terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Os primeiros Black Hawks brasileiros

História e Desenvolvimento.

No início da década de 1970, o Exército Americano emitiu especificações para o desenvolvimento de uma nova aeronave de asas rotativas, este processo recebeu o codinome de UTTAS (Utility Tatical Transport Aircraft System) e tinha por missão gerar um substituto para o lendário Bell 205, mais conhecido como UH-1 Huey, que representava o esteio da força de helicópteros das forças armadas americanas. Entre os requisitos exigidos estavam a maior capacidade de sobrevivência da célula e do grupo motriz em combate, exigindo também a criação de uma nova turbina que culminaria no projeto General Electric T700.


Os requisitos do UTTAS para maior confiabilidade, sobrevivência e custos de ciclo de vida mais baixos resultaram em recursos inovadores, como motores duplos com desempenho melhorado a quente e alta altitude e um design modular, caixas de transmissão secas; subsistemas redundantes (hidráulicos, elétricos e de vôo) com alta tolerância a impactos de balística; blindagem para tripulantes e tropas, entre outros melhoramentos incorporados no projeto.
Dentre os projetos apresentados, a Sikorsky sagrou-se vencedora na primeira fase com seu modelo S-70 Black Hawk, com o contrato inicial para a produção de quatro protótipos que seriam designados como YUH-60A, tendo o primeiro alçado voo 17 de outubro de 1974,  e todas as células foram submetidos a um amplo programa de avaliação preliminar a partir de novembro de 1975, após este processo três protótipos foram entregues ao exército em março de 1976 para avaliação comparativa com seu rival o Boeing-Vertol YUH-61A, e novamente o modelo da Sikorsky saiu vencedor da disputa conquistando o primeiro contrato para fornecimento do modelo UH-60A em dezembro de 1976. As primeiras entregas ao Exército Americano tiveram início em outubro e 1978 com o modelo sendo declarado operativo em junho de 1979, mantendo se em produção até meados do ano de 1989.

Após entrar em serviço foram implementadas uma série de modificações no modelo, para o emprego em missões especificas, como evacuação aero médica, guerra eletrônica, colocação de minas e operações especiais, porém estas alterações implicariam no aumento do peso bruto da aeronave, criando assim a necessidade de melhoramento do projeto, levando a atualização dos motores T700-GE-701C, adoção de uma caixa de câmbio mais robusta (ambos desenvolvidos para o SH-60B Seahawk), gerando assim a versão UH-60L, que incorporaria ainda um novo sistema de controle de vôo automático (AFCS) que facilitava o controle de voo devido aos motores mais potentes, outro ponto importante foi a elevação da capacidade de transporte da carga externa que passou de 450 kg para até 4.100kg. A produção do novo modelo teve início no segundo semestre de 1989.
O próximo salto evolutivo do projeto foi o desenvolvimento do modelo UH-60M aprovado em 2001, visando extender a vida útil do projeto até a década de 2020, através da incorporação de motores melhorados T700-GE-701D melhorados e instrumentação eletrônica de última geração, controles de vôo e controle de navegação. As primeiras entregues começaram em 2006 com 22 novas células, sendo seguidos por novos contratos que totalizariam 1.227 células até dezembro de 2007.

Emprego no Brasil.

A Aviação do Exército Brasileiro tornou-se a primeira das três forçar a operar o Black Hawk, com sua aquisição diretamente relacionada a participação do Brasil na Missão de Observadores Militares Peru Equador (MOMEP) que fora criada em 10 e março de 1995 pelas Nações Unidas, que tinha por objetivo solucionar o conflito fronteiriço entre Equador e Peru, que ocorreu no vale do Cenepa e na Cordilheira do Condor. 

Presente com um destacamento de quase duas centenas de militares brasileiros, com atuação como observadores, oficiais e equipe de apoio que devia incluir um grupo aéreo formado por aeronaves de asa fixa e asas rotativas, neste período a Aviação do Exército era composta por helicópteros Esquilo, Fennec e AS365, modelos de pequeno e médio porte não indicados aquela missão, esta necessidade gerou a possibilidade de compra de quatro unidades do S-70A-36 Black Hawk dentro dos termos FMS (Foreign Military Sales), se concretizando em julho de 1997.

Após a formalização da venda, militares do Exército foram a Stratford, Connecticut, sede da Sikorsky, para realizar o curso da aeronave Black Hawk. Em novembro de 1997, os militares brasileiros, entre eles 10 pilotos, transladaram os quatro HM-2 (designação dada ao modelo pela aviação militar) matriculados EB 3001 a 3004 para a sede da MOMEP em Patuca no Equador. Na operação da ONU os HM-2 passaram a apoiar diretamente as ações da Coordenação Geral, bem como todas as atividades das Nações Unidas na região, incluindo fiscalização de dos pontos de fronteiras e da zona desmilitarizada, patrulha de fronteira, apoio logístico a pelotões e pontos de observação. 
 Umas das células o HM-2 EB-3004 sofreria um acidente em 13 de setembro de 1988, quando a aeronave ficou parcialmente destruída, deixando um morto e cinco feridos, sendo a célula enviada aos Estados Unidos para recuperação nas instalações de Sikorsky, voltando posteriormente a operar normalmente.

Com o fim da MOMEP, em 30 de junho de 1999, os HM-2 Black Hawk foram transladados para o Brasil em agosto de 1999, quando passaram a integrar o 4º Esquadrão de Aviação do Exército (4º Esquad AvEx) baseado no Aeroporto de Ponta Pelada em Manaus no estado do Amazonas, onde passarão a exercer as missões de emprego geral, transporte de tropas, SAR, EVAM e apoio às operações especiais e às forças terrestres.

Cabe ainda ao UH-60L Black Hawk, ser o primeiro vetor do Exército Brasileiro a dispor de capacidade de operação noturna, através do emprego de óculos de visão noturna (NVG) do modelo Litton Anvis-6, permitindo assim a operação diuturnamente, dando uma nova dimensão a Aviação do Exército. Posteriormente este sistema foi atualizado com a adoção dos novos óculos Anvis-9, também foram instalados radares meteorológicos melhorando assim suas condições de navegação no ambiente amazônico, visando ampliar também seu raio operacional em missões mais longas o modelo passou a ser equipado com até quatro tanques externos de combustível.
A adoção de lotes de helicópteros de transporte  de origem franco brasileira Cougar e posteriormente Caracal ocasionada pelo fomento a industria de defesa nacional,  limitaram a Aviação do Exército na aquisição de novas células do UH-60L, porém dentre todos os vetores disponíveis o Black Hawk a melhor performance em operações no cenário amazônico. 

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