sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

M3A3 e M3A5 Lee

História e Desenvolvimento.


A segunda metade da década de 1930 presenciou um forte programa de rearmamento da Alemanha que era regida pelo partido nazista, este processo focava o desenvolvimento de novos conceitos e tecnologias em equipamentos e armas, e um dos pilares deste programa envolvia o desenvolvimento de carros de combate blindados, que se caracterizavam pela combinação de velocidade, mobilidade, blindagem, controle de tiro e poder de fogo, que eram superiores a maioria de seus pares disponíveis na época. Atentos as possíveis ameaças futuras, o comando do Exército Americano iniciou em fins desta mesma década um programa de estudos visando o desenvolvimento de blindados que pudessem a rivalizar com os novos carros de combate alemães, pois naquele período a espinha dorsal de seus carros de combate era representada pelos tanques leves M-3 Stuart dotados de canhões de 37 mm. 

Durante a campanha da França os novos blindados alemães o sucesso observado dos novos carros de combate o Panzer III e Panzer IV, aumentaram o nível de preocupação de comando do Exército Americano, a solução ideal estava baseada no projeto do novo carro M4 Sherman, porém o mesmo ainda não estava disponível para produção em larga escala, a opção mais viável estava concretizada no tanque médio M3 que já se encontrava fase inicial de produção, logo após o primeiro ter sido submetido a exaustivos testes a partir de março de 1941, além do mais as linhas de produção da Baldwin Locomotiva Works já estavam ajustadas para a produção em larga escala deste modelo, sendo que as primeiras unidades começaria a ser entregues já no mês de julho.
O M3 possuía um desing incomum, pois a arma principal o canhão M2 de 75mm não estava instalado em uma torre giratória, e sim no chassi o que prejudicava em muito o deslocamento lateral da peça forçando o veículo a se movimentar para melhor o ângulo de tiro, o canhão de 37 mm que estava montado na torre principal era de pouca utilidade contra as blindagens alemães, acima desta torre estava instalada uma metralhadora Browning .50 para uso do comandante do carro. Além da problemática da movimentação do canhão o M3 ainda apresentava como pontos negativos o perfil elevado do chassi, baixa relação de peso e potência e sua armadura rebitada (cujos rebites apresentavam a tendência de ricochetear internamente quando da ocorrência de impactos externos). Em função da emergencial necessidade de se suprir as forças britânicas com blindados de médio porte, estas deficiências foram ignoradas e milhares de carros foram exportados para a Inglaterra.

O batismo de fogo dos M3 (que foram batizados pelos ingleses como Grant ou Lee) ocorreria em 27 de maio de 1942 contra as forças do general alemão Erwin Rommel na Batalha de Gazala, e representaram uma surpresa para as forças do Eixo que não esperavam a presença de carros inimigos equipados com canhões de 75mm, representando um novo desafio para os Panzer alemães e para os tanques italianos Fiat M13/40 e M14/41, mesmo assim a introdução do M3 não conseguiu vencer a batalha pelos britânicos e muitos deles foram destruídos pelos mortais canhões anti tanque de alta velocidade e 88 mm. Nos primeiros estágios da participação americana dos Estados Unidos na guerra os M3 foram muito empregados nas demais batalhas no norte da África e também no teatro de operações do pacifico até serem substituídos pelos novos modelos do M4 Sherman.

Após a Inglaterra o segundo maior usuário do M3 foi a União Soviética, que passou receber seus primeiros carros de combate nos termos do Leand & Lease Act a partir de 1941, com um contrato envolvendo 1.386 unidades, porém o Exército Vermelho receberia efetivamente 967 destes, pois o restante foi perdido durante o transporte mais notadamente em ataques alemães aos comboios americanos. A designação soviética oficial foi М3 средний (М3) ou "M3 Medium", para distinguir o Lee / Grant do M3 Stuart , construído nos EUA , que também foi adquirido pela URSS e conhecido oficialmente como М3 лёгкий ( М3л ). O modelo se mostrou muito impopular entre as tripulações de carros de combate, recebendo o apelido de Братская могила на шестерых, que pode ser traduzido como "Um túmulo comum para seis".
Apesar das falhas e má fama o M3 é notabilizado por ter introduzido a nova e eficiente suspensão VVSS (Vertical Volute Spring Suspension) que permitia o blindando melhor desempenho em terrenos acidentados e não favoráveis. Sua produção total atingiu a cifra de 6.258 unidades, distribuídas em 17 versões, sendo fabricado entre agosto de 1941 e dezembro 1942. Além dos Estados Unidos, Grã Bretanha e União Soviética, os M3 seriam empregados também pela Austrália, Índia, Canada, China e Filipinas. 

Emprego no Brasil.

Apesar das falhas e má fama o M3 é notabilizado por ter introduzido a nova e eficiente suspensão VVSS (Vertical Volute Spring Suspension) que permitia o blindando melhor desempenho em terrenos acidentados e não favoráveis. Sua produção total atingiu a cifra de 6.258 unidades, distribuídas em 17 versões, sendo fabricado entre agosto de 1941 e dezembro 1942. Além dos Estados Unidos, Grã Bretanha e União Soviética, os M3 seriam empregados também pela Austrália, Índia, Canada, China e Filipinas. 

Em termos de carros de combate a cessão americana se concretizaria inicialmente com a entrega de 104 tanques médios Lee nas versões M3A3 e M3A5 (iguais aos fornecidos para os ingleses e russos, que os empregavam em diversas frentes de batalha contra os alemães e italianos), sendo ambos armados com canhões de 75mm e 37mm além de metralhadoras. Sua Guarnição era composta de seis homens e atingiam uma velocidade máxima de 40km/h. Os primeiros cinco M3 foram recebidos no Rio de Janeiro em 1942 e os últimos em meados do ano seguinte. A diferença básica entre estes dois modelos estava baseada no acabamento do casco, sendo o primeiro modelo totalmente soldado e o segundado rebitado.
A introdução dos carros de combate médio M3A3 e M3A5 nas fileiras do Exército Brasileiro viria a provocar a geração de um novo ciclo operacional que abandonava a doutrina francesa oriunda da Primeira Guerra Mundial e também substituiria seus meios, sendo que até então o sustentáculo da força mecanizada de blindados no Brasil era composto pelos carros leves italianos Fiat Ansalvo CV3/35 e alguns remanescentes franceses Renault FT-17. Não só Lee como também os Stuart recebidos no mesmo período eram muito superiores em termos de desempenho, peso, dimensões e armamento.

Inicialmente os M3A3 e M3A5 foram alocados junto ao 1º Batalhão de Carros de Combate, 2º Batalhão de Carros de Combate e 3º Batalhão de Carros de Combate, tendo como as capitais dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, estas unidades também estavam equipadas com o carro leves de combate M3 Stuart e M3 White Scout Car. Até o primeiro semestre de 1945 o M3 seria o principal carro de combate no Exército Brasileiro, e mesmo apesar de ser superado em número pelos Stuart, ainda detinha o melhor poder de fogo. A partir de agosto de 1945 começaram a ser recebidos os primeiros M4 Sherman, que gradativamente assumiram a posição de principal carro de combate brasileiro.
No início da década de 1960  restavam poucos carros operacionais, sendo esta indisponibilidade causada pela a crônica falta de peças de reposição (principalmente no que tange ao motor radial Wright a gasolina que deixará de ser fabricado em 1945), e cada vez mais os M3A3 e M3A5 estavam relegados a missões de segunda linha, a partir de 1957 começaram a ser recebidos os primeiros M-41 Walker Buldog, determinando o fim da carreira de combate do modelo sendo que apenas algumas unidades conservadas para treinamento na Escola de Motomecanização (EsMM ) no Rio de Janeiro até o fins de 1969, quando foram enfim descarregados tendo seus componentes principais como peças de motor, caixas reguladoras e geradores sendo aproveitados para suprir a frota de M4 Sherman.

Marder 1A2 Roland II

História e Desenvolvimento.

Fruto de um amplo projeto reconstrução da força militar blindada da Alemanha Ocidental em fins na década de 1960, o Marder foi desenvolvido inicialmente pela empresas alemãs  Rheinmetall Landsysteme e suíça MOWAG, seus primeiros protótipos foram completados entre 1961 e 1963,um grande número de melhorias foi proposto para a realização de ensaios, levando a encomenda para a construção de mais dez carros para testes em 1967. O trabalho de desenvolvimento final foi completado pelo grupo Rheinstahl e foram construídos dez veículos de pré-produção e concluídos ensaios de tropas com o exército alemão entre outubro de 1968 e março de 1969. Em maio de 1969, o veículo foi oficialmente chamado de "Marder" e em outubro e a Rheinstahl foi escolhida como o contratante principal.

O primeiro carro foi oficialmente entregue ao exército alemão em 07 de maio de 1971, tratava-se veículo blindado para o transporte de tropas (IFV) com design relativamente convencional, com o motorista sentado no lado esquerdo da frente do casco com o motor à sua direita. Tinha seu casco todo confeccionado em odo aço soldado, proporcionando proteção contra incêndios e fragmentos munição, suportando tiros de armas de até 20 mmm, foi desenvolvido ainda com sistema de proteção contra armas nucleares, biológicas e químicas. Podia transportar 12 soldados totalmente equipados e foi equipado com um canhão automático Rheinmetall MK 20 Rheno 20 de 20 mm para a autodefesa. A versão inicial Marder 1 foi seguida pelo Marder 1 A1 a partir de 1971, e outras variantes que passaram a incorporar a novas tecnologias entre elas sistema de comunicação, visão noturna e câmera termográfica. Até o ano de 1975 foram entregues 2.136 unidades para o Exército Alemão com centenas unidades usadas revendidas a Chile, Indonésia e Jordânia.
A versatilidade de operação da plataforma permitiu explorar um leque de oportunidades, entre elas sua dotação com misseis anti carro Milan , veículo de reconhecimento e terra ar ( SAM ) , sendo este equipados com misseis guiados por radar de curto alcance Roland II. O projeto de origem Franco Alemão , foi desenvolvido a partir de 1963 pelas empresas Nord Aviation da França e da Alemanha pela empresa Messerschmitt - Bölkow com o sistema sendo conhecido como SABA na França e P-250 na Alemanha, esta união proporcionou em 1964 a criação da empresa Euromissile , os testes tiveram início a partir de junho de 1968, com a produção seriada prevista para  janeiro de 1970, porém atrasos decorrentes do processo final de testes postergaram sua construção em escala industrial até início de 1977.

O sistema de Roland SAM foi projetado para atingir alvos aéreos inimigos que voam em velocidades de até Mach 1,3 em altitudes entre 20 metros e 5.500 metros, com uma gama eficaz mínima de 500 metros e um máximo de 6.300 metros. O sistema podia operar em modo óptico ou radar e pode alternar entre esses modos durante o rastreio e lançamento. Um radar de busca de pulso-doppler com uma gama de 15-18 km proveria a detecção do alvo, que poderia então ser rastreado ou pelo radar ou um rastreador óptico. O canal óptico, normalmente, seria utilizado apenas durante o dia contra alvos muito de baixo nível ou em um ambiente de bloqueio pesado.
O míssil Roland era composto por dois estágios, sendo unidade propelente sólido 2,4 metros de comprimento com um peso de 66,5 kg, e outro estagio com 6,5 kg portando uma múltipla ogiva de fragmentação-carga oca que contém 3,5 kg de explosivo detonado por impacto ou proximidade fusíveis. O míssil era fornecido em um recipiente vedado que era empregado também o tubo de lançamento, cada lançador carrega dois tubos de lançamento com mais oito no interior do veículo ou abrigo com recarga automática em 10 segundos. A versão Roland 2 foi desenvolvida para operação em qualquer tempo, sendo montado no chassi de veículos blindados sob lagarta, AMX-30R ou  Marder 1A2. O míssil se manteve em produção até fins da década de 1990, sendo adotado por 12 nações.

Emprego no Brasil.

Na segunda metade da década de 1970, as forças armadas brasileiras estavam empenhadas na obtenção novas tecnologias de defesa, neste mesmo período, o governo do presidente Ernesto Geisel viria a romper o acordo Militar Brasil - Estados Unidos que além pesar em termos políticos constantemente negava a aquisição de equipamentos de defesa de alta tecnologia. O rompimento deste acordo possibilitou a negociação e a aquisição de equipamentos de defesa oriundos de outras nações, neste novo cenário o Ministério do Exército iniciou tratativas junto a industrias de defesa da República Federal da  Alemanha e França, entre os objetivos almejados estava a aquisição de um sistema de defesa área que deveria ser empregado para proteção da capital federal Brasília. 

Entre as opções analisadas o Exército decidiu em 1977  pela aquisição de quatro baterias do sistema de misseis superfície ar (SAM) Roland II desenvolvido e produzido pela Euromissile (uma associação entre a Aerospatiale francesa e a Messerschidmitt-Bolkow-Blohm alemã), muito da decisão se baseou no fato que a este sistema havia sido adquirido França (39 carros e 1.315 misseis) e República Federal da Alemanha (43 carros e 825 misseis) e também estava sendo estudado pelo governo norte americano para a adoção. O Roland II podia ser configurado inicialmente sobre os veículos sobre lagartas AMX-30 e Marder VCI e posteriormente montado em shelters para blindados sobre rodas.
O contrato brasileiro previa que o sistema Roland II fosse entregue configurado sobre a plataforma do veículo blindado médio Marder 1A2, que transportava dois misseis na parte extrna da torre prontos para entrar em operação e mais oito misseis alojados em dois carregadores rotativos automáticos na parte interior do veículo. Juntamente foram entregues os sistemas eletrônicos para instrução de emprego teórico e prático. 

O Brasil foi o terceiro operador deste sistema de mísseis superfície-ar, que na época representava a tecnologia no estado da arte, para fins de instrução teórica e pratica, os equipamentos eletrônicos foram alocados na Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe) no Rio de Janeiro, vale salientar que este aparato ocupava um grande área nesta instituição pois ainda não existiam microcomputadores. Toda a instrução sobre a operação deste sofisticado sistema era ministrada no local sendo acompanhada dos uso das plataformas e armamentos. 

Este sistema de mísseis foi adquirido inicialmente para a defesa da capital federal, porém extraoficialmente especula-se que a principal intenção era o desenvolvimento de uma versão nacional (empregando técnicas de engenharia reversa), não existe confirmação desta teoria, porém o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) desenvolveu um protótipo de um "shelter" para lançamentos autorebocado nos anos seguintes. O declínio da indústria nacional de materiais de defesa na década de 1990 e problemas no acesso a suprimento de itens de reposição, levaram o Exército Brasileiro a gradativamente abandonar o emprego do sistema Marder Roland, fato este agravado com a perda de um carro em um acidente durante treinamentos no Campo de Provas de Marambaia.
Apenas uma unidade foi mantida em serviço sendo alocada juntamente com os sistemas eletrônicos de tiro e direção no Instituto e Pesquisa e Desenvolvimento do Exército até 2012, a terceira unidade foi preservada junto ao acervo do Museu Militar Conde de Linhares – RJ, e quarto veículo foi empregado como alvo no Campo de Marambaia, sendo destruído por tiros dos Leopard A1 em um processo de análise da resistência de blindagem do modelo que era muito semelhante a emprega no TAM Argentino. Salienta-se que apesar de desativados prematuramente no Brasil, outras nações mantiveram ou mantem  sistema em uso até dos dias de hoje.

Krauss Maffei Leopard 1A5

História e Desenvolvimento.


A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre a URSS e a OTAN, representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria, região esta que vivia enorme tensão. Nesta época o pais permaneceu completamente desmilitarizado, sendo proibidos pela regulamentação aliada de constituir instituições militares, no entanto a necessidade de reforças as defesas frente a constante ameaça soviética, levaria a constituição em 12 de novembro de 1955 da nova estrutura das forças armadas alemães quer seriam compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã), que seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados os carros de combate médios fornecidos eram os modelos  americanos M-47 e M-48 Paton que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia.

O atendimento desta necessidade se materializaria a partir de 1956 com o desenvolvimento de um novo carro de combate, suas especificações iniciais demandavam um veículo da ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento  ao poder de fogo, por isto deveria estar armado com um canhão de 105 mm. Vários projetos inicias foram estudados e no seguinte a França se juntou ao projeto pois também buscava um substituto para seus antigos blindados de origem americana, nascendo assim o conceito Europa Panzer, no ano seguinte foi a vez da Itália se juntar ao projeto. Diversas empresas participaram da concorrência apresentando os primeiros protótipos em 1960, após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes o comitê do projeto do Europa Panzer definiu como vencedor o Model 734 da empresa automotiva Porsche, neste mesmo ano a França decidiu abandonar o consorcio, optando em desenvolver um veículo novo totalmente nacional que resultaria no AMX.
O projeto foi batizado pelo Deutsches Heer como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) alemão do período pós-guerra, como considerado nas especificações iniciais, ele estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão Royal Ordnance L7 de calibre 105 mm, completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e química), uma blindagem leve porem eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção, estas características lhe permitiam  atingir uma velocidade máxima de 65 km/h. Após um intenso programa de testes a Porshe recebeu o primeiro contrato de fornecimento, com a produção seriada foi destinada no início de  1964 para a unidade fabril da Krauss Maffei em Munique . As primeiras unidades foram entregues as unidades do Exército Alemão entre setembro de 1965 e junho de 1966, o êxito na operação gerou contratos de exportação de centenas de unidades da versão inicial para Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.

Após a entrega dos três primeiros lotes o projeto passou por aprimoramentos gerando assim a novo modelo Leopard 1A1, a principal inovação estava baseada no novo sistema de estabilização do canhão, que efetivamente permitia o tiro em movimento, passaram a contar também com aparatos de proteção ao longo das laterais para proteger a parte superior das lagartas. Além das 875 unidades novas produzidas pela Krauss Maffei, a mesma passou a produzir um kit de atualização para as versões iniciais, com centenas de unidades do Deutsches Heer e de clientes estrangeiros, sendo submetidos a este programa de modernização, alguns clientes optaram por incluir neste processo uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss. Em 1980 um novo plano de up grade foi implementado incluindo um intensificador de imagens noturnas PZB 200, surgindo a versão 1A1A2, que seria sucedida pelo Leopard  1A1A3 que passaram a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90.
A última versão de produção foi a 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, T-72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard 1A5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos em movimento contra alvos em movimento, garantindo assim maior mobilidade e flexibilidade no campo de batalha frente aos seus adversários, contando assim com a velocidade e a precisão necessárias para enfrentar os compactos blindados soviéticos. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos sendo elevados a este patamar, torando esta versão o Leopard padrão.

Emprego no Brasil.

Em meados da primeira década do ano 2000 o comando do Exército Brasileiro vislumbrou a necessidade de substituir os carros de combate Leopard 1A1 que representavam a espinha dorsal da força de blindados brasileira desde a década passada e por serem carros produzidos nos anos 70 apresentavam alta defasagem tecnológica e também problemas de disponibilidade devido a não existência de um acordo formal com o fabricante para a devida manutenção.Com base nesta necessidade procedeu se a análise no mercado internacional de possíveis candidatos a substituição dos carros de combate atuais. A escolha pendeu em 2006  para o aspecto mais lógico, a aquisição de um lote de 250 Leopard 1A5 usados que haviam sido recentemente desativados do exército da Alemanha, que empregavam o mesmo conjunto mecânico da versão em uso pelo exército, facilitando assim sua operação e manutenção.

A versão adquirida 1A5 é a mais moderna da família Leopard 1, empregando sistemas eletrônicos desenvolvidos para serem usados no Leopard II, permitindo uma sobrevida nos campos de batalha modernos. Entre estes sistemas destacamos o controle de tiro Krupp-Atlas Elektronik EMES-18, baseado num computador de tiro que possui uma mira integrada HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela Carl Zeiss e um telêmetro a laser que substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do veículo. Seu computador de controle de fogo calcula soluções para tiro contra alvos distanciados até 4 km de distância. Como diferencial o A5 pode se mover por um terreno irregular que o canhão se mantém apontado para o alvo, permitindo disparar em movimento com alta probabilidade de acerto no primeiro tiro, como novidade no exército o Leopoard 1 A5 apresentava reforços em sua proteção balística através de placas de blindagem extra montadas na torre do tanque. O habitáculo é protegido para condições de ambiente NBQ (nuclear, bacteriológico e químico) como se espera de um carro de combate desenvolvido para uso da OTAN contra uma força soviética na Europa central.
Os primeiros dez carros chegaram ao Brasil em 2009, sendo distribuídos entre os Arsenais de Guerra do Rio de Janeiro e São Paulo, Escola de Material Bélico, Parque Regional de Manutenção 3 e Centro de Instrução de Blindados, no intuito de desenvolver os processos de nacionalização de componentes, treinamento de mecânicos  e desenvolvimento de manuais de operação, pois diferente dos Leopard 1A1, o contrato de aquisição englobava serviços de revisão e manutenção preventiva e corretiva junto a empresa alemã Krauss-Maffei Wegmann GmbH&KG para aplicação junto aos 230 carros de combate operacionais, veículos de serviço e também aos sistemas de simuladores, evitando assim repetir os erros do passado quando problemas ocorridos por deficiência na manutenção ocasionaram índices de indisponibilidades preocupantes.

O segundo lote composto por 70 carros chegou ao Brasil no mesmo ano do primeiro lote, sendo distribuídos na ordem de 26 carros para o 1º RCC (Regimento de Carros de Combate), 26 para o 4º RCC e 14 para 3º RCC 4 para o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), mais dois lotes foram recebidos entre 2010 e 2012 distribuído mais carros para as unidades descritas anteriormente e também unidades que passaram a dotar o 5º RCC, substituindo os Leopard 1A1 e M-60 Patton. A adoção deste modelo elevou o patamar operacional da arma blindada do Exército Brasileiro, outro ponto positivo foi a implementação da doutrina alemã com foco total na manutenção preventiva, cultura está até então inexistente no Brasil que proporciona além da economia a extensão da vida útil dos componentes.
A inauguração da fábrica da Krauss-Maffei na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul em março de 2016 garantirá a operacionalidade por muitos anos não só da frota de Leopards 1A15 mas também dos Gepard 1A2, permitindo também a possível implementação de programas de modernização que visem aumentar a vida útil destes veículos no Brasil. Especula-se também o interesse do Exército Brasileiro em aumentar sua frota de carros de combate avaliando recentemente 120 MBTs Leopard 1 A5 desativados e estocados pelo Exército Italiano após a introdução do MBT Aríet.

Krauss Maffei Leopard 1A1 no Brasil

História e Desenvolvimento.


A origem da família carros de combate Leopard remonta ao período pós-guerra, onde a Alemanha então dividida a entre a URSS e a OTAN, representava a linha de frente no conflito da Guerra Fria, região esta que vivia enorme tensão. Nesta época o pais permaneceu completamente desmilitarizado, sendo proibidos pela regulamentação aliada de constituir instituições militares, no entanto a necessidade de reforças as defesas frente a constante ameaça soviética, levaria a constituição em 12 de novembro de 1955 da nova estrutura das forças armadas alemães quer seriam compostas pelo Deutsches Heer (Exército Alemão), Deutsche Marine (Marinha Alemã) e a Deutsche Luftwaffe (Força Aérea Alemã), que seriam imediatamente equipadas com sistemas de armas de origem norte americana, no segmento de blindados os carros de combate médios fornecidos eram os modelos  americanos M-47 e M-48 Paton que já se mostravam inadequados as ameaças apresentadas pelas forças blindadas do Pacto de Varsóvia.

O atendimento desta necessidade se materializaria a partir de 1956 com o desenvolvimento de um novo carro de combate, suas especificações iniciais demandavam um veículo da ordem de mais 30 toneladas, com alta mobilidade como prioridade em detrimento  ao poder de fogo, por isto deveria estar armado com um canhão de 105 mm. Vários projetos inicias foram estudados e no seguinte a França se juntou ao projeto pois também buscava um substituto para seus antigos blindados de origem americana, nascendo assim o conceito Europa Panzer, no ano seguinte foi a vez da Itália se juntar ao projeto. Diversas empresas participaram da concorrência apresentando os primeiros protótipos em 1960, após uma apurada análise comparativa entre todos os concorrentes o comitê do projeto do Europa Panzer definiu como vencedor o Model 734 da empresa automotiva Porsche, neste mesmo ano a França decidiu abandonar o consorcio.
O projeto foi batizado pelo Deutsches Heer como Leopard I, e se tornaria o primeiro Main Battle Tank (carro principal de combate) alemão do período pós-guerra, como considerado nas especificações iniciais, ele estava equipado com uma versão alemã do consagrado canhão Royal Ordnance L7 de calibre 105 mm, completo sistema de proteção NBc (Radiação Nuclear e química), uma blindagem leve porem eficiente com capacidade de resistir a rápidos de armas de 20 mm em qualquer direção, estas características lhe permitiam  atingir uma velocidade máxima de 65 km/h. Após um intenso programa de testes a Porshe recebeu o primeiro contrato de fornecimento, com a produção seriada foi destinada no início de  1964 para a unidade fabril da Krauss Maffei em Munique. As primeiras unidades foram entregues as unidades do Exército Alemão entre setembro de 1965 e junho de 1966, o êxito na operação gerou contratos de exportação da versão inicial para Bélgica, Holanda, Noruega, Itália, Dinamarca, Austrália, Canada, Turquia e Grécia.

Após a entrega dos três primeiros lotes o projeto passou por aprimoramentos gerando assim a novo modelo Leopard 1A1, a principal inovação estava baseada no novo sistema de estabilização do canhão, que efetivamente permitia o tiro em movimento, passaram a contar também com aparatos de proteção ao longo das laterais para proteger a parte superior das lagartas. Além das 875 unidades novas produzidas pela Krauss Maffei, a mesma passou a produzir um kit de atualização para as versões iniciais, com centenas de unidades do Deutsches Heer e de clientes estrangeiros, sendo submetidos a este programa de modernização, alguns clientes optaram por incluir neste processo uma armadura de torre adicional desenvolvida pela Blohm & Voss. Em 1980 um novo plano de up grade foi implementado incluindo um intensificador de imagens noturnas PZB 200, surgindo a versão 1A1A2, que seria sucedida pelo Leopard  1A1A3 que passaram a contar com novo sistema de rádio digital SEM80/90.
A última versão de produção foi a 1A1A4, que passou a contar com os sistemas integrado de controle de tiro EMES 12A1 e visão noturna PERI R12, este modelo passou a ser entregue a partir de maio de 1974 tendo atingido a cifra de 250 fabricadas. O próximo estágio evolutivo seria representado pelo Leopard 1A5m que foi concebido no intuito de rivalizar novos blindados soviéticos T-64, T-72, T-72M1 e T-80. Para cumprir essa nossa missão, o Leopard IA5 recebeu aperfeiçoamentos na capacidade de combate noturno e sob mau tempo, outro ponto aperfeiçoado foi sua capacidade de efetuar disparos em movimento contra alvos em movimento. As primeiras unidades foram entregues em 1987 com grande parte dos 4.744 veículos construídos sendo elevados a este patamar, torando esta versão o Leopard padrão.

Emprego no Brasil.

No início da década de 1990 o programa de modernização da força terrestre denominado FT-90 abrangia a modernização de sua frota de carros de combate, neste período as unidades blindadas do Exército Brasileiro estavam equipadas com o obsoleto carro de combate leve Bernardini M-41C Caxias, que apesar de já modernizado no Brasil não atendia as necessidades do cenário naquela época. Apesar das limitações orçamentarias o Ministério do Exército implementou um projeto visando a aquisição de um modelo de MBT (carro principal de combate), entre as opções existentes no mercado uma das mais atrativas era representada por unidades usadas do Leopard 1A1 estocadas que haviam pertencido ao acervo das forças armadas belgas oriundos do primeiro lote de 334 carros adquiridos entre 1968 e 1971, que haviam sido atualizados na década de 1980 para a versão intermediaria.

Após as tratativas iniciais junto ao governo da Bélgica, foi formada uma Comissão de Aquisição que trataria em dezembro de 1994 de identificar e avaliar in loco inicialmente 61 veículos em melhor estado de conservação, obedecendo a critérios como, vida útil do canhão, quilometragem da transmissão e menor número de horas de uso motor, após parametrização estatística foi definido o status do carro médio padrão com 500,8 horas do motor, 3.229 km de quilometragem da transmissão e 172 EFC vida útil do canhão. Para revisão básica dos carros e transporte até o Brasil foi contratada a empresa belga STILES, prevendo a entrega em três lotes com intervalo de quatro (4) meses entres cada lote, com exceção da munição, que veio integralmente com o primeiro lote. Houve um acompanhamento pela Comissão Brasileira na Bélgica até os embarques dos respectivos lotes, sendo que os Leopard vieram com todo o ferramental existente em cada um deles e equipamento de comunicações. Foram também adquiridos kits de manutenção até de 4º Escalão.
Foi elaborado pelo então Ministério do Exército em 17 de maio de 1996, uma diretriz para a implantação das Viaturas Blindadas de Combate, CC Leopard 1A1 no Exército. Todo o material foi entregue ao Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro e de lá foi distribuído às respectivas unidades entre 1997 e 2000. Todo o material foi entregue ao Parque Regional de Manutenção/1 (PqRMnt/1) no Rio de Janeiro e de lá foi distribuído às respectivas unidades entre 1997 e 2000, paralelamente militares brasileiros foram treinados na Bélgica para operarem os CC Leopard 1A1 em nível de 1º, 2º e 3º Escalões. Em 1998 decidiu se pela aquisição de mais 67 carros de combate elevando para 128 o total de unidades, sendo este novo lote entregue até maio do ano 2000.

Fatos importantes marcam esta nova fase da arma blindada no Exército Brasileiro, como a criação em 1996 do CENTRO DE INSTRUÇÃO DE BLINDADOS GENERAL WALTER PIRES (CIBld), responsável pela formação, padronização, modernização e atualização na instrução e adestramento dos futuros combatentes blindados. A implementação deste modelo no Brasil proporcionou grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (terrestre ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo. A implementação deste modelo no Brasil proporcionou grande mudanças na sistemática operacional da arma blindada do exército, pois toda uma nova infraestrutura teve de ser criada, indo desde o processo de treinamento, instalações, doutrinas e sistemas de transporte (ou ferroviário), além de uma variada gama de veículos de apoio e socorro mais adequadas ao porte do novo modelo.
Além do Centro de Instrução de Blindados (CIBld), os Leopard 1A1 foram destinados a 4 Regimentos de Carros de Combate alocados na regiões Sul e Sudeste , ocorre porem que ao longo dos anos a frota enfrentou deficiências graves em sua cadeia logística, proporcionando indicies de indisponibilidade não satisfatórios ( este fato se deu a inexistência de qualquer contrato de prestação de serviço com o fabricante e também devido a idade do projeto desta versão). No anseio padronizar seus meios, o Comando do Exército assinou no ano de 2008 junto ao governo alemão e a fabricante Krauss Maffei, um contrato para a aquisição e modernização e manutenção de 250 unidades do modelo Leopard 1A5 , que começaram a ser recebidos a partir de 2009, possibilitando assim a desativação dos modelos mais antigos. A maioria das unidades remanescentes foram desmontadas para emprego como cadeia de suprimentos aos novos 1A5, porém 39 veículos ainda foram mantidos em operação, sendo destinados a três Regimentos de Cavalaria Blindada, onde substituíram os derradeiros M-41.

Engesa EET1 Osório

História e Desenvolvimento.

No início da década de 1980, o exército saudita emitiu especificações para a aquisição de um novo MBT (Main Battle Tank) com a finalidade de substituir os já obsoletos AMX-30B, de fabricação francesa, a Engesa vislumbrou um novo nicho de mercado, naquela época a empresa era um dos principais fornecedores de veículos militares e equipamentos  as nações do oriente médio, o simples fato de não possuir  experiência na produção deste tipo de veículo blindado, levou a empresa brasileira a buscar parcerias com tradicionais fabricantes alemães, entre eles a Porshe e a  Tyssen-Henschel, esta possível associação tinha como objetivo a transferência de tecnologia e redução de custos de desenvolvimento do projeto, no entanto diversos pontos de divergência  entre as empresas e os parâmetros de projetos inviabilizaram estas possíveis  parcerias.

Descartadas as possibilidades de parcerias com tradicionais fabricantes de carros de combate, a solução derivou para o desenvolvimento de um projeto próprio, agregando-lhe o que mais de moderno existia no mercado em termos de tecnologia, derivando assim o projeto em duas vertentes, com customizações destinadas a atender as demandas do mercado de exportação e outra voltada para o Exército Brasileiro, o início do projeto conceitual em Cad Can, ocorreu em 1982. A Engesa, na época, sabia bem que a indústria de tecnologia nacional demoraria muito para prover tecnologia suficiente para o projeto, buscando assim diversos fornecedores de componentes, em suma a empresa nacional era responsável pela construção do chassi blindado e pela integração dos demais componentes importados. Foi definido inicialmente a construção de dois protótipos com o primeiro sendo completado em 1984.
Os protótipos foram dotados de canhões de 105mm ou 120mm, empregando torres inglesas da Vickers Defense (de aplicação comum),o grupo mecânico era composto por um motor TBD 234, V12 refrigerado a ar e movido a diesel, construído pela germano-brasileira MWM International (que é, nada mais que uma filial da MWM GmbH, da Alemanha), era nada mais que um grupo gerador de eletricidade, adaptado para poder operar como motor de blindado, porém, gerava saudáveis 1.014 cv. O conjunto também contava com a transmissão LSG3000, de seis velocidades (quatro a frente, duas a ré), construída pela ZF Friederichschafen AG, da Alemanha, destacava-se ainda a suspensão hidropneumática da Dunlop, as lagartas da Dhil, sistema de controle de fogo britânico Marconi Centaur, equipado com dois periscópios franceses SFIM VS580 VICAS, para o atirador e para o comandante (sendo que o do atirador, era equipado com um telêmetro a laser e o do comandante era um modelo com visão panorâmica) e um sistema de visão noturna Philips UA9090, de fabricação holandesa, com visores para o atirador e o comandante.

Em 1985 as primeiras demonstrações com o protótipo armado com o canhão de 120 mm, foram feitas as autoridades sauditas, pois a Engesa tencionava mostrar a existência de um carro de combate brasileiro, adaptado a operações naquele tipo de terreno, característico de deserto, o esforço foi positivo atingindo os objetivos pretendidos, incluindo assim o modelo junto a outros três competidores internacionais, para uma licitação de compra de 800 unidades. Em julho de 1987, o protótipo equipado com o canhão de 120 mm seguiu novamente para a Arábia Saudita, para participação nesta nova fase da competição. os quatro veículos selecionados para esta fase semi final, se confrontariam em vários testes, sendo eles: o Britânico Challenger , o Americano M1 Abrams , o Francês AMX-40  e o Brasileiro EE-T1 Osório. 
De início foram reprovados os dois veículos europeus na disputa, sendo o Osório, juntamente com o Abrams declarados como opções passíveis de compra. A decisão final pendeu para o MBT americano, por questões básicas que geraram diferenciais positivos quando comparado com o projeto da Engesa, como o fato de que o M1 O blindado já estava em serviço na cavalaria do Exército Americano desde 1980, já era um carro mais do que testado pelas tropas americanas na época, e também pelo fato que a variante  A1 (equipada com o canhão Rheinmetall L/44, de 120mm) já era construída em série desde 1986 havia a disponibilidade de carros para o fornecimento imediato de tanques para o Exército Saudita. Além destes pontos estima-se que fatores políticos também corroboram para esta decisão.

Emprego no Brasil.

Paralelamente aos esforços da Engesa no desenvolvimento de um MTB para exportação, o Ministério do Exército Brasileiro buscava alternativas para a substituição de sua frota de carros de combate, que era ainda formada pelo obsoletos Bernandini X1 e X1A2 e pelos M-41 Walker Buldog M-41 que ainda que modernizados, remontavam a tecnologia, poder de fogo e desempenho da década de 1960. Apesar dos requisitos deste novo carro de combate não antederem a especificação do Exército Brasileiro, que buscava neste momento um veículo de médio porte e não um carro de combate pesado, o corpo de engenheiros da empresa paulista decidiu apesentar uma versão especifica para oferecer ao EB.

O MBT (Carro Principal de Combate) nacional recebeu o nome do patrono da arma da cavalaria do Exército Brasileiro, o Marquês do Herval, General Manuel Luís Osório e teve sua variante designada como EET-1 P1. Este veículo estava equipado com um canhão britânico de alma raiada Royal Ordenance L7, de 105mm, sistema de controle de fogo Marconi Centaur, sendo equipado com periscópios OiP LRS-5DN (comandante) e LRS-5DNLC (atirador), ambos com sistema de visão noturna. O grupo motriz se manteve o mesmo da versão de exportação tendo e vista que o conjunto poderia ser nacionalizado pelo fato que ambas as empresas fabricantes contavam com instalações no pais. A torre contava com sensores para prover parâmetros de disparo para o sistema de controle de fogo e uma metralhadora de ação por corrente Hughes EX-34, em calibre 7.62x51mm NATO, de construção americana, posicionada como metralhadora coaxial, metralhadoras pesadas belgo-americanas FN/Browning M2HB, em calibre 12.7x99mm NATO (.50BMG) em posição antiaérea, podendo ser substituída por uma metralhadora média belga FN MAG, em calibre 7.62x51mm.
Os testes com o protótipo destinado ao modelo nacional, tiveram início em dezembro de 1986, se estendo até fins de abril de 1987, neste período foram percorridos 3.296 km, sendo 750 km em condições adversas no campo de testes de Marambaia no Rio de Janeiro, com a finalidade de avaliação da mobilidade do veículo, foram ainda disparados 50 tiros com o canhão de 105 mm. Estes testes geraram dois relatórios técnicos (Retex e Retop ) , que foram extremamente favoráveis ao desempenho do blindado. No entanto o O Exército Brasileiro na realidade não procurava por um MBT por dois motivos: O primeiro é que a atribuição das Forças Brasileiras eram essencialmente defensivas, visando a proteção do território nacional. O Brasil já praticava a não intervenção e a neutralidade. A esse tipo de atribuição, de acordo com os generais de então, não cabia para um MBT, arma essencialmente ofensiva. O outro motivo era simplesmente o alto custo dessas máquinas. Isso aplica-se ao custo por unidade, e também aos custos de manutenção. Um veículo como o Osório, seria obviamente caro para os padrões do Exército.

A falta de disposição do governo brasileiro no apoio do projeto tanto em esforço político quanto financeiro financeira diante da situação precária da Engesa, aliada a ausência de recursos para o próprio Exército Brasileiro em adquirir o EE T1 Osório, foi interpretada pelo mercado como sendo, na verdade, uma falta de interesse do mesmo no produto afastando assim potenciais compradores, enquanto isso a situação financeira da empresa se agravava muito em função dos investimentos demandados no MBT aliados a inadimplência na ordem de US$ 200 milhões de dólares junto ao governo iraquiano, levando então a falência da empresa em 1993. O primeiro Osório de pré-série foi vendido como sucata, seus componentes importados como o canhão, optrônicos, motor e transmissão foram devolvidos aos fabricantes para aliviar as dívidas. Como o governo era um dos principais credores da massa falida da empresa, ficou decidido que os ativos, peças de reposição e veículos deveriam ser incorporados ao Exército Brasileiro por autorização judicial, entres estes estavam os dois protótipos originais do MBT.
Os protótipos construídos e sobreviventes (com o canhão de 105mm e canhão de 120mm) ficaram sob custódia do Exército, mais precisamente no 13º RCMec (13º Regimento de Cavalaria Mecanizado) na cidade de Pirassununga, mas sem pertencerem a este, portanto foram apenas armazenados. Esses veículos seriam leiloados em 20 de novembro de 2002 como parte de pagamento da massa falida a credores privados, contudo, o ministério público de São Paulo impetrou ação, impedindo a venda destes veículos. Finalmente em 22 de março de 2003, ocorreu uma cerimônia de entronização no quartel do 13º RCMec, onde as duas unidades foram incorporadas aos efetivos daquela unidade. No final de 2013 um dos veículos foi preservado no museu militar de Conde de Linhares, e outro foi transferido para o Centro de Instrução de Blindados no Rio de Janeiro.

Engesa EE-9 Cascavel MK III

História e Desenvolvimento.


As primeiras experiências do Exército Brasileiro na operação de veículos blindados 6X6, teve início em 1942 com a celebração dos acordos Leand & Lease, que proporcionaram a cessão de lotes dos modelos dos carros T-17 Deerhound e M-8 Greyhound, a profícua utilização deste tipo de carro, tanto na campanha da Itália, quanto no Brasil tornando este tipo de veículo leve muito bem aceito pelos efetivos brasileiros. Esta realidade motivaria a equipe de projetos do Parque Regional de Motomecanização da Segunda Região Militar de São Paulo – PqRMM/2 em 1967 a buscar o desenvolvimento de um leve blindado 4x4 para o Exército Brasileiro, este conceito geraria o VBB-1 (Viatura Blindada Brasileira 1), resultando no primeiro protótipo funcional no primeiro semestre de 1970. Este protótipo foi extremamente testado, nas mais severas condições, no entanto o interesse real do Exército Brasileiro estava focado na aquisição de um veículo 6X6. 

Desta maneira a Diretoria de Motomecanizaçao definiu as especificações para o desenvolvimento de um veículo blindado de reconhecimento de reconhecimento com tração 6X6, dando início ao projeto VBB-2 (Viatura Blindada Brasileira 2), cabendo novamente ao PqRMM/2 sua execução. Com o projeto finalizado, principalmente na parte estrutural da carcaça foi acrescentada uma das torres do VBB-1, armada com um canhão de 37 mm. A partir deste momento a designação do veículo passou a ser Carro de Reconhecimento sobre Rodas, tendo sua configuração sofrido pequenas modificações, principalmente nas linhas básicas, até a construção do primeiro protótipo, em 1970.  Este modelo foi totalmente construído nas instalações do PqRMM/2. Mas, como era necessário estudar melhor à sua suspensão, foi adotado o sistema “boomerang” criado pela Engesa (Engenheiros Especializados S/A) a qual o aplicava em veículos civis das categorias ¼, ½ e 5 toneladas.
O principal calcanhar de Aquiles do projeto era representado pela carência de torres, desta maneira optou se por desenvolver uma nova com base nas torres do M-8 Greyhound, com a produção de oito unidades ficando a cargo da Companhia Siderúrgica Nacional, esta nova peça em relação a original apresentava um alongamento na parte traseira para assim abrigar o sistema de rádio, tinha ainda a previsão para receber um canhão de 37 mm e uma metralhadora coaxial.30. Após testes práticos, elaborados pelo Exército Brasileiro e supervisionados pela equipe do PqRMM/2, foi decidido a construção de cinco veículos pre serie, sendo elevado para oito no ato da assinatura do contrato com a Engesa em 1971, com a produção começando no ano seguinte, sendo concluída em setembro de 1975. Estes veículos contavam com uma nova torre, uma versão modificada do modelo utilizado no carro de combate leve M-3 Stuart. 

Estes oito veículos foram submetidos a um intensivo programa de testes e avaliação, englobando 32.000 km de rodagem entre as cidades de São Paulo, Uruguaiana, e Alegrete, as provas consistiram em andar 24 horas por dia, parando apenas para a troca equipe e abastecimento, se avaliando os defeitos que iam surgindo ao longo deste processo. Depois de reparados e corrigidas as falhas, os blindados voltavam a campo. A partir desta etapa inúmeras alterações foram implementadas, incluindo a troca da torre, incorporando se novamente uma peça derivada do M-8 Greyhound, com alongamentos laterais e traseiros. Essa versão foi sendo aprimorada gradativamente, culminando numa torre mais moderna, com visores laterais e baixo perfil.

Aprovado nos testes, o projeto recebeu a nova designação de Carro de Reconhecimento Médio (CRM), permanecendo a sua base como padrão de produção seriada, neste estagio o blindado começou a despertar o interesse no mercado internacional. O CRM passou a ser denominado como EE-9 Cascavel, sendo o EE uma abreviatura de Engenheiros Especializados S/A , e o número 9 a representação de sua tonelagem e Cascavel por ser o nome de uma cobra venenosa brasileira. Além da encomenda brasileira, o modelo receberia seu primeiro grande contrato de exportação em 1976, com uma encomenda de 200 unidades, tendo como exigência básica que os carros fossem armados com canhões de 90mm, o que foi sanado com a importação de torres e canhões franceses, recebendo o batismo de EE-9 Cascavel MKII. O próximo cliente seria o Exército Chileno com 106 unidades vendidas, novamente a Libia assinaria um novo contrato para o fornecimento de mais 200 carros agora equipados com torres nacionais e canhões belgas Cockerill de 90mm, recebendo a denominação de Cascavel MKIII.
O batismo de fogo do Cascavel ocorreu em 1977 quando forças líbias confrontaram o exército egípcio, conquistando papel decisivo nesta batalha devido a sua mobilidade e velocidade, conseguindo chegar a frente de batalha na metade do tempo gasto pelos carros de combate russos T-62, este êxito na batalha serviu de ferramenta de propaganda internacional do modelo de carros de combate leve sobre rodas 6X¨6 da Engesa, levando a novas encomendas para o Iraque, Burma, Colômbia, Chipre, Congo, Equador, Gabão, Gana, Ira, Nigéria, Paraguai, Catar, Togo, Uruguai, Zimbabwe, Tunísia, Suriname e Burkina Faso. Ao todo foram produzidas 1.738 unidades dispostas em 4 versões, versões modernizadas estão ainda em uso em diversos países no mundo.

Emprego no Brasil.

Os primeiros EE-9 Cascavel MKI “Magro” começaram a ser ser distribuídos aos Regimentos de Cavalaria Mecanizada e Esquadrões de Cavalaria Blindada em 1976, substituindo os derradeiros M-8 Greyhound repotencializados, apesar do antigo canhao de 37mm a introdução deste novo Carro de Reconhecimento Médio promoveu no Exército Brasileiro um elevado salto quantitativo e qualitativo, pois trouxe uma disponibilidade de operação que não era experimentada há anos, devido à idade da frota anteriormente empregada que remontava a década de 1940. No entanto as evoluções no projeto original da Engesa demandada por exigências dos novos clientes internacionais levariam o modelo a um outro patamar de tecnologia e poder de fogo, aspectos estes que não passaram despercebidos aos olhos do Diretoria de Motomecanizaçao, gerando assim um interesse na atualização dos carros já recebidos.

As principais evoluções apresentadas nas versões designadas pela Engesa como Cascavel MKII e MKIII estavam baseadas a adoção do novo canhão CMI Defense Cockerill Mk2 de 90 mm nacionalizado pela Engesa torre reprojetada, novos sistemas diretores de tiro, telêmetro laser e comunicação. Assim desta maneira no início de 1977, oito veículos da versão Cascavel MKI pertencentes aos Regimentos de Cavalaria Mecanizada, foram encaminhados a Engesa para servirem de protótipo a um processo de atualização para a versão MKIII. Inicialmente a primeira mudança básica foi a substituição da torre original pela nacional destinada a acomodar o novo canhao de 90 mm, nascendo assim o Modelo M2 Serie 3 o qual seriam convertidas cerca de 60 unidades. Ao longo dos anos de produção seriada, novos melhoramentos foram incorporados, gerando os veículos Modelo 2 Serie 7 em 1980 com 07 unidades recebidas, Modelo 6 nas séries 3, 4 e 5 com 37 unidades adquiridas e finalmente o modelo 7 nas séries 8 e 9 com 215 unidades recebidas.
O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil adquiriu também seis unidades em 1977, por mais de 20 anos estes carros apesar de de suas limitações relativas à mobilidade (por ser uma viatura sobre rodas), poder de fogo, forma essenciais para a tarefa de servir como embrião da mentalidade de utilização de carro de combate para a Marinha, em fins da década de 1990 os EE-9 Cascavel foram  substituídos por novos blindados sob lagartas Sk105A2S Kürassier, mais indicados para operações de desembarque anfíbio. No Exército foram empregados com sucesso também em missões de Paz (Contingentes da ONU), em Angola - UNAVEM III e Moçambique - ONUMOZ entre os anos de 1995 e 1997 sendo imersos em uma situação real de conflito de longa duração.

Aplicado como equipamento padrão de todos os Esquadrões e Regimento de Cavalaria Blindados, os quase 25 anos de operação geraram um cenário de alto índice de indisponibilidade, principalmente devido a não realização de manutenções de grande porte devido a falência de seu fabricante em 1990. Para reverter este quadro em 2001 foi iniciado um grande programa de repotenciamento e modernização pelo Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) visando envolver 213 dos carros em pior estado de conservação, envolvendo completa desmontagem dos veículos, revisão estrutural, retificação e substituição de componentes, melhorias nos motores Detroit Diesel 6V-53N 6 cilindros, com 212HP de potência, e a troca de cablagens e sistemas rádios obsoletos por outros mais modernos e confiáveis. Este processo gerou uma sobrevida ao modelo visando assim cobrir o gap para a introdução de uma versão armada do Iveco Guarani 6X6.
Em meados de 2015 o Centro Tecnológico do Exército, do Arsenal de Guerra de São Paulo decidiu em conjunto com a empresa privada Equitron, de São Carlos desenvolver um projeto radical de modernização para os EE-9, visando também almejar o mercado internacional onde muitas nações ainda empregam o modelo. Inicialmente foi contratado a modernização de dez carros com o primeiro protótipo designado EE-9U (MX8), sendo apresentado em novembro de 2016. Este programa contempla a instalação de um novo motor Mercedes Benz MTU de gerenciamento eletrônico, inclusão de transmissão automática ZF Alemã, nova suspensão tipo boomerang, freios a disco, cabine com ar-condicionado, controle de tração 6x6 e maior capacidade de estocagem da munição do canhão 90 mm, adoção de acessórios digitais óticos como câmeras e visores diurno-noturno e um designador laser de tiro, sistema de giro eletro-hidráulico da torre que foi reprojetada e elevação do canhão. Este projeto pode possibilitar também o novo carro a operar com misseis antitanque, melhorando em muito sua capacidade de combate, a ideia e estender a vida útil dos carros até pelo menos o ano de 2030.