domingo, 15 de abril de 2018

Soldado do Exército turco


Atuação: Chipre, 1974

No dia 20 de julho de 1974, o Exército turco, apoiado por unidades navais, invadiu o norte da ilha de Chipre. Com a intervenção armada, Ancara respondia ao golpe pró-Grécia ocorrido em Nicósia, a capital, cinco dias antes, que não só ameaçava a população de origem turca como possibilitaria transformar a ilha em uma base militar grega a apenas 64 km da costa da Turquia. Assim que os paraquedistas saltaram sobre o vilarejo de Gönyeli e comandos navais estabeleceram cabeças-de-praia a oeste de Cirena, as chances de sucesso rápido pareceram claras. Mas esta campanha não foi fácil para os invasores. Houve forte resistência dos cipriotas, impedindo a expansão a partir da praia e mantendo a estrada para a capital bloqueada.
Porém, sem apoio da Grécia e com poucas armas, não suportaram o peso das forças invasoras, que mesmo contando com cerca de 40.000 soldados e duzentos tanques, conseguiu apenas o controle de 40% do território. O cessar-fogo veio em 22 de julho, graças a pressões internacionais. Para manter a ocupação, os turcos deixaram 17.000 homens e 100 blindados em Chipre, abalando suas relações com a OTAN e particularmente com os Estados Unidos. Essa é a clássica situação em que a opção militar falha em obter os efeitos políticos desejados.
O Exército da Turquia tem poderio considerável: cerca de 470.000 homens organizados em quatro exércitos, com forte apoio de unidades especializadas e formidavél força de blindados, artilharia e mísseis superfície-superfície (SSM). Esses números impressionantes escondem algumas fraquezas, evidenciadas na campanha de 1974. Dependendo basicamente de recrutamento, o Exército é orientado para a infantaria, e seus soldados, treinados em vinte meses, não estão preparados para a guerra moderna e seus oficiais têm a tradição de se envolver em golpes políticos, como os ocorridos em 1960 e 1980. Membro da OTAN, suas forças são reponsáveis pela defesa da área leste do Mediterrâneo.
Além de proteger o estratégico estreito de Bósforo, a Turquia contribui com contigentes e cedeu seu território para bases militares da aliança ocidental. Inimigo histórico da Grécia (também membro da OTAN), ambos os países investem maciçamente em equipamentos militares, buscando um equilíbrio de forças que possa desestimular uma agressão mútua. Em 1980, a Turquia assinou com os EUA um acordo de utilização de suas bases militares em troca de ajuda militar e econômica, que atualmente estão sendo usadas pelos americanos em sua segunda investida contra Saddam Hussein, na Operação Libertação do Iraque, iniciada em 19 de março de 2003.
Trajando uniforme leve, próprio para o verão do Mediterrâneo, o soldado carrega um capacete americano M1 com cobertura camuflada, dos marines. A maioria dos equipamentos do Exército turco é de origem americana, como o cinturão M1943; as bolsas de munição, porém, são fabricadas no país. Apesar de seu bom desempenho como integrante de forças internacionais da ONU, a invasão de Chipre deixou a desejar, em parte explicável pelo armamento obsoleto que utilizou, como essa submetralhadora .45 M3A1, equipada com um abafador noturno de chamas na extrmidade do cano.

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