quinta-feira, 10 de maio de 2018

Estratégia Naval





As operações terrestres e navais destingem-se pelos seus objetivos e o meio físico onde se desenvolvem, ficando estas menos sujeitas às peculiaridades da área de operações. A influência de fatores como configuração geográfica (terreno), condições climáticas e meteorológicas não é significativa e em muitos casos inexiste. Excetua-se a operação anfíbia, que é fortemente afetada pelos fatores do meio físico marítimo, até a linha da praia, e terrestre, onde atua a força de desembarque.

A força naval que dispõe de maior poder de combate, procura prover a segurança de áreas consideradas vitais para o sucesso das operações, integridades de suas linhas de comunicação, ao mesmo tempo que, através de operações ofensivas, busca a destruição da armada oponente, a interrupção de suas linhas de comunicação, a penetração em áreas sob o controle inimigo, bem como a conquista e/ou neutralização de bases navais e terminais portuários existentes; normalmente essa força reúne reais possibilidades de conduzir operações anfíbias no litoral defendido.

A força naval de poder inferior procura, por meio de operações de desgaste, debilitar o poder de combate do atacante, dividindo-o e combatendo frações de suas forças separadamente, evitando que seja apresentada força que ameacem áreas vitais, obstruam suas linhas de comunicações, neutralizem suas bases e possa realizar uma operação de desembarque anfíbio.


AS TAREFAS BÁSICAS DO PODER NAVAL

A guerra naval consiste no emprego de meios de superfície e submarinos, aeronaves e anfíbios, utilizando-se inclusive, de força terrestre, com a finalidade de executar uma ou mais das seguintes tarefas básicas:
  • Controlar Áreas Marítimas: O controle de áreas marítimas normalmente acontece por tempo limitado, e assegura a utilização desta área com um certo grau de segurança por quem o exerce, ou impõem uma dificuldade de sua utilização pelo inimigo; e é obtido pela destruição ou neutralização das forças navais inimigas ou sua contenção, impedindo seu posicionamento nas áreas de interesse.
  • Negar o uso do mar ao inimigo: Negar o uso do mar ao inimigo consiste em dificultar-lhe o controle de suas áreas marítimas de interesse, ou evitar que explore o controle obtido em seu proveito. Essa tarefa é desempenhada quase sempre pelo poder naval que não reúne condições de estabelecer, ele próprio, o controle das áreas marítimas de interesse, e é conduzida por meio de ações de desgaste realizadas, principalmente por submarinos e minagem de áreas.
  • Projetar poder sobre terra: Projetar poder sobre terra consiste em executar uma ou mais das seguintes atividades:

    • Bombardeio a partir do mar em alvos na praia ou além desta
    • Executar operações de natureza anfíbia



OPERAÇÕES DE GUERRA NAVAL

Poder Naval se vale de diferentes tipos de operações navais, para cumprimento de suas tarefas básicas: 


  • Ataque ou proteção às comunicações marítimas
  • Bloqueio de vias marítimas
  • Projeção de poder sobre terra 
  • Defesa do litoral.




Para a execução das operações navais, os meios em um teatro de operações marítimo (TOM), são normalmente agrupados em forças-tarefa, cuja composição e organização dependem fundamentalmente da missão a ser cumprida, da situação existente e das tarefas atribuídas aos componentes da organização. As operações navais típicas são: 
  • Ataque à forças inimigas: Operações de Ataque são aquelas executadas por navios de superfície, submarinos, aeronaves e/ou fuzileiros navais, com as finalidades de destruir ou neutralizar forças navais, aéreas ou terrestres, bem como os meios empregados nas comunicações marítimas do inimigo. Estão aí incluídos o ataque à bases navais e portos, a interdição de comunicações terrestres, A debilitação de resistências em áreas terrestres, além da neutralização ou debilitação objetivos em terra e ao longo do litoral. 
  • Combate anti-submarino: O Combate anti-submarino é executado específica e diretamente contra os submarinos do inimigo, com o intuito de negar-lhe o uso eficaz desses meios, em face da ameaça que representam; podem visar aos submarinos em trânsito ou aos posicionados em áreas de interesse, constituindo-se em ameaça imediata ou não. 
  • Operações anfíbias: Operações anfíbias (Op Anf) são aquelas lançadas a partir do mar, por força naval e força de desembarque (força-tarefa anfíbia), sobre litoral hostil, defendido ou não, abrangendo também no seu conceito, a retirada de forças terrestres do litoral. Seus propósitos são conquistar posição para o lançamento de ofensiva terrestre, instalação de base naval ou aérea, ou ainda, negação do uso de uma área terrestre pelo inimigo. Em razão de sua complexidade, normalmente se constituem em operações de cunho estratégico. 
  • Minagem e contra-minagem: Minagem e contra-minagem consistem no lançamento de minas em áreas adequadas à destruição de embarcações inimigas; ou pela ameaça que representam, para conter, limitar, canalizar ou retardar seu trânsito. Podem ser executadas em águas controladas pelo inimigo (minagem ofensiva), ou em águas sob controle de quem a executa (minagem defensiva). Já as de contra-minagem consistem na execução de ações que objetivam a neutralização da ameaça proporcionada pelas minas lançadas pelo inimigo. 
  • Esclarecimento marítimo: O Esclarecimento marítimo visa a obtenção de informações úteis e oportunas, para orientar o emprego das forças disponíveis. 
  • Bloqueio: O Bloqueio assegura às forças que o executam certo grau de controle sobre sobre determinada área, com o propósito de impedir ou dificultar a passagem de naves não autorizadas. Por suas implicações com o tráfego marítimo de países neutros, em princípio, o bloqueio deve ser objeto de declaração formal ,e para que seja aceito internacionalmente, faz-se necessário que existam reais condições para torná-lo efetivo.
  • Operações especiais: Operações especiais são aquelas conduzidas por meios não convencionais como submarinos especiais, mergulhadores de combate, sabotadores, grupo de demolição, pára-quedistas, entre outros; que executam ações destinadas a destruir ou danificar objetivos importantes em áreas defendidas, capturar ou resgatar pessoal ou material, obter informações, despistar e produzir efeitos psicológicos. São de pequena envergadura e rápida execução.
  • Defesa de porto ou área marítima restrita:  A Defesa de porto ou área marítima restrita visa impedir ou neutralizar os ataques dirigidos aos portos e às áreas marítimas restritas, que contenham instalações importantes, realizados por meios convencionais ou especiais. 
  • Apoio logístico móvel: O Apoio logístico móvel visa prover, como o próprio nome diz, o necessário apoio logístico móvel às forças navais.
  • Defesa de plataforma de petróleo no mar: A Defesa de plataformas de petróleo visa assegurar a preservação e/ou a continuidade de funcionamento das plataformas de exploração de petróleo em mar aberto. 
Cada uma das operações típicas de guerra naval, comumente, incluem certas ações não estritamente vinculadas a uma operação específica, tais como ações de defesa antiaérea, de guerra eletrônica, de guerra química, entre outras. 


OPERAÇÕES ANFÍBIAS

As operações anfíbias são classificadas em quatro modalidades básicas:

  • Assalto Anfíbio (Ass Anf): O Assalto anfíbio é uma operação que envolve ações empreendidas por uma força de desembarque para o estabelecimento de uma cabeça-de-praia em litoral defendido ou não. É a principal das modalidades de operações anfíbias. Ele inicia-se com a chegada do Corpo Principal da força-tarefa anfíbia (FT Anf) na área de desembarque e se estende até a consolidação da cabeça-de-praia (C Pra). Compreende três etapas bem definidas, que são o transbordo da tropa dos navios para as embarcações de desembarque, o movimento navio-para-terra (MNT) e o assalto propriamente dito. A partir da execução do transbordo, a tropa ficará organizada em equipes de embarcações (EE), valendo-se dos carros sobre lagartas anfíbios (CL Anf) ou das embarcações de desembarque. Pode-se identificar o momento desse transbordo pelo movimento circular das embarcações de desembarque (ED), na denominada área de espera, próximo aos navios de transporte. Ao se afastar do costado do navio de transporte, cada embarcação de desembarque se direciona para a área de reunião. Nesta área, o comandante de cada vaga permanece aguardando ordem do comandante do grupo de embarcações, para então se dirigir até a linha de partida, afastada cerca de 4 km da praia, de onde sairão em alta velocidade até abicarem na praia prevista, sendo normalmente orientados por navios varredores. A Operação contará também, com o apoio de fogo naval e a ação da aviação embarcada, desde o seu início até mesmo precedendo o dia “D”. 

  • Demonstração Anfíbia (Dem Anf): Demonstração Anfíbia consiste na realização de demonstração de força, objetivando iludir o inimigo, induzindo-o a adotar linha de ação desfavorável, preferencialmente que contribua para a obtenção da surpresa tática, quanto ao verdadeiro local onde se pretende conduzir um assalto anfíbio ou outra operação. 
  • Incursão Anfíbia (Inc Anf): Incursão Anfíbia trata-se de desembarque de forças de pequeno efetivo, em costa hostil, que realizam rápida penetração em terra e cumprimento da missão, seguida de retirada.
  • Retirada Anfíbia (Rda Anf): A Retirada Anfíbia é a modalidade que consiste na retirada de forças de uma costa hostil, com a utilização dos meios navais e aeronavais.

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