A Guerra do Paraguai, que se iniciou em dezembro de 1864 terminou em março de 1870, é considerado pelos historiadores o maior conflito bélico que já ocorreu na América do Sul. Nos demais países participantes, como Argentina e Uruguai, ela é também denominada de Guerra da Tríplice Aliança. No país que saiu derrotado do conflito, o Paraguai, ela é chamada de Guerra Grande.
Em 1864 havia um temor generalizado junto ao governo Paraguaio de que o Império do Brasil e a República Argentina, países de extensão territorial maiores e dotados de mais recursos naturais, planejavam um sistemático desmantelamento de países menores, presentes na região chamada de Cone Sul. Pouco antes, em 1863, o Brasil havia interferido militarmente no vizinho Uruguai a fim de ajudar aquele país a depor seu presidente Atanasio Aguirre, do Partido Blanco, a fim de empossar o seu rival do Partido Colorado, Venancio Flores.
Desta forma, o presidente paraguaio Solano Lopes esperava contar com o apoio dos blancos uruguaios e dos caudilhos do norte da Argentina para levar a cabo um movimento contrário à atuação e interferência política do Brasil naquela região.
Em 11 de novembro de 1864 o Exército Paraguaio aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava em águas então paraguaias, embarcação onde se suspeitava que houvesse grande quantidade de material bélico. Porém, o navio transportava o então presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos.
Algum tempo depois, o Paraguai invade o Mato Grosso e declara guerra ao Brasil em 18 de março de 1865. O Império Brasileiro reage e forma, com o apoio da Argentina e dos colorados uruguaios, agora no poder, a chamada Tríplice Aliança, em 1º de maio de 1865.
O conflito durou mais de cinco anos, sendo que o Brasil enviou cerca de 150.000 soldados à luta, com cerca de 50 a 60 mil perdas, a maioria delas causada por doenças. No Paraguai calcula-se em 300.000 pessoas mortas, entre soldados e civis, seja em combate ou devido às epidemias que se alastraram na região. Para o Brasil este foi o último dos grandes conflitos armados envolvendo questões internacionais, a exemplo da Guerra da Cisplatina e Guerra do Prata.
Como esse foi o mais importante conflito bélico do qual o Brasil participou, não é de se estranhar o fato de que há muitas informações equivocadas a respeito do que se utilizava como armamento, na época. Como, infelizmente, não temos no Brasil muita cultura histórica, o que presenciamos com bastante frequencia são pessoas que possuem, há muitos anos, ou receberam como herança armas antigas, e que sem muita pesquisa e interesse, julgam por si mesmas que “as armas eram da época, ou que participaram da Guerra do Paraguai”.
Claro que, como veremos adiante, o Exército Imperial ainda estava longe de ser realmente profissional e organizado e muitas das armas utilizadas por voluntários ou unidades do próprio Exército não eram, na verdade, de dotação padrão do Exército. Muita coisa era improvisada e às vezes, de propriedade do próprio combatente, fato que também ocorreu no próprio Exército Confederado, durante a Guerra Civil norte-americana. Porém, muitas vezes nos deparamos com armas longas ou curtas que, sabidamente, foram construídas ou são modelos criados em datas posteriores à Guerra do Paraguai, e que leva pessoas leigas a julgarem-nas mais valiosas do que realmente são porque, supostamente, fizeram parte do conflito.
A SITUAÇÃO PRÉ-GUERRA
Segundo o Mestre em História e Curador de Armas Portáteis do Museu Conde de Linhares no Rio de Janeiro, o Prof. Adler Homero da Fonseca, uma das maiores autoridades em história de armamento bélico brasileiro, a situação do armamento utilizado pelo então Exército Imperial até a nossa Independência, em 1822, era a acentuada presença de equipamentos inglêses, lembrando que a própria causa da independência dependia de apoio britânico. Com o passar dos anos, após a Independência, a procura por armamento alternativo se intensificou devido à falta de recursos financeiros. Os fornecedores alvos eram a França e a Bélgica. As armas belgas, principalmente em relação ao preço, eram as mais convidativas, apesar de que a qualidade geral era bem inferior em relação às equivalentes britânicas.
Este período de adaptação foi muito complicado, pois o país não definiu um plano regulamentar de padronização. Desta forma, comprava-se quase de tudo, independente de sua origem, inclusive o que era oferecido até por mercadores privados. Umas poucas dessas armas são mais facilmente identificáveis nesse período crítico por possuírem no fecho gravações com o Brasão de Pedro I ou de Pedro II.
À esquerda um fecho de fuzil Brown Bess – clique para ampliar
Pode-se julgar como arma padrão, neste período do Império e da Regência os mosquetes britânicos do tipo Brown Bess, também conhecidos como India Pattern e Short Land Pattern, várias delas encontradas com as gravações PI ou PII.
Segundo o historiador Adler Fonseca, até meados de 1850, todas as aquisições de armamentos ficavam sob a responsabilidade de um mestre de armeiros do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, que na verdade tratava-se de um funcionário civil.
Acima, um típico exemplar do mosquete britânico “Brown Bess” em calibre .75 (adarme 12, ou 19mm), sistema de ignição de pederneira (flintlock) e cano de alma lisa.
As opções “mais em conta” em relação ao britânico Brown Bess eram as armas de origem belga, que normalmente seguiam as linhas de um projeto francês. Os mosquetes belgas eram em sua grande maioria no calibre de 17 mm, calibre que substituiu em parte o padrão anterior de 19 mm. As guarnições eram feitas em latão, detalhe que agradava a Marinha, por ser um material bem mais resistente à corrosão, oriunda dos sais marinhos. As armas de sistema de pederneira continuaram em uso nas tropas do Exército até meados de 1864, apesar de que desde 1850 já estavam sendo substituídas por mosquetes de percussão. Para a Guerra do Paraguai, o Exército seguiu para o combate já quase totalmente equipado com essas novas armas.
Um exemplar típico de mosquete francês, de 1777, em calibre 19 mm, modelo muito copiado pelos belgas e similar ao utilizado em larga escala pelo Exército Imperial Brasileiro
A MODERNIZAÇÃO DO EXÉRCITO
Como já descrito antes, a década de 1850 traria uma profunda modificação nas forças armadas brasileiras e, principalmente, no Exército. Esta é a época em que surge uma força verdadeiramente profissional, com o fim de antigos vícios herdados de Portugal, tais como o nepotismo e problemas hierárquicos. Mas não foi somente a lei de promoções de 1850, que criou critérios visando apenas mérito, tempo de serviço e nível de estudos, que pode ser apontada como fator de modernização do Exército.
Em seu trabalho sobre a história do armamento bélico brasileiro pré-Guerra do Paraguai, Fonseca nos diz que as forças militares a partir de 1850 estavam totalmente reequipadas, retreinadas e reorganizadas, o país com uma ordem interna consolidada, a ponto delas poderem ser usadas como ferramenta da diplomacia imperial. As intervenções no Uruguai e Argentina em 1852-53, no Uruguai em 1854 e 1856, no Paraguai em 1854, novamente no Uruguai em 1863, até o grande conflito da história brasileira, a Guerra do Paraguai, em 1864, mostram essa atuação.
Data deste período a criação da Comissão de Melhoramentos do Material do Exército, organização voltada à pesquisa e desenvolvimento em todos os campos do material bélico. Os trabalhos da Comissão logo deram resultados, com a adoção de diversos novos equipamentos, construção de fortalezas de desenho com base científica, manuais redigidos especificamente para o Brasil e não somente textos estrangeiros traduzidos, e finalizando com os primeiros fuzis de retrocarga do Exército. Em um curto espaço de 20 anos foram experimentados– e descartados – sete diferentes tipos de mosquetes e de carabinas, em busca de uma arma ideal. A substituição de quase todas as armas com sistema de ignição de pederneira pelo novo sistema de percussão foi a principal mudança a ser implementada, e a mais importante. O novo sistema era incomparavelmente superior, mais seguro, mais confiável, a ignição da carga era quase instantânea e eliminava todos os problemas inerentes ao “flintlock”, como os constantes ajustes da pedra e a necessidade de se colocar pólvora em dois lugares diferentes: dentro do cano e na cassoleta.
Para saber mais sobre como tudo isso funcionava, veja nosso artigo Sistemas de Ignição em Armas de Fogo.
A CHEGADA DA “BALA MINIÉ”
Historicamente sabemos que os primeiros projéteis desenvolvidos para armas de fogo eram esferas de chumbo, fáceis de fazer e normalmente fundidas pelo próprio dono da arma. No sistema de ante-carga, popularmente conhecido como “de carregar pela boca”, os projéteis possuíam diâmetro um pouco menor que o do cano, para facilitar a introdução através dele, com o uso de um varão. Normalmente colocava-se um pequeno pedaço de tecido para “embrulhar” o projétil. As armas possuíam canos de alma lisa e as esferas ou pontas ogivais saíam do cano sem nenhum movimento de rotação. A precisão e o alcance eram muito baixos. Projéteis não esféricos, de forma ogival, se usados em armas de alma lisa, tendem a sair da trajetória e de desequilibrarem de forma desordenada. A maioria dos mosquetes de ação de pederneira, como os que o Brasil utilizava antes de 1850 tinham precisão até, no máximo, 150 ou 200 metros, mesmo se levando em conta o comprimento do cano, que neste caso, influía bastante.
Testes desenvolvidos na Alemanha, por volta de 1790, mostram qual era o índice de imprecisão das armas: um alvo de 30 metros de largura por 1,8 metros de altura (supostamente representando a frente de um batalhão), serviu para as provas. A 200 metros, apenas 25% dos tiros atingiram o alvo. A 140 metros, 40% e a 70 metros 60% dos disparos tocaram no alvo. Resultados muito pouco animadores, se considerarmos o tamanho do alvo e as condições ideais em que foram executados os testes, ou seja, fora do campo de batalha, com os atiradores e alvo estáticos, sem que o inimigo e o nervosismo perturbassem a mira, e ainda com tempo suficiente para que a grande quantidade de fumaça se dispersasse.
Claude Etiènne Minié nasceu em Paris em 1804 e faleceu em 1879. Ingressou no Exército Francês onde chegou ao posto de capitão; era muito conhecido pelas idéias e soluções que costumava oferecer aos oficiais e colegas de armas. Em 1849, intrigado com a falta de precisão oriunda dos mosquetes com alma lisa, em uso na época, desenvolve um tipo de projétil para ser utilizado com mais facilidade em armas com cano raiado.
Desenho esquemático do projétil Minié para uso no fuzil Harpers-Ferry de calibre .577
Devido ao fato de que os projéteis usados em armas de alma raiada devem possuir um diâmetro bastante justo e calibrado, para que o mesmo se agarre com firmeza nas estrias, sem derrapar, e que também consigam uma vedação perfeita evitando o escape de gases, fazia com que fosse quase impossível de serem introduzidos ao interior do cano através da boca, como é o sistema de ante-carga, sistema usado em todas as armas antes do advento do cartucho metálico.
O projeto de Minié consistia em um projétil de chumbo, expansível, com diâmetro igual ou muito pouco inferior ao da medida dos “cheios” das raias, para que o mesmo pudesse ser introduzido pelo interior do cano, com auxílio de uma vareta, mas sem muito esforço. Normalmente o projétil possuía ranhuras que já eram, previamente, untadas com graxa para facilitar essa operação. O segredo da invenção consistia em uma parte ôca na porção traseira do projétil, em forma de cone. Em algumas variantes, havia uma espécie de “tampa” de metal, encaixada nessa abertura.
Ao ser disparado o fuzil, a pressão interna da combustão da pólvora era aplicada sobre a parte posterior do projétil, iniciando assim o movimento de expulsão do mesmo para fora do cano. Devido ao formato cônico da traseira do projétil, a pressão penetrando pela cavidade traseira o fazia expandir, ocasionando um aumento ou dilatação em seu diâmetro, forçando o projétil a agarrar-se ao raiamento interno do cano; o mesmo era consequentemente expulso do mesmo com um movimento giratório. Porém, como só se utilizava a pólvora negra nesta época, a quantidade de resíduos oriundos da queima no interior do cano era muito alta e começava a dificultar a introdução dos projéteis, depois de uma certa quantidade de disparos. Isso forçava o atirador a constantemente limpar o interior do cano com uma vareta e escovas apropriadas. Apesar disso, o sistema era muito vantajoso pois agora permitia precisão de tiro acima dos 150 metros, distância que, antes da Minié, mal se conseguia acertar um soldado oponente. A Guerra Civil Americana e a Guerra dos Boshins no Japão foram alguns dos primeiros palcos de batalhas a testarem e sentirem a superioridade do sistema Minié.
Como se pode notar, a invenção era tão simples que não se necessitava sequer de projetos de armas novas. Bastavam os mesmos projetos já existentes, mas com canos raiados, e a fundição dos projéteis com as medidas corretas. O sistema Minié foi o causador de uma revolução na indústria de armamento. Pela primeira vez os princípios da produção em série e da padronização permitiram a fabricação em larga escala de uma arma de precisão confiável, capaz de ser distribuída a todos os soldados e não apenas a unidades especializadas de atiradores. Com o uso de armas do tipo Minié, o combate de tiro, antes restrito até uns 200 metros, passou a ser feito em distâncias muito maiores. Assim, a alça de mira do mosquete brasileiro de fabricação belga era regulada para 825 metros e, de fato, o atirador tinha chances de atingir um alvo grande (como um batalhão em linha), a uns 500 metros de distância, sem maiores problemas.
Um levantamento feito pelo historiador Adler Fonseca nos indica que a verdadeira expansão do uso das armas do tipo Minié no Brasil viria em 1857, com a aquisição de diversas armas de um novo padrão, em calibre 14,8 mm:
Mosquetes de 17, cano liso | 2,000 |
Mosquetes (à Minié) para Infantaria | 3,000 |
Carabinas (à Minié) para caçadores | 3,000 |
Mosquetões (à Minié) para Artilharia | 2,000 |
Mosquetões (à Minié) para cavalalria | 3,000 |
Pistolas (à Minié) | 3,000 |
CARABINAS (CLAVINAS) BELGAS “MINIÉ”
Essa arma pode ser considerada como sendo a padrão em uso na Infantaria do Império, durante a Guerra do Paraguai, pois foi a que teve presença mais maciça em combate. Era calibrada para projéteis de 14,8mm do tipo Minié, e eram equipadas com baionetas retas, com punho de latão. Inicialmente chegaram ao Brasil com alças de mira graduadas em braças, uma antiga medida portuguesa, mas logo foram alteradas para o sistema métrico, que passou a vigorar no Brasil em 1864.
Uma carabina Minié de fabricação belga (foto de colecionador particular)
Cerca de 28.000 dessas armas foram enviadas ao Paraguai, sendo distribuídas entre os batalhões de caçadores e para todas as unidades dos denominados Voluntários da Pátria. Conta-nos Adler Fonseca que, na linha de frente, soldados sofreram do mesmo problema de todo o sistema Minié, por causa da existência de uma arma da mesma classe, mas de calibre diferente: o mosquete Enfield 1858. A solução encontrada para isso foi a padronização da munição de calibre menor, o que tornou as carabinas do modelo belga muito menos eficientes do que seria de se esperar.
Detalhe do fecho de um mosquete belga do tipo Minié, bastante similar ao modelo utilizado pelo Brasil. Consta que o mesmo fabricante belga chegou a fornecer um grande lote dessas armas também aos Estados Confederados durante a Guerra Civil americana, onde passaram a ser conhecidos como “Brazilian Minié Muskets”
O MOSQUETE ENFIELD
O mosquete britânico denominado de Enfield Pattern 1853 Musket, também conhecido como P53 era um fuzil calibrado para projéteis Minié de .577 de diâmetro, sistema ante-carga e ignição por percussão. Foi uma arma largamente utilizada pelo Império Britânico entre os anos de 1853 e 1867; neste último ano, foram convertidos e substituídos pelo chamado Snider-Enfield, já utilizando um cartucho que era alimentado no sistema de retrocarga. Devido à presença das três braçadeiras de aço ao longo da arma, era conhecida também como mosquete de “Três Bandas”. Com uma carga de 4 1/2 gramas de pólvora negra, arremessava o projétil de 34 gramas de peso a uma velocidade de cerca de 270 metros/segundo.
Acima, o Enfield Pattern 1853, denominado no Brasil de Enfield 1858, primeiramente em calibre .577 (14,6mm) e depois convertido para pontas Minié de 14,8mm.
O Enfield modelo brasileiro, adquirido da Inglaterra em um grande lote, por volta de 1858, foi utilizado indiscriminadamente pelos batalhões de fuzileiros, junto com as armas belgas minié, mas de calibre diferente. Como não podia deixar de ser, isso gerou uma série de confusões com relação à distribuição de munição durante a guerra do Paraguai. Por esse motivo, foi ordenado a conversão da arma para o calibre 14,8 mm, gerando uma arma que é chamada de modelo 1864/1865.
Além dessa alteração do calibre, as armas sofreram uma série de mudanças como a troca das guarnições das bainhas, de ferro para latão, o que também foi feito nas braçadeiras do cano da arma. A vareta original do Enfield, que tinha uma cabeça de ferro serrilhada, foi trocada por outra de latão como nas armas belgas, menos propensa a danificar as raias. As alças de mira, originalmente calibradas e numeradas em jardas, foram posteriormente recalibradas e renumeradas, com distâncias em metros, algo que no início causava muita confusão aos atiradores.
De qualquer forma, os dois tipos de Enfield, modificados ou não – são muito raros hoje em dia, pois só foram usados por sete dos 79 batalhões de Infantaria durante a Guerra do Paraguai (4.320 Enfields foram enviadas para a frente de batalha); portanto, a arma mais comum na guerra era o mosquete belga, e não o inglês. Ambos saíram de serviço logo após o término da Guerra do Paraguai, quando a carabina também belga Comblain, uma arma de um só tiro mas de retro-carga, foi adotada.
O fuzil Enfield 1858 era calibrado, portanto, para um projétil de 14,66mm, media 140mm de comprimento e pesava 3,900Kg, com alcance útil estimado em 300 metros. Sua alça de mira era graduada para 1.100 metros. Um soldado bem treinado podia efetuar uma média de 2 a 4 disparos por minuto.
CARABINA SPENCER
A carabina Spencer foi projetada pelo inventor norte-americano Christopher Spencer, em 1860. Para a época, era decididamente uma arma revolucionária, pois se tratava de uma carabina de repetição, similar em uso mas não em características ao famoso rifle Henry, também produzido a partir de 1860, arma essa que originou, posteriormente, as carabinas e rifles da Winchester. A Spencer era alimentada por um carregador tubular contido na coronha da arma, com capacidade para sete cartuchos calibre .56-56, cartucho com aro no sistema fogo-circular (rim-fire). Essa nomenclatura não segue os padrões de hoje: o primeiro valor se refere ao diâmetro do cartucho em sua base e o segundo, o diâmetro na boca do cartucho. O diâmetro do projétil era de .52″, mas era denominada aqui como calibre 12,7mm. O cartucho era carregado com 45 grains (2.9 gramas) de pólvora negra. A título de comparação, o posterior cartucho .44-40 Winchester, utilizado nos rifles e carabinas modelo 1873, e posteriormente também no modelos 1892, era carregado com 40 grains.
Acima, a carabina norte-americana Spencer, de repetição, 7 tiros, extensivamente usada pela cavalaria do exército norte americano na Guerra Civil, e posteriormente, adotada pela Cavalaria do Exército Brasileiro, participando do conflito contra o Paraguai.
O funcionamento da arma era simples: retirava-se o varão de metal por trás da soleira, alimentava-se o túnel contido da coronha com os cartuchos e em seguida, colocava-se novamente o varão, o qual continha uma mola espiral em seu interior, que serviria para impulsionar os cartuchos para serem alimentados na câmara. O movimento de baixar e subir a alavanca inferior, que também servia de guarda-mato, extraía um cartucho disparado da câmara e alimentava um novo cartucho. Esse movimento não armava o cão, procedimento que tinha que ser feito manualmente a cada disparo.
Havia uma peça interessante, transportada pelos soldados, denominada de Blakeslee Cartridge Box. uma espécie de caixa hexagonal contendo, dependendo do modelo, de 10 a 13 tubos, com sete cartuchos no seu interior, que podiam ser esvaziados um a um no interior do tubo da coronha, o que aumentava consideravelmente a cadência de tiro.
Uma antiga ilustração da carabina Spencer: 1) carabina modelo 1865 – 2a) tubo do carregador com mola e um cartucho – 2b) Blakeslee Box com 10 tubos de 7 cartuchos cada – 3) vista do mecanismo interno.
Alguns outros cartuchos foram utilizados na Spencer, como o .56-52, .56-50 e os .56-46, mais raramente utilizados. Apesar de serem quase tão potentes quanto ao .58 utilizado nos fuzís ante-carga da época, posteriormente se tornaram fracos quando comparados aos novos cartuchos adotados militarmente pelos Estados Unidos, como 0 .50-70 e 0 .45-70. Um atirador treinado conseguia uma cadência de tiro de quase 20 disparos por minuto, uma marca excepcional quando comparada com a média de 2 a 3 disparos por minuto dos fuzís ante-carga. As Spencer foram as primeiras armas longas com um sistema de repetição a serem adotadas pelo Exército Americano, adquiridas em número de 94.000 para suprir as unidades de Cavalaria. A infantaria, por sua vez, ainda dava preferência ao preciso e potente Springfield 1861, um mosquete do tipo Minié, o mais largamente empregado durante a Guerra Civil Americana, fazendo uma dobradinha de muito sucesso com o Pattern 53, o Enfield 1853 tal qual usado aqui no Brasil, na Guerra do Paraguai.
No Brasil, a Spencer teve o potencial de ser um equipamento revolucionário na história da cavalaria brasileira, mas este potencial foi desperdiçado. Diz-nos Adler Homero que durante a Guerra do Paraguai, por volta de 1866, quando foram adquiridas a pedido do então Marques de Caxias, tiveram um problema inicial com a munição. Esta não muito confiável e este fato retardou a sua distribuição para a tropa. Entretanto, a insistência dos oficiais da Comissão de Melhoramentos do Material do Exército fez com que novas tentativas fossem feitas em 1867 e os problemas iniciais superados, sendo a arma distribuída em grande número aos esquadrões de atiradores dos Regimentos de Cavalaria.
Desenho esquemático da carabina Spencer: na fig.1, a arma se encontra carregada com 6 cartuchos no carregador tubular e um já está alimentado na câmara, com cão armado, pronta para o disparo. Na fig.2, alavanca de manejo se encontra aberta, mostrando um cartucho já posicionado sobre o alimentador, cartucho que será impulsionado para a câmara assim que se fechar a alavanca.
Por ser uma arma de retrocarga, era possível ao atirador recarregá-la enquanto estava deitado (todas as armas de carregar pela boca exigiam uma postura ereta, tornando o atirador um bom alvo para o inimigo). Ao mesmo tempo, o fato de ser uma arma de repetição, dava-lhe uma cadência de fogo prática de 3 a 5 vezes maior que as armas de carregar pela boca. Pela primeira vez a cavalaria tinha condições de, em um combate de tiroteio, derrotar um número igual, ou até maior de soldados de infantaria armados com mosquetes ou carabinas de percussão, de um só tiro. O pessoal da cavalaria podia, com bastante prática adquirida com o tempo, atirar repetidamente com a Spencer, em plena cavalgada.
Relatos históricos contam que “no combate de São Solano, a 6 de setembro de 1868, um grupo de 57 cavalarianos armados com aquelas carabinas, resistiram intrepidamente a uma força de quase 500 homens da cavalaria inimiga, em cujas fileiras faziam destroços, e sustentaram o mesmo ataque até a chegada de reforços“. E também “…no combate de Isla-Tay em 3 de outubro de 1867, e no de Tatayba, em 21 do mesmo mês, que foi um bem combinado ataque para destruir a cavalaria inimiga, as nossas clavinas à Spencer obtiveram maravilhosos resultados com seus rápidos e mortíferos tiros, e derrotaram completamente o inimigo, que nunca conseguiu fazer uma só carga, como mesmo afirmaram alguns dos seus oficiais prisioneiros“.
Carabina do tipo Spencer, cópia produzida pela Falisse & Trapmann, de Liège, Bélgica, adquirida pelo Império Brasileiro após a Guerra do Paraguai
Posteriormente à guerra, em 1872, o Exército já tinha adotado uma nova arma de repetição para a Cavalaria, os rifles de repetição Winchester modelo 1866, mas os oficiais continuaram por um longo período a preferir a Spencer, por causa da fama que ela adquiriu na Guerra do Paraguai. O sucesso dela foi tanto que, em 1873, outra encomenda foi feita, desta vez à Bélgica, junto a Union Armurière Belge, um consórcio de fabricantes daquele país, dentre eles a Falisse & Trapmann, de Liège.
A carabina Winchester modelo 1866, de calibre .44 de fogo circular “rim-fire”
Na verdade, a fábrica da Spencer nos Estados Unidos já havia encerrado suas atividades e os direitos de fabricação foram adquiridos por outra companhia, que na verdade não desejava prosseguir na fabricação da arma. A Spencer sucumbiu ao tremendo sucesso e à inquestionável qualidade e praticidade dos rifles e carabinas da Winchester. Veja nosso artigo sobre as carabinas e rifles Winchester e conheça um pouco mais sobre a presença dessas armas no Brasil.
Acima, a carabina norte-americana Winchester, modelo 1873, em calibre .44-40, o primeiro modelo da marca a utilizar um cartucho de fogo-central. O Exército Norte-Americano nunca a adotou, mas tanto índios como “cow-boys” a adoravam.
Em 1877, surgiu uma última variante da Spencer aqui no Brasil, resultado de uma modificação feita localmente, quando se ordenou a transformação de todas as armas que utilizavam cartuchos do sistema fogo-circular para o sistema de fogo-central. Essa operação foi executada na Fábrica de Armas da Conceição, na grande maioria das armas, tanto que hoje em dia é muito difícil de se encontrar uma Spencer que não tenha sido modificada. As Spencers, usadas a partir de 1872 nas companhias isoladas de cavalaria continuaram em serviço até cerca de 1890, quando foram substituídas pelas carabinas derivadas do fuzil de Comissão Alemã de 1888.
Porém, já em 1873 o Exército decidiu por regulamentar o uso da carabina belga Comblain calibre 11mm, monotiro, arma essa que se tornaria histórica no Brasil e que brevemente será alvo de um artigo específico, aqui em Armas Online.
ARMAS CURTAS
Nos anos iniciais da Guerra do Paraguai, o Exército Imperial do Brasil ainda utilizava algumas pistolas de pederneira como armas de uso pessoal de oficiais. Mesmo após a introdução do sistema Minié, algumas armas curtas já no sistema de percussão foram adquiridas, tanto em alma lisa como raiadas. Em 1872, o Império negociou com a Inglaterra a compra de 2.000 pistolas Enfield, provenientes de arsenais daquele país, numa época em que essas armas já eram consideradas obsoletas.
A bem da verdade, anos antes da eclosão da guerra o Exército já vinha experimentando alguns revólveres, se bem que essas armas eram destinadas unicamente a uso de oficiais. Pistolas de percussão e de tiro simples continuaram a ser usadas por mais alguns anos pelas praças, pelo menos até 1882, ou seja, bem depois da guerra ter terminado, época em que foram adquiridos os primeiros lotes dos revólveres belgas Nagant.
Pistola inglesa Enfield Pattern 1856 em calibre .577, adquirida pelo Brasil quando já eram consideradas armas obsoletas
Vale a pena refletirmos um pouco sobre como a realidade brasileira de armamentos do Exército estava longe dos padrões europeus e principalmente, dos norte-americanos. Só como exemplo, a Guerra Civil americana iniciou-se em 1861 e terminou em 1865, menos de um ano após, portanto, do começo do conflito da América do Sul. Mas cerca 30 anos antes, em 1836, Samuel Colt já havia projetado e lançado seu primeiro revólver, o modelo Paterson, de 6 tiros e utilizando sistema de percussão. Em 1860, pouco antes de estourar a Guerra Civil, o Exército Americano já havia adotado o revólver Colt de percussão, o modelo Army, e praticamente todos os oficiais e até alguns sargentos o utilizaram durante a guerra. Portanto, é de se estranhar como, até meados de 1870, ainda se pensava em comprar pistolas de sistema de ante-carga no Brasil.
Fonseca nos diz que há uma dúvida histórica, sobre quando se adotaram os primeiros revólveres no Brasil. Há alguns indicativos que apontam para uma distribuição limitada de revólveres Colt do modelo Navy (1851), supostamente para os oficiais que voltaram de Caseros (há documentos sobre uma entrega de, pelo menos, duas caixas de “pistolas” vindas dos EUA em novembro de 1852).
Revólver Colt de percussão, modelo Navy de 1851, em calibre .36
Pode ser viável que outra compra tenho acontecido depois disso, talvez antes da adoção oficial do revólver Lefaucheux. Entretanto, um parecer da Comissão de Melhoramentos dava a impressão de que revólveres Colt e Lefaucheux já estavam sendo utilizados por aqui. O autor acredita que a quantidade adquirida de revólveres Colt mod. Navy foi muito pequena, suficiente talvez para equipar uma ou outra unidade do Exército, devido ao seu preço não competitivo, e pelo fato de que são armas muito raras de serem encontradas no Brasil.
Acima, o revólver de percussão Colt, modelo Navy (Marinha) de 1851, em calibre .36, 6 tiros, com sua caixa original, lata de espoletas, moldeira e polvorinho (Foto de coleção particular)
Em 1858, o governo imperial realmente decidiu adotar o revólver sistema Lefaucheux, conhecido nos anais do Exército como modelo 1858, que foi a primeira arma curta militar a utilizar cartuchos metálicos no país. Eles tiveram uma longa história no país, distribuídos tanto na Marinha como no Exército, mas não foi considerado uma arma confiável. O sistema de Lefaucheux foi desenvolvido em 1828, na França. Seu inventor foi Casimir Lefaucheux, nascido em 1802 na cidade de Bonnétable e falecido em Paris, em 1852. Sua patente do cartucho metálico data de 1827, e baseou grande parte de seu projeto no trabalho de seu conterrâneo Jean Samuel Pauly, em meados de 1812.
Seu primeiro cartucho consistia de um tubo de papelão cheio de pólvora cuja extremidade final era um copo de latão. O projétil era cônico e feito de chumbo maciço. Internamente, no copo de latão, era montado um pequeno reservatório com uma mistura fulminante, muito similar às espoletas que já eram utilizadas na época, que seria detonada por um pino que ali se apoiava. Esse pino era exposto alguns milímetros, através de um orifício lateral na parte traseira do cartucho; daí origina-se o nome do sistema: “pin-fire“.
Em 1846, o cartucho projetado por Casimir foi aperfeiçoado pelo seu conterrâneo M. Houiller, que desenvolveu um novo cartucho, agora inteiramente feito de latão mas mantendo a idéia de Lefauchex quanto ao sistema de ignição. Em 1858, os revólveres do sistema Lefauchex foram adotados pelo Governo Francês, e também por aqui, tornando-se assim os primeiros cartuchos de metal a serem utilizados militarmente por um governo.
À esquerda temos um esquema de como era montada a espoleta no interior do cartucho e seu respectivo pino. Na foto central e da direita, cartuchos Lefauchex de calibre 12mm para uso em revólveres militares.
A detonação ocorria quando o cão da arma, agindo pela parte superior do tambor, atingia o pino pressionando-o para dentro. Com esse impacto, o pino esmagava a mistura fulminante, a qual detonava e iniciava a queima da pólvora. A desvantagem deste sistema consistia no fato de que os cartuchos, quando inseridos na arma, tinham sempre que tomar uma posição fixa, que era determinada pelo pino. Os cartuchos não tinham aro (“rimless“) e eram esses pinos que serviam de apoio para eles se fixarem no interior das câmaras. Além disso, como o pino era muito protuberante, um impacto acidental poderia detonar o cartucho ao ar livre. Outro problema desse cartucho era a sua má vedação, pois água poderia penetrar em seu interior através da pequena folga existente no furo do pino.
Um típico revólver do sistema Lefaucheux de fabricação belga, modelo similar aos que foram adotados pelo Império a partir de 1858
Mesmo assim, armas do sistema “pin-fire” foram largamente utilizadas em conflitos na Europa e foram muito disseminadas nos Estados Unidos, durante a Guerra Civil. Uma quantidade enorme de revólveres e pistoletes usando a munição de Lefaucheux foi fabricada, apesar de suas desvantagens quanto à segurança. Entretanto, era inegável ser um sistema de carregamento muito mais rápido e fácil do que uma arma de percussão de antecarga, principalmente se contasse com capacidade de vários disparos, como nos revólveres de tambor, alguns modelos com mais de 10 tiros.
Revólver belga muito similar ao Dumontier adotado pelo Exército Brasileiro em 1858, no sistema Lefaucheux
Não se sabe precisamente qual modelo de revólver sistema Lefaucheux foi adotado em 1858. Manuais do Exército, da época, ilustram um revólver Dumontier, embora deixavam patente de que não era o padrão, e sim, similar. Acredita-se que diversos fabricantes foram fornecedores para o governo. Sòmente em 1873 que os revólveres Lefaucheux começaram a ser substituídos pelos Gèrard, denominados de Revólver Modelo 1873. A Marinha continuou usando os revólveres Lefaucheux até meados de 1882.
O revólver Gèrard foi o primeiro revólver a ser usado no Brasil que utilizava cartucho de metal de ignição de fogo central, bem mais confiável que os “pin-fire” de Lefaucheux. Usava um esquisito sistema de abertura basculante para cima, através do uso de duas braçadeiras laterais. A vantagem desse mecanismo era a extração simultânea de todos os cartuchos, assim que o cano e tambor eram basculados para cima. O carregamento também era feito nessa posição, sendo mais rápida a introdução dos cartuchos nas câmaras. O cartucho utilizado era o .380 Short Revolver, ou 9X17R, carregado com pólvora negra, cartucho que se popularizou muito aqui no Brasil, utilizado nas populares garruchas de dois canos.
O revólver foi projetado e patenteado em 1870 pelo armeiro belga Théophile Gèrard e foi produzido principalmente por duas empresas: a Manufacture Liegeoise e por Jules Kaufmann. Segundo o historiador Adler Fonseca, aqui no Brasil, após a Guerra do Paraguai, novas encomendas do Gèrard foram feitas, em 1892, 1895, 1897 e 1898 (dos fabricantes Schaeffer Kaufmann e Jules Kaufmann), continuando a arma a ser distribuída apenas aos oficiais e inferiores, sendo que um grande número foi comprado – pelo menos 1.000 em 1892 e 1.300 em 1898, tendo em vista algumas das faturas de recebimento preservadas no Arquivo Nacional. O que se sabe é que em 1899, havia 2.665 deles em depósito no Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, sem contar as armas em outros depósitos e em uso nas unidades. Curiosamente, estes revólveres eram muito mais complicados que os Nagant distribuídos aos soldados, custavam menos do que esses últimos: 41 francos contra 50 dos Nagant. Atribuímos este fato à delicadeza do mecanismo que, como apontou a Comissão de Melhoramentos do Material, era feito de peças bem mais fracas que os revólveres de soldados.
O revólver Gèrard continou em uso no Exército Brasileiro até 1906, quando foi fechado o contrato de aquisição de 5.000 pistolas Parabellum da empresa alemã DWM.
Revólver Gèrard, adotado em 1873, um projeto de Théophile Gèrard, armeiro belga da cidade de Liège. Essa arma, produzida pela Manufacture Liegeoise, pertence à um colecionador brasileiro.
ARGENTINA, PARAGUAI E URUGUAI
Em termos de contingente humano, a história nos conta que, por ocasião da assinatura do Tratado da Trílpice Aliança, as forças conjuntas desses três países somavam 1/3 das forças paraguaias. O Paraguai contava com 60.000 homens arregimentados. O Brasil não possuía nem 12.000 homens treinados, o Uruguai com 3.000 e a Argentina com cerca de 8.000 homens. Entretanto, com a modernização do Exército a partir de 1850, o Brasil, pelo menos no que toca às armas portáteis, tinha o arsenal mais moderno.
Algumas das armas de fogo utilizadas pelo Exército Argentino no conflito, eram oriundas da Espanha, como os mosquetes de pederneira de 1777, esses utilizados no conflito em poucas quantidades e remetidos somente no início do conflito. Durante a reconquista de Buenos Aires, tomada pelos ingleses, diversos fuzis Brown Bess britânicos foram capturados. Consta que cerca de 1.600 armas foram capturadas, mas posteriormente devolvidas aos invasores por força dos termos de rendição.
Nos anos de 1810 a 1862 uma verdadeira bagunça se instaurou, com a utilização de diversas armas de calibres diferentes entre si, como modelos de fuzis franceses de 17,5mm. Em 1865, após testes na linha de frente com alguns fuzis ingleses Enfield, os mesmos que o Brasil utilizava, encomendou-se uma grande aquisição dessas armas, bem como de carabinas Spencer e Sharp, norte americanas, o também norte-americano Springfield 1861 de alma raiada (Minié), vendidos pelos americanos após a Guerra Civil daquele país, bem como uma (sim, só uma!) metralhadora Gatling, adquirida em 1867, enviada ao conflito contra o Paraguai mas nunca chegou a ser utilizada .
No Paraguai a situação não era muito diferente da Argentina: algumas armas longas de sistema de pederneira ainda foram utilizadas no começo dos conflitos. Em 1863, o Exército Paraguaio utilizava mosquetes de alma lisa, de percussão, como o francês Saint-Etiènne modelo 1854 de calibre 18mm. Durante os anos do conflito as forças foram sendo reequipadas com fuzís e carabinas do sistema Minié, denominados oficialmente de Nº 1 e Nº 2, em calibre 18mm, que permaneceram em uso até meados de 1875, quando se iniciou no país um processo de modernização das armas de infantaria, visando a substituição das ante-cargas para o uso de cartuchos metálicos.
Para se aprofundar no assunto da História do Armamento Bélico Brasileiro, acesse o site Armas Brasil, do historiador Adler Homero da Fonseca, curador de armas portáteis do Museu Conde de Linhares, do Rio de Janeiro. O acesso pode ser pelo link que se encontra abaixo de nossa listagem de artigos ou pelo link www.armasbrasil.com.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.