quinta-feira, 10 de maio de 2018

Carros de Combate

A Moderna Guerra de Blindados 

O carro de combate (MBT) é tido como o principal ator no moderno campo de batalha e sua importância é fácil de ser explicada. O combate é a combinação do fogo e do movimento, tanto para o atacante como para o defensor. O MBT é capaz de realizar ambos. A infantaria é necessária para a ocupação do território, mas sem o apoio do blindado, a sua conquista será muito dificultada. Assim, cada vez mais, o esforço principal dos exércitos será dedicado ao apoio à sua ponta de lança blindada representada pelos carros de combate.
  
A história mostrou duas tendências no sentido do desenvolvimento de carros de combate: por uma lado, a Blitzkrieg, que enfatizou o movimento, baseando-se na penetração da frente inimiga e no rápido aproveitamento do êxito; por outro lado, o seu emprego como arma de apoio à infantaria, proporcionando-lhe vigoroso apoio de fogo.

Os requisitos de ordem tática impuseram diferentes resultados de natureza técnica, em uma vasta gama de variedades de carros de combate. Leves, médios e pesados, os diferentes modelos enfatizaram ora a mobilidade, ora o poder de fogo. No entanto, desde os meados dos anos 60, tentou-se chegar a um único carro, capaz de equilibrar essas duas características com a proteção blindada. Este carro passaria a ser chamado de tanque de batalha principal (Main Battle Tank - MBT).

A combinação entre estes três aspectos mostrou diferentes tendências, de acordo com necessidades de ordem tática das diferentes doutrinas de emprego. Novas blindagens permitiram a sobrevivência do tanque após o surgimento das primeiras armas anticarro com carga oca, as bazookas. Isto representou, por outro lado, uma elevação no peso total do veículo, o que gerou a necessidade de motores mais potentes. Já que o maior inimigo de um carro de combate é outro carro de combate, poder de fogo e proteção são inevitavelmente ligados.
A história do desenvolvimento dos tanque é a história da busca de novo equilíbrio, após a introdução de uma fator de desestabilização.


PODER DE FOGO  
      
    O primeiro fator de desequilíbrio foi a introdução da munição APDS (armour-piercingdiscarding sabot - perfuradora de blindagem com calços descartáveis), uma invenção britânica inicialmente empregada em canhões anticarro no final da II GM.

    Os calços descartáveis continuaram a ser empregados em novas munições cinéticas anticarro, isto é, em granadas que aproveitavam a energia cinética oriunda da velocidade e massa do projétil para penetrarem as blindagens, ao invés de empregarem a energia oriunda da detonação de alto-explosivos. Os projetis são feitos de material de alta densidade como o tungstênio ou urânio. A velocidade inicial do tiro foi aumentada com a adoção do canhão de alma lisa, sendo a granada estabilizada por meio de aletas.

    Os soviéticos empregaram pela primeira vez este tipo de canhão nos carros T-62, no início dos anos 60, e, na década seguinte, os norte-americanos empregaram o canhão alemão 120 mm nos seus carros.
    O canhão de alma lisa é um pouco menos preciso que o raiado. Sua munição é mais cara que a convencional. Em conseqüência, todo esforço é feito para alcançar uma grande velocidade inicial, permitindo a destruição do alvo com um único tiro.
    Os outros tipos de munição anticarro empregam a energia química, oriunda de alto-explosivos, de duas formas.
    • Os alto-explosivos de cabeça esmagável (HESH - high explosive squash head) têm carga explosiva que se amoldam contra a blindagem e que, ao serem detonadas por espoletas de culote, criam ondas de choque que são transmitidas através da blindagem e que se refletem no interior do veículo, liberando estilhaços de suas paredes internas que destroem o seu interior. Este tipo de munição pode ter seu efeito atenuado pelo emprego da blindagem espaçada, ou seja com espaços vazios que não transmitem a onda de choque ou pelo ângulo acentuado da carroceria, que dificulta o impacto perpendicular.
    • As mais eficientes granadas anticarro HEAT (high explosive anti tank) empregam a carga oca, que produz um jato capaz de penetrar a blindagem. A eficiência deste tipo de granada aumenta com o calibre e diminui com a rotação, sendo preferencialmente estabilizadas por aletas. A maior proteção contra este tipo de munição é, atualmente, a blindagem reativa, além de um redesenho dos interiores dos carros, com melhores medidas de proteção contra incêndio.
    Os canhões 105 mm L7 raiados britânicos foram largamente empregados no ocidente, em especial no M60, nas primeiras versões do M1 Abrams, no Leopard 1 e no S-tank sueco. O canhão 120 mm L11, raiado, também britânico, foi empregado no Chieftain e no Challenger. Já o alemão 120 mm de alma lisa passou a dotar o Leopard 2 e as versões mais modernas do Abrams.

    Pelo lado soviético, os preferidos foram o já citado canhão 115 mm, alma lisa, que equipa o T-62 e, posteriormente, o 125 mm do T-80.

    A capacidade de armazenamento de munição varia de cerca de 45 tiros (T-62) a 60 (Leopard).

    A performance de um MBT é diretamente proporcional ao seu sistema de controle de tiro. Torres giro-estabilizadas capazes de manter o canhão apontado para o alvo, mesmo em movimento, tornaram-se padrão nos carros mais modernos. No entanto, o progresso na eletrônica vem permitindo que o tempo gasto na pontaria seja cada vez mais reduzido. O emprego do telêmetro laser acoplado aos visores de pontaria e ao computador balístico produzem uma grande probabilidade de acerto no primeiro tiro e uma redução no tempo de engajamento.
      
    O visor de pontaria dos modernos MBTs é estabilizado, no mínimo, em elevação e o canhão e a metralhadora coaxial são escravos dele. O computador armazena dados sobre a performance dos diferentes tipos de munição (e de seus diferentes lotes) e sensores coletam informações sobre fatores que influirão no comportamento balístico do tiro, tais como a velocidade e direção do vento, temperatura ambiente e do propelente (carga de projeção), pressão barométrica, desgaste e temperatura do tubo, ângulo de sítio e distância entre canhão e o visor de pontaria. Estes dados podem ser introduzidos tanto manualmente quanto automaticamente.

    Com a finalidade de reduzir variações no comportamento do tiro, mangas térmicas são colocadas em torno do tubo, mantendo-o a uma temperatura uniforme. O visor de pontaria do atirador tem normalmente um ajuste na ampliação e no campo de visão e possui recursos de visão termal que possibilita a visão tanto de dia quanto à noite ou sob condições de tempo adversas. Ele é acoplado a um telêmetro laser.
      
    Ao identificar o alvo, o atirador seleciona o tipo de munição; o computador irá gerar um ponto luminoso no visor, que é colocado pelo atirador sobre o alvo. A partir daí, o canhão estará apontado; quando estiver pronto para o tiro, após ser carregado, dará um sinal ao atirador.
    O comandante do carro tem seu próprio visor, que permite alternar sua imagem com a do atirador, fazendo com que ele possa acompanhar o procedimento para o tiro ou estar procurando novos alvos durante o engajamento. O comandante pode, ainda, assumir o controle do tiro para si.

    Tal sofisticação permite que alvos sejam engajados em poucos segundos, com probabilidade da ordem de 80% de serem atingidos pelo primeiro tiro para alvos estacionários a 3.000 m ou móveis a 2.000 m.


    PROTEÇÃO 

    O grau de proteção proporcionada pela blindagem é um fator de sobrevivência. Normalmente, a proteção convencional de aço é capaz de impedir danos causados por projetis de metralhadoras, pequenos canhões e granadas alto-explosivas de artilharia. Para proteção contra munição especializada antitanque, um considerável reforço na blindagem torna-se necessário, envolvendo considerável aumento de peso.
      
    A difusão do uso de armas antitanque dotadas de carga oca levou ao desenvolvimento da blindagem composta. As primeiras blindagens deste tipo foram desenvolvidas em um centro de estudos britânico a localidade de Chobam, de onde veio o nome pelo qual passaram a ser conhecidas.

    Essencialmente, esta blindagem envolve o arranjo de diversas camadas de chapas de vários materiais, com espaços entre elas. Estes espaços ajudam a tornar o jato provocado pela granada HEAT ineficiente, enquanto as várias camadas diminuem o impacto da energia cinética do projetil. Por outro lado, esta blindagem é bastante pesada, representando um aumento de cerca de 20% do peso do carro. Em conseqüência, não costuma ser empregada em torno de todo o carro, substituindo a blindagem convencional, sendo empregada em placas (muitas vezes removíveis) para proteger os pontos mais sensíveis, como a torre e parte frontal.

    Outras formas de blindagem mais modernas são a de cerâmica e a reativa. Esta última possui uma fina camada de explosivo que detona ao ser atingido por uma granada com carga oca, interrompendo o jato.

    A parte do carro de combate com maior probabilidade de ser atingida é a sua torre. Em conseqüência, é a parte do carro com maior proteção blindada. Suas partes frontais e laterais recebem espessa proteção e têm um desenho inclinado para desviar projetis cinéticos ou HESH. O uso da blindagem composta tem seu efeito sobre o desenho da torre, fazendo com que carros como o Abrams e o Leopard tenham suas laterais revestidas com placas. 

    Outra área bastante protegida é a parte superior da frente da carroceria. As espessuras máximas da blindagem não costumam ser reveladas. Tem-se como prováveis os seguintes dados, no entanto:
      • o M60 tem espessura máxima de 120 mm, com um peso total de 49 t.
      • o Leopard 1, desenhado com ênfase na mobilidade, tem pequena espessura, com um peso total de 39,5 t.
      • o T-62, contemporâneo dos modelos acima, também era levemente blindado, confiando a sua proteção ao seu desenho arredondado e na sua baixa silhueta. Tem peso total de 37,5 t.
      • o T-72, oficialmente com 41 t, tem uma blindagem de 200 mm de aço na sua parte frontal e, em outra versão, 100 mm de blindagem composta.
    A geração mais nova de MBTs teve um sensível aumento de peso em virtude do acréscimo de blindagem composta. O Abrams tem um peso de 54,5 t; o Leopard, de 55 t; o T-80 48,5 t e o Challenger, 61 t.
      
    Sistemas de controle de incêndio crescem de importância, na medida em que a munição HEAT baseia-se nos efeitos secundários do fogo e jato de gás para alcançar muitos dos seus efeitos letais.

    Neste contexto, a substituição da gasolina por diesel e tanque de combustível auto-selante mostraram-se bastante úteis. Outras medidas foram adotadas, como a guarda de munição em compartimentos individuais, separados do compartimento da tripulação por paredes duplas entre as quais é colocado água pressurizada, glicol ou outro líquido extintor de incêndio e a presença de portas que se abrirão para o exterior no caso de explosão.
    Outra ameaça é o emprego de agentes QBN pelo inimigo. A proteção contra estes agentes já se tornou equipamento padrão nos carros modernos e consiste basicamente de filtros que produzem ar descontaminado a pressões suficientemente altas para impedir que o ar externo penetre para o interior através de pequenas aberturas. Este sistema não alivia o uso de equipamento individual de proteção para a tripulação, como forma de prevenir possíveis falhas no sistema. No caso de explosões nucleares, a blindagem convencional é capaz de deter a radiação alfa, beta e gama; a única deficiência refere-se à proteção contra nêutrons, que conseguem penetrá-la.
    Os carros de combate são equipados para criarem suas próprias cortinas de fumaça, produzida tanto por granadas fumígenas quanto pela queima de óleo no motor. Visores termais fazem esta proteção ineficiente. Há, no entanto, novos geradores de fumaça capazes de bloquear a passagem de radiação infravermelha, utilizada por estes sistemas.

    A partir do surgimento dos modernos sistemas de controle de tiro, que permitem detectar o inimigo e o disparo em poucos segundos, qualquer redução do período em que o tanque fica exposto, principalmente após ter disparado um tiro, representará maior capacidade de sobrevivência.



    MOBILIDADE  

      A despeito de todas as medidas de proteção, o fator que garantirá ao tanque a maior capacidade de sobrevivência é a sua mobilidade, ou seja, a capacidade de ultrapassar obstáculos, realizar rápidas manobras e atingir maiores velocidades em terreno desfavorável. 
        
      Nos anos 60, quando a potência dos motores oscilava em torno dos 750 HP, o Chieftain e o M60 tinham uma relação peso/ potência de 13,7 hp/t e 11,4 hp/ t, respectivamente. O T-62, com somente 580 hps de potência disponíveis, tinha uma relação de 14,5 hp/t. Em 1965, com um motor de 830 hp e o peso reduzido ao mínimo, o Leopard 1 entrou em serviço com uma relação de 20,75 hp/t e uma reputação de excepcional capacidade de tráfego pelo campo.
        
      A atual geração de motores oferecem uma potência muito superior:
        • 1200 hp no motor 12 cilindros, diesel, do Challenger;
        • 1500 hp no motor 12 cilindros, diesel, do Leopard 2;
        • 1500 hp na turbina a gás do Abrams.
      Assim, ainda que os pesos tenham sido aumentados consideravelmente, a relação peso/potência também aumentou razoavelmente:
        • 27,3 hp/t no Leopard 2;
        • 21 hp/t no Abrams;
        • 19,7 hp/t no Challenger, um monstro de 61 t, que se assemelha à relação do Leopard 1.
      O aumento de potência e da relação peso/potência teve pequeno efeito no que se refere à velocidade máxima por estrada. Os carros da década de 60 tinham suas velocidades máximas em torno de 50 km/h, enquanto os mais modernos têm máximas em torno de 60 km/h. Exceção à esta regra são os alemães Leopard 1 e 2, que têm máximas próximas a 70 km/h, com suas transmissões sendo projetadas para proporcionarem esta performance.

      A manobrabilidade é proporcionada pelo sistema de transmissão e pelas lagartas. Neste aspecto, quanto maior o comprimento das lagartas no solo, mais afastadas elas devem estar. Por outro lado, restrições de largura impostas por considerações de tamanho (e, portanto, peso, custo e área do alvo) e a necessidade de empregar as estradas e pontes existentes geram um conflito com outro requisito: a reduzida pressão sobre o solo, em especial para operações em terreno pouco firme.

      Em números simples, todos os MBTs modernos podem ultrapassar valas de aproximadamente 3 metros de largura e obstáculos verticais de 0,90 a 1,20 m. A passagem a vau de 1 m não representa limitação, sendo possível equipá-los com snorkels para permitir a ultrapassagem submersos de cursos d'água mais profundos.

      SOLUÇÕES PARA DESENHO DOS MODERNOS TANQUES

      A partir das opções e conflitos mostrados acima, torna-se claro que o desenho final de um tanque dependerá do compromisso desejado entre mobilidade, proteção e potência de fogo.
        
      Na geração anterior, o Chieftain britânico fora projetado para ser capaz de atingir seus oponentes sem ser atingido, sobreviver melhor e ir a qualquer lugar no campo de batalha, embora devagar. O alemão Leopard 1 foi desenhado para deslocar-se por maiores distâncias e mais rapidamente, com um canhão útil somente para sua proteção. O M60 americano, projetado para um cenário de conflitos mundiais, sob as mais diferentes condições climáticas e mais diversas ameaças, apresenta um razoável equilíbrio.

      Na geração atual aparece um convergência ainda maior, com um razoável equilíbrio no Challenger britânico, Leopard alemão e Abrams americano. Os carros russos sempre se concentraram no balanço, tendo atingido bons resultados com veículos de muito menor tamanho que os ocidentais.
        
      A razão dos carros russos terem conseguido manter um baixo peso, ainda que mantida a proteção blindada e o poder de fogo, reside em detalhes de seus projetos. O motor montado transversalmente e transmissão compacta permitem uma redução significativa de volume. A capacidade de transporte de munição foi reduzida, assim como o tamanho dos tanques de combustível. A tripulação é de três homens, com menos espaço disponível; para isto, os canhões são de carregamento automático. Finalmente, os canhões somente podem ser abaixados em cerca de 4 graus, contra 10 dos carros ocidentais.
        
      Estas soluções refletem compromissos considerados aceitáveis do ponto de vista doutrinário russo: em primeiro lugar, eles têm mais unidades que qualquer adversário, o que torna a necessidade individual de munição menor; o menor espaço para a tripulação é resolvido ao se recrutar soldados de no máximo 1,60 m; finalmente, a depressão menor do canhão tem um papel mais significativo para um tanque na defensiva, que não era a missão primordial destes carros.
        
      Fora da OTAN e dos antigos membros do Pacto de Varsóvia, surgiram soluções de desenho bastante interessantes, para atenderem a necessidades específicas. O sueco Stridsvagn 103, ou S-tank, dispensou a torre, tendo um canhão fixo, apontado juntamente com todo o carro. Em elevação, esta pontaria é feita ajustando-se a suspensão para a altura indicada. Ele é extremamente bem protegido, tanto em termo de blindagem quanto em relação à área que oferece como alvo, tem boa mobilidade, com uma combinação de um motor diesel principal com uma turbina a gás para potência adicional. Sua principal deficiência é a incapacidade de atirar em movimento.

      O israelense Merkava é mais convencional na aparência, mas é único no que se refere à montagem do motor à frente da carroceria, ao invés da solução convencional de montá-lo à retaguarda. Tal fato deve-se à intenção de melhor proteger a tripulação, refletindo a deficiência israelense de obter novos soldados. Sua relação peso/potência é de 16 hp/t, o que traz reflexos sobre a velocidade máxima que pode atingir: 46 km/h. Esta solução de desenho, além de trazer um melhor proteção, criou um espaço vazio à retaguarda onde mais munição pode ser estocada, além de transportar seis fuzileiros equipados.


      Armas de Fogo - Funcionamento

      Todas as armas de fogo tem na essência de seu funcionamento as mesmas ações gerais no que diz respeito ao disparo, diferindo de acordo com o seu tipo em seus sistemas de carregamento e extração, e em sua cadência de tiro. 

      Existem armas para variados empregos e situações, porém o seu funcionamento obedece a passos comuns, sendo sua operação ditada pelo complexidade de seu projeto.

      Tipos de armas de fogo (armas leves)

      Podemos classificar as armas modernas em 7 tipos principais, sendo que cada tipo possui níveis de complexidade diferenciados. Além dos apresentados aqui, existem armas mais antigas, já em desuso, que não serão abordadas nesta página. Sejam eles:

      • O revólver
      • A pistola semi-automática
      • A sub-metralhadora
      • O fuzil de repetição
      • O fuzil semi-automático
      • A metralhadora
      • A espingarda (escopeta)

      Existem outros tipos mais simples como as espingardas de caça e as armas de calibres pesados que também funcionam de forma similar às aqui apresentadas. 

      Podemos agregá-las em 4 grupos principais:

      • As armas de carregamento a tambor, como os revólveres;
      • As armas de carregamento por ação do atirador como os fuzis de repetição e escopetas simples;
      • As armas de carregamento automático e recuo direto do sistema de carregamento e extração, como as pistolas, escopetas semi-automáticas, metralhadoras e sub-metralhadoras.
      • As armas de carregamento automático e recuo indireto do sistema de carregamento e extração, como os fuzis semi-automáticos.



      Como funcionam as armas de fogo

      Descreveremos neste artigo a essência do seu funcionamento “externo”, sendo o disparo propriamente dito tema de artigo próprio. siga o link.

      1. Carregamento

      A ação do carregamento consiste em se apanhar um cartucho de seu dispositivo de armazenamento e introduzi-lo na câmara.
      • No revólver: estando o tambor municiado, o cão é forçado a retaguarda, quer por ação do gatilho, quer por ação do polegar do atirador diretamente sobre ele. O movimento do cão a retaguarda comprime uma mola que o impulsionará durante o disparo. Este movimento libera a trava do tambor e o força a girar de forma a alinhar uma de suas câmaras como o cano da arma, travando o tambor depois do alinhamento.
      • No fuzis de repetição: por ação de uma alavanca acionada pelo atirador, o ferrolho é forçado para trás. Obrigado pela mola do carregador um cartucho é elevado até um posição em que o ferrolho possa apanha-lo. Em seu movimento de retorno, o ferrolho empurra este cartucho para a frente de encontro a uma calha que o direciona até a câmara. Este retorno também ocorre por ação do atirador.
      • Nas armas de carregamento automático: no primeiro tiro ocorre como nos fuzis de repetição. Nos tiros sub-sequentes os gases do tiro anterior forçam a massa do ferrolho para trás ao invés do atirador o qual carrega a arma em seu retorno como já descrito. Nos fuzis o aproveitamento dos gases se dá de forma indireta, através de um êmbolo montado ao longo do cano que força a massa do ferrolho a retaguarda.

      2. Trancamento

      A ação do trancamento consiste em impedir a abertura da câmara durante do disparo da arma, de modo a impedir que os gases resultantes escapem, comprometendo a segurança do atirador e a potência necessária a impulsão do projétil. Existe uma infinidade de mecanismos para tal. Quanto mais potente for a arma mais eficaz deverá ser este mecanismo. Em armas de baixa potência, a massa do ferrolho combinada com a mola recuperadora poderá ser suficiente.

      • Nas armas de carregamento automático: tanto a massa recuperadora como o projétil iniciam seus movimento ao mesmo tempo, a uma velocidade inversamente proporcional a suas massas, de forma que o destrancamento ocorra quando o projétil já saiu do cano.
      • Nos revólveres: o trancamento ocorre no momento do carregamento e é estático até novo carregamento. 

      3. Disparo

      A pressão sobre o gatilho, libera o cão que golpeia violentamente o percussor, mantido afastado da espoleta por uma mola, comprimindo-a no momento do disparo. O cão ou martelo, foi armado quando do retrocesso da massa do ferrolho, ficando sob ação de mola própria que o força contra o percussor e sob a ação de um retém que o impede de ir a frente até que o gatilho o libere.

      • Nos revólveres: esta ação é manual feita pelo atirador, e geralmente tem o percussor incorporado ao seu corpo.

      4. Destrancamento

      Consiste na abertura da culatra para possibilitar a extração do cartucho.

      • Nas armas manuais: se dá por ação do atirador.
      • Nas automáticas: o trancamento é na realidade um retardamento da abertura e se dá por ação dos gases levando a massa do ferrolho à retaguarda e armando o cão.
      • Nos revólveres: só se dá no remuniciamento ou abertura do tambor. 

      5. Extração

      Existe uma “unha” denominada extrator, montada no ferrolho que engata na ranhura na base do cartucho quando do carregamento. No momento da extração, com o movimento a retaguarda do ferrolho, este puxa o estojo para fora da câmara, liberando-a para novo carregamento.

      • Nos revólveres: a extração se dá quando do remuniciamento por ação de mecanismo montado no próprio tambor.

      6. Ejeção

      Extraído da câmara, o cartucho encontra em seu curso o ejetor, uma saliência em local apropriado que o faz, quando de seu movimento a retaguarda, girar em direção a janela da ejeção e ser arremessado para fora da arma.


      Armas de Fogo

      Define-se como arma de fogo a todo artefato utilizado para o lançamento ou disparo de projéteis sólidos a alta velocidade, utilizando como meio de propulsão uma rápida e controlada expansão de gases proveniente da combustão de um propelente, geralmente a pólvora.

      As  armas de fogo são classificadas:
      • De acordo com suas dimensões - portáteis, semiportáteis e não portáteis;
      • Quanto ao modo de carregamento - antecarga (carregadas pela boca) e de retrocarga (munição colocada no carregador, vulgarmente chamado "pente", no tambor ou na parte posterior do cano, denominada câmara).
      • Quanto a forma de carregamento - Por ação do atirador (repetição), automáticas e semi-automáticas.
      • Quanto ao modo de percussão - pederneira, espoleta existente no ouvido ou por espoleta encontrada no estojo.
      • Quanto ao calibre:
        • Nas armas raiadas o calibre é dado em milímetros e em centésimos ou milésimos de polegada (.38 polegadas ou 9 milímetros), dependendo do sistema medição de cada país.
        • Nas armas de cano liso como, por exemplo, nas armas de caça, o calibre é calculado em peso. Uma arma será calibre 36 se sua carga constar de 36 projéteis iguais pesando juntas uma libra. * Raias são saliências encontradas na face interna do cano que imprimem um movimento de rotação ao projétil, dando-lhe uma trajetória estável.
      As armas de fogo modernas são carregadas pela culatra (retrocarga) e percutidas por espoleta alojadas no estojo (exceção eita a obuseiros de grande calibre que não possuem estojo). Os morteiros, em sua maioria, são alimentados por antecarga.

      Descrevemos a seguir, de forma sucinta os principais tipos de armas de fogo (armas com tubo/cano) existentes e utilizadas na atualidade, e seu emprego mais comum. Incluímos também armas que não se enquadram nos conceitos acima, mas que vale a pena ser citadas por afinidade de emprego.


      Revólver


        O revolver é uma arma de fogo curta (de porte) de repetição, alimentada por um tambor rotativo, normalmente com 5 ou 6 cartuchos. Sua finalidade é a de proporcionar poder de fogo rápido de curto alcance (cerca de 25 metros) a quem o carrega, geralmente acondicionado em um coldre pendurado na vestimenta, deixando as mãos livres para outras tarefas. Utilizam calibre variados e são pouco utilizados militarmente.


        Pistola Semi-automática


          O pistola semi-automática é uma arma de fogo curta (de porte) de carregamento automático por ação direta dos gases de projeção, alimentada por um carregador tipo cofre metálico com mola, normalmente acondionando 15 cartuchos. Sua finalidade é a mesma do revólver. Utilizam calibres como o .45 Pol e o 9 mm parabellum, entre outros. São amplamente utilizadas militarmente por se mostrarem uma alternativa mais moderna ao revólver.


          Fuzil de Repetição




            O fuzil de repetição é uma arma de fogo de longo alcance, de carregamento por ação do atirador, alimentado por carregadores semelhantes aos das pistolas, que utilizam munições de potência elevada. Sua finalidade é o tiro de longo alcance (cerca de 300 metros). Utilizam calibres como o 7,62 mm x 51, entre outros. Foram amplamente utilizados militarmente na primeira metade do século XX e fins do século XIX. Atualmente deram lugar ao fuzil de assalto nos meios militares, e são utilizados em tarefas secundárias de emprego civil como caça de grandes animais e aplicações policiais de baixa intensidade.


            Espingarda





              A espingarda é uma arma longa, de alma lisa que dispara projéteis múltiplos (balins). É utilizada no meio civil para caça e no meio militar para combate em ambientes confinados devido e sua capacidade de dispersão dos projéteis, ou em ambientes abertos para o tiro de curto alcance sem pontaria apurada. Podem ser carregadas manualmente ou por dispositivos automáticos, dependendo do modelo. São adequadas ao combate em ambiente de selva devido a dificuldade de fazer pontaria em folhagem espessa. São também chamadas de escopetas (espingarda em italiano).



              O fuzil de assalto é uma arma de fogo de alcance intermediário, de carregamento por ação indireta dos gases de projeção, alimentado por carregadores semelhantes aos dos fuzis de repetição e pistolas, porém devido a sua cadência de tiro ser maior, estes possuem maior capacidade. Utilizam munições semelhantes aos fuzis de repetição. Sua finalidade é proporcionar volume de fogo individual ao combatente de infantaria quando empregado no modo automático, e ao mesmo tempo permitir a estes o fogo seletivo em alcances intermediários (cerca de 100 metros) e modo semi-automático.

              Alguns modelos são construídos com o modo de três tiros que demonstrou grande eficiência em combate pela sua relação consumo de munição/volume de fogo. São amplamente utilizados militarmente, sendo universalmente adotados pelos exércitos modernos. São denominados também como rifles, tal qual os fuzis de repetição.








              Fuzil de Precisão (Sniper)



              O fuzil de precisão é uma arma de fogo de longo alcance (cerca de 2000 metros), capazes de realizar o tiro altamente seletivo, de carregamento por ação indireta dos gases de projeção ou por ação do atirador, alimentado por carregadores semelhantes aos dos fuzis de repetição e pistolas. Geralmente são variações dos fuzis de assalto e de repetição, com adaptações especiais para o tiro de longo alcance como lunetas e outros acessórios, ou especialmente construídos. Utilizam as mesmas munições dos fuzis e metralhadoras médias. São amplamente utilizados militarmente por soldados especialmente treinados para este fim denominados "atiradores de elite" ou "Snipers". Existem modelos pesados com munição de 12,7 mm para fogo de alta potência.


              Carabina


                Esta denominação é comumente dada a fuzis em versões compactas, ou fuzis de uso civil.



                Submetralhadora


                  A submetralhadora é uma arma de fogo que proporciona grande volume de fogo em pequenos alcances, devido ao seu tamanho reduzido é a arma ideal para ser portada por militares que desempenham tarefas que não o tiro, pois permite liberdade às mãos de quem a porta. É muito leve e altamente portátil, sendo ideal para motoristas por exemplo, pois a grande tamanho dos fuzis é inadequado para o interior das viaturas. 

                  Também é uma arma adequada ao combate em ambientes confinados como o interior de edificações e navios. É muito usada por tropas do tipo "comandos" e forças especiais devido a suas característica únicas. Geralmente possui carregamento por ação direta dos gases de projeção e funcionamento automático, são alimentadas por carregadores semelhantes aos das pistolas, porém devido a sua cadência de tiro ser maior, estes possuem maior capacidade. Utilizam geralmente a mesma munição das pistolas, porém algumas partilham a munição dos fuzis.



                  Metralhadora Média


                    A metralhadora média é uma arma de fogo que proporciona grande volume de fogo em alcances intermediários, sendo amplamente usada como arma coletiva de apoio de fogo a pequenas frações de tropa, tipicamente de infantaria, em complementação aos fuzis de assalto, onde estes se encarregam do fogo seletivo. É idealmente operada por dois indivíduos, pois necessita de muita munição. 

                    Geralmente possuem carregamento por ação indireta dos gases de projeção e funcionamento automático, são alimentadas por carregadores tipo fita metálica com capacidade ilimitada. Utilizam a mesma munição dos fuzis de assalto. São muito usadas para armar viaturas em geral como carros blindados e aeronaves leves.









                    Metralhadora Pesada

                    A metralhadora pesada é uma arma de fogo que proporciona grande volume de fogo em alcances intermediários, sendo amplamente usada como arma de apoio para fogo anticarro e antiaéreo, montada em veículos e aeronaves e para a defesa de posições. 

                    É idealmente operada por dois indivíduos, pois necessita de muita munição. Geralmente possui carregamento por ação direta dos gases de projeção e funcionamento automático, são alimentadas por carregadores tipo fita metálica com capacidade ilimitada. Utilizam munição de grosso calibre, como o calibre de 12,7 mm (1/2 polegada ou .50). Tal qual as metralhadoras médias são usadas para armar carros blindados e aeronaves leves.






                    Lança-Rojão

                      As armas tipo lança-rojão são armas sem recuo usadas para para o lançamento de granadas (não são armas de fogo verdadeiras). São usados para fogo anticarro e antifortificação em proveito de pequenas frações de tropa, e idealmente operadas por dois indivíduos, pois sua munição tende a ser volumosa e pesada. Possuem carregamento manual tiro a tiro. Existem modelos descartáveis e reutilizáveis.







                      Lança-chamas

                      O Lança-chamas é um arma que foi muito usada durante as guerras mundiais para desalojar o inimigo de seus abrigos (apesar de lançar fogo, também não são armas de fogo verdadeiras). Também em versões primitivas foi usado na antiguidade para incendiar navios e outros alvos. 

                      O operador porta às costas cilindros com líquidos inflamáveis, conectados por mangueira a uma lançadeira nas mãos do operador. Estes líquidos oleosos são acondicionados em um tanque, e um gás inflamável a alta pressão em outro, que ao ser liberado exerce grande pressão sobre os líquidos, forçando-os pela lançadeira que possui um sistema de ignição. A chama é lançada a frente do operador. 

                      Atualmente é pouco usado pelas forças armadas do mundo. Também foram montados em carros de combate durante a 2a guerra.


                      Morteiros



                        Morteiros são armas de emprego coletivo para proporcionar apoio de fogo a infantaria. Sua denominação vem do fato de efetuarem o tiro vertical (acima de 45 graus de inclinação). Possuem calibre de 60 a 160 mm, e podem ser carregados por um operador único (modelos de pequeno calibre) ou montados em viaturas, dependendo de seu tamanho. A maioria são carregados pela boca com disparo imediato, porém existem modelos de retrocarga.






                        Canhão de Tiro Rápido




                        Canhões automáticos são armas de grande cadência de fogo e destinam ao fogo anti-aéreo, sendo também usados para apoio de fogo a forças terrestres, como aqueles montados sobre veículos blindados de infantaria.  Funcionam de modo similar às metralhadoras e possuem variados calibres (20 mm, 35 mm, 40 mm, etc...). São utilizados por unidades antiaéreas e unidades de infantaria mecanizada, entre outras. Os modelos especificamente destinados às unidades antiaéreas normalmente possuem seus sistemas de endereçamento equipados com radares e computadores balísticos.





                        Canhão Anticarro


                        São armas utilizadas para proporcionar fogo anticarro a posições defensivas. Muito usados durante a 2a grande guerra, atualmente foram substituídos pelos mísseis anticarro portáteis. Possuíam calibres de 57 mm e 40 mm, por exemplo.


                        Canhão de Campanha e Obuseiro


                          São armas utilizadas para apoio de fogo terrestre, utilizados pelas unidades de artilharia. Possuem calibre variados (75 mm, 105 mm, 155 mm, 203 mm, etc...). São armas pesadas que proporcionam o grosso dos fogos num campo de batalha, e os responsáveis pela maioria das baixas em combate. São empregados para tiro de trajetória balística e posicionados  quilômetros de seus alvos, demandando observadores avançados para correção de tiro.

                          Necessitam de guarnições múltiplas (4 a 12 operadores), dependendo do calibre, e são tracionados por viaturas tipo qualquer terreno ou montados em veículos blindados ou não. Alguns modelos são denominados obuseiros devido a suas característica de tiro, que os diferencia dos ditos canhões de campanha, porém seu emprego é idêntico. 

                          São amplamente utilizados por todos os exércitos que o tem como o "todo poderoso" em uma frente de batalha. Necessitam de preparação complexa para sua operação, demandando unidades completas para entrarem em ação. Consomem grande quantidade de munição de grosso calibre e necessitam de suporte logístico pesado.





                          Canhão de Carro de Combate





                          São canhões especificamente destinados a armar carros de combate e construídos em vários calibres, sendo os mais usados no ocidente o de 90 mm para blindados leves, 105 e 120 mm para MBTs. Podem ser carregados manualmente ou por dispositivos automáticos, e sua principal função é o combate contra outros carros de combate.