Mikoyan-Gurevich MiG-31
O MiG-31, codinome da OTAN "Foxhound", trata-se de um interceptador biposto (2 lugares) para operação em quaisquer condições climáticas. É ainda hoje o maior avião de caça do mundo, com suas últimas versões pesando aproximadamente 50.000 kg com armamento completo e tanques cheios, que podem levar até 16.500 kg de combustível. Este avião não foi construído visando a manobrabilidade, necessária para combates a curta distância, mas sim como uma plataforma de interceptação extremamente rápida, equipada com um radar que possibilite o lançamento efetivo de suas armas. Nessa função sua performance é impressionante. O Foxhound pode voar em cruzeiro a Mach 3,2 e alcançar a velocidade máxima de Mach 3,5. No entanto, devido aos efeitos do calor, que se tornam críticos em velocidades acima de Mach 3,0, vôos acima dessa velocidade só são autorizados durante cerca de 30 minutos, também como forma de preservar seus motores. Ao nível do mar, o Foxhound pode alcançar 2.500 km/h e tem um alcance máximo (incluindo tanques externos) de 3.500 km. A aeronave possui ainda, a partir da versão MiG-31C, capacidade de reabastecimento em vôo, o que faz com que sua permanência no ar seja limitada apenas pela fadiga dos tripulantes.
MIG-31 Foxhound | |
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Descrição | |
Fabricante | Mikoyan-Gurevich |
Primeiro vôo | Setembro de 1975 |
Entrada em serviço | 1982 |
Missão | Interceptador (B/D/M) Interceptação e ataque ao solo (BM/F) |
Tripulação | 2 |
Dimensões | |
Comprimento | 22,69 m |
Envergadura | 13,46 m |
Altura | 6,15 m |
Área (asas) | 61,6 m² |
Peso | |
Tara | 21.825 kg |
Peso bruto máximo | B/E - 41.000 kg F - 46.200 kg M/BM - 52.000 kg |
Propulsão | |
Motores | 2 turbofans Soloviev D30-F6, com pós combustores |
Força (por motor) | 500 kN |
Performance | |
Velocidade máxima | 4.300 km/h (Mach: 3,5) |
Alcance | 3.500 km |
Tecto máximo | B/F/E - 21.600 m M - 23.000 m |
Relação de subida | 13.500 m/min |
Armamento | |
Ver no texto do artigo. |
História e desenvolvimento
O MiG-31 "Foxhound" pode ser considerado uma versão maior e mais evoluída do MIG-25codinome da OTAN "Foxbat", este desenvolvido na década de 1950 e lançado em 1967. Seu desenvolvimento remonta ao ano de 1972, com uma estrutura de fuselagem construída em materiais nobres, com grande aplicação de titânio e outras ligas metálicas compostas, visando agregar resistência ao enorme calor gerado nos vôos em velocidades acima de Mach 2,5. Como seu antecessor, foi desenvolvido originalmente para interceptar os aviões de espionagem e os bombardeiros estratégicos norte-americanos de grande altitude que estavam em desenvolvimento no final da década de 1960. O MiG-31 voou pela primeira vez em 1975 e teve sua produção em série iniciada em 1979. Foi colocado em serviço ativo a partir de 1982na Força Aérea da antiga União Soviética.
Foi fruto dos ambiciosos requisitos operacionais exigidos pela então Força Aérea Soviética, que levaram ao estudo e desenvolvimento de projetos por vários estabelecimentos de pesquisa e desenvolvimento de aeronaves soviéticos. No entanto, dadas as impossibilidades técnicas e operacionais da época em atender a alguns dos requisitos originalmente propostos (como atingir a velocidades de 4.000 Km/h e mantê-la por até 2.500 Km, por exemplo) levaram ao abandono de vários desenhos e propostas, optando-se finalmente pelo desenvolvimento de uma aeronave a partir de um avião já operacional com características próximas (no caso o MIG-25). Seu desenvolvimento e construção foi confiado então ao Bureau Mikoyan-Gurevich, famoso pelo projeto e desenvolvimento de alguns dos melhores aviões de combate soviéticos que, como se sabe, havia desenvolvido também o projeto do "Foxbat". Requisitos como longo alcance e grande velocidade eram qualidades essenciais, dadas as características geográficas da então União Soviética, e foram mantidos apesar de algumas modificações nos números propostos inicialmente.
Seu grande diferencial foi, na época, a eletrônica digital de seus aviônicos e o radar de antenafixa e abertura sintética Zaslon N-007, o primeiro radar de scan eletrônico de fase à entrar em serviço no mundo e que nas primeiras versões podia rastrear alvos até 198 Km de distância, podendo gerenciar e acompanhar até 10 alvos, sendo 4 simultaneamente, em praticamente qualquer direção ao redor do aparelho e tanto acima quanto abaixo do mesmo. Isso era uma evolução fantástica à época, já que os radares aéreos então existentes, em sua maioria, limitavam-se a rastrear alvos à frente do avião transportador, cobrindo um pequeno leque de cerca de 35° para cada lado e de 20° a 40° acima ou abaixo, sempre em direção à frente da aeronave, com suas antenas sendo movimentadas mecanicamente. No radar Zaslon, a antena é fixa e o sinal movimentado eletronicamente, com toda a fuselagem do avião funcionando como antena. A direção eletrônica dos sinais do radar é mais rápida e precisa do que aquela feita mecanicamente, sendo todo o processamento do sinal feito digitalmente.
Outro destaque era seu sistema de armas, originalmente composto por mísseis ar-ar de longo alcance guiados por radar R-33 (AA-9 "Amos",segundo a codificação da OTAN, mísseis de médio alcance R-40 (AA-6 "Acrid"), e mísseis de curto alcance R-60 (AA-8 "Aphid") e R-73 (AA-11 "Archer"). Um canhão rotativo de 6 canos GsH-6-23, de 23 mm de calibre e com 260 cartuchos de munição também compunha o arsenal original do interceptador russo.
Variantes
Durante os seus anos de serviço o MiG-31 foi sofrendo modificações e aperfeiçoamentos, tanto em seus aviônicos quanto em seus sistemas de armas e motores. A primeira versão aperfeiçoada foi a MiG-31B, desenvolvida a partir de 1983 e introduzida em serviço em 1990, com novos aviônicos, como painéis multi-função tipoCRT coloridos, novos sistemas de contramedidas eletrônicas e uma nova versão do radar Zaslon, o S-800. Esta variante passou a operar também com mísseis ar-ar R-33 de maior alcance (o R-33S) e também era capaz de operar com os mísseis R-73 (AA-11 "Archer"). Outro destaque desta variante foi a introdução de uma sonda para reabastecimento em vôo. A versão MIG-31BS (B Standard) nada mais é do que a atualização dos exemplares de série do MIG-31 até então produzidos para o padrão MIG-31B, ocorrida entre os anos de 1991 e 1994, sem contar, entretanto, com a sonda de reabastecimento em vôo.
O MIG-31D foi uma versão experimental desenvolvida entre os anos de 1985 e 1986para ser equipada com mísseis anti-satélite do tipo ASAT da qual foram produzidos apenas 2 exemplares de teste, jamais tornando-se operacional. O projeto foi abandonado nos anos 90 com a dissolução da antiga União Soviética e o declínio do orçamento militar russo.
Em 1986 outra versão, a MiG-31M faz o seu vôo inaugural, entrando em serviço a partir de 1992. Também conhecida como "Foxhound-B", foi a variante mais avançada construída. Suas principais inovações foram o novo e mais possante conjunto de turbinas, que passou a incorporar dois turbojatos Soloviev D-30F-6Mcapazes de gerar mais de 16.000 Kg de empuxo cada, elevando o peso máximo de decolagem para acima de 52.000 kg. Uma nova versão de radar, o Zaslon-M SBI-16, com alcance ampliado para cerca de 400 Km e capacidade para gerenciar e rastrear até 24 alvos simultaneamente passou a equipar esta variante. Também foram incorporados novos sistemas de armas, incluindo os novos mísseis de longo alcance R-37 (AA-13 "Arrow" - capazes de voar a velocidades que ultrapassam Mach 6), com guiagem por radar ativo em sua fase final de vôo e os mísseis de médio alcance R-77 (AA-12 "Adder"). O canhão rotativo de 6 canosGsH-6-23, de 23 mm foi suprimido e em seu lugar foram adicionados 2 cabides semi-embutidos na fuselagem capazes de acomodar 2 mísseis R-37 adicionais. Outros melhoramentos trazidos por esta versão incluem refinamentos aerodinâmicos, como extensões do bordo de ataque das asas (LERX - Leading-Edge Root EXtension). Traz ainda uma maior capacidade interna de combustível e novos aviônicos de rastreamento, comunicação e navegação, como a inclusão de um novoIRST não retrátil e mais sensível, a inclusão de sistemas receptores GPS e GLONASS, um novo sistema de controle de vôo digital e novos displays multifunção MFD em LCD coloridos para o piloto e para o operador de sistemas. Com o significativo incremento nos custos de produção da aeronave e os sucessivos cortes no orçamento militar russo após a dissolução da União Soviética, foram produzidas poucas unidades nesse padrão.
Como alternativa de modernização da sua frota, a Rússia, a partir de 1997 passou a modernizar a maioria dos seus MiG-31B e BS para um padrão similar ao do modelo mais avançado (M), dando origem à versão MiG-31BM, que opera os mesmos sistemas de radar e armas do MiG-31M com a inclusão de algumas modificações no posicionamento de instrumentos e acréscimo de instrumentos capazes de operar com armas de ataque ao solo, além da inclusão de equipamentos de contramedidas eletrônicas, dando maior versatilidade de uso a essas aeronaves. Nessa configuração o MiG-31 pode transportar e lançar com precisão mísseis anti-radiação Kh-31 e Kh-25, mísseis ar-superfície Kh-59, guiados por TV e também os Kh-29, mais leves. Além disso, o avião pode transportar também bombas guiadas por laser, como a KAB-500/1500 e FAB-1500, num total de cerca de 9.000 kg de armamento externo.
Outras versões incluem o MiG-31E, uma versão anunciada em 1997, baseada no primeiro modelo construído, ao que parece para aproveitar o estoque de aparelhos das versões mais antigas, modernizada com a inclusão de aviônicosatualizados mas com capacidades inferiores ao dos aparelhos de combate em serviço na Rússia, versão esta que teria sido oferecida, segundo informações, à Líbia, à Índia e à China. Outra variante foi o MiG-31F, que seria uma proposta de caça-bombardeiro multi-missão para a força aérea russa, baseado na versão BM, porém equipado com novos sistemas de armas e aviônicos, mas que não chegou a ser produzida, sendo oferecida ao mercado internacional uma versão de exportação com capacidades reduzidas, a MiG-31FE.
Em 2006 foi anunciado que o MiG-31 efetuaria o lançamento de satélites comerciais leves, para órbitas baixas, tendo sido desenvolvida uma nova versão, a MiG-31I (de "Ishim", nome do programa conjunto que envolve o governo da Rússia e do Cazaquistão), testada em 2007 e que deve operar a partir de 2008, aparentemente desenvolvida a partir dos dois exemplares da versão MiG-31D do extinto programa de armas anti-satélite.
Atualmente estima-se que existam ainda cerca de 260 aparelhos em serviço ativo na Rússia, todos modernizados para o padrão MiG-31 M e BM. São mantidos ainda cerca de 100 aparelhos de versões mais antigas em depósitos, estocados como reserva para futuras modernizações, venda ou fornecimento de peças.
Armamento
A carga de armas máxima de um MiG-31M, versão mais recente do interceptador, é composta da seguinte combinação, totalizando até 9.000 Kg de peso:
- 6 mísseis ar-ar R-37 (AA-13 "Arrow") de longo alcance, carregados aos pares nos recessos sob a fuselagem;
- 4 mísseis ar-ar R-77 (AA-12 "Adder") de médio alcance nos cabides internos das asas;
- 4 mísseis ar-ar R-73 (AA-11 "Archer") de curto alcance, nos cabides externos das asas.
Podem ser montadas outras combinações de armamento nos pontos sob as asas, de acordo com a missão, com a supressão dos mísseis dos cabides internos das asas em favor da instalação de tanques auxiliares de combustível, para ampliar o raio de ação.
Operadores
Comprovadamente, três países operam atualmente o MiG-31 Foxhound em suas diversas versões: aRússia, que possui a maior frota ativa, com cerca de 260 aparelhos em operação, o Cazaquistão, ex-integrante da URSS, que herdou cerca de 50 aparelhos com a sua independência e mais recentemente aSíria, que adquiriu em 2007 da Rússia 8 exemplares do MiG-31E. Existem informações (não confirmadas) de que o Irã teria importado o caça, e de que a China teria recebido alguns exemplares em 2000, passando a produzir sob licença uma versão local, com novos aviônicos e versões locais dos mísseis russos originais.
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