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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim


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Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, Santa Catarina, Brasil: aspecto do portão de armas.
Brazilian States.PNG
ConstruçãoJoão V de Portugal (1739)
EstiloAbaluartado
ConservaçãoBom
Aberto ao públicoSim
Nome oficialFortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim
Classificação:Edificação
Processo:0155-T-38
Livro do tombo:Histórico e Belas Artes
Número do registro:056 e 098
Data de registro:24 de maio de 1938
Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ou simplesmente Fortaleza de Anhatomirim, ergue-se na ilha de Anhatomirim ("ilha pequena do diabo" em língua tupi), na barra norte do canal da ilha de Santa Catarina, atual município de Governador Celso Ramos, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Projetada e construída pelo brigadeiro José da Silva Paes, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina, a Fortaleza de Anhatomirim foi o vértice inicial do triângulo defensivo da barra da baía norte da ilha, integrado pela Fortaleza de São José da Ponta Grossa e pela Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, iniciadas em 1740. Esse sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na barra da baía sul, iniciada em 1742. Juntas, tinham a função de proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil, e atuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.

A construção[editar | editar código-fonte]

Sob a invocação da Santa Cruz, a sua construção teve início em 1739, tendo sido concluída em 1744 (BOITEUX, 1912:208 apud CABRAL, 1972:12). O mesmo autor complementa que só foi artilhada após 1749 (op. cit., p. 12). No ano seguinte estava artilhada com 36 peças de diversos calibres, a saber: dezoito de 24, nove de 18, seis de 12, duas de 8, duas de 6, quatro de 4 e duas de 2 libras de bala (Doc. 15.206 do Núcleo Rio de Janeiro/inventariado. Arquivo Histórico UltramarinoLisboa. apud: PIAZZA, 1983:10).
Com planta de formato poligonal orgânico, os seus trabalhos empregaram a mão de obra de cento e cinquenta soldados, de cerca de duzentos escravos africanos, e de indígenas, utilizando a matéria-prima local e as técnicas construtivas tradicionais do período.
Por determinação do Marquês de Pombal (1750 — 1777), o governador e capitão-general da Capitania do Rio de JaneiroGomes Freire de Andrade (1733 — 1763), enviou, em 1760, o tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina, erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais. Como nas demais fortificações da região, este oficial procedeu-lhe pequenos reparos e reforço na artilharia, tendo recebido na ocasião "carretame, palamenta, pólvora, balas e petrechos para fazerem uma vigorosa defensa nos casos de surpresas ou ataques".

A invasão espanhola de 1777[editar | editar código-fonte]

Fortaleza de Anhatomirim: Quartel da Tropa.
O brigadeiro Antônio Carlos Furtado de Mendonça, em sua defesa após a invasão espanhola de 1777, atribuiu-lhe cinqüenta peças, quando a metrópole lhe supunha noventa. Tendo a barra norte sido abandonada pela esquadra sob o comando do almirante escocês Robert McDouall, esta fortaleza foi abandonada pelos seus defensores. Cercada por cinco navios espanhóis na tarde de 24 de fevereiro, que a intimaram à rendição, estava guarnecida por apenas dois soldados (Anais do Rio de Janeiro, vol. III, cap. 1. apud: SOUZA, 1885:123).
Com a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso (1777), onde Portugal cedeu à Espanha a Colônia do Sacramento e o território das Missões, em troca da restituição da ilha de Santa Catarina, esta fortificação foi novamente guarnecida. Em 1785, o mapa da sua artilharia, remetido à Coroa, computava-lhe cinquenta e sete peças: trinta e oito de ferro (calibres 24, 18, 12, 8, 6, 4, 3 e 2) e dezenove de bronze (calibres 24, 12, 8 e 6 de bala) (Doc. 6.493, CEHB, Col. Martins, 12 p. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. apud: PIAZZA, 1983:10). No levantamento do alferes José Correia Rangel (1786), importante material iconográfico que registra as modificações ocorridas no seu desenho, o mapa da artilharia aponta-lhe o mesmo número de peças, mas assim distribuídas: trinta e oito peças de ferro (onze de calibre 28, nove de 18, dez de 12, quatro de 8, uma de 6, uma de 4, uma de 3 e uma de 2), e dezenove de bronze (seis de calibre 28, cinco de 12, sete de 8 e uma de 6 de bala) (Códice "Defesa da Ilha de Santa Catarina", por José Corrêa Rangel (Bulhões), aquarelado, com tabelas. AHM, Lisboa. apud PIAZZA, 1983:10).
Entre as funções da fortificação, no período, encontrava-se a de controle do movimento de embarcações que adentrassem a Baía Norte. Ao identificar a aproximação de embarcações de bandeira estrangeira, o comandante da fortaleza ordenava o disparo de salvas de artilharia, sinalizando-se com bandeiras, saudando e comunicando aos capitães que deveriam aguardar autorização para fundear e proceder ao desembarque.

O século XIX[editar | editar código-fonte]

Fortaleza de Anhatomirim: aspecto da artilharia. Em primeiro plano uma interessante adaptação de peça colonial.
Fortaleza de Anhatomirim: aspecto de uma das baterias.
No século XIX, o viajante Adam Johann von Krusenstern (1803) observou-lhe apenas vinte peças, quase todas imprestáveis. No ano da Independência do Brasil (1822), a expedição francesa de Lesson contou-lhe trinta e duas, guarnecendo-lhe os parapeitos. Em 1850 havia quarenta e três, de diversos calibres (24, 18, 12, 9 e 3 libras de bala), montadas sobre reparos podres e sem condições de funcionar. Novas obras e reparos foram providenciados durante o Império brasileiro, em 18351849 e 1851.
Classificada como de 2ª Classe pelo Aviso do Ministério da Guerra de 14 de fevereiro de 1857, no contexto da Questão Christie (1862 — 1865) o Relatório de Inspeção de 1863 considera-a em mau estado, tendo-lhe sido procedidos reparos. Na ocasião, a sua artilharia estava assim distribuída:
  • 31 peças, das quais apenas 12 operacionais, em uma bateria jogando a lesnordeste;
  • 6 peças em uma bateria jogando a sul;
  • 6 peças em uma bateria no flanco esquerdo;
  • 10 peças em uma falsa-braga, jogando a leste, norte e noroeste;
  • 3 peças em um redente, à barbeta;
  • 8 peças, em duas baterias semi-circulares, jogando a sul e a sudoeste, defendendo o portão de acesso
  • 64 peças, no total, das quais apenas 12 operacionais (SOUZA, 1885:123).
No contexto da Guerra do Paraguai (1865 — 1870) serviu como hospital de convalescença e como presídio militar.
Novos reparos foram efetuados em 1884, no montante de 1 700$000 réis, e em 1887, quando se despenderam 1 649$000 réis (GARRIDO, 1940:140). Neste período voltou a servir como prisão militar segundo alguns autores, ou quarentena, segundo outros. Serviu ainda como asilo de alienados, posto de registro e fiscalização das embarcações que chegavam à cidade, e como posto telegráfico.
Durante a Revolução Federalista (1892 — 1895) contra o governo do presidente da República, o marechal Floriano Peixoto (1891 — 1894), a fortaleza foi ocupada pelos rebeldes da Armada (1893 — 1894). Nas suas dependências foram montados, na ocasião, dois canhões raiados de calibre 70, para a defesa contra a esquadra legalista. Após o combate naval de abril de 1894, a revolta foi sufocada em Santa Catarina.
Sob as ordens do interventor militar na Província, o coronel Antônio Moreira César, nas instalações de Anhatomirim foram detidos e fuzilados 185 presos políticos,[1] entre os quais se destacaram, entre outros:
O mesmo autor refere que, no ano 1905, despenderam-se 10 000$000 em reparos (op. cit., p. 141).
Neste último quartel do século XIX, a Fortaleza de Anhatomirim atendia à vigilância sanitária, não só controlando o tráfico de embarcações, mas servindo também como quarentena aos doentes. As instruções quanto à inspeção de saúde eram rígidas, e os portos de LagunaItajaí e São Francisco do Sul, além do de Desterro, estavam impedidos de receber embarcações procedentes de portos infestados de febre amarela ou qualquer outro tipo de epidemia, fazendo-os ir fundear defronte à Fortaleza de Anhatomirim, onde eram desembarcados cargas, passageiros e bagagens.
Defronte da Fortaleza fundeavam ainda as embarcações da frota, vindas do Rio de Janeiro no Verão, a fim de fugirem às epidemias que recrudesciam na capital naquela época do ano, aproveitando para fazer exercícios navais. Os militares dispunham do Hospital ou Enfermaria Militar e tinham um contingente específico da área da saúde, o chamado Corpo de Enfermeiros.

O século XX[editar | editar código-fonte]

Pelo Aviso do Ministério da Guerra de 13 de Fevereiro de 1907, o conjunto passou a pertencer ao Ministério da Marinha, que o guarneceu com fuzileiros navais, sob o comando do capitão-tenente Honório Delamare Koeller. Em fins de 1910, passou a ser comandada pelo então capitão-tenente Arnaldo de Siqueira Pinto da Luz, futuro almirante e Ministro da Marinha (GARRIDO, 1940:141). Ainda nesse ano iniciou-se a modernização de sua artilharia, substituída por canhões de 152 mm, 72 mm e 47 mm (Caldas, 1992).
À época da Primeira Guerra Mundial (1914-18) passou a ser guarnecida por contigentes de Marinheiros Nacionais (1916-1926), tendo recebido parte da artilharia do Cruzador Tamandaré, desativado em 1915: quatro canhões de 152 mm, dois de 72 mm e quatro de 47 mm. Recebeu ainda uma Estação Radiotelegráfica, alimentada por um Gerador Elétrico instalado em edificação própria (1917) (GARRIDO, 1940:141). Foi novamente utilizada como prisão política no desfecho da Revolução Constitucionalista de 1932. No ano seguinte voltou a ser guarnecida por uma Companhia de Fuzileiros Navais, sob o comando do 1º Tenente Matias Leite Torres, sucedido pelo Capitão-tenente José da Silva Pontes Lins (jan/1935-abr/1936) (GARRIDO, 1940:141).
Desarmada e desativada em 1937, no ano seguinte apresentando vários edifícios arruinados e outros bastantes descaracterizados, o conjunto foi tombado como "Monumento Histórico Nacional", pelo então recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - atual IPHAN.
No contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi reocupada militarmente, recebendo armamento, para ser novamente desativada ao final do conflito de vez que as novas tecnologias tornaram-na definitivamente obsoleta como unidade militar. Face à existência de um farolete de sinalização marítima na ilha, a Marinha manteve vigilância no local até à década de 1960, a partir de quando as instalações da fortaleza foram definitivamente abandonadas, passando a ser depredadas pelas populações vizinhas.

Os trabalhos de recuperação e requalificação[editar | editar código-fonte]

Fortaleza de Anhatomirim: Quartel do Comandante.
Fortaleza de Anhatomirim: Casa da Farinha.
Somente no início da década de 1970, alguns edifícios da fortaleza sofreram as primeiras intervenções do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dando sequência ao processo de redescoberta das fortificações militares catarinenses, iniciado com a recuperação pioneira do Forte de Santana. Sob a supervisão do arquiteto Cyro I. Correia de O. Lyra foi realizada ampla pesquisa de campo e levantamento documental, que se traduziram, em 1973, pelo início dos trabalhos de restauração, após a limpeza da vegetação que recobria as ruínas.
A partir de 1979, os trabalhos se intensificaram, graças a um convênio assinado entre a Universidade Federal de Santa Catarina, o Ministério da Marinha, e a Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com o objetivo de restauração do patrimônio e sua utilização como Centro de Pesquisa das Ciências do Mar. Por ele a UFSC assumiu a guarda e tutela da ilha de Anhatomirim e seu conjunto de edificações, acelerando os trabalhos de restauração das ruínas históricas, promovendo estudos de infra-estrutura e logística para a ilha, e instalando os equipamentos necessários ao desenvolvimento de projetos de interesse cultural e científico, programas de extensão, especialmente turismo educativo.
Com isso tornou-se possível, a partir de 1984, a abertura do conjunto da ilha à visitação pública, estando totalmente recuperados o antigo Armazém da Pólvora (abrigando a Memória da Restauração), o Pórtico, o Quartel do Comandante, o Paiol de Pólvora (abrigando o aquário), o Quartel da Tropa, as muralhas, as guaritas, e gramadas as áreas do terrapleno e adjacências, além de ter sido construído um novo cais, em taboado. Finalmente, entre 1988 e 1990, no âmbito do projeto "Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - 250 anos na História Brasileira", a Fortaleza de Anhatomirim teve os seus últimos edifícios restaurados. Após pouco mais de duas décadas de trabalhos de limpeza e manutenção, pesquisas, consolidação, restauro e revitalização, a UFSC (que também gerencia a Fortaleza de Ratones, a da Ponta Grossa com a Bateria de São Caetano, e a de Araçatuba), desenvolve atualmente na Ilha de Anhatomirim atividades de cultura, pesquisa e extensão, e turismo cultural para um público superior a 133 mil visitantes anuais.

Características[editar | editar código-fonte]

Fortaleza de Anhatomirim: Portão de Armas.
Maior e mais monumental complexo da arquitetura colonial portuguesa existente no sul do país, o conjunto ocupa uma área de 2.678m², integrado pelas seguintes estruturas:
  • Entrada - conjunto de escadaria de acesso e de um pórtico monumental em estilo oriental, ladeado por duas cortinas de muralhas;
  • Quartel do Comandante - erguido ao centro da Ilha;
  • Quartel da Tropa - erguido sobre o terrapleno, voltado para o oceano Atlântico;
  • Armazém da Pólvora - construído sobre uma elevação, afastado do conjunto principal;
  • Paiol de Farinha - erguido entre o Quartel da Tropa e o do Comandante;
  • Casa da Palamenta - destinada à guarda de armamento, restam apenas trechos dos seus alicerces;
  • Rampa - passagem subterrânea que liga o terrapleno do Quartel da Tropa à Bateria Norte ("falsa braga d'água"), sob as canhoneiras da bateria no terrapleno.
As construções obedecem a diferentes orientações arquitetônicas, integrando diferentes estilos, mesmo tendo sido erguidas num mesmo período, o meado do século XVIII. Ao final do século XIX, alguns de seus edifícios já haviam desaparecido e outros haviam sido construídos, como o novo Paiol e a nova Casa do Comandante.

Visitas[editar | editar código-fonte]

As visitas à fortaleza são diárias, pelo serviço de escunas que partem da praia de Canasvieiras, das proximidades da Ponte Hercílio Luz ou da Av. Beira-Mar Norte, em Florianópolis. Também é possível fretar uma pequena embarcação a partir das dezenas de praias da região.

Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba


Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba
Brazilian States.PNG
ConstruçãoJoão V de Portugal (1742-1744)
Estiloabaluartado
ConservaçãoMau
Nome oficialFortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba
Classificação:Edificação e Acervo
Processo:0943-T-76
Livro do tombo:Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico
Número do registro:077; 470
Data de registro:8 de abril de 1980
Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, ou simplesmente Fortaleza de Araçatuba, localiza-se na ilha de Araçatuba, na barra Sul do canal da ilha de Santa Catarina, atual município de Palhoça, no litoral do estado de Santa Catarina, no Brasil.
Projetada e construída pelo Brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739-1745), fechando a barra da baía Sul, foi a última peça do sistema defensivo da ilha na primeira metade do século XVIII, integrado pelo triângulo defensivo da barra da baía Norte: a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones e a Fortaleza de São José da Ponta Grossa. Juntas, deveriam proteger a ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil, e atuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.

História[editar | editar código-fonte]

Sob a invocação da Conceição da Virgem, a construção da fortaleza teve início em 1742 e, acredita-se, foi terminada cerca de dois anos mais tarde (BOITEUX, 1912:208 apud CABRAL, 1972:12). Foi artilhada com dez peças de ferro e bronze, portuguesas e holandesas: quatro de calibre 18 libras, três de 12 e três de 8 (nove, cf. SOUZA, 1885:125).
Em 1750, atendendo uma solicitação do próprio Silva Pais dois anos antes, uma Provisão Real determinou que a guarnição desta fortificação fosse composta por 60 soldados, um capitão, um alferes, um tenente e dois sargentos, e que "tivesse, ademais, um Sargento-mor e um ajudante, igualmente cientes da artilharia e da infantaria, para que os soldados ficassem conhecendo ambas as armas". A mesma provisão determinava ainda que fossem incluídos na guarnição da fortaleza os oficiais e soldados a ela já pertencentes, "para nela residirem, se já casados ou em termos de tomar estado (...)."
Em 1760, por determinação do ministro Marquês de Pombal (1750-1777), o governador da capitania do Rio de Janeiro, capitão-general Gomes Freire de Andrade (1733-1763), enviou o engenheiro militar tenente-coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas erguidas pelo brigadeiro Silva Pais na ilha de Santa Catarina. Procedeu-lhe assim o levantamento das instalações ("Demonstração da Ilha e Fortaleza da Barra do Sul da Ilha de Santa Catarina"), apontando-lhe o precário estado de conservação, o que levou à execução de pequenos reparos (1761), e à recomendação do reforço na artilharia, o que não se sabe se efetivamente chegou a ocorrer.
Ante as notícias da invasão espanhola do Vice-rei do Rio da Prata, D. Pedro de Ceballos (fevereiro de 1777), a sua guarnição desertou, tendo os invasores encontrado a posição abandonada.
Sofreu reparos em 1780. Um novo levantamento foi feito em 1786 pelo Alferes José Correia Rangel, quando recebeu reforços na artilharia. Encontra-se mencionada por Auguste de Saint-Hilaire, no curso de sua viagem à Província de Santa Catarina (1820).
Durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), a sua guarnição aderiu aos revoltosos (julho de 1839), sendo dominada pelas forças legalistas sob o comando do General Francisco José de Sousa Soares de Andréa (1781-1858), que controlavam o litoral. Foi novamente reparada em 1850.
No contexto da Questão Christie (1862-1865), o Relatório de Inspeção de 1863 apontou-lhe as muralhas em ruínas, e computou-lhe quinze peças de artilharia, das quais se havia ordenado, à época (1885), fossem recolhidas à Corte seis de bronze, às quais se atribuía "elevado valor arqueológico" (SOUZA, 1885:125). Isso de fato ocorreu, sendo as mesmas recolhidas ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro.
Utilizada como presídio em várias oportunidades, principalmente após a Proclamação da República (1889), na Revolução Federalista (1893), a fortaleza foi artilhada com alguns antiquados canhões antecarga de ferro que se achavam enterrados pela metade nas proximidades da Alfândega do Desterro (atual Florianópolis). Essa medida extrema foi tomada pelo comandante da guarnição da cidade, ante a ameaça de ataque por parte dos navios da esquadra rebelde. Por determinação ministerial de 28 de agosto de 1894, esta fortificação passou a denominar-se Forte de Araçatuba. No ano seguinte, conservava quinze peças de artilharia em precárias condições (1895). Um relatório de 1899 informa que as suas instalações se encontravam bastante arruinadas (SOUZA, 1981). De acordo com GARRIDO (1940), esteve guarnecida por um destacamento do Exército Brasileiro, à época do governo do Marechal Floriano Peixoto (1891-1894), tendo-lhe sido os reparos mais urgentes orçados, em 1908, em 19:000$000 réis. O autor prossegue, informando que, no ano seguinte, computavam-se-lhe duas baterias, seis edificações, dois paióis, dois algibes, uma ponte, e continuava guarnecida por um pequeno destacamento (op. cit, p. 145).
Desativada em 1937, chegou a ser utilizada pela Marinha do Brasil como alvo para exercícios de tiro real.
Sob jurisdição do Ministério da Defesa, desde 1975 está integrada ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, criado por Decreto Estadual. O Forte de Araçatuba foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1980. A partir de 1991, o conjunto das edificações e seu entorno sofreram trabalhos de escoramento e consolidação das ruínas, procedendo-se ao final da década a estudos visando a sua restauração. Em novembro de 1999 foi assinado um Protocolo de Intenções entre o Governo do Estado de Santa Catarina e o Ministério do Esporte e Turismo, para acesso a recursos no montante de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para trabalhos de restauração, no âmbito das Comemorações do V Centenário do Descobrimento do Brasil. A partir de 2001, a administração da ilha, com seu conjunto arquitetônico, passou para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que lhe procedeu a levantamento arqueológico, visando a sua restauração, integrando mais este conjunto no âmbito do "Projeto Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - 250 anos na História Brasileira".
O acesso à fortaleza pode se dar pela altura do quilômetro 242 da BR-101, acesso à praia da Pinheira e à praia do Sonho, num percurso de aproximadamente 7 quilômetros até à ponta do Papagaio, onde é necessário fretar uma embarcação até à ilha de Araçatuba. Outra possibilidade de acesso é fretar uma embarcação nas praias da Caieira da Barra do Sul ou Naufragados, no extremo sul da ilha de Santa Catarina, ou ainda através dos passeios de escunas com saídas do centro de Florianópolis.

Características[editar | editar código-fonte]

Fortificação com planta orgânica, adaptada ao terreno, nela se destaca a bateria principal de artilharia coroando o conjunto, com planta em formato circular com quatro braças de raio (SOUZA, 1885:125), erguida em alvenaria de pedra, composto por:
  • Bateria principal (ou elevada)
  • Muralhas
  • Quartéis de Tropa
  • Casa da Pólvora
  • Casa da Guarda
  • Ancoradouro
  • Forte (Paiol da Pólvora)
Das edificações primitivas - Corpo da Guarda, Casa da Farinha, Casa da Palamenta, Casa do Comandante, Quartel da Tropa e Oficiais, Paiol da Pólvora, e Baterias dos canhões -, restam, das duas primeiras as fundações, e das demais as paredes, o mesmo ocorrendo com uma edificação datada provavelmente do século XIX. A muralha em cantaria, que confronta com o canal navegável e que contém o terrapleno e protege as baterias, com planta de formato poligonal irregular, encontra-se em bom estado de conservação, o mesmo ocorrendo com a muralha em pedra, de planta circular, que abrigava a bateria principal, dominando o conjunto. O conjunto era integrado ainda por uma Fonte que, segundo Monsenhor Pizarro, era de água salobra. As reformas realizadas no século XIX dotaram os edifícios da fortaleza de alguns elementos arquitetônicos classicistas, que alteraram as suas feições coloniais. Além do arruinamento provocado pelo tempo e pelo abandono, os exercícios de tiro real que a utilizaram como alvo comprometeram-lhe severamente as muralhas e as edificações.

As divergentes denominações[editar | editar código-fonte]

Também conhecida como Fortaleza da Conceição da Barra do Sul (SOUZA, 1885:125) ou Fortaleza de Araçatuba (GARRIDO, 1940), este último autor denomina-a incorretamente também como Forte Marechal Moura (op. cit., p. 145), outra estrutura, de construção bem mais recente, no extremo sul da ilha de Santa Catarina. BARRETTO (1958) amplia a divergência denominando-a ainda como Fortaleza de Naufragados e Fortaleza General Moura (op. cit., p. 277).