quarta-feira, 7 de junho de 2017

Veículo Blindado Ligeiro de Transporte DAF YP-408




    O YP-408 foi desenvolvido para o exército holandês pela DAF. Embora não seja um veículo anfíbio, o YP-408 consegue transpor cursos de água com uma profundidade até 120 cm. O primeiro protótipo foi recebido em 1963 e somente em 1990 o exército holandês começou a substitui-los gradualmente pelo YPR-765 APC. No total foram produzidos mais de 750 veículos em oito versões diferentes, incluindo uma anti-tanque. 
    Portugal adquiriu um total de 28 veículos tendo sido incorporados ao serviço da Polícia Aérea. À semelhança dos Condor estão destacado em várias bases aéreas portuguesas. Recentemente, a FAP procedeu ao abate de parte da frota, tendo reunido os restantes num número limitado de bases aéreas.


Peso Máx.10 toneladas
Armamento1 metralhadora de 12,7mm
Velocidade Máx.80 km/h
Autonomia500 km
Tripulação2+10

Veículo Blindado Ligeiro de Transporte Thyssen Condor




    O Condor é um veículo blindado (configuração 4x4) de origem alemã. Iniciou a sua produção em 1981, tendo sido produzidas perto de 600 unidades.
    Portugal recebeu o primeiro lote de viaturas em 1984, quando o governo alemão doou cerca de 4 viaturas. Actualmente estima-se que se encontrem operacionais um total de 12 viaturas que se encontram ao serviço da Polícia Aérea. Esta unidade da Força Aérea é responsável por garantir a segurança das bases aéreas portuguesas, estando as viaturas distribuídas pelas várias bases aéreas. Cabe também a esta realizar operações de controlo aéreo táctico e comando, tendo sido, inclusive, destacadas algumas viaturas Condor para apoio às operações da KFOR. 
    As suas matrículas - à semelhança do que ocorre com os YP-408 - começam pela designação AM-58 (o AM, usado por todas as viaturas do ramo, significa Aeronaútica Militar). No chassis das viaturas blindadas da Polícia Aérea constam, ainda, a indicação da unidade a que pertencem.

Peso Máx.12 toneladas
Armamento1 metralhadora de 12,7mm
1 metralhadora de 7,62mm
Velocidade Máx.100 km/h
Autonomia900 km
Tripulação2+12

sábado, 20 de maio de 2017

TECHNO CAR

Techno Car – “Tecnologia em Carrocerias” é marca de fantasia Guevel Veículos Especiais Ltda., transformadora de veículos instalada em 1996 em Itaquaquecetuba (SP). Embora tenha como atividade principal a construção de cabines-duplas e a adaptação de furgões e vans para usos especiais (ambulâncias, transporte de detentos, carros funerários, unidades móveis e viaturas policiais), desde cedo a empresa participa de projetos de militarização de veículos em colaboração com os órgãos de engenharia das Forças Armadas.
No início do século corrente realizou três projetos sobre Land Rover nacionais: além de proceder à militarização de uma série de jipes Defender 110 para o Corpo de Fuzileiros Navais (capota de lona mais alta, portas de lona, estepe sobre o capô, galão para combustível, pás, snorkel, guincho, engates, grade protetora dos faróis, elementos especiais de iluminação e sistema de telecomunicações), submeteu ao Exército mais dois veículos. O primeiro, apelidado Saicã, também sobre Defender 110, foi preparado para operar em Pelotões de Cavalaria Mecanizada e Exploradores; além dos equipamentos usuais, recebeu estrutura tubular sob a capota de lona e para-brisa dividido em dois, permitindo rebatimento independente. O segundo veículo, que partiu do Defender 130 cabine-dupla, foi adaptado para o transporte misto de carga e soldados; também tinha capota e portas de lona e saias laterais sob a caçamba reduzidas em altura.
A inesperada interrupção da produção nacional do Land Rover, em 2005, inviabilizou os dois projetos. Posteriormente foi preparada a versão militar do caminhão Volkswagen 13.180, 4×4 com suspensão elevada, rodado traseiro simples, cabine aberta com capota de lona, para-brisas planos rebatíveis, grade suplementas, carroceria metálica, guincho e demais equipamentos de praxe.
Além do Exército Brasileiro, a Techno Car é credenciada como transformadora para militarização de veículos  pela Volkswagen/MAN, Land Rover e Toyota.

 

MOTO PEÇAS

Fundada em 1956, a Moto-Peças S.A. Transmissões e Engrenagens foi a maior indústria brasileira de componentes de câmbios e diferenciais da década de 70. Com instalações industriais em São Paulo e Sorocaba (SP) participou, sob coordenação do Exército, de diversos projetos de revitalização de equipamento militares ultrapassados ou de difícil manutenção. O trabalho conjunto com as Forças Armadas teve início em meados dos anos 70, quando modernizou cerca de 30 tratores de artilharia M-4, fabricados pela Allis-Chalmers na década de 40. A reforma envolveu a troca da caixa de marchas, transmissão, motor (por Scania de 260 cv), esteiras, roletes e suspensão (os três últimos fornecidos pela Novatração). Logo a seguir a empresa projetou e produziu as caixas de marcha para a série de blindados X-1A2 Carcará, fabricados pela Bernardini, estes derivados da modernização dos tanques M3 Stuart da II Guerra Mundial. Inspirada por estas duas experiências a Moto Peças cogitou, no final da década, também produzir máquinas para uso civil, esboçando planos de aqui fabricar tratores agrícolas da norte-americana White; a idéia, contudo, não frutificou.
No início da década seguinte, em conjunto com o CTEx, a empresa desenvolveu um projeto de aproveitamento dos velhos tanques Sherman M-4, dos quais o Exército possuía grande quantidade, transformando-os em carros blindados para engenharia. Montados sobre o chassi do M-4, do qual utilizava a suspensão e transmissão, foram equipados com lâmina frontal (intercambiável com um caça-minas) e grua hidráulica com lança rebatível e capacidade de içamento de até 10 t. Comportando tripulação de até oito homens, pesavam 29 t e conseguiam arrastar viaturas de até 40 t. Foi preparada uma pré-série de onze veículos, porém o resultado dos testes não foi satisfatório e o carro não chegou a ser homologado. Projeto mais bem sucedido foi o repotenciamento da frota de 72 obuseiros M-108 do Exército; fabricados na década de 60 e recebidos dos EUA em 1972, tiveram seu motor Detroit V8 diesel de cara manutenção substituído por um Scania nacional de 385 cv.
Na mesma época a Moto Peças foi responsabilizada pela modernização dos anfíbios M113, dando origem à série M113-B. Lançados em 1960, nos EUA, eram veículos leves para transporte de tropas (9 t), blindados em duralumínio, dos quais o Brasil recebera uma frota de mais de 500 dez anos depois. A reforma envolveu a substituição do motor original, um V8 Chrysler de 215 cv a gasolina, com o elevadíssimo consumo de um litro por quilômetro, por um diesel nacional (Mercedes-Benz de seis cilindros e 180 cv); mantendo o desempenho, a troca permitiu aumentar a autonomia em mais de 70%. Também foram substancialmente alterados os sistemas elétrico, de alimentação e arrefecimento. O primeiro lote reformado foi entregue em novembro de 1985.
(Sinal dos “novos tempos” de globalização, desnacionalização e desindustrialização do país, 25 anos depois parte da frota de M113-B do Exército passaria por nova modernização, só que então mediante convênio com os EUA e efetuada por uma empresa estrangeira – a britânica BAE Systems. Na mesma altura foi iniciada a reforma dos equipamentos pertencentes ao Corpo de Fuzileiros Navais, no caso realizada segundo projeto e sob supervisão de uma empresa israelense.)
O mais importante – e último – grande projeto de veículo militar com o qual a Moto Peças se envolveu foi o anfíbio rápido para desembarque de pessoal Charrua. Era intenção inicial do Exército apenas modernizar as viaturas M-59, oriundas da guerra da Coréia, porém acabou optando por criar uma nova família, agregando em um só veículo as qualidades do M-59 e do antigo M-113. Iniciados os estudos em 1983, o primeiro protótipo foi apresentado dois anos depois. Blindado para resistir a munições de 7,62 mm, podia ter proteção para armas com o dobro do calibre (até .50), mediante a aplicação de placas cerâmicas nas superfícies externas. Acionado por motor Scania de 394 cv, posicionado na dianteira direita, ao lado do operador, possuía caixa automática norte-americana Allison (duas marchas à frente e ré), suspensão por dez barras de torção e oito amortecedores hidráulicos e propulsão na água por dois hidrojatos. O acesso podia se dar pela larga rampa traseira de acionamento hidráulico, por duas portas localizadas na rampa ou por duas escotilhas no teto; o carro dispunha de seis seteiras e três periscópios, um deles para visão noturna.
Testado pelas Forças Armadas (também a Marinha por ele se interessou), o Charrua demonstrou excelente desempenho e facilidade de manobras tanto na terra (pela capacidade de girar em torno do próprio eixo) como na água (pela agilidade permitida pelo hidrojato). Alguns ajustes foram feitos no veículo, principalmente no exterior, originando o segundo protótipo, Charrua II. Em sua configuração básica o veículo transportava três tripulantes e nove soldados, podendo chegar ao total de 22; o peso variava entre 17 e 23 t, dependendo da versão. A enorme diversidade de usos (eram onze as versões disponíveis) era um dos principais atributos do Charrua: foi projetado para operar como carro-comando, ambulância, socorro, carro-oficina, comunicações, radar, antiaéreo, canhão de 155 mm, lançadores de mísseis, porta-morteiros de 120 mm e transporte de cargas.
O Charrua II permaneceu em testes até os anos 90. Apesar de seus dotes, o corte radical de orçamento sofrido pelas Forças Armadas impediu que o modelo fosse colocado em produção. Em paralelo, a redução das exportações, que levou a indústria brasileira de material bélico à quase extinção, acabou por inviabilizar o projeto, que ficou reduzido aos dois protótipos. Embora se tenha enfraquecido com a falta de encomendas, a Moto Peças – ao contrário da quase totalidade das empresas nacionais envolvidas com o desenvolvimento de material de defesa – conseguiu sobreviver, ainda hoje operando sob a razão social Moto Peças Transmissões S.A..
<motopecas.com.br>

 

JAMY

Jamy Indústria e Comércio de Máquinas e Ferramentas Ltda. era uma empresa fabricante de bens de capital do Rio de Janeiro (RJ), produtora de prensas hidráulicas, furadeiras industriais e máquinas extrusoras. No início dos anos 70, atendendo a demanda do Ministério da Aeronáutica, a empresa projetou e colocou em produção os primeiros veículos brasileiros de combate a incêndio em aeroportos, do tipo chamado ataque rápido, o Pioneiro I, equipado com tanques de água (1.800 l), espuma e pó químico, e o Pioneiro II, apenas com pó químico. Ambos eram construídos sobre caminhões Chevrolet a gasolina com 131 cv e tração 4×4, tendo sido fornecidos mais de 180 deles para diversos aeroportos do país. Também para a Aeronáutica a Jamy projetou e forneceu as primeiras varredeiras mecânicas aqui fabricadas; montadas sobre Mercedes-Benz 1114 e equipadas com escovas e aspiradores com alto poder de sucção acionados a motor diesel, foram aplicados como limpa-pistas em aeroportos.
Em 1976 a empresa venceu nova licitação do Ministério da Aeronáutica, agora para fornecer carros-bombeiro tipo ataque principal, mais rápidos e com maior poder de reação do que os anteriores. Denominado Pioneiro III, o caminhão foi desenvolvido segundo projeto do CTA. Desta vez foi utilizado como base mecânica um chassi Scania L-111, sobre o qual foi montada uma carroceria especial com cabine para seis homens, tanques de água (7.000 l) e espuma e um canhão d’água telecomandado com alcance de 70 metros. O chassi, originalmente com tração traseira, foi transformado em 4×4 pela própria Jamy, que para isto desenvolveu e colocou em produção todos os componentes necessários – caixa de transferência, juntas homocinéticas, roda-livre e sistema pneumático de engate da tração total (ao conjunto, disponibilizado para qualquer marca de caminhão nacional, foi dado o nome comercial Jamy 4). O Pioneiro III foi apresentado na I Brasil Transpo, em agosto de 1978; para construí-lo, a empresa alterou a razão social para Sociedade Industrial de Equipamentos Especiais Ltda..
A motivação para a mudança de nome, no entanto, era outra: ainda que tardiamente, a Jamy (que continuava a existir como marca) pretendia ingressar no segmento de veículos militares, no qual a Engesa reinava quase sozinha havia anos. (O sistema de tração Jamy 4, aliás, tinha como principal objetivo conquistar parte do mercado da Engesa, que desde 1966 dispunha de sistema equivalente, chamado Tração Total.) O primeiro projeto realizado sob as novas diretrizes da empresa foi a mula-mecânica Safo, desenvolvida em conjunto com o IME. Concebido como veículo aerotransportado para atuar em qualquer terreno, o Safo (sigla de Sistema de Alta Flexibilidade Operacional) era dotado de motor Volkswagen 1300 de 38 cv, tração nas quatro rodas, transmissão por correntes, quatro freios a disco instalados nas saídas da caixa de transferência e pneus largos de baixa pressão, próprios para solos moles e desconexos. O carro possuía um engenhoso sistema de suspensão, segundo o qual os braços traseiros (que encerravam as correntes que levavam o movimento da caixa de transferência às rodas) podiam ser articulados para adiante. Parte da plataforma de carga era então rebatida, ficando o comprimento total do veículo reduzindo a 2,45 m (79 cm a menos), interessante artifício para operações que envolvessem transporte aéreo. Estavam previstas várias versões: carga, transporte de tropas, anti-tanque, além de porta morteiros, canhões e metralhadoras.
O segundo projeto militar da Jamy, também desenvolvido com o IME, foi o Safo Comando. De concepção extremamente moderna para a época, antecedeu em quase 20 anos a Viatura Leve de Emprego Geral Gaúcho, construída com características semelhantes já no século XXI. Tinha estrutura tubular de aço, incluindo santantônio, motor traseiro Chevrolet a álcool (171 cv), diferencial autoblocante, suspensão independente por molas helicoidais, direção hidráulica e quatro freios a disco nas saídas do diferencial; a transmissão era automática, com conversor de torque e caixa de transferência com reduzida e tomada de força para guincho. Rodas e pneus eram do Dodge Commando norte-americano, veículo da II Guerra da categoria de 3,5 t, então ainda em uso pelo Exército Brasileiro, que o Safo se propunha substituir. Cada um dos modelos teve dois protótipos concluídos, mas, apesar de testados com sucesso, nenhum recebeu encomendas.
Dispondo de excelente equipe técnica, porém com fraca capacidade gerencial, a Jamy teve queda tão meteórica quanto foi a sua ascensão. Sem demanda, com excessiva verticalização e elevados custos administrativos, em 1981 a empresa entrou em processo de falência.

 

INBRAFILTRO

Uma das cinco empresas do Grupo InbraFiltro, constituído em 1979 e dedicado à fabricação de componentes aeronáuticos e produtos blindados em geral (vidros, têxteis, coletes, capacetes), bem como à blindagem de veículos civis e militares. Dispondo de duas unidades industriais em Mauá (SP), é o único fornecedor brasileiro de materiais transparentes para aeronaves, único fabricante nacional a desenvolver vidros balísticos e a maior empresa blindadora de veículos do país, sendo mesmo contratada por diversas montadoras, que vendem os automóveis transformados como originais. Em 1994 a InbraFiltro participou do desenvolvimento do protótipo do primeiro carro para transporte de valores construído sob as novas normas de segurança do Ministério da Justiça, fornecendo o composto de aço e aramida para a sua carroceria (vidros ainda eram importados dos EUA). Montado pela IPCM, o veículo pesava 580 kg a menos do que os convencionais.
Em 2002 a empresa concluiu seu primeiro veículo completo, um VBL – Veículo Blindado Leve, segundo a terminologia militar. Se tratava de um 4×4, classe de 3,5 t, para operações militares ou policiais, construído segundo projeto de fim de curso de quatro alunos da FEI. O carro tinha carroceria monobloco totalmente blindada, e utilizava todos os órgãos mecânicos do Land RoverDefender 130: motor turbodiesel Maxion de 115 cv, caixa de cinco marchas, eixos rígidos, suspensão por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas e direção hidráulica. Foi planejado para receber grande variedade de armamentos, desde metralhadoras até morteiros de 81 mm, tinha proteção adequada para guerra química, biológica ou radiológica. Segundo os projetistas, tinha excelente comportamento fora-de-estrada, com vão livre de 50 cm e capacidade de vencer vaus de 1,0 m, rampas de 65% e inclinações laterais de até 30%. O veículo foi exposto no 1º Encontro Nacional de Logística Militar (ainda como mock-up), no XXII Salão do Automóvel e na feira latino-americana de defesa LAD 2003, provocando grande interesse. Na ocasião, a InbraFiltro anunciou a intenção de desenvolver uma família de veículos, projetando um 4×4 com chassi curto, baseado no Defender 100, e um 6×6.
Com o encerramento da produção do Land Rover no Brasil, porém, a empresa foi obrigada a reconsiderar seus planos, inicialmente substituindo os órgãos mecânicos por outros ainda em fabricação, buscando idealmente customizar o veículo, preparando-o para receber elementos de origem diversa. Em 2009, na LAAD (nova denominação da feira de defesa), a InbraFiltro apresentou um protótipo de VBL totalmente novo, com mecânica diferente e algumas características mais atuais do que do modelo antigo, elevando-o a uma categoria mais próxima dos carros de combate. Com peso bruto de 6,5 t e capacidade para até oito tripulantes, era mais de 30 cm mais largo do que o anterior, apesar de ter quase 12 cm a menos no comprimento e 5 cm na altura. Tais proporções, aliadas às rodas de maior diâmetro e à suspensão com 20 cm de curso, davam ao carro excelente comportamento dinâmico. Tinha a seguinte composição mecânica: motor MWM de 4,8 l e 185 cv, transmissão automática, caixa de transferência com duas reduções, suspensão por braços longitudinais e transversais e molas helicoidais e freios a disco nas quatro rodas com acionamento pneumático. Ao contrário do VBL projetado pela FEI, este era montado sobre um chassi convencional, por isso podendo receber um escudo inferior de proteção contra minas terrestres. Como item adicional de segurança, tinha para-lamas dianteiros e para-barros traseiros de fibra de vidro, projetados para se romperem em caso de explosão de minas, evitando o tombamento da viatura.
O veículo foi reapresentado na LAAD 2011 com o nome Gladiador e características algo diversas: buscando otimizar custos, manteve o estilo do modelo anterior, porém resgatou o porte e o padrão mecânico da versão de 2002-03. Assim, simplificado, o projeto teve as dimensões reduzidas (PBT de 3,5 t) e passou a utilizar mecânica Agrale (chassi e órgãos mecânicos do jipe AgraleMarruá, com motor diesel de 2,5 l e 115 cv, câmbio manual de cinco marchas e reduzida), com tração 4×4 permanente, freios a disco nas quatro rodas e ar condicionado. O projeto conceitual da carroceria (monobloco em chapa de aço balístico) e os nível de proteção e blindagem foram preservados.
Nova versão foi preparada em 2014, atendendo aos requisitos básicos do Exército para a categoria, revistos no ano anterior. O desenho da carroceria foi totalmente modificado, embora mantendo a construção monobloco em aço balístico; de maior porte do que os modelos anteriores, o Gladiador II passou a pesar 9,2 t, com capacidade de carga de 1.000 kg e espaço para até oito pessoas. Foi equipado com motor MWM de 4,8 l e 185 cv (o mesmo da versão de 2009), câmbio automatico de seis marchas com conversor, tração 4×4, suspensão totalmente independente por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas (duplos na dianteira), freio de estacionamento hidráulico a disco na saída da caixa de transferência e direção hidráulica. Preparado para receber diversos níveis de proteção balística e grande variedade de equipamentos e armamentos, o Gladiador II pode ser fornecido em variadas configurações: antitanque, lançador de mísseis, carro de comando, radar, ambulância e transporte de pessoal, entre outros. Seus atributos máximos para ação fora-de-estrada são: vau, 0,80m; inclinação lateral, 300; rampa, 600; obstáculo vertical, 45 cm; ângulo de entrada, 640; ângulo de saída, 670
Projetado para concorrer a uma próxima licitação, pelo Exército, para a aquisição de 186 unidades de um novo veículo leve de reconhecimento de construção nacional (VBMT-LR, ou viatura blindada multitarefa leve sobre rodas), processo também disputado por quatro outras empresas (a Avibrás, em conjunto com a francesa Renault VI, e as multinacionais BAE SystemsIveco e AM General), o Gladiador II foi o único não aprovado na fase de pré-qualificação, encerrada em outubro de 2014.
<grupoinbra.com.br> 

FIESC

Apesar de dispor de desenvolvida indústria metalmecânica, até muito recentemente o Estado de Santa Catarina não lograra atrair para seu território nenhum fabricante de veículos completos. Além de ter participação significativa no segmento de componentes (uma das maiores fundições de blocos do país está instalada em Joinville), Santa Catarina sedia a Busscar, tradicional fabricante de carrocerias de ônibus, e foi escolhido pela GM (já no presente século) como local para a construção de sua nova unidade de motores. Somente em 2012, no entanto, o Estado foi escolhido por um importante fabricante – a BMW – para implantação de uma planta completa de automóveis.
Foi com a missão declarada de “buscar uma alternativa de agregação de valor a este segmento” – o que idealmente ocorreria ao transformar Santa Catarina em produtor de veículos completos – que um grupo de empresários, reunidos em torno da Federação das Indústrias do Estado, em 1997 criou o PRODEC – Programa de Desenvolvimento Automotivo Catarinense. Entre os principais instrumentos de atuação do Programa estava promover a elaboração de projetos de automóveis e caminhões, como etapa de fomento à implantação de empreendimentos no setor.
O primeiro produto desta ação foi apresentado á imprensa no final de 2004. Era um moderno jipe 4×4 com suspensão independente, projetado e construído com tecnologia e componentes catarinenses e utilizando modelos matemáticos e softwares sofisticados no dimensionamento das partes e sistemas e no desenho da carroceria. Denominado A4, o projeto deu origem à TAC, ainda em fase de implantação, iniciativa que a FIESC imaginou se constituiria na primeira indústria automotiva do Estado.
O segundo veículo desenvolvido sob patrocínio da Federação foi o caminhão militar M8 Octopus, apresentado em junho de 2005. Equipado com motor diesel MWM de seis cilindros e 130 cv, tratava-se de um 8×8 com dois eixos dianteiros direcionais e suspensão independente, cada par de rodas sustentado por dois feixes de molas semi-elípticas com pivô central. O projeto previa a possibilidade de adaptações para operação como ambulância, defesa civil, bombeiros e resgate. A versão militar tinha capacidade para 16 soldados equipados, podendo receber dispositivo para lançamento de mísseis e, no futuro, sistema de direção telecomandada; um computador de bordo monitorava todas as funções do caminhão. Com o M8 foi desenvolvido um original mecanismo de deslocamento para terrenos extremamente difíceis, nos quais mesmo a tração total se mostra insuficiente, ocasião em que esquis “rastejadores” com garras de aço acionados hidraulicamente passariam a impulsionar o veículo.
<fiescnet.com.br>