FICHA TÉCNICA
Comprimento: 284 m.
Calado: 11 m.
Boca: 73 m.
Deslocamento: 65600 toneladas.
Propulsão: 2 turbina a gás Rolls Royce Marine Trent MT-30 que produz 48000 Hp mais 4 motores a diesel Wartsila que juntos produzem 54600 Hp.
Velocidade máxima: 25 nós (46 km/h).
Autonomia: 19000 km.
Sensores: Radar de busca aérea: S-1850M com 400 km de alcance; Radar Type 997 Artisan tridimensional (3D) com 200 km de alcance; Sistema eletro óptico Series 2500.
Armamento: 3 sistemas CIWS DSM-30 MK-2 calibre 30 mm
Aviação: 40 aeronaves a serem configuradas entre caças Lockheed Martin F-35B e helicópteros multifunção Westland/ Agusta EH-101 Merlin.
DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
A Real Marinha Britânica, ou simplesmente Royal Navy (RN), tem uma forte tradição em ser uma das mais poderosas marinhas do mundo. Porém, ao fim da guerra fria, a necessidade de manter uma frota numerosa e cara começou a incomodar o parlamento britânico, que começou a uma significativa redução do número de navios. Com o passar do tempo, a necessidade de aposentar os cansados porta aviões leve da classe de Invencible, começava a surgir no horizonte, e a indecisão sobre como deveria ser o substituto dos velhos porta aviões inglês atrasou bastante o processo de substituição. Com o ultimo navio da classe, o HMS Illustrious, tendo dado baixa no serviço em agosto de 2014, e o novo porta aviões britânico ainda em fase de construção depois de uma demorada tomada de decisão sobre sua configuração, a Royal Navy acabou ficando por algum tempo sem um navio desse tipo, diminuindo substancialmente sua capacidade de projeção de poder. Para tornar a situação mais séria, o adversário dos ingleses, no contexto da OTAN, organização do qual este país é um dos principais protagonistas, a Rússia, passou a ter uma postura perigosamente agressiva e continua no cenário internacional com intervenção na Ucrânia e Síria, assim como um aumento significativo no numero de patrulhas em espaço aéreo e mares internacionais com seus bombardeiros, caças de escolta e navios de guerra. Hoje, o movimento de declínio nos investimentos de defesa do ocidente passou a mudar de direção e vem subindo para pode fazer frente a ameaça que a Rússia tem apresentado para os interesses ocidentais.
Acima: O antigo porta aviões Invencible, navio que dá nome a classe com 3 navios, foi aposentado sem que seu sucessor estivesse pronto deixando uma lacuna importante na capacidade de combate da Royal Navy.
O navio que tratarei de apresentar a partir de agora é o novo porta aviões britânico, cujo nome da classe faz uma homenagem a rainha que mais tempo reinou sobre aquela monarquia, a rainha Elizabeth II. Assim o HMS Queen Elizabeth, navio que se encontra em estágio avançado de conclusão de sua construção no estaleiro da BAe Systems Surface Ships, será o primeiro de dois navios a assumirem a importante missão de projeção da força militar inglesa a partir de 2020, ano em que está planejado a entrada em serviço do navio que deverá passar por testes de mar a partir de 2017.
De cara, a classe Queen Elizabeth é o maior navio de guerra já construído para a Royal Navy. São 284 metros de comprimento e um deslocamento de 65600 toneladas. Para você, caro leitor, entender o quanto o Queen Elizabeth é grande, basta observar que o porta aviões da classe Invencible, que os ingleses usaram até 2014, tem 209 metros de comprimento e apenas 22000 toneladas.
Assim, para mover esse monstro dos mares, foi instalado uma configuração de duas turbinas a gás Rolls Royce Marine Trent MT-30 que produzem, juntas 48000 hp mais 4 motores a diesel Wartsila que juntos produzem 54600 Hp, permitindo ao navio atingir a velocidade máxima de 25 nós, o que equivale a 47 km/ h. A opção por uma propulsão convencional ajudou a manter o custo do navio em um patamar aceitável, além de diminuir a complexidade do projeto. Porém, a autonomia acaba sendo limitada a disponibilidade de combustível transportado, que no caso do Queen Elizabeth permite uma autonomia de 19000 km. Nada mal para um navio com propulsão convencional!
Acima: A Royal Navy optou por uma configuração de propulsão convencional com turbinas a gás ao invés de usar uma propulsão nuclear, muito mais cara e complexa de projetar. Mesmo assim, a autonomia de 19000 km do Queen Elizabeth pode ser considerada excelente.
Os sistemas eletrônicos do Queen Elizabeth são compostos por um radar de escaneamento eletrônico passivo de longo alcance AMS UK S-1850M que fornece uma capacidade de rastreamento de 1000 alvos simultaneamente a um alcance de até 400 km. Além desse radar, foi instalado um radar tridimensional de médio alcance Type 997 Artisan que presta apoio a indicação de alvos e para navegação também. O alcance é de 200 km sendo que pode ser monitorados até 900 alvos simultaneamente. Também foi instalado um sistema eletro-óptico S-2500 desenvolvido pela Ultra Eletronics. Este sensor multifunção fornece uma sofisticada capacidade de detecção passiva de alvos e controle de armamentos. E falando em armamentos, o Queen Elizabeth tem instalado sistemas CIWS DSM-30 MK-2 que faz uso de um canhão MK-44 da Bushmaster, norte americana em calibre 30 mm que dispara a 250 tiros por minuto. Eta arma é efetiva contra alvos a 3 km de distancia e seu objetivo é proteger o navio contra ameaças impostas por pequenas embarcações de forças irregulares ou mesmo, helicópteros ou drones.
Acima: O principal sensor do Queen Elizabeth é o radar de escaneamento passivo S-1850M. Este sensor é usado em outros modernos navios europeus como os destróieres da classe Type 45 e as fragatas da classe Horizon.
Houve várias mudanças de configuração do Queen Elizabeth, durante a faze de projeto. Chegou a ser decidido que ele seria um porta aviões que faria uso do sistema CATOBAR (Decolagem Assistida por Catapulta e Recuperação por Arresto), como nos super porta aviões norte americanos. Com isso, o caça a ser operado seria o F-35C, que foi projetado para ser lançado por catapultas e é a versão que será usada pela marinha dos Estados Unidos. Porém, ao se constatar o acréscimo dos custos (quase 2 bilhões de libras) de se mudar os dois navios, inicialmente projetados para a configuração STOBAR (Decolagem Curta e Recuperação por Arresto), ou seja, um navio que iria operar exclusivamente aeronaves de decolagem curta e pouso vertical e helicópteros, como seus antecessores, acabou ficando mantida a configuração original mesmo que fará uso de caças F-35B, versão VSTOL que substitui o consagrado caça "jump jet" Harrier. As aeronaves de asas fixas decolarão com auxilio de uma rampa, ou "sky jump" como é chamada.
Acima: Deste angulo, pode-se ver com clareza a rampa "sky jump" do Queen Elizabeth. O caça F-35B fara uso desse recurso para decolar do convés do navio
O Navio operará um grupo aéreo com até 40 aeronaves que podem ser 36 caças F-35B mais 4 helicópteros ou uma composição de menos caças e mais helicópteros dependendo do perfil da missão. O F-35B é um caça furtivo de decolagem curta e pouso vertical, e consegue voar em regime supersônico o que lhe garante alguma capacidade de interceptação e uma ótima capacidade de penetração em alta velocidade em ataques contra alvos em terra. A família F-35 já foi foco de um artigo dedicado no Warfare e se você tiver curiosidade de saber mais sobre ele, clique nesse LINK para ser direcionado para o artigo sobre ele. Os helicópteros que podem fazer parte do grupo aéreo do Queen Elizabeth são os Apaches, também já descritos nesse site (clique nesse LINK), um poderoso helicópteros de ataque com forte foco na missão anti-tanque; CH-47 de transporte pesado; o AW159 Wildcat, versão avançada do LYNX que pode ser usado para SAR e ataque a alvos de superfície e o moderno helicóptero AW-101 Merlin para transporte e guerra anti-submarino. O navio faz uso de dois elevadores para levar as aeronaves do hangar para o convés.
Acima: O moderno caça F-35B será o principal vetor aéreo dos navios da classe Queen Elizabeth. Nesta foto podemos ver um F-35B do corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos se preparando para decolar de um navio de desembarque anfíbio.
Com uma incomum configuração onde foram instalados duas ilhas, sendo a da frente, onde é comandada as operações de navegação, e a de trás, onde se coordena as operações aéreas, o porta aviões Queen Elizabeth, e seu irmão, batizado de Prince of Wales devolverão à tradicional marinha britânica a capacidade de projeção de poder, que será, inclusive, maior que a que ela tinha quando operava os navios da classe Invencible.
Esses navios vem em boa hora uma vez que os adversários da OTAN, (e consequentemente da Grã-Bretanha) tem demonstrado um crescimento nas suas capacidades militares com a incorporação de novos e modernos meios de combate, e apresentado uma maior agressividade em suas ações internacionais, causando desconforto e uma certa insegurança nos países europeus.
Acima: A característica que mais chama a atenção quando vemos o Queen Elizabeth são suas duas ilhas no convés, onde normalmente só haveria uma.
Acima: O Queen Elizabeth tem quase o comprimento de um super porta aviões da classe Nimitz da marinha dos Estados Unidos.
Acima: O primeiro navio da classe, o próprio Queen Elizabeth está praticamente pronto devendo começar seus testes de mar em 2017.