destino da operação, ou até da própria guerra. Agora é possível levar para o território inimigo, através da ponte recém-tomada, os tanques médios e pesados, junto de artilharia, infantaria, pessoal, hospitais inteiros, toneladas de munição, combustível e peças de reserva. Agora é possível usar a ponte tomada para mandar prisioneiros, feridos de guerra e troféus para a retaguarda, além de mandar de volta para conserto a maquinaria danificada.
Se for impossível tomar a ponte, tanques anfíbios tornam-se realmente valiosos. E não havendo pontes inimigas, precisamos instalar nossas pontes temporárias, para a transporte de bens através do rio. Para isso, precisamos estabelecer uma cabeça de ponte no outro lado. A infantaria então é enviada. Sobre troncos, pranchas de madeira e jangadas infláveis, eles tentam chegar à outra margem. Enquanto isso, são alvo de metralhadoras, morteiros e rifles automáticos. Aqui, entre os que tentam nadar, imagine dez ou vinte tanques leves. Sua blindagem não sofre com balas nem bombas de fragmentos, ao passo que suas metralhadoras podem cuspir fogo, quando nenhum dos que estão nadando pode dar um único tiro.
Agora atingimos a outra margem. O mais importante a fazer é abrigar-se de algum modo, é cavar trincheiras no chão nos próximos vinte minutos ou mais, para que o contra-ataque não caia sobre nós. Assim, morteiros e metralhadoras não serão tão destrutivos, e os atiradores e soldados inimigos não serão tão letais. Nossa infantaria molhada, ferida e exausta não porta armas pesadas nem munição. Portanto nesses primeiros e terríveis minutos em território inimigo, a presença, a ajuda e o apoio de um único tanque leve, com uma única metralhadora, é mais valiosa e importante que dez truculentos tanques pesados, que seriam forçados a ficar do nosso lado do rio.
trecho do livro " O Grande Culpado - O plano de Stálin para iniciar a II Guerra Mundial" de Viktor Suvorov. Este livro revela coisas sobre Hitler e Stálin que eu, há mais de 20 anos lendo sobre a II GM, não sabia. vale a pena - muito bom.
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