quinta-feira, 10 de maio de 2018

Explosivos Termobáricos

Os explosivos termobáricos, mais conhecidos como "bombas ar/combustível", são armas que produzem uma onda de choque, com uma duração significativamente mais longa do que as produzidas por explosivos condensados. Isso é útil em aplicações militares, onde esta maior duração aumenta o número de vítimas e causa mais danos às estruturas. 

Há muitas variantes diferentes de armas termobáricas que podem ser montadas à mão, como lançadores tipo RPGs e armas antitanque.

Os explosivos termobáricos cortam o oxigênio do ar circundante, enquanto a maioria dos explosivos convencionais consistem de uma pré-mistura de combustível oxidante (por exemplo, a pólvora contém combustível de 25% e 75% oxidante). Assim, numa comparação de peso são significativamente mais energéticos do que os explosivos condensados. Sua dependência de oxigênio atmosférico torna-os impróprios para utilização subaquática, em altitudes elevadas ou em condições atmosféricas adversas. No entanto, eles tem vantagens significativas quando usados dentro de ambientes confinados, tais como túneis, cavernas e bunkers.


O termo termobárico é derivado das palavras gregas para "calor" e "pressão": thermobarikos. Outros termos utilizados para esta família de armas são armas termobáricas de alto impulso, armas de calor e pressão, bombas de vácuo, ou explosivos ar-combustível.

Em contraste com explosivos condensados, onde a oxidação em uma região confinada produz uma frente de rajada, essencialmente, a arma termobárica cria a partir de um ponto inicial uma grande explosão que acelera uma onda de choque produzindo frentes de pressão dentro da mistura de combustível e oxidante e, em seguida, no ar circundante.

Os explosivos termobáricos criam após as explosões uma nuvem de vapor, que incluem a dispersão de poeira inflamável ​​e gotículas. Em épocas anteriores eram mais frequentemente encontrados em fábricas de farinha e em seus recipientes de armazenamento, e mais tarde em minas de carvão. Na atualidade encontramo-los mais comumente em navios petroleiros e refinarias vazias, como em Buncefield, no Reino Unido, onde a onda de choque acordou pessoas que moravam a cerce de 150 km a partir do centro da explosão.

O sistema da arma termobárica consiste de um recipiente cheio de uma substância combustível, no centro da qual existe um pequeno explosivo convencional chamado de "carga de dispersão". Os combustíveis são escolhidos com base em sua oxidação, que podem ser de metais em pó, tais como alumínio ou magnésio, ou materiais orgânicos, possivelmente com um oxidante auto-contido parcial. O desenvolvimento mais recente envolve o uso de nanocombustiveis.

O rendimento efetivo de uma bomba termobárica requer a combinação mais apropriada de uma série de fatores, entre eles o quão bem o combustível é disperso, a rapidez com que se mistura com a atmosfera envolvente do início da ignição e sua posição em relação ao recipiente de combustível. 

Existem projetos que permitem que o combustível seja contido por tempo suficiente para que se aqueça bem acima de sua temperatura de auto-ignição, de modo que, mesmo com a refrigeração durante a expansão do recipiente, resulta em ignição rápida uma vez que a mistura está dentro dos limites de inflamabilidade convencionais.

Em confinamento, uma série de ondas de choque reflexivas são geradas, mantendo uma bola de fogo que pode se estender de 10 a 50 segundos. Além disso existe o resfriamento dos gases e a pressão cai drasticamente, levando a um vácuo parcial, poderoso o suficiente para causar danos físicos a pessoas e estruturas. Este efeito tem dado origem a "bomba de vácuo".

A sobrepressão dentro da detonação pode chegar a 430 psi e a temperatura pode pode alcançar de 2.500° a 3.000° celsius. Fora da nuvem a onda de choque viaja a mais a 3,2 km/s.

Em um estudo feito em 01 de fevereiro de 2000 pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA diz que: A explosão contra alvos vivos é única e desagradável .... O que mata é a onda de pressão, e mais importante, a rarefação subsequente "vácuo", que rompe os pulmões .... Se o combustível deflagrar, mas não detonar, as vítimas serão severamente queimadas e provavelmente também inalem o combustível em chamas. 

Uma vez que os combustíveis mais comuns utilizados, são o óxido de etileno e óxido de propileno, que são altamente tóxicos, uma vez detonados devem ser tão letais para o as pessoas dentro da nuvem como a maioria dos agentes químicos.


De acordo com um estudo separado da Agência Central de Inteligência dos EUA "o efeito de uma explosão dentro de espaços confinados é imensa. Aqueles perto do ponto de ignição simplesmente desaparecem. Aqueles na orla são propensos a sofrer muitos ferimentos internos, e, portanto, invisíveis, incluindo o estouro do tímpano e órgãos do ouvido interno, concussões graves, pulmões e orgãos internos, e, possivelmente, a cegueira". 

De acordo ainda com o documento especula-se que "o choque e ondas de pressão causam um mínimo de dano ao tecido cerebral ... é possível que muitas das vítimas de tal arma ainda que inconscientes pela explosão, possam sofrer por alguns segundos ou minutos, enquanto sufocam."

Uma nova plataforma portátil de lançamento de uma arma termobárica foi desenvolvida pelos russos a RPO-A um lança foguete, que foi amplamente desenvolvido, ficando conhecida por ter sido usado na Chechênia.

As forças armadas russas desenvolveram variantes de munição termobáricas para várias de suas armas, como a granada TGB-7V termobáricas com um raio de letalidade de 10 metros, que pode ser iniciado a partir de um RPG-7. A GM-94 de 43 mm um lançador de granadas que é projetado principalmente para disparar granadas termobáricas para o combate próximo. Com a granada pesando 250 gramas sendo 160 gramas de mistura explosiva, o seu raio de letalidade é de 3 metros. A RPO-A é uma RPG projetado para disparar foguetes termobáricos. O RPO-M, por exemplo, tem um ogiva termobárica com semelhante capacidade destrutiva a um projétil de artilharia de 152 mm de alto poder explosivo de fragmentação. A RPG-27 e RPG-26, respectivamente tem a variante mais potente, com sua ogiva que pode atingir uma área de 10 metros de letalidade e produzindo os mesmos efeitos de cerca de 6 kg de TNT.  O RMG é um derivado do RPG-26 que usa uma ogiva em tandem, em que a ogiva principal produz uma abertura para a carga principal entrar e detonar no interior.

Existem muitas outras munições de origem russa com variantes termobáricas, o foguete S-8 de 80 mm tem as varienate termobáricas S-8DM e S-8DF. O S-8 de 122 mm, possui o foguete e o S-13D e S-13DF. Ogiva do S-13DF pesa apenas 32 kg, mas seu poder é equivalente a 40 kg de TNT. A variante KAB-500-OD da KAB500KR tem uma ogiva termobárica de 250 kg . As bombas ODAB-500PM e ODAB-500PMV tem uma ogiva de 190 kg. A KAB-1500S guiada por GLONASS possui uma ogiva de 1.500 kg, e produz uma bola de fogo com um raio de 150 metros, sendo sua zona de letalidade de raio de 500 metros.

Em setembro de 2007 a Rússia explodiu com sucesso a maior arma termobárica já feita. Seu resultado teria sido maior do que a menor arma nuclear já produzida. A Rússia a nomeou como o "Pai de Todas as Bombas" em resposta aos Estados Unidos que desenvolveram a MOAB, cuja alcunha é a "Mãe de Todas as Bombas", e que anteriormente detinha o prêmio da mais poderosa arma não-nuclear da história. A bomba contém uma ogiva de 6.400 kg, carregando combustível líquido como o óxido de etileno, misturado com nanopartículas energéticas, tais como alumínio, em torno de uma carga de dispersão alto-explosiva.

O uso militar da bomba termobárica foi adimitido pela então União Soviética na guerra do Afeganistão no início dos anos 1980. Relatos não confirmados sugerem que forças militares russas utilizaram armas termobáricas na Batalha de Grozny (na primeira e segunda guerras da Chechênia) para atacar combatentes chechenos, sendo utilizado lança foguetes portáteis.

Durante a crise dos reféns de 2004 da escola de Beslan, foi relatado o uso de armas termobáricas pelas Forças Armadas Russas no seu esforço para retomar a escola. O sistema usado pode ter sido a RPO-A, TGB-7V, RShG-1 ou a RShG-2 durante o ataque inicial a escola. Cerca de três a nove armas RPO-A foram encontradas mais tarde nas posições da Spetsnaz. O Governo russo admitiu mais tarde o uso da RPO-A durante a crise.

De acordo com Ministério da Defesa do Reino Unido, as forças militares britânicas também usaram armas termobáricas em seus mísseis AGM-114N Hellfire, transportado por helicópteros Apache e UAVs, contra o Talibã na guerra no Afeganistão.

Os militares americanos também usaram armas termobáricas no Afeganistão. Em 03 de março de 2002, uma bomba de 910 kg guiada a laser foi usado pelo exército americano contra complexos de cavernas em que Al-Qaeda e o Talebã se refugiaram na região de Gardez no Afeganistão. Os fuzileiros navais americanos também utilizaram armas termobáricas durante a primeira e a segunda Batalha de Fallujah.

O uso não militar com explosivos de ar combustível foram feitos por guerrilheiros após atentados contra quartéis em 1983, na cidade de Beirute, no Líbano, utilizando um mecanismo explosivo com gás, provavelmente, propano, butano ou acetileno. O explosivo utilizado no atentado de 1993 ao World Trade Center incorporou o princípio da arma termobárica, usando três tanques de gás de hidrogênio engarrafado para melhorar a explosão e como ignitor uma descarga elétrica em um combustível sólido, com base no princípio termobárico. Um sistema parecido foi usado para atacar a boate Sari no atentado de 2002 em Bali, Indonésia.

Míssil de Cruzeiro

Um míssil de cruzeiro é um projétil capaz de levar uma carga explosiva a distâncias muito grandes com grande precisão, seguindo uma trajetória não balística, ou seja, voando como uma aeronave convencional, a uma velocidade constante e baixíssima altura, o que o torna extremamente fugaz a detecção e acompanhamento pelos radares de vigilância aérea. Podem ser supersônicos ou não e como todo míssil são sacrificados logo na primeira missão, sendo usados apenas como armas e não como UAVs.

Os primeiros mísseis de cruzeiro da história foram as bombas voadoras V-1 alemãs, dotadas de orientação giroscópica e propulsão a jato. Era impreciso e seu efeito militar foi muito pequeno, tendo sido mais eficiente por seu efeito psicológico.



Sua constituição é formada por fuselagem, sistema de orientação, carga útil, e sistema de propulsão. Pequenas asas e empenagem provém sustentação e controle de voo. A ogiva pode ser convencional ou nuclear, podendo carregar submunições ou outra que se deseje. São impulsionados por propulsão a jato tipo turbofan ou ramjet, dependendo da velocidade projetada.



São orientados por alguns sistemas diferentes conforme o projeto, como os sistemas inerciais baseados em giroscópios, o sistema GLONASS/GPS baseado em sistemas de satélites e o Sistema Tercom que compara o terreno através de imagens-radar com dados 3D do mesmo terreno previamente armazenados em sua memória. Este sistema carece de reconhecimento prévio por satélite. Outras formas de direcionamento podem ser integradas como imageadores térmicos para guiagem terminal contra alvos em movimento.Podem ser lançados de bombardeiros, veículos terrestres, navios e submarinos, e são uma das armas mais eficazes para bombardeio estratégico da atualidade, pois reúnem potencia de fogo (ogivas de 300 a 500 kg de HE) a precisão apurada, podendo atingir alvos em movimento do tamanho de um caminhão.


Os modelos mais famosos são o Tomahawk norte-americano, que alcança até 2.500 km a velocidade subsônica, transportando uma ogiva de 450 kg de HE ou uma nuclear de até 200 kt; e o Kh-55 russo com desempenho similar. Um desenvolvimento recente é o modelo supersônico russo-indiano Brahmos que alcança 290 km a velocidades de Mach 2.8 transportando 300 kg de HE, que tem despertado o interesse internacional.



Mísseis de Cruzeiro - Modelos

  • Hipersônicos
    • BrahMos (Índia/Rússia)
  • Supersônicos
    •  BrahMos (Índia/Rússia)
    •  C-101 (China)
    •  C-301 (China)
    •  C-803 (China)
    •  C-805 (China)
    •  KD-88 (China)
    •  P-800 Oniks  (Rússia)
    •  Kh-31 (Rússia)
    •  3M-54 Klub  (Rússia)
    •  Air-Sol Moyenne Portée (França)
    •  P-500 Bazalt  (Rússia)
    •  P-700 Granit  (Rússia)
    •  P-270 Moskit  (Rússia)
    •  YJ-91 (China)
  • Subsônicos de longo alcance
    •  AGM-86 ALCM (EUA)
    •  AGM-129 ACM (EUA)
    •  BGM-109 Tomahawk (EUA/Grã-Bretanha)
    •  Nirbhay (Índia)
    •  CJ-10 (China)
    •  DH-10 (China)
    •  Hyunmoo III (Coréia do Sul)
    •  Kh-55 (Rússia)
  • Subsônicos de médio alcance
    •  AGM-158 JASSM (EUA)
    •  Babur (Paquistão)
    •  KD-63 (China)
    •  Raad ALCM (Paquistão)
    •  SOM (Turquia)
    •  Storm Shadow (França/Grã-Bretanha/Itália)
    •  Taurus KEPD 350 (Alemanha/Suécia)
  • Subsônicos de curto alcance
    •  C-801 (China)
    •  C-802 (China)
    •  C-602 (China)
    •  Delilah (Israel)
    •  Kh-35 (Rússia)
    •  Nasr-1 (Irã)
    •  Naval Strike Missile (Noruega)
    •  RBS-15 (Suécia)
    •  Silkworm (China)
    •  Type 80 ASM (Japão)
    •  Type 88 SSM (Japão)
    •  Type 90 SSM (Japão)
    •  Type 91 ASM (Japão)
    •  Type 93 ASM (Japão)

Patrulha Marítima

A patrulha marítima é forma de se manter ciente sobre os acontecimentos no espaço marítimo de responsabilidade de uma nação, sejam eles rotineiros em tempos de paz como as missões de busca e salvamento (SAR) e polícia marítima, ou operações de cunho exclusivamente militar como a caça de submarinos e grupos de superfície hostis em tempo de guerra. É desempenhada pela unidades de polícia marítima de cada país e pelas suas forças armadas, que muitas vezes acumulam esta função.

O mar é fonte de riquezas, e proteger o que ele oferece se faz importante na medida em que a economias das nações venham a depender dele. Mais importante do que aquilo que o mar oferece é manter a liberdade do tráfego marítimo, pois todas as nações do mundo, mesmo aquelas sem litoral tem grande parte de seu comércio exterior ou mesmo doméstico através dessa via. Estar alerta a respeito das movimentações nesse espaço é vital para que as nações possam exercer sua soberania, tanto ali como sobre seu território continental. O mas também se reveste de importância estratégica militar, uma vez que serve de base para o lançamento das operações de invasão por forças hostis.

A patrulha marítima, componente militar encarregado de manter este alerta, é exercido diariamente pelas autoridades marítimas das nações com patrulha de superfície e por aeronaves, sendo estas últimas aquelas de cunho estratégico, pois podem ver muito longe e cobrir grandes distâncias em missões de muitas horas. Cabe a aviação de patrulha marítima (maritime patrol aviation - MPA) a responsabilidade de olhar além do horizonte e prevenir qualquer violação da soberania das nações provenientes do mar, cumprindo a máxima do Almirante Tamandaré de que "o preço da paz é a eterna vigilância".

A aviação de patrulha marítima baseada em terra é componente essencial das forças de um teatro de operações marítimo. Aeronaves de portes diferenciados são empregadas, mas são aquelas de médio e grande porte, capazes de dar suporte a missões de longa duração sobre o mar através do armazenamento de grande quantidade de combustível, armamentos anti-superfície e anti-submarino de vários tipos, sensores variados e acomodações para oferecer conforto às tripulações, além de transportarem tripulações de reserva; que apresentam um completo leque de capacidades inerentes a este tipo de missão. Uma aeronave típica carrega 2 tripulações de 12 integrantes para missões de 12 horas.


Seus sistemas podem incorporar as capacidades de esclarecimento marítimo e alerta antecipado marítimo, guerra anti-superfície e anti-submarino através do lançamento de mísseis anti-navio e torpedos, vetoramento de mísseis anti-navio lançado por outras aeronaves, busca e salvamento (SAR), guerra eletrônica (EW) com missões de interferência, Elint e Sigint; comando, controle e comunicações (C3); contado para isso com radares de longo alcance e uma completa suíte eletrônica. Satélites de vigilância eletrônica equipados com radar e câmeras e radares OTH são um importante instrumento de vigilância marítima para quem os tem, e complementam a missão das aeronaves.

A principal aeronave de patrulha marítima da atualidade é o quadrimotor turboélice Lockheed Martin P-3 Orion (cuja célula é uma versão militar do Lockheed Electra II), operado pela Marinha dos Estados Unidos e pelas Marinhas ou Forças Aéreas de diversos países. Após cinco décadas de serviço, esta aeronave será substituída nos EUA pelo Boeing P-8A Poseidon, um birreator a jato derivado do Boeing 737-800. Outras aeronaves são o Tupolev 142 m2, o Dassault Atlantic, O Ninrod MRA-4, O P-95 da Embraer e o EADS CASA C-295 Persuader. Uma plataforma com potencial para este tipo de missão são os balões dirigíveis que podem permanecer indefinidamente no ar, e mais recentemente, devido ao avanço dos sensores as aeronaves não tripuladas.

As primeiras aeronaves usavam bombas e metralhadoras. Durante a II Guerra Mundial passaram a usar cargas de profundidade que detonavam a profundidades pré-programadas. Aeronaves B-24 Liberator protegiam os comboios aliados até cerca de 1/3 da distância entre a América e as ilhas britânicas. Do lado alemão a patrulha de longo alcance estava a cargo do Fw 200 Condor.

Estas aeronaves estão equipadas com radares de busca de superfície, capazes de detectar o snorkel dos submarinos ou seu periscópio, além da esteira que eles criam; detectores de anomalias magnéticas (MAD) montados na cauda como se fosse um "ferrão" ou rebocados a fim de evitar a interferência da fuselagem da própria aeronave, capazes de detectar o campo magnético produzido pelo casco do submarino, usado quando se sabe da presença do submarino para uma localização mais precisa e a baixa altitude; sonoboias sonar-transmissoras para triangulação da presença do alvo, suite eletrônica para missões ELINT e SIGINT, com capacidade de monitorar comunicações e emissões radar; câmera de TV e FLIR para monitoramento de atividade de superfície; mísseis anti-navio, bombas e torpedos.

Nos modelos mais modernos temos sistemas táticos digitais com sensores e armamento totalmente integrados e exibição da informação aos operadores táticos em telas otimizadas, apenas com a informação relevante. Os sistemas recolhem, classificam e exibe os dados coletados comparando-os com o de missões anteriores, podendo ainda serem transmitidos a estações em terra para análise ou acompanhamento da missão. Como exemplo de desempenho citamos o P-3 Orion que possui raio operacional de 3.800 km, cruza a velocidades de missão de 600 km/h e atinge um teto operacional de 8.600 m, podendo cruzar com 2 motores apenas, se necessário.


Logística Militar

Logística militar é o conjunto de atividades que visem a provisão de recursos e serviços necessários ao cumprimento da missão das forças armadas. Cabe a logística militar prover às forças em operação todos os serviços de que estas necessitem para se manterem em ação contínua e sempre operacionais. 

Em uma análise rápida da história militar, podemos constatar que todas as batalhas travadas nos últimos 100 anos foram vencidas pela inviabilização da logística inimiga e consequente enfraquecimento das forças opositoras, quando então o fogo e o movimento entram em ação para subjugar um inimigo desprovido de recursos essenciais. Foi assim na II grande guerra onde os aliados empreenderam uma intensa campanha de bombardeio às bases industriais nazistas, e estes por sua vez lançaram uma campanha submarina de grandes proporções contra o vital suprimento que trafegava através do atlântico desde os EUA até o RU. A recente Guerra das Falklands/Malvinas iniciou-se com um bloqueio naval ao suprimento vindo do continente, impedindo que as forças argentinas nas ilhas fossem reforçadas.

A atividade logística se subdivide em 7 funções distintas e devido a natureza de cada uma delas são executadas por tropas especialmente constituídas para tal, ou que tenham afinidade com a função. São elas:

  1. Provimento de recursos humanos
  2. Provimento de serviços de saúde
  3. Suprimento
  4. Transporte
  5. Manutenção do equipamento
  6. Provimento de serviços de engenharia
  7. Salvamento
Faz parte da atividade logística a determinação das necessidades das forças em operação, baseadas na estatística, nos planos operacionais e na requisição das mesmas, a obtenção dos insumos juntos a suas fontes de suprimento, e a distribuição destes junto aos seus usuários finais. A inadequação, inviabilização ou ineficiência do serviço logístico pode comprometer operações inteiras, paralizar exércitos e mesmo decidir uma campanha.






Determinação das Necessidades

As necessidades de recursos são determinadas inicialmente através da análise pormenorizada dos planos de operação, definindo o que, quando, em que quantidade e onde cada tipo de recurso deverá estar disponível. Uma vez iniciadas as ações parte-se para as atividades de recompletamento e manutenção dos recursos, a fim de recompô-los aos estoque iniciais. Devem ser previstas ainda reservas de recursos para atividades não previstas ou criação de novas unidades.

Obtenção de Recursos

Os recursos requeridos devem ser obtidos junto a suas fontes de suprimento, previamente identificadas e catalogadas. Se a fonte for a indústria, esta deverá ser mobilizada a fim de atender a uma demanda que provavelmente é maior que sua produção cotidiana. Em tempos de paz, o planejamento junto a industria deverá prever as necessidades dos tempos de guerra e a adequação destas deverá ser planejada. Os recursos materiais ou animais poderão ser obtidos através de doação, compra, contratação, confisco, solicitação, desenvolvimento, transferência ou outro método. Os recursos humanos são obtidos através de movimentação, recrutamento, mobilização e treinamento.

Deve-se levar ainda em consideração o material salvado ou capturado em campanha, que deverá ser catalogado e distribuído, se viável e adequado. 

Distribuição dos Recursos

No processo de distribuição são exercidas as atividades de recebimento, armazenamento, transporte e entrega nos locais e prazos determinados, assim como nas quantidades requeridas e qualidade desejada. Para tal o operador da logística deverá mobilizar depósitos e terminais como portos e aeroportos, assim como bases aéreas, terminais ferroviários e suas linhas, operadores civis de linhas ferroviárias e aéreas, operadores de meios navais e rodoviários, a fim de bem constituir uma eficiente cadeia de distribuição. Deverá também ser estabelecido um plano de responsabilidades sobre quem é responsável pelo que, além dos respectivos limites de atuação, pois definições ambíguas poderão minar a eficiência da distribuição, prejudicando as operações. Bases logísticas em locais especialmente definidos serão estabelecidas e convenientemente defendidas, pois sua segurança é fundamental.





FUNÇÕES LOGÍSTICAS




Provimento de Recursos Humanos

Esta função visa a busca e obtenção de pessoal para suprir as necessidades já levantadas, sua preparação e a manutenção de seu moral e bem-estar, bem como a administração de RH necessária.

A preparação dos efetivos se dá através do treinamento militar geral e específico no pessoal designado, desenvolvendos em cada um as habilidades desejadas. Funções complexas exigem preparação complexa, o que torna estes indivíduos especialmente valiosos  e mais difíceis de treinar como por exemplo oficiais e pilotos de caça. Médicos e engenheiros podem ser recrutados diretamente do meio civil e exigem preparação mínima, por exemplo.

A manutenção do moral e bem-estar visam atenuar a situação de estresse que o combate impõem, e é focada na manutenção de serviços que visem proporcionar as tropas um certo nível de conforto em campanha, na medida em que isso é possível. São comumente oferecidos serviços de permuta de tropas permitindo períodos de descanso, atividades de recreação e laser, serviços reembolsáveis, assistência religiosa e social, serviços postais e de contato com familiares, banho, lavanderia, prisioneiros de guerra e sepultamento.






Provimento de Serviços de Saúde

Esta função visa proporcionar a tropa assistência médica e odontológica, seja em suas demandas convencionais presentes em tempos de paz, seja naquelas específicas do combate como o tratamento de ferimentos.

A assistência de saúde atua de modo preventivo através da educação sanitária e de higiene pessoal, vacinação e prevenção de doenças endêmicas, requisição a engenharia quanto ao saneamento básico, prevenção de acidentes e precaução quando atuando em ambientes adversos, como área contaminadas com radiação e agentes químicos.

Também atua no modo curativo através de tratamento ambulatorial e odontológico, tratamento psiquiátrico, primeiros socorros em campo, evacuação médica para hospitais de retaguarda melhor equipados, desdobramento de hospitais de campanha para tratamento de feridos que podem voltar rapidamente ao combate e tratamento preeliminar daqueles que serão evacuados, assistência veterinária aos animais incorporados.

Também pode competir ou não ao serviço de saúde a administração da cadeia de suprimento do material e pessoal de saúde, inteligência de saúde e atividades de biossegurança.




Suprimento

Esta função visa fazer chegar até as forças em campanha suprimento de todas as classes, conforme as necessidades de cada uma. Cabe a função suprimento as tarefas de recebimento, controle, armazenagem, transporte e entrega.

Os suprimentos militares são categorizados em 10 classes distintas. São elas:


  • Classe I - Material de subsistência (alimentos)
  • Classe II - Material de intendência (fardamento, barracas, utensílios, material de escritório, etc...)
  • Classe III - Combustíveis e lubrificantes
  • Classe IV - Material de construção
  • Classe V - Armamento e munição
  • Classe VI - Material de engenharia e cartografia
  • Classe VII - Material de comunicações, eletrônica e informática
  • Classe VIII - Suprimento médico
  • Classe IX - Material mecanizado, naval e de aviação (produtos prontos e peças de reposição)
  • Classe X - Outros materiais não citados anteriormente

Deve-se tomar cuidados especiais com materiais perecíveis (Classe I e VIII especialmente), Os suprimentos Classe III são inflamáveis e requerem manuseio cuidadoso, bem como veículos especialmente destinados. Os suprimentos Classe V (munição) também requerem cuidados especiais de manuseio a transporte.

Cabe as unidades operadoras da função suprimento a alocação de bases de armazenamento e expedição próximas a rodovias e terminais intermodais, e do registro e controle minucioso de suas operações e movimentações.




Transporte

Esta função visa proporcionar as forças em campanha o deslocamento de material e pessoal dos locais onde se encontram até onde forem requeridos, a fim de atenderem às necessidades das operações. Podem se utilizar de todos os meios disponíveis (rodoviários, ferroviários, aquaviários, aéreos e dutoviários).

As funções de transporte mais utilizadas são o deslocamento de material e pessoal de suas origens (bases e depósitos) até as áreas de operações (suprimento), deslocamento de pessoal das áreas de operações de volta a suas bases ou até áreas de descanso, evacuação de feridos até áreas de tratamento hospitalar, deslocamento de meios e tropas através da área de operações a fim de atender as demandas operacionais, evacuação de corpos e outros.

Cabe ao operador da função transporte e manutenção da disciplina de trânsito terrestre, ficando o tráfego aéreo e naval a cargo dos operadores especializados.

Cabe as unidades operadoras da função transporte a operação de uma grande quantidade de viaturas de transporte terrestre, aéreos e aquaviários, de natureza diversa como graneleiros e tanques, entre outros, a operação dos terminais intermodais como portos, aeroportos e parques ferroviários, a mobilização de meios civis de transporte de toda a natureza quando os orgânicos não forem suficientes, o registro de suas operações e a requisição da logística de seus meios, como o provimento de combustível, por exemplo.



Manutenção

Esta função visa proporcionar a operacionalidade dos equipamentos de qualquer natureza, são as oficinas de campanha. Engloba a manutenção preventiva, corretiva e de modificação que se fizer necessária. Este serviço é dividido em escalões de acordo com sua complexidade, e executado primeiramente pelo usuário, passando pelo mecânico de campo, oficinas de campanha, parques de manutenção até chegar a industria se necessário.

Cabe ao operador dos serviços de manutenção a administração da cadeia de suprimento de peças de reposição e ferramentas, e de muitas tarefas da funcao salvamento.


Provimento de Serviços de Engenharia

Cabe as unidades de engenharia o provimento deste tipo de serviço, que engloba a transposição de cursos d'agua e construção de pontes temporárias e permanentes, construção e manutenção de estradas, execução de obras de construção civil de toda natureza, obstrução e desobstrução de vias, construção de fortificações, viabilização do abastecimento d'agua, todos  os tipos de instalações e infraestruturas, etc...

Cabe aos operadores da função de engenharia a administração da cadeia de suprimento de materiais da classe VI.



Salvamento

Esta função visa proporcionar a salvaguarda e o resgate de de ítens materiais que estejam temporariamente indisponíveis ou vulneráveis, ou ainda que devam ser estocados ou protegidos como salvados de guerra, equipamentos avariados, suprimento acidentado, etc...

Através da função salvamentos são desempenhadas as tarefas de combate a incêndios, controle de avarias, controle de danos, reboque e remoção de meios impossibilitados de se autodeslocarem, desencalhe e reflutuação de meios aquaviários, resgate de material acidentado, resgate de cargas e outros ítens, bem como a triagem e encaminhamento de salvados (equipamentos).

Esta função é desempenhada por todas as unidades em ítens específicos. A maioria delas, pelo operador da função manutenção, o qual é afim.





Artigos sobre logística neste blog


  1. Guerra das Falklands/Malvinas
    1. Falklands/Malvinas - Aspectos Logísticos
    2. O Desastre de Bluff Cove
    3. Operação Black Buck
  2. Primeira Guerra do Golfo (Desert Storm Operation)
    1. Apoio Logístico na Guerra do Golfo
  3. Segunda Guerra Mundial
    1. A Logística e a Batalha da Inglaterra
    2. Africa Korps - Logística no deserto

Posições Fortificadas

Sempre que uma tropa ocupa determinada posição no terreno, seja tomada ao inimigo ou por pura e simples ocupação, se faz necessário consolidar esta posição para garantir-lhe um nível satisfatório de segurança, pois o assédio do inimigo é inerente a qualquer operação militar.

A construção de obstáculos muitas vezes não impede a ação do inimigo, mas retarda sua ação, dificultando sua manobra e expondo-o ao fogo de nossas armas. Trabalhos de fortificação devem sempre ser implementados quando existir contato com a inimigo ou este contato for iminente, ou na consolidação de uma posição recém ocupada. Seu nível de sofisticação dependerá do nível da ameaça, do tempo em que se pretende fiar estacionado ali, do tempo disponível para sua preparação e dos recursos de material e engenharia disponíveis.


Estas fortificações, dependendo do nível que se quer atingir, são constituídas de abrigos e espaldões cavados no terreno ou especialmente confeccionados em concreto ou outros materiais, a fim de abrigarem tropas e suas armas leves ou pesadas, e lhes permitam usá-las e aos mesmo tempo lhes proporcionem proteção ao fogo inimigo.

Estas posições devem ser escolhidas em locais especialmente favoráveis, onde os esforços de construção possam ser minimizados como a encosta de elevações e locais de passagem mais provável, como corredores e gargantas. A proximidade de pontos altos deve ser buscada, pois ali devem ser posicionados os observadores que darão o alerta antecipado e desdobrados antenas da rede de comunicações, além do que obrigar o inimigo a combate de baixo para cima favorece ao defensor.


A frente dos abrigos podem ser desdobrados obstáculos diversos como campos minados, fossos e obstáculos anticarro, redes de arame farpado, podem ainda ser utilizados canais e cursos d'agua, pântanos e áreas alagadiças e outras particularidades que o terreno nos ofereça. Todos estes obstáculos devem ser adequadamente batidos pelo fogo das armas dos defensores, sejam fuzis ou metralhadoras, sejam armas anticarro ou artilharia. Campos de tiro, dessa forma, devem ser convenientemente limpos e previstos. A combinação de todos estes fatores é feita pelo comandante de acordo com cada situação, e sua configuração devem seguir ao plano de operações.

As posições devem ainda serem convenientemente camufladas e dispersas, proporcionarem apoio de fogo mútuo, escalonadas em profundidade a fim de que a pressão do inimigo possa ser absorvida de forma gradual e seu poder de combate debilitado aos poucos, permitirem ligações de comando e suprimento, além da fácil desocupação se assim for necessário. A camuflagem deve prevenir a observação aérea e a proteção deve contar com sumidouros para granadas e outros dispositivos, além, se for o caso, proteção NBC.


O processo de consolidação da posição ocupada deve seguir a uma ordem de prioridades. A primeira delas deve permitir o uso imediato do recurso que prontamente se tem a disposição. A limpeza dos campos de tiro deve ser a primeira providência, pois o uso das nossas armas de fogo deve estar viabilizados de pronto, bem como permite as vitais ações de observação e vigilância. O desdobramento dos dispositivos de observação e da rede de comunicações vem a seguir, viabilizando o alerta antecipado e as ligações de comando. A partir deste momento, com as condições de combate mínimas estabelecidas, parte-se para o melhoramento da posição, destruindo-se estruturas não desejadas, desdobrando-se campos minados e outros obstáculos, minando-se pontes e encostas, cavando-se abrigos individuais e espaldões para armas coletivas. Por fim, se houver tempos e recursos, constroem-se outros obstáculos e estruturas secundárias. O processo de camuflagem devem ser contínuo e simultâneo aos processo de consolidação.

Cabe a tropa em ocupação desdobrar as estruturas defensivas inerentes a sua posição, utilizando-se dos meios de que dispõem, através de ações simples e práticas. Dispositivos mais sofisticados devem contar com tropas do escalão superior como as unidades de engenharia e seus recursos em maquinário e técnicas especializadas, realizando destruições e construções em grande escala, criando zonas de obstáculos mais extensas e executando outros serviços que demandem conhecimento e suprimentos específicos.

Os materiais utilizados são os mais diversos e muitas ações são possíveis através do uso de granadas e outros explosivos disponíveis. Materiais naturais podem ser amplamente utilizados. Arame farpado, estacas e madeira podem vir através do suprimento logístico, e material capturado ao inimigo deve ser amplamente empregado. As ferramentas são os explosivos disponíveis, as pás  de trincheira transportadas individualmente, outras ferramentas de sapa fornecidas pela unidade e o maquinário pesado das unidades de engenharia.

Mergulhadores de Combate

Mergulhadores de Combate são soldados integrantes das forças especiais, geralmente vinculados a suas respectivas marinhas de guerra. Com doutrina semelhante às outras forças especiais, porém voltados a uma atuação a partir do mar, sua função é a de se infiltrar, sem serem percebidos, em áreas litorâneas e ribeirinhas, e executar tarefas como reconhecimento e destruição de alvos de valor estratégico. 

Também são especialistas em guerra irregular (guerrilha) o que também caracteriza a sua doutrina das forças especiais. Atuam principalmente a partir de submarinos que os levam até suas áreas de atuação e depois os recolhem. Podem sair nadando, em caiaques, barcos ou em veículos especialmente construídos como minisubmersíveis, que podem ser lançados dos submarinos ainda sob a água. Também podem alcançar o alvo saltando de paraquedas ou desembarcando de helicópteros.

Como exemplo destas tropas temos os US Seals da US Navy, o SBS britânico e o nosso Grumec da Marinha do Brasil, entre outros.






Possibilidades de atuação dos mergulhadores de Combate:


  • Limpeza de Portos e Canais de acesso, minas e destroços; 
  • Detecção e desativação de engenhos explosivos convencionais e improvisados; 
  • Ataques de sabotagem, Interdição e diversionários contra navios (com minas imantadas, de retardo, que são presas aos cascos), instalações portuárias, diques, defesas costeiras, plataformas petrolíferas, refinarias e terminais de petróleo Reconhecimento e vigilância de praias, rios, canais e portos; 
  • Apoio a operações de guerra anfíbia. As complexas operações anfíbias têm, nos MECs, elementos virtualmente indispensáveis. Cabe a eles obter informações vitais ao desembarque como o gradiente (inclinação) da praia escolhida, dados sobre o tipo de solo (areia, pedra, lama, etc.) obstáculos naturais e artificiais, minas e a existência de" edificações e habitantes da área. Igualmente importante será a avaliação das forças de oposição, o que deve ser feito sem contato com o inimigo, se possível;
  • Apoio a operações C-SAR;
  • Recuperação pessoal aliado;
  • Seqüestro de pessoal selecionado; 
  • Buscas Subaquáticas; 
  • Patrulhas de segurança e contraterrorismo.