segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

GORKOVSKY AVTOMOBILNY ZAVOD 233114 TIGR -M 4X4


FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 140 Km/h.
Alcance Máximo: 900 Km.
Motor:  Um motor YaMZ-534 turbocharged  com 240cv de potência.
Peso: 7,5 toneladas.
Altura: 2,40 m.
Comprimento: 5,7 m.
Largura: 2,3 m.
Tripulação: 1+11 soldados equipados dependendo da versão.
Armamento:  Uma metralhadoras de uso geral PKP 6P41 “Pecheneg” em calibre 7,62 X 54 mm ou uma metralhadora pesada Kord 6P50 em calibre 12,7 X 08 mm, um lança granadas automático AGS-17 Plamya de 30 mm. Armas mais pesadas como sistemas de mísseis Kornet 9M133-1 também podem ser empregados,
Trincheira: 0,50 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 40º
Obstáculo vertical: 0,50 m
Passagem de vau: 1,20

DESCRIÇÃO
Por Anderson Barros em parceria com site Plano Brasil.

PREFÁCIO.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os veículos 4×4 de 1/4 t — vulgarmente conhecidos como jipes (General Purpose)  tornaram-se uma presença comum e numerosa nas unidades do Exército dos Estados Unidos. A grande quantidade de jipes disponíveis ao final daquele conflito tornou inevitável seu uso por um grande número de exércitos no período do pós-guerra, mormente para missões de reconhecimento e ligação. Apesar de suas conhecidas limitações, a simplicidade, rusticidade e praticidade do veículo acabaram resultando em uma espantosa longevidade. Um dos pontos negativos do jipe era o fato de não oferecer à guarnição praticamente nenhuma proteção contra minas, tiros, ou estilhaços.
As tentativas de blindar o jipe, parcial ou totalmente, não foram muito bem-sucedidas, pois a suspensão do veículo não reagia bem à carga adicional. Eventualmente, os principais exércitos do mundo acabaram por substituí-lo por veículos mais sofisticados e logicamente mais caros e mais pesados.  Mesmo os Humvee, veículos muito mais modernos que o "jeep", usado pelas forças armadas dos Estados Unidos e seus aliados têm se mostrado excessivamente vulnerável nesses ambientes. Isto porque,  a letalidade dos armamentos empregados tem se mostrado mortais contra veículos leves, que embora se mantendo dentro de limites dimensionais aceitáveis e continuando a tradição de versatilidade, apresentam melhor desempenho e maior mobilidade fora de estrada, bem como oferecessem um razoável nível de proteção para seus ocupantes.
Acima: O Tigr-M, é parte de uma linhagem de veículos de transporte que tem trazido boa reputação a industria de defesa russa.

ORIGEM.
O Gaz Tigr foi desenvolvido a pedido do Exército Russo que viu a necessidade de dotar suas unidades motorizadas e mecanizadas com um veículo todo terreno de nova geração que substituiria todos os veículos táticos 4×4. Inicialmente este veículos seriam empregados pelo Exercito Russo e posteriormente pelas outras forças militares e policiais.
As especificações russa previam um excelente desempenho off-road, capacidade de transportar uma grande carga útil, e capacidade sobrevivência para a tripulação.
O primeiro protótipo do Gaz Tigr foi apresentado na feira  IDEX em 2001 tendo a produção do lote piloto se iniciando em 2004 com a produção de 96 veículos. Porém devido as experiências do Exercito Russo nos conflitos da Chechenaia e observando a experiência americana no Afeganistão e no Iraque onde o uso de artefato explosivo improvisado (Improvised Explosive Device, ou IED) se mostrou cada vez mais intenso e os Humvee usados pelas forças armadas dos Estados Unidos e seus aliados se mostraram excessivamente vulneráveis nesses ambientes destacando a necessidade de revisões e atualizações nos seus projetos, e os projetistas russos se viram na necessidade de igualmente rever seus conceitos.
Outro fator importante foi a mudança na doutrina militar aplicada às forças terrestres, visando a mobilidade, acima de tudo e a capacidade de combate em áreas urbanas, o que imperou para que o Ministério da defesa russo solicitasse uma nova viatura para atender aos novos requerimentos impostos pelas forças Russas.
No processo de desenvolvimento do Tigr (Tigre), foram sendo introduzidos e novas versões surgiram até culminar no  GAZ VPK-233114 Tigr-M. Este último sendo apresentado pela primeira vez durante a exposição Interpolitex em 2010 e se tornando o veículo padrão das forças russas no qual oferece grande mobilidade e proteção a tropa.

VARIANTES.
A família de veículos blindados GAZ Tigr representam uma das mais bem sucedidas viaturas de sua categoria no mercado atualmente com mais de 15 países tendo adquirido os veículos desse projeto.  O GAZ Tigr possui um design e tecnologia simples o que reduz os custos de aquisição e manutenção.
O veículo base possui aproximadamente o mesmo tamanho que o HMMWV. Seu conceito originou diversas versões para as mais variadas aplicações recebendo diversos equipamento de acordo com as necessidade de cada cliente ou natureza da missão. Podemos citar algumas dessas variantes:
GAZ-2330/2975: Versão utilitária não blindada para o mercado civil e militar.

- GAZ-233001 / GAZ-233014 Tigr Scout: Veículos blindados de transporte de pessoal da APC (Armoured Personnel Carrier).

- GAZ Tigr-2 – versão civil do Tigr: Lançado em uma pequena série a partir de 2008. O carro está
disponível em dois níveis de acabamento luxo e regular.

- GAZ SP-46: Versão duas portas não blindada com capota removível.

- GAZ 233034 SPM-1: Versão 2 portas blindado adaptado para as s forças russas do  Ministério do Interior russo.

- GAZ 233036 SPM-2: Versão 2 portas blindado lançado em 2006-2007. Variante melhorada em relação a versão anterior SPM-1.

DA SIBÉRIA PARA O RIO DE JANEIRO.
O Batalhão de Operações Especiais da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro recebeu no final de 2010 um modelo do veiculo russo GAZ Tigr 233036 SPM-2 no qual recebeu a designação de VTL (Veículo Tático Leve) passou por uma série de análises de balística, de visibilidade e de progressão em área de risco. O veículo também circulou por diversas comunidades do Rio de Janeiro onde foi avaliada (e demonstrada) sua mobilidade.
Os russos realizaram modificações que se mostraram simples e funcionais. Porem ficou pendente a instalação de sistema de ar-condicionado de maior potência (afim de conferir maior conforto aos tripulantes durante as operações com o mesmo sob o calor extremo ao qual estamos acostumados aqui no Rio de Janeiro) requisito não atendido pelos russos. Outras modificações foram :
  • Melhoria da proteção balística para a célula
  • Melhoria da proteção balística dos pneus
  • Melhoria da proteção balística do motor
  • Mais conforto na acomodação dos tripulantes
  • Janelas blindadas basculantes
  • Porta de desembarque modificada
  • Instalação de janelas laterais para pontaria de armas
GAZ Tiger sobre fogo
O  GAZ Tigr, foi submetido a uma bateria de rigorosos testes de balística efetuados pelo próprio BOPE. Na ocasião o veículo foi alvejado por disparos de armas de diversos calibres, dentre estes o 5,56 mm e o 7,62 mm, segundo a avaliação do fabricante, o veículo respondeu satisfatoriamente aos ensaios demonstrando robustez na proteção para a tripulação.
O Tigr competiu com outros veículos, como Sul Africano Paramount Maverick  o Renault Sherpa APC francês dentre outros. No final o veiculo da empresa sul-africana Paramount saiu vencedor sendo adquirido oito unidades do Maverick.
Acima: Testado no Rio de Janeiro, a blindagem do Tigr segurou muito bem impactos de munição 7,62X51 mm.

GAZ 233136 TIGR-6A
A modernização do veículo Tigr-6A foi a maior ocorrida atualmente na família Tigr. Ele foi criado em 2011, desenvolvido para reduzir a ameaça representada pelas minas terrestres e pelos dispositivos explosivos improvisados. Seu projeto deu atenção especial para a proteção da tripulação, de modo que a célula da guarnição recebeu um maior nível de segurança. Os assentos não estão diretamente ligados ao piso, proporcionando uma capacidade de sobrevivência superior aos demais veículos da Família Tigr. Porem o mesmo se encontra em fase de protótipo onde vem realizando diversos testes porem, sem encomendas das forças russas.
Acima: O modelo GAZ 233136 Tigr-6A tem melhor capacidade de proteção contra minas terrestres e IEDs (dispositivos explosivos improvisados).

GAZ Tigr-M
Neste artigo vou apresentar um desses veículos blindados leves 4X4; O Tigr M , atualmente esta sendo fabricado pela Arzamas Engineering Plant (AMZ) sendo a variante mais moderna da família de blindados Tigr atualmente em serviço.
O Tigr M foi desenvolvido pela empresa GAZ (Gorkovsky Avtomobilny Zavod ) uma das mais competentes fabricantes de veículos da Rússia. O veículo foi projetado pela VKP ( Voenno-Promyshlennaya Kompaniya ) que é uma divisão militar do grupo GAZ.
O chassi é do tipo escada com longarinas duplas, com reforço estrutural de alta flexibilidade torsional, apto para qualquer terreno. Projetado para ser um veículo com características modulares tem sua estrutura dividida em chassi, compartimento da tripulação (célula de sobrevivência – Survival cell) e compartimento de motor (Power Pack) que fica alojado na dianteira do veículo separados através de uma parede corta fogo e estrutura com isolamento térmico/acústico.
O Tigr utiliza-se de um sistema de suspensão de barra de torção convencional. Esse sistema é tido pelos russos como além de mais simples, também muito mais confiável do que o caro e complexo sistema hidropneumático. A confiança que os russos possuem sobre esse sistema de suspensão, sua rigidez e robustez são comprovadas nas mais diversas exibições. Todos os braços da suspensão possuem amortecedores hidráulicos montados para limitar o deslocamento excessivo sendo um de cada lado do eixo dianteiro e dois de cada lado no traseiro.
Os freios são a tambor nas quatro rodas, com duplo circuito hidráulico e freio motor de dois estágios, com direção servo assistida hidraulicamente, diferencial autoblocante, tração 4WD (four wheel drive – podem tracionar nas quatro rodas, mas que também operam em 4×2) e sistema de regulação central da pressão dos pneus (CTIS). Alem disso, o Tigr usa alguns componentes automotivos do veiculo 8×8  BTR-80  e  do blindado leve 4x4 GAZ Vodnik.
Acima: Aqui vemos um GAZ Tigr 233036 SPM-2 modelo idêntico ao testado pela policia do Rio de Janeiro.

PROTEÇÃO
A carroceria monobloco é confeccionada em chapas de aço blindado com proteção balística que segue o Padrão OTAN STANAG 4569 nível 3 contra calibre 7.62 x 51 mm AP (Perfurante de blindagem) e Anti-minas Nível 2 para 6 kg de explosivos em qualquer das 4 rodas.
O assoalho possui revestimento interno Spall-Liner anti-estilhaçamento com três camadas para proteger contra detonações de minas e IED (Explosivos improvisados), muito usados em guerra irregular para destruir ou inutilizar os veículos inimigos.
Os vidros são montados em estruturas basculante e dependendo da versão ou gosto do cliente o mesmo pode ter pequenas escotilhas para disparo de armas de dentro do veiculo.
A cabine blindada tem duas portas na dianteira e uma grande porta traseira (existe a opção de quatro portas mais a porta traseira). O perfil padrão do veículo fornece capacidade de transporte nas seguintes configurações: motorista e 11 passageiros. Outras configurações acomodam 1 + 3, 2 + 4 ou 2 + 7 respectivamente.
Existem algumas versões especializadas deste veículo sendo uma excelente plataforma que oferece alta capacidade de carga (1,5 toneladas) e um peso total de 7,200 kg. O compartimento da Tripulação é protegido para condições de guerra nuclear, biológica e química (NBQ). Os pneus do Tigr são do tipo “run flat”, extremamente resistente a tiros podendo trafegar mesmo que perfurado.
Acima: Em recentes ataques no Daguestão  e Chechênia onde um veiculo Gaz-233014 TIGR Scout foi atacado recebendo disparos de fuzis Kalashnikov, lança-granadas e rifle sniper.SVD. Em outra ataque envolvendo um Gaz-233114 Tigr-M o mesmo foi vitima de um artefato explosivo improvisado ( Improvised explosive device, ou IED). Em ambos os casos a blindagem do veiculo resistiu salvando a tripulação

PROPULSÃO
A modularidade deste veículo permite a instalação de diversos tipos de motorização para ir de encontro com as necessidades do cliente. Ao todo, estão disponíveis, hoje, 5 modelos de motores, sendo eles: três modelos Cummins serie B :B-180 5.9 L 6 cilindros turbo diesel com 180 CV, B-205 5.9L 6 cilindros Turbo diesel com 205 CV e o B-215 5.9 L 6 cilindros turbo diesel com 215 cv. Há uma opção com motores russos modelos GAZ-562 3,2L 6 cilindros turbo diesel com 197cv e o YaMZ-534, com 190 hp multicombustível (quando equipado com turbocharged a potencia aumenta para 240 cv). Com qualquer um desses motores podem usar três tipos de transmissão duas automáticas : Allison LCT-1000  de seis velocidades e GM 545RFE de cinco velocidades.
Também existe a opção de transmissão manual fabricada pela GAZ de cinco velocidades. O Tigr M, possui uma velocidade máxima de 140 km/h em estradas. Sua autonomia chega nos 900 km esse desempenho é considerado muito bom para essa categoria de veículo.
A capacidade de operar em terrenos irregulares é elevada, podendo passar por obstáculos verticais de 50 cm de altura e encarar inclinação frontal de 60º. Embora não seja um veículo anfíbio, ele pode transpor um rio com profundidade de até 1,20 metro.
Acima: Compartimento de motor (Power Pack) onde se pode ver o trem de força YAMZ-534 (de fabricação russa). Os tubos de alumínio fazem parte do compressor turbocharger que aumenta a potencia do motor dos originais 190 cv para os 240 cv de potencia.

SISTEMAS DE ARMAS
O armamento básico que pode ser usado no Tigr M é composto por metralhadoras de uso geral PKP 6P41 “Pecheneg” em calibre 7,62X54 mm  ou  com uma metralhadora pesada Kord 6P50 em calibre 12,7 x 108 mm , porém não há problemas para instalar metralhadoras de modelos diferentes caso o cliente assim queira.
No lugar da metralhadora pode ser instalado um lança granadas automático AGS-17 Plamya de 30 mm capaz de lançar 400 granadas por minuto. Alternativamente pode ser instalado equipamentos para as mais variadas missões.
O gaz Tigr pode ser equipado com duas torretas giro estabilizadas armadas com misseis do sistema antitanque Kornet 9M133-1 ( ogiva HEAT – High Explosive Anti Tank, Alto Explosivo Anti Tanque) com 8 km de alcance ou 9M133F-1 (com ogiva termobárica) com 10 km de alcance.
A empresa joint stock company Research-and-production corporation Konstruktorskoye byuro ashynostroyeniya desenvolveu um novo sistema de defesa antiaérea de curto alcance ( Short Range Air Defense) Gibka-S. O sistema é composto por uma torreta, dotada de mísseis termo guiados do tipo 9K333 Verba tendo como opção o uso do Igla-S.  Seu objetivo básico é proporcionar proteção móvel contra mísseis de cruzeiro, veículos aéreos não-tripulados (drones), helicópteros e aviões que operem a uma distância de até 6.500 m, voando a menos de 4.500 m de altitude.
Acima: O Gaz Tigr pode ser equipado com duas torretas giro estabilizadas armadas com misseis do sistema antitanque Kornet 9M133-1 ( ogiva HEAT – High Explosive Anti Tank, Alto Explosivo Anti Tanque) com 8 km de alcance ou 9M133F-1 (com ogiva termobárica) com 10 km de alcance.

EM AÇÃO
Crimeia 
O Veículo foi flagrado pelas câmeras já no inicio da  intervenção militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2014 quando as Forças Russas desembarcaram na península da Crimeia, no sul da Ucrânia e tomaram controle da região da mesma. Entre os veículos implantados na região a maioria eram do modelo Gaz Tigr em diversas configurações. Segundo informações a maioria dos veículos implantados no inicio da operação pertenciam a infantaria naval russa (Береговые войска ВМФ России, ou Beregovye Voyska VMF Rossii).
Síria
A intervenção russa na Guerra Civil Síria começou no fim de setembro de 2015. Consistindo de uma série de ataques aéreos e navais feitos pelas forças armadas da Rússia contra o grupo extremista autoproclamado Estado Islâmico (EI) na Síria.
Operações terrestres pontuais feitas por forças especiais russas também foram reportadas. Dentre os veículos usados pelas forças russas em operações em solo esta o Gaz Tigr o mesmo também e operado pelas Forças Sírias.
Acima: Mais recentemente, na anexação da Crimeia pela Rússia, os Tigr novamente se fizeram presentes transportando as tropas russas pelo ex território ucraniano.

CONCLUSÃO
A primeira vista o veículo impressiona pelas suas linhas e tamanho, embora no mundo existam veículos menores e maiores nesta categoria com muitas opções de diversas qualidades, capacidades e, acima de tudo, preço.  Com melhorias em conceitos de modularidade e manutenção, blindagem, motorização, maximizando as capacidades de combate do veículo torna o Tigr um veículo interessante e competitivo no disputado mercado de blindados 4×4 leves.
O Gaz Tigr incorpora tecnologias e soluções que englobam um custo de aquisição e operação bem acessível o que o torna um veículo capaz de operar em ambiente dos mais variados cenários da guerra moderna. Um dos seus pontos negativos e não possuir proteção Modular que possa ser ajustada para se adequar às exigências da missão. Os veículos mais modernos utilizam de pacotes de blindagem modulares  podendo receber um escudo protetor para a proteção contra minas anticarro.
Isso acaba  tornando o Tigr um veículo pesado sem a opção de se reduzir esse peso com a diminuição da blindagem como nos outros veículos de sua categoria. Outro ponto  em relação a segurança que deve ser observado são os assentos, mesmo que não estejam  diretamente ligados ao piso,  apresentam uma baixa capacidade de absorção de explosões e não possuem cintos de segurança adequados o que aumenta os riscos da tripulação. Embora a maioria das deficiências encontradas nos veículos anteriores tenham sido sanadas na versão Gaz 233136 TIGR-6A ultimo membro da família Tigr que atualmente se encontra em fase de teste
Acima: Gaz Tigr-M impossível, não notar o grande ressalvo no capô, necessário por causa do bloco mais alto do motor YaMZ-534 — ele se tornou seu elemento estético mais característico.

CLASSE FORMIDABLE.


FICHA TÉCNICA
Tipo: Fragata multimissão.
Tripulação: 71 tripulantes mais 19 da ala aérea.
Data do comissionamento: Maio de 2007.
Deslocamento: 3200 toneladas.
Comprimento: 114,8 m.
Boca: 16,3 m.
Propulsão: 4 motores a diesel MTU 20V 8000 que produzem 48800 shp e que movem dois eixos com uma hélice cada.
Velocidade máxima: 27 nós (50 km/h).
Alcance: 7880 Km.
Sensores: Radar de busca aérea e de superfície: Thales Herakles com 250 Km de alcance. radar de navegação Scanter 2001, radar de controle de fogo Thales Sting EO MK 2; Sonar EDO M 980 ALOFTS rebocado
Armamento: AAW: 4 lançadores de 8 celulas Sylver A-50 para mísseis Áster 15/ 30; SSM: 2 lançadores  MK-141 quádruplos para mísseis RGM-84 Harpoon, 1 canhão OTO Melara 76 mm/62 Super Rapid; 2 canhões automáticos Rafael ADS Typhoon calibre 25 mm; 2 lançadores triplos para torpedos Eurotorp A-244S
Aeronaves: 1 Helicóptero Sikorsky S-70B Seahawk

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
Cingapura tem uma marinha tradicionalmente equipada com pequenas embarcações multifunção para poder otimizar ao máximo a capacidade da força como um todo. Porém, faltava um navio com capacidade de "águas azuis" ou para operações oceânicas. Por isso, o ministério da defesa de Cingapura encomendou junto a DCNS da França um projeto para uma nova classe de fragatas que deveriam incorporar as ultimas tecnologias para esse tipo de equipamento disponíveis no mundo. Batizada de classe Formidable, a DCNS construiu 6 navios que foram entregues a marinha da Cingapura a partir de maio de 2007. O projeto é baseado nos navios da classe Lafayette, e por isso, foram projetadas para ter baixo índice de ruído, baixa assinatura infravermelha e de radar. Outro ponto interessante sobre o projeto deste navio é o alto nível de automação de seus sistemas que permitiram uma diminuição  de 50 % no numero de tripulantes, de forma que, enquanto nos navios da classe Lafayette, há 164 tripulantes, nos navios da classe Formidable, há, apenas, 71 tripulantes.
Acima: Com um desenho bastante limpo e com ângulos, a fragata Formidable apresenta uma redução importante de sua área de reflexão de radar (RCS).
Como está se tornando praxe atualmente, houve transferência de tecnologia para a industria de Cingapura nesse projeto e muitas outras empresas do país produzem sistemas e peças para este navio. O sistema de gerenciamento de combate, assim como sua integração, foi desenvolvida pela própria Agência de Ciência e Tecnologia de Cingapura (DSTA). Os mostradores dos consoles, assim como os sistemas de comunicação integrados são desenvolvidos pela Singapore Technology Electronics, uma subsidiária da ST Engineering.
Acima: O programa de aquisição dos navios da classe Formidabel de Cingapura abrangeu um bom espectro de transferência de tecnologia, onde muitas empresas do país foram pesadamente beneficiadas, gerando emprego e know how a industria local
O sistema de propulsão da Formidable é do tipo CODAD (diesel e diesel combinado) e está equipada com 4 motores a diesel em um esquema similar ao usado pelos navios da classe Lafayette originais, dos quais, esta classe deriva, porém o sistema de propulsão dos navios de Cingapura são um pouco menos potentes. O modelo dos motores usados é o MTU 20V 8000 e conseguem mover o navio a uma velocidade de 27 nós ou  50 km/h. A Formidable possui uma boa autonomia sendo que pode chegar a 7880 km quando navegando em velocidade de cruzeiro econômico (algo como 18 nós ou 33 km/h), podendo, assim, ser operada em missões internacionais.
Acima: As Formidable derivam do navio francês classe La Fayette, porém o seu armamento é mais pesado, e seus sistemas bem mais capazes.
O radar do Formidable é o Thales Herakles de abertura sintética, tridimensional, e que faz a buscas primárias e o controle de fogo das armas do navio. O alcance do Herakles é de 250 Km e pode rastrear mais de 400 alvos simultaneamente. Esse radar é usado, também para designar alvos para o sistema de míssil antiaéreo Áster-15/ 30, que é o principal sistema de armas do navio. Além desse sensor, outros sistemas de sensores com objetivo de apoio a navegação como o radar Scanter 2001 ou o  radar de controle de fogo Thales Sting EO MK 2 que orienta a visada do canhão de 76 mm do navio, foram instalados. O Formidable também recebeu um sonar rebocado de baixa frequência EDO M 980 ALOFTS que permite detectar e classificar um submarino inimigo a longa distancia.
Acima: O radar Herakles é o principal sensor da Formidable. este sistema de radar também é usada nas modernas fragatas multimissão da classe Aquitaine, já descritos nesse site.
O principal armamento da Formidable são seus 4 lançadores verticais Sylver A-50 de 8 celulas cada, para mísseis antiaéreos Aster 15 e Aster 30. O primeiro tem alcance de 30 km e o segundo alcança 100 km. O sistema de guiagem destes ótimos mísseis é por radar ativo permitindo a flexibilidade de engajamento de alvos múltiplos. Ainda falando de mísseis, a Formidable recebeu 2 lançadores  MK-141 quádruplos para mísseis RGM-84 Harpoon que são usados para atacar navios. O alcance deste clássico míssil anti-navio chega a 130 km e seu sistema de guiagem se dá por radar ativo.
O armamento de tubo é composto pelo canhão de fogo rápido OTO Melara 76/62 Super Rapid calibre 76 mm, que atinge uma cadência de 120 tiros por minuto e um alcance de 16 km, quando usando munição de alto explosivo (HE). Existe, ainda, a munição Vulcano, já disponível em calibre 76 mm, que permite atingir alvos a 40 km com alta precisão pois a granada é guiada por GPS com um sensor infravermelho IR ou por laser semi ativo na fase terminal do ataque. Há 2 canhões automáticos leves Rafael ADS Typhoon calibre 25 mm, ideal para atacar pequenas embarcações em caso de ameaças assimétricas. Estes canhões podem disparar a cerca de 200 tiros por minuto e tem alcance de 3 km. Existem 4 metralhadoras pesadas CIS-50MG calibre 12,7 X 99 mm (.50). E por ultimo, para guerra anti-submarino, foi instalado 2 lançadores triplos B-515 para torpedos leves de 324 mm Eurotorp A-244S. Esse torpedo, de origem italiana, tem alcance de 13,5 km e possui guiagem por sonar ativo/ passivo.
Acima: O armamento e sistemas de sensores da fragata Formidable permitem que o navio seja usado como escolta de grupos de batalha naval. Nesta foto podemos ver o Formidable escoltando o super porta aviões norte americano USS Nimitz (CVN-68).
As fragatas da classe Formidable foram projetadas para operar um helicóptero médio, e a marinha de Cingapura usa nesse papel o excelente helicóptero Sikorsky S-70B Seahawk para missões de busca, salvamento e guerra anti-submarino. Há um hangar no navio capaz de prestar um bom suporte a operação do helicóptero.
As fragatas Formidable representam um navio de bom custo benefício. Seu preço está em cerca de U$ 350 milhões cada unidade, na época em que foi contratado sua construção e o navio entrega uma boa capacidade de defesa antiaérea de área, permitindo ser usada como um navio de escolta de um grupo de batalha. Embora suas capacidades sejam inferiores a de navios equipados com sistema AEGIS, muito mais caros de comprar e operar, temos que ser honestos e constatar as boas capacidades deste moderno projeto. Seria um navio excelente para a defasada marinha brasileira.
Acima: A Formidable foi projetada para operar um helicóptero médio e a marinha de Singapura usa o Sikorsky S-70B Seahawk em cada um dos seis navios desta classe.

XI’AN HONGZHAJI H-6H/H-6K


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,75 (918 km/h)
Velocidade máxima: Mach 0,80 (992 km/h)
Alcance: 4300 km.
Teto de serviço: 12800 m.
Propulsão: Dois turbojatos Xi’an WP-8 (nos H-6E, H-6H e H-6M), com potência de 9.310 kg cada; dois turbojatos Soloviev D-30KP-2 redesignados como Xi’an WP-18 (nos H-6K), com potência de 12.000 kg cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 36,25 m
Envergadura: 34,19 m.
Altura: 10,36 m
Peso: 36600 kg (vazio) e 75800 kg (máximo na decolagem)
ARMAMENTO
9000 kg no compartimento interno (versão H-6E) em bombas de queda livre ou mesmo guiadas. Já na versão H-6K , 5500 kg transportados exclusivamente nos 6 pontos fixos subalares e que são compostos por mísseis de cruzeiros como o CJ-10K e o YJ-63/KD-63, Mísseis anti navio YJ-12 e CM-802.

DESCRIÇÃO
Por Sérgio Santana
Nos últimos tempos manchetes acerca da escalada de tensão entre Estados Unidos e China por conta das disputas de hegemonia motivadas pela situação de Taiwan (considerada pelo governo chinês como uma “província rebelde” e uma nação autônoma pelo Ocidente) e da soberania das águas territoriais do Mar do Sul da China (envolvendo Vietnã e Filipinas, dentre outros países) tem ocupado os noticiários internacionais, inclusive com a liderança militar em Pequim tendo anunciado que “tecnicamente já está em guerra contra os EUA”.
Isto naturalmente aumenta o interesse dos estudiosos e aficionados em temas militares, muitos dos quais já conhecem os bombardeiros estratégicos norte-americanos que provavelmente seriam empregados caso um conflito entre as duas potências seja realmente deflagrado, os Rockwell B-1B Lancer, Northrop B-2 Spirit e B-52H Stratofortress.
Entretanto, para uma boa parte dos interessados em tecnologia militar e ainda mais para o grande público, o Xi’an Hongzhaji H-6 (pronunciado “Rongjaji”, bombardeiro no idioma mandarim), a contra-parte chinesa daquelas aeronaves, permanece envolto em segredo.
Acima: Nessa foto podemos ver um bombardeiro russo Tupolev Tu-16 Badger sendo escoltado por um caça F-14ATomcat da marinha dos Estados Unidos. O Tu-16 foi a base do desenvolvimento dos bombardeiros chineses Xi'an Hongzhaji H-6.
A sua história remonta a 1956, quando a liderança soviética propôs uma força nuclear conjunta entre a China e a União Soviética, o que foi recusado pelos lideres chineses. Em lugar da proposta, em setembro de 1957, os soviéticos concordaram em estabelecer uma linha de montagem do bombardeiro médio Tupolev Tu-16 (“Badger” para a OTAN) na cidade chinesa de Harbin. Três exemplares da aeronave chegaram à China entre janeiro e maio de 1959.
Embora o primeiro exemplar do Tu-16 fabricado na China só tenha voado oficialmente pela primeira vez em 24 de janeiro de 1968, devido a contratempos políticos e à decisão de mover a linha de montagem para Xi’an, dois deles foram montados ainda em 1959 e em meio aos tradicionais testes de aceitação de fábrica, que precediam às avaliações operacionais, um daqueles bombardeiros foi equipado com um compartimento de bombas refrigerado para armas nucleares. Assim, no que foi o primeiro passo na direção do emprego do H-6 como o único vetor estratégico chinês para armas nucleares até o momento, o tipo lançou no campo de testes de Lop Nor a primeira bomba nuclear aerotransportada chinesa, designada A29-23, com potência de 22 quilotons, em 14 de maio de 1965, bem como o primeiro artefato termonuclear chinês, conhecido como H639-23, com a potência de 3.3 megatons, em 17 de junho de 1967.
Acima: O Bombardeiro H-6 foi o primeiro bombardeiro com capacidade estratégica da China. Assim foi a aeronave que participou do desenvolvimento e testes das primeiras bombas atômicas da potência asiática.

As versões nucleares do H-6
A primeira variante do H-6 destinada ao emprego de armamento nuclear foi a H-6E, equipada com navegação inercial/GPS, contramedidas eletrônicas e de apoio aperfeiçoadas, cockpit remodelado e motores mais potentes, entrando em serviço no final da década de 1980.
A década seguinte presenciou a introdução do H-6H, capaz de levar dois misseis sob as asas, mas sem armamento no compartimento de bombas ou armamento defensivo, originalmente composto por sete torretas com canhões AM-23 de 23mm.
Das versões estratégicas do H-6 a mais recente é a “K”, grandemente remodelada: o seu cockpit para três tripulantes possui seis mostradores multifuncionais, radome maior e a aeronave é propulsada por dois motores D-30KP-2, os mesmos do Ilyushin Il-76 que produzem 12000 kgf de empuxo máximo. O H-6, em qualquer uma de suas versões, não possui um alcance muito longo, como os bombardeiros estratégicos russos e norte americanos. São 4300 km de alcance de travessia. Desempenho similar a de um caça bombardeiro da família Flanker e muito menor que o de um B-52, por exemplo, que pode chegar a mais de 16000 km.
Acima: Aqui podemos ver o H-6K, a versão mais avançada do bombardeiro chinês. As entradas de ar com maiores dimensões e os seis cabides externos para mísseis caracterizam o modelo.

Aviônicos e Armamento
O H-6K possui TV/FLIR, SATCOM e datalink, MAWS e RWR. No que concerne ao armamento, o H-6E era armado com bombas nucleares de queda livre apenas, derivadas dos já mencionados artefatos lançados em testes.
O H-6H pode ser armado com dois misseis CHETA YJ-63/KD-63, considerados os primeiros misseis de cruzeiro de longo alcance chineses. A arma, que entrou em operação em 2004/2005, mede sete metros, possui altitude de lançamento entre 200 e 500 m, alcance entre 20 e 185 km, velocidade de 900 km/h, altitude de voo entre 7 e 1.000 m, com múltiplos sistemas de direcionamento conforme a fase do voo (inicialmente inercial, depois datalink de comando, seguido de GPS e por fim TV). A ogiva pesa 500kg.
O H-6K, que é a versão mais recente do H-6 não transporta armas internamente e recebeu seis pontos fixos externos subalares para misseis YJ-63/KD-63 ou CASIC CJ-10K. Este míssil, baseado no russo Kh-55, entrou em serviço em 2013 e usa navegação inercial, comparação de relevo e correlação digital de cena e mapeamento na ultima fase do voo. Mede 6.30 m, possui alcance de 2.500 km, velocidade de Mach 0.8 e ogiva de 500 kg ou nuclear de potência desconhecida, mas estimada em 200-300 quilotons. A precisão é citada como sendo dez metros.
Acima: O H-6K transporta suas armas exclusivamente em seus cabides externos, não tendo capacidade de transporte de armas internamente como nas versões inicias do H-6.

Produção
Estima-se que tenham sido produzidos pouco mais de 200 H-6 de todos os modelos, incluindo versões de guerra eletrônica e reabastecimento em voo. O único que permanece em produção é o H-6K, que foi introduzido em 2012 para uma vida operacional além do ano de 2020.
A China tem apresentado um desenvolvimento robusto e rápido de suas forças armadas e já anunciou estar desenvolvendo um novo bombardeiro estratégico que, muito provavelmente acabará por aposentar os H-6K até o final da próxima década. Contudo, vale observar que com uso de armas de longo alcance, a capacidade stand off, que é conceituada como a capacidade de um ataque ser feito longe do raio de ação das defesas inimigas, o H-6 é um vetor a ser respeitado e considerado dentro das estratégias de qualquer oponente que for enfrentar os chineses.
Acima: Aqui podemos ver um caça Su-30MKK escoltando um bombardeiro H-6. Dado a vulnerabilidade do H-6, o uso de escoltas deverá ser frequente em caso de guerra.

BAE SYSTEMS AB SEP 8X8 THOR


FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 120 Km/h.
Alcance Máximo: 600 Km.
Motor: Hibrida Diesel elétrica com 2 Motores a diesel com 270 HP.
Peso: 14,5 toneladas (vazio).
Altura: 2,2 m.
Comprimento: 6 m.
Largura: 2,8 m.
Tripulação: 4 +8 soldados equipados.
Armamento: Metralhadora FN Mag cal 7,62X51 mm, um lançador automático de granadas LAG-40 de 40 mm, ou uma metralhadora M-2HB cal .50 (12,7 mm), Canhões de 25 a 120 mm, podem ser instalados.
Trincheira: 1,8 m.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 36º.
Obstáculo vertical: 0,60 m.
Passagem de vau: 1,2 m.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
Em todos os segmentos de assuntos em que nós observemos mais atentamente, acabaremos em algum momento nos deparando com alguma injustiça. As vezes, em nossos ambientes de trabalho notamos um colega que acaba demitido, mesmo sendo muito competente, por motivos que não justificariam aquele desligamento. No segmento que tratamos no WARFARE, as armas de guerra, essa triste possibilidade também tem um grande potencial de se tornar realidade. E é interessante notar que esse fato nem é assim, tão incomum. Hoje vamos tratar de um veículo de combate que se enquadra nessa situação de "injustiçado". Desenvolvido pela subsidiaria sueca da empresa BAE, conhecida por BAE Systems AB, o avançado veículo SEP 8X8 Thor foi projetado para preencher os requisitos do exército sueco para uma nova e moderna viatura de transporte de tropas que pudesse ser transportada por um cargueiro C-130 Hércules e que tivesse, também, alta mobilidade. Inicialmente o projeto trouxe um protótipo de uma viatura sobre lagartas no ano 2000. Uma variante sobre rodas foi apresentada 3 anos depois.
Acima: O projeto do Thor deriva do veículo modular SEP que, originalmente era um veículo sobre lagartas.
O Thor é o mais compacto veículo com tração 8X8  dentre os grandes players do mercado como o Piranha III e o Patria AMV, ambos já descritos aqui no WARFARE. Seu peso, 14,5 toneladas vazio, também é menor que a media dos veículos similares no mercado. Mesmo sendo mais compacto, ele preserva a capacidade de de 8 a 10 soldados transportados dependendo da versão, mais o motorista e comandante. A propulsão do Thor possui uma exclusividade. Ele é movido por dois motores Steyr M-16 com 6 cilindros 3.2 L turbodiesel que fornecem 270 Hps de força cada. Além disso há um motor elétrico que permite o Thor operar de forma silenciosa.  A autonomia desse motor elétrico não foi informado nas fontes que pesquisei, mas baseado no fato de ser uma tecnologia relativamente nova, provavelmente não deve ser muito boa. No entanto, com a propulsão diesel, o Thor tem alcance de 600 km, o que o coloca em pé de igualdade com seus similares. O Thor não é anfíbio, mas tem capacidade de passar por rios com profundidade de até  1,2 m. A suspensão do Thor é do tipo hidropneumática.
Acima: O Thor possui alta mobilidade e suas dimensões compactas facilitam seu transporte por uma aeronave C-130 Hercules.
Muito pouca informação sobre os sistemas eletrônicos foram apresentadas nas fontes disponíveis de pesquisa, porém, o Thor está equipada com câmeras que permitem uma visão em 360º em volta do veículo, para suprir a ausência de janelas. Certamente o Thor deve ter, também, periscópios para o comandante e para o artilheiro, nos exemplares que forem armados. Existe uma sistema computadorizado de diagnóstico que permite uma rápida visualização de qualquer defeito ou dano que ocorrerem no Thor.  Já, o nível de proteção para a tripulação é um dado informado com detalhes e informa que o veículo pode receber blindagem composta por peças de cerâmica modulares que permitem parar projéteis em calibre 14,5 mm de metralhadoras pesadas, ou uma blindagem mais robusta que segure impactos de munição de 30 mm de canhões automáticos. Ainda é possível instalar blindagem reativa que já demonstrou em um teste, aguentar dois impactos de granadas RPG-7 sem causar danos significativos e mantendo o habitáculo onde os soldados são transportados intacto. Um detalhe curioso é que é possível o cliente optar pela proteção NBQ (nuclear, Bacteriológica e Química), sendo que esta proteção não vem de série.
Acima: O habitáculo onde a tropa fica é protegido por uma blindagem modular que pode suportar tiros de munições calibre 14,5 mm até 30 mm dependendo da configuração adotada pelo operador.
Graças a modularidade do projeto, as opções de armamentos para serem instaladas no Thor são bem variadas. Pode ser instalado torres remotamente controladas com metralhadoras de uso geral em calibre 7,62 mm, ou uma metralhadora pesada em calibre 12,7 mm. Alternativamente, um lançador automático de granadas em calibre 40 mm pode tomar o lugar destas metralhadoras. Uma torre com canhão em calibre 25 mm, ou mesmo um pesado canhão de 120 mm podem ser instalados.  Morteiros de 81 e 120 mm também fazem parte das opções de se armar o Thor. Ao todo, sua modularidade permite 40 configurações diferentes de missão para esta moderna viatura.
Com seu pioneirismo, com possibilidade de usar um motor elétrico para se mover silenciosamente, alta proteção blindada e grande modularidade, é frustrante para seus projetistas não terem conseguido vender este bom veículo a nenhuma força armada. Além da Suécia, a Inglaterra chegou a ser sondada sobre uma possível venda para o exército daquela nação, sem conseguir emplacar uma encomenda.

Acima: Aqui podemos perceber uma torre remotamente controlada, equipada com uma metralhadora pesada M-2HB em calibre 12,7 mm (.50) instalada no topo da viatura Thor. Armamentos ainda mais pesados como canhões de 25 mm e morteiros podem tomar lugar dessa configuração.

Acima: Essa mancha escura na parte lateral traseira do Thor é o resultado da detonação de duas celulas de proteção reativa ao sei impactada por dois foguetes RPG 7. É claro a ausência de danos significativos na estrutura da viatura.

Acima: A tropa desembarca do Thor pela traseira, seguindo o padrão em veículos do mesmo tipo projetados no ocidente.

CLASSE SOVREMENNY/ PROJECT 956 SARYCH


FICHA TÉCNICA
Tipo: Destróier.
Tripulação: 344 tripulantes.
Data do comissionamento: Dezembro de 1980.
Deslocamento: 7940 toneladas (totalmente carregado).
Comprimento: 156,5 mts.
Calado:  6,5 mts.
Boca:  17,3 mts.
Propulsão:  2 turbinas a vapor GTZA-674 que juntas produzem 99500 hp que movem dois eixos com hélices de 4 pás.
Velocidade máxima: 33 nós (61 km/h)
Alcance: 26000 Km (em velocidade de cruzeiro econômica: 14 nós)
Sensores:  Radar de busca aérea: MR-760 Top Plate 3D; Radar busca de superfície: MR 212 Palm Frond; Radar de controle de fogo: MR-90 Front Dome. Sonar MGK-355 Platina montado no casco.
Armamento: AAW: 2 lançadores de mísseis 3S90M Shtil (SA-N-12 Grizzly) ; 4 canhões antiaéreos AK-630 de 6 canos de 30 mm; 2 canhões duplos AK-130-MR-184 de 130 mm; SSW: 2 lançadores quádruplos para mísseis  P270 Moskits  (SS-N-22 Sunburn); ASW: 2 lançadores de torpedos pesados de 533 mm; 2 lançadores de foguetes RBU-1000
Aeronaves: Um Ka-27 Helix.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
O destróier classe Sovremenny, desenvolvido na Rússia, é um poderoso navio construído para complementar os destróieres anti-submarino da classe Udaloy, já descritos no WARFARE. Para essa tarefa, os navios da classe Sovremenny foram pesadamente armados para lidar com todas os ameaças possíveis do combate naval. Para combate anti-navio, estão instalados dois lançadores de 4 células de mísseis Raduga P-270 Moskit, denominados SS-N-22 Sunburn pela OTAN. Este míssil é um dos mais poderosos armamento anti-navio já construído. Com quase 10 metros de comprimento, este míssil tem quase o tamanho de um pequeno caça e voa em perfil “sea skimming” ou “rente ao mar” em velocidade supersônica alta (cerca de 3200 km/h), o que já lhe confere uma potente transferência de energia cinética quando impacta em um casco de navio, transportando uma ogiva de 300 kg de alto explosivo capaz de partir no meio qualquer navio do tamanho de um cruzador,  ou pode, ainda, ser armado com uma ogiva nuclear de 200 Kt, que poderia incinerar um grupo de batalha naval de uma vez. O alcance deste poderosíssimo míssil pode chegar a 120 km, quando disparado de superfície. Digo isso, porque este míssil é lançável de aviões, também, o que lhe confere um alcance de 250 km. Esse espaço que usei para descrever esta arma sem paralelo no ocidente, foi importante, pois é uma arma que “estigmatiza” este navio como um “matador” de navios.
Acima: O Potente míssil P-270 Moskit representa o martelo de batalha dos destróieres da classe Sovremenny. Mesmo sua versão com ogiva convencional é capaz de por a pique os maiores navios de guerra, com exceção dos porta aviões.
Para defesa antiaérea o Sovremenny é armado com  dois  lançadores de mísseis 3S90M Shtil (SA-N-12 Grizzly), que é a versão naval do míssil BUK-M-3, com um alcance de 70 Km. O Sovremenny carrega 48 mísseis 3S90M de recarga para esses dois lançadores. Dois canhões duplos AK-130-MR-184 de 130 mm com capacidade anti-superfície e antiaérea estão montados a frente e a traseira do Sovremenny, que transporta 2000 munições de capacidade.
Para defesa de ponto, estão instalados 4 canhões de 6 canos rotativos AK-630 de 30 mm e com uma cadência de tiro da ordem de 6000 tiros por minuto. São transportados pelo navio 8000 cartuchos de 30 mm para alimentar estes canhões.
Para guerra anti-submarino são transportados dois lançadores duplos para torpedos pesados de 533 mm e dois lançadores de seis tubos para foguetes anti-submarinos RBU-1000 com 120 foguetes de recarga e 12 para pronto emprego. Um helicóptero anti-submarino Ka-27 é transportado também. Graças ao armamento que havia sido planejado para este navio, o seu tamanho é grande, sendo pouco maior que o destróier americano de classe AEGIS como o Arleigh Burke, também já descrito nesse site.
Acima: O Sovremenny opera um helicóptero Ka-27 Helix para missões anti-submarino em apoio aos meios orgânicos do navio que participam desse segmento da guerra naval.
Mas todos esses “dentes” não seriam tão letais se não houvesse os sensores para serem os olhos e ouvidos do navio. Para isso, nos dois primeiros navios dessa classe, foi  instalado um radar Top Steer que faz a busca aérea e alcança 300 km. Nos navios mais recentes foi instalado um radar MR-760 Top Plate 3D, capaz de detectar uma aeronave de grande porte a 300 km e um míssil em voo rasante a 50 km, além de poder gerenciar 40 alvos simultaneamente. Para controle de fogo dos mísseis 3S90M Shtil é usado o radar  MR-90 Front Dome com 74 km de alcance. Para busca de superfície, é usado o radar MR 212 Palm Frond com um alcance de 105 km. Os navios da classe Sovremenny contam, também com um sistema de contramedidas ativas com 8 lançadores de iscas PK-10 e 2 lançadores PK-2 com 200 foguetes que lançam uma nuvem de chaff que causam desorientação nos radares de mísseis inimigos.
Acima: Embora a suite de sensores este navio seja antiga, ainda é capaz de fazer seu papel e dar a capacidade de escolta que nortearam o projeto original dos navios Project 956 (Sovremenny).
A propulsão do Sovremenny é feita por duas turbinas a vapor GTZA-674 que juntas produzem 99500 hp, e que movem dois eixos com duas hélices com 4 laminas. Esse sistema acelera o Sovremenny a uma velocidade máxima de 33 nós (61 km/h) tornando este destróier um dos mais rápidos da categoria. Sua autonomia é extremamente boa. São incríveis 26000 km, quando navegando em velocidade econômica, que nesta classe de navio significa algo em torno de 14 nós (26 km/h).
É claro que a classe Sovremenny representa um projeto com mais de 30 anos, e por isso, sua idade já pesa. Porém, dado a seu forte armamento e de se excelente desempenho marinheiro, os destróieres da classe Sovremenny ainda representam um sistema de armas que precisa ser respeitado no campo de batalha. O navio se mantém em serviço na marinha russa com 5 navios ativos de 17 unidades que um dia operou sob a bandeira da mãe Rússia, e na marinha chinesa com 4 navios.

Acima: Os navios da classe Sovremenny continuam em operação na Rússia e na China e deverão permanecer por mais alguns anos em serviço até serem substituídos por uma nova classe de navios.