domingo, 15 de abril de 2018

Morteiros




Matéria original: Revista COMMANDO – Aventura e Tecnologia Militar – Ano I Nro. 4 – Fev/Mar 1990, Páginas 24-29.

Morteiros: Suporte de Fogo da Infantaria

Antigos e simples, tem lugar garantido no futuro dos exércitos.

O morteiro, basicamente, é uma arma de curto alcance e de trajetória alta, utilizada para atingir alvos próximos que não possam ser batidos por armas de trajetória tensa, tais como canhões e metralhadoras e, assim, oferecer apoio de fogo para as armas base, infantaria e cavalaria. Com a possibilidade de um tiro quase vertical, a detonação, conforme o tipo de munição utilizado, pode distribuir seus efeitos de estilhaços e ondas de choque em todas as direções, proporcionando um efeito diferente de obuses lançados por outras tipos de artilharia que encontram o solo em ângulos mais fechados, o que os torna mais direcionais.

Diferença de efeito morteiro-canhão de campanha-obuseiro/foguetes SS

Morteiro comando para curtíssimo alcance, morteiro pesado para médio alcance e obuses para artilharia de longo alcance.
Na antiguidade, foi considerado como uma das muitas formas de artilharia usada pelos exércitos.

A primeira notícia que se tem do emprego do morteiros, ainda que de forma rudimentar, foi em 1451, por Mohammed II durante o sítio de Constantinopla. Esse precursor dos morteiros era uma expécie de pote de metal apoiado sobre uma base de vigas de madeira que lançava pedras como projéteis. Durante alguns anos foi utilizado na Europa para derrubar fortalezas e cidades sitiadas, como também contra embarcações ancoradas em portos. Entretanto, essa arma não se tornou muito popular entre os exércitos nesta fase embrionária e, pela explosão durante o disparo, talvez tenha matado mais amigos do que inimigos. Com o desenvolvimento, na mesma época, de uma artilharia de bombardeio mortal ela foi esquecida e saiu de serviço.

Bateria de morteiros de 8 polegadas a 900 metros das
posições inimigas em Sandepu, Janeiro de 1905,
durante a Guerra Russo Japonesa
Nos séculos XVII e XVIII, os morteiros começaram a ser empregados para o lançamento de bombas pelo sistema Gribeauval[i]. Foram considerados, então, canhões curtos, pois o comprimento do turbo raramente ultrapassava o valor de dez calibres.

Durante a Guerra Russo-Japonesa, de 1904-1905, foram criados vários inventos para arremessar granadas improvisadas a grandes distâncias as quais não poderiam ser lançadas com as mãos. Daí em diante foram pequenos os avanços técnicos nestas armas até o advento da guera de trincheira, quando surgiram alguns morteiros pequenos.

Desenvolvimento

Stokes 81 mm - 1915
Já em 1908, o exército alemão possuía um morteiro semelhante aos atuais, feito de um tubo de aço com o interior liso (alma lisa) apoiado sobre uma base de madeira. Na época não foi considerado pelos peritos como um morteiro por realizar tiros com inclinação do tubo em ângulos inferiores a 45º.

Esquema de como posicionar um morteiro Stokes, WWII
O maior nome no desenho de morteiros é, sem sombra de dúvida, o de Wilfred Sotkes. Seu morteiro continha todos os elementos das armas subsequentes de seu tipo. O cano era um tubo de aço com diâmetro interno (calibre) de 3 polegadas ou 76 mm, apoiado sobre uma placa-base de aço e, sustentando a parte anterior do tubo, um bipé com mecanismos de elevação e direção.


Granatwerfer 34 80 mm
Durante os anos 30, os morteiros Brandt e Stokes eram os principais concorrentes, sendo que os EUA adotaram os morteiros Brandt[ii] nos calibres 60 e 81 mm. Na mesma época, os alemães possuíam o Granarwerfer 34, no calibre de 80 mm, um modelo semelhante aos Brandt e  Stokes.

Brandt 81 mm
No início da Segunda Guerra Mundial, os morteiros foram, em parte, abandonados em favor das bombas de avião, também usadas para atingir alvos abrigados. Com o desenvolvimento da artilharia anti-aérea, os morteiros retomaram seu lugar nos exércitos. Eles fizeram sua reaparição na primavera de 1942, quando os alemães utilizaram estar armas no calibre de 610 mm para destruir os fortins russos diante da cidade de Sebastopol.

M2 Brandt 60 mm

Daí em diante, os morteiros passaram a integrar o suporte de fogo de infantaria de todos os exércitos do mundo até a atualidade.

Recentemente, com a evolução da arte da guerra, os morteiros adquiriram outras características técnicas como, por exemplo, a placa base circular. Tal inovação se deve à guerra de guerrilha, onde não há frentes e, sim, áreas de domínio pelas forças contendoras. Neste caso, o morteiro deve ser capaz de realizar o fogo em toda as direções o mais rápido possível. Durante a Guerra do Vietnã, surgiu o morteiro Brandt M29 de 81 mm com esse fim.

As inovações técnicas surgem sempre visando diminuir o peso, facilitando seu transporte em regiões difíceis (selvas, montanhas, pantanal, etc.) e dispositivos técnicos para refinamento do tubo para permitir o aumento na cadência de tiro.

Atirando

Como já foi citado, o morteiro por definição é uma Arma de Fogo de trajetória alta, atira com ângulos de inclinação do tubo variando entre 45º e 87º, no qual a força de recuo do dispositivo é transmitida  e distribuída diretamente ao solo por intermédio da placa base. Hoje em dia, encontramos alguns morteiros pesados usando sistemas de recuo, porém eles não invalidam a definição básica.

Os exércitos usualmente dividem os morteiros convencionais em três classes: leves, médios e pesados.

Os morteiros leves tem calibre até 60 mm, peso total em torno dos 18 kg, peso das granadas variando entre 0,4 e 1,4 kg e um alcance máximo de utilização entre 500 e 2000 metros.

Nos morteiros médios, o calibre oscila entre 60 mm e 100 mm, o peso total varia entre 34 e 68 kg, o peso da granada entre 3,2 e 6,8 kg, e o alcance de utilização entre 2000 e 6000 metros.

Os morteiros pesados tem calibre acima dos 100 mm, peso total além de 91 kg, peso da granada superior a 6,8 kg e alcance máximo de utilização até 9000 metros.

Os morteiros leves e médios servem, normalmente, à Infantaria e à Cavalaria, enquanto os pesados, no geral, servem como bateria de Artilharia de Campanha, embora não sejam de mesmo fogo efetivo que obuseiros de 155 mm ou mais e em alguns casos estão substituindo obuseiros de 105 mm. Os morteiros pesados podem ser montados em viaturas blindadas para uso direto ou se apresentar em modelos rebocados, com um eixo de rodas assumindo uma dupla função como bipé, como é o caso do morteiro pesado M120 M2 fabricado pelo Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro para nossas unidade sde Artilharia e munição fabricada pela Imbel para seu tubo de alma raiada.

Há quem enxergue uma desvantagem no uso de morteiros em detrimento aos obuseiros em relação ao ângulo de tiro e à precisão. No entanto, os custos mais baixos envolvidos em aquisição, transporte, manutenção, munição e facilidade de uso além de guarnições menores para a operação dessas armas justificam e as tornam alternativa atraente.

E essas armas, como funcionam?

O morteiro é uma arma de carregamento pela boca, tubo de alma lisa ou raiada, granadas estabilizadas por aletas e de baixa velocidade (sub-sônicas), com alcance definido pela variação de inclinação do tubo ou de carga de projeção da granada ou, ainda, ambos.

Detalhando um pouco mais: o atirador coloca uma granada completa no tubo, a mesma desliza no interior deste até a cápsula do cartucho de projeção chocar-se com a ponta do percutor na culatra; os gases proveninetes da queima da carga de projeção impelem a granada para fora do tubo em direção ao alvo. Como não restam detritos no interior do tubo, o morteiro fica pronto para o próximo tiro.
Neste ponto, torna-se claro porque os morteiros tem trajetória alta e atiram com grandes inclinações de tubo. Simples: o seu funcionamento é com base na força da gravidade.
Para os tubos de alma raiada o principio de funcionamento é o mesmo. O que difere é a  granada. Esta não possui aletas estabilizadoras e sim uma cinta de forçamento. Quando a granada é colocada no interior do tubo, desliza normalmente; ao atingir a culatra, a cápsula do cartucho de projeção choca-se com o percutor e a pressão dos gases gerados faz com que a cinta de forçamento se dilate, engrazando nas raias e impelindo um movimento de rotação à granada, assim estabilizando-a na trajetória. Atualmente, há uma munição francesa de 120 mm com uma base de cobre melhor que o diâmetro do cano e logo abaixo uma base de aço. Ao bater no percutor, a base de aço sobre contra a base de cobre forçando-a contra as raias e vedando o cano, dando aproveitamento total dos gases propelentes.

Vale lembrar que morteiros raiados já deixam um pouco da simplicidade e usam os mesmos métodos de mira da artilharia convencional.

Importante notar que em ambos os casos é necessária a expensão dos gases para propelir a granada pelo tubo e estes mesmos gases escapam pela folga entre a granada e o tudo. Essa folga existe para que a granada deslize pela gravidade até o percutor. Esse escape dos gazes da detonação é o que diminui o alcance dos morteiros em relação à outras peças de artilharia, mas aumentam a cadência de tiro não precisar abrir e fechas culatras para ejetar estojos de propelente vazios ou a constante limpeza de resíduos de propelente do cano.

A munição de 120 mm pesa o mesmo que de um obuseiro de 105 mm, em média, 14 kg. Em números, podemos dizer que 60% da munição dos obuseiros atinge o alvo, sendo os 40% restantes dedicados a carga de projeção e estojo metálico. Nos morteiros cerda de 90% da munição atinge o alvo, o que garante uma eficiência logística muito superior. Ou seja: com o obus, despeja-se no alvo uma carga explosiva de 8,4 kg contra 12,6 kg da carga do morteiro.

Munição 120 mm  Pré-Raiada com Propulsão Adicional (PRPA)
E hoje dispõe-se de munições pré-raiadas e/ou com propulsão adicional. No caso do Exército Brasileiro, a munição 120 mm convencional tem alcance de 6500 metros, contra 8100 metros da munição pré-raiada e impressionantes 12600 metros com a propulsão adicional. Por propulsão adicional leia "impulsionada por foguete", o que significa que parte da trajetória da granada é assistida por foguete, aumentando seu alcance efetivo. E tudo fabricado no Brasil. 

M1943 160 mm
A maioria dos morteiros é carregada pela boca, mas existem morteiros que são carregados pela culatra, como é o caso do M1943 soviético de 160 mm, no qual se báscula o tubo para o carregamento.

Como no funcionamento, a construção do morteiro também é muito simples. Normalmente, a maioria dos morteiros possui apenas quatro partes. São elas o cano, a placa base, o bipé e o aparelho de pontaria.

Destaca-se nesses componentes o aparelho de pontaria que, à medida que os anos passam, e particularmente nos morteiros de grande calibre, ganha sofisticação e muita precisão.
Emprego e Futuro

A par disso, vale salientar que os morteiros realizam tiros observados e, nos calibres pesados, a linha de fogo (geralmente composta de 4 a 6 peças) possui uma central de tiro encarregada de analisar as observações de tiros, corrigir a dispersão, calcular os novos dados de tiro e fornecê-los à linha de fogo.




Exercício de fogo de morteiro M2 pelo EB
Pela Simplicidade de construção e de funcionamento, pela mobilidade, flexibilidade de emprego, alta trajetória e poder de fogo, tornou-se o principal suporte de apoio para a infantaria.

Os morteiros leves são empregados diretamente pelos pelotões de fuzileiros e infantaria convencional. Pequenos, leves, eles podem ser camuflados e atiram de qualquer dobra de terreno e, em missões descentralizadas, garantem considerável poder de fogo, além de facilmente transportados.

Os morteiros médios garantem apoio de fogo às companhias de fuzileiros.infantaria e cavalaria e os morteiros pesados dos batalhões e regimentos de infantaria, cavalaira e artilharia. Os calibres mais usados são 60mm, 81mm, 107mm ou 4,2” e o 120mm para as forças do mundo ocidental.

Nos países do bloco oriental e da União Soviética[iii], os calibres mais comuns são 50 mm, 82 mm, 107 mm, 120 mm, 160 mm e 240 mm, sendo que estes últimos, pelo peso das munições, não permitem seu uso do modo tradicional por deslizamento da munição pelo cano, obrigado ao já referido método de basculamento pelo cano e carregamento por culatra, com disparo por gatilho. Principalmente no calibre universal, 81 mm, há uma diferença de 1 milímetro à menos, o que impede a utilização de munição da OTAN pelo Pacto de Varsóvia[iv]. Curiosamente, os morteiros russos pesados se apresentam somente em modelos rebocados e não foram adaptados em viaturas como fizeram EUA, Grã-Bretanha, França e até mesmo a Turquia. 

A munição usada pelos morteiros, independentemente do calibre, mais comuns são: alto-explosivos, alto-explosivo de grande capacidade (exceto para os morteiros pesados), de fragmentação, fumígena (à base de fósforo branco) e iluminativa (por pára-quedas).   

Para instrução e treinamento das guarnições, utilizam-se granadas de exercício que não contém explosivos e granadas de manejo(granadas de manejo podem ser modelos plásticos ou munição vazia ou preenchida de material inerte que emule o peso original da munição; munições de manejo servem, também, para treinar o uso de armas sem danificar ou desgastar componentes da arma usando munições sem carga), completamente inertes.

Uma guarnição britânica dispara uma granada Merlin de um
morteiro L16A1 durante a fase de testes da munição.
Tem crescido o número de munições de morteiro guiadas, um campo onde os britânicos investem há mais tempo, hoje com munições Roll Controlled Guided Mortar (RCGM), mas já na década de 90, com granada Merlin. A granada Merlin de 81 mm é uma munição caça-tanques que é lançada e ao começar sua trajetória descendente faz uma varredura por alvos metálicos, no caso, tanques, e buscar acertá-los diretamente na parte superior da torre de tiro. A maior parte da blindagem dos tanques está nas laterais, onde é necessário se proteger de outros tanques e de outros artefatos anti-blindados, por isso a parte superior das torretas é mais vulnerável, o que torna interessante tentar destruir o alvo à partir daí.
Munição RCGM

Granada de Morteiro Anti-blindado  Merlin
Rebeldes disparam morteiros no Iraque, 2004

Morteiros fabricados pelos rebeldes sírios
Durante os anos 80, acreditava-se na tendência de que permaneceriam apenas dois tipos de morteiros. Um, de modelo convencional, extremamente leve, para ser usado por tropas de infantaria em terrenos inacessíveis a veículos. Este morteiro pequeno será usado por paraquedistas, divisões de montanha e comandos. Outro, um morteiro pesado, montado fixo numa viatura blindada, com inclinação constante do tubo e propelente líquido, destinado a ao uso por tropas convencionais. No entanto, os modernos conflitos urbanos não tornaram essa tendência uma realidade e hoje temos um quadro de uso de morteiros muito amplo, já que se tornou uma arma muito usada por insurgentes e na Guerra Civil da Síria (sendo que esta guerra ressuscitou até mesmo o uso de rifles sem recuo).

Morteiro improvisado na área Oeste de Allepo

Rebeldes preparando um ataque de
morteiros nos subúrbios de Damasco
Nas campanhas no Iraque e no Afeganistão, as coalizões eram atacadas(ainda são) por morteiros em perímetro urbano, o que dificulta detectar a origem dos disparos tanto quanto dos olheiros de tiro. Isso levou ao emprego mais amplo de equipes de snipers para salvaguardar as atividades da infantaria em solo, uma vez que os snipers passavam dias buscando atividade insurgente de equipes de tiro e de orientação de tiro. A munições de morteiro também foram e são usadas nesses conflitos do mesmo modo que os insurgentes no Vietnã as usavam: enterradas em estradas com o embolo para cima para serem detonadas com a passagem de veículos. O teatro sírio tem sido caótico e inconstante e essas armas tem sido amplamente usadas por ambos os lados do conflito, incluindo várias armas de fabricação quase caseira ou mesmo improvisada.

AN TPQ 49 Sistema de Radar Leve Contra-Morteiro
Evidente que o mesmo expediente de uso dessas armas se aplica ao grupo Estado Islâmico e outros grupos conhecidos por atividade terrorista.

O custo baixo de tais armas as tornam parte essencial do arsenal insurgente ao redor do mundo, o que justifica a manutenção de vários tipos delas por forças armadas que tem ou terão que dar combate a esses grupos e organizações, bem como de sistemas de localização e proteção contra o uso de tais armas, uma vez existem radares especializados na localização de morteiros e armas anti-morteiro para destruir os petardos em sua trajetória, que incluem até mesmo lasers experimentais, além de drones e mísseis especializados.
O US Marine Corps montou um Light Armoured Vehicle (LAV) com um sistema de radar contra morteiro e equipado com um morteiro de 120 mm de fogo rápido  que ficou conhecido como Dragon Fire. Ele é tão sofisticado que pode ser linkado diretamente ao radar e disparar automaticamente contra o ponto de onde vem o fogo de morteiro inimigo.  

Os morteiros pesados, hoje, também são encontrados como móveis, como o AMS, o P-90 AMOS, ou o NEMO, como morteiros autopropulsados, todos em calibre 120 mm.

AMS

P-90 AMOS duplo

Nemo
M106A3 - Chassi M113 modificado
FV432 britânico
O que é incontestável é que, apesar de ser uma arma muito simples, bastante antiga e com poucas possibilidades de aperfeiçoamento tecnológico, é eficiente e terá seu uso em serviço garantido por muitos anos como suporte de fogo para a infantaria dos exércitos.

Morteiro Comando ou Morteiro de Patrulha

Um capítulo fascinante na história dos morteiros é o dessas armas no tipo comando. São morteiros leve e de construção mais simplificada. Utilizados por pequenas frações de tropas de elite, compõe-se de um tubo (cano) e de uma placa-base leve e compacta, não possuindo bipé nem aparelhos de pontaria sofisticados. Por essa mesma razão, também são chamados de morteiros de patrulha.

Muito leve e fácil de ser transportado, é conduzido apenas por um homem. Ideal para ser conduzido por tropas paraquedistas, helitransportadas ou anfíbias em missões de incursão, é capaz de atirar todos os tipos de munição dos morteiros de sua categoria.

Batizado com o mesmo nome das forças que normalmente o utilizam, na França e em Israel são muito comuns no calibre 60 mm, sendo que este último país também é encontrado no calibre 52 mm.
No Brasil, a firma Hydroar S.A., de São Paulo, vem desenvolvendo um projeto de morteiro comando no calibre 60 mm. Como todos do gênero, possui apenas  o tubo e a placa-base, apresentando como novidade o gatilho e um registro de tiro que permite arremesso da granada pela ação da gravidade ou pelo acionamento do gatilho. Esta última forma de disparo faciita a obtenção da pontaria correta.
Dentro em breve, as forças armadas brasileiras poderão contar com mais uma importante arma de apoio de fogo para suas tropas de elite.[v]

Fichas Técnicas

Mrt M294 e M2
Mrt M29/M29A1
Mrt 7 M30
Mrt 120/M957
Calibre
60 mm
81 mm
4,2” ou 107 mm
120 mm
Pesos
Cano
5,81 kg
12,68 kg
70,89 kg
70 kg
Bipé
7,44 kg
18,12 kg
26,95 kg
57 kg
Placa-base
5,81 kg
21,74 kg
53,45 kg
97kg
Alcance*
Máximo
1850 m
4000 m
5650 m
5650 m
Mínimo
200 m
200 m
920 m
530 m
Aparelhos de pontaria

M4
M166
M53
M166
Cadência de tiro
Normal
18 tpm
18 tpm
3 tpm
5 tpm
Máxima
30 tpm
30 tpm
18 tpm
2         tpm**
* O alcance varia com o tipo de granada utilizada, os dados citados referem-se a granada HE.

** A cadência de tiro diminui em função do tiro prolomgado.

Na atualidade

O atual morteiro leve usado pelos EUA é o M224, de 60 mm.
M224 60 mm
Esse morteiro é arma muito versátil e precisa e tem como característica poder ser usado de forma convencional, com um bipé, ou como um morteiro comando, bastando trocar a base. Outra característica é ter um seletor de tiro e um gatilho. Dessa forma, pode-se atirar de forma convencional, com a munição atingindo o percutor e sendo deflagrada por gravidade ou sendo disparada pelo gatilho, modalidade ideal para o morteiro comando, aumentando a precisão. Muitos o consideram pesado para ser usado como morteiro comando, mas dependendo da situação da batalha, o que mandar o inimigo para os deuses dele serve. 




Dessa forma, o M224 é composto basicamente por 4 partes (ou três em modo comando), com o tubo m225, bipé M170, base M7 ou M8 (comando) e aparelho de mira M64A1. 



Cada unidade de M224 é composta por duas armas e 6 membros da guarnição, com um líder de esquadrão, normalmente um tenente, um segundo sargento, dois artilheiros e dois municiadores. O equipamento é distribuído pelo esquadrão para transporte, quando em campo. O transporte motorizado permite, evidentemente, maior volume de munição. À pé, em condições normais, cada soldado não transporta mais do que uma caixa de 8 salvas.



Como morteiro médio de 81 mm, hoje o USMC usa o M252A2, que é uma versão adaptada e melhorada do ML L16 britânico, arma testada e aprovada pelos britânicos nas Malvinas/Falklands em 82, cuja primeira versão entrou em serviço em 1987 no lugar do M29.


Também dividido em 4 partes, o cano M253, o bipé M177, a placa base M3A1 e o mesmo aparelho de pontaria da série M64.




Cada M252 normalmente conta com uma guarnição de 5 componentes. 

M30 106,7 mm (4,2")
Cabe lembra que, historicamente, o morteiro padrão dos EUA era o M29A1, usado tanto pela infantaria quanto pela infantaria mecanizada e estava substituindo todos os morteiros de 60 mm dos EUA quando, durante a Guerra do Vietnã, descobriram que era uma arma muito pesada para ser transportada pela infantaria em terreno acidentado e no meio de uma selva tropical inclemente. Dessa forma, o US Army retomou o uso do M19, mas era uma arma de alcance curto para o conflito e cujo projeto era de 1942, mas que foi bem sucedida no teatro de guerra do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial, em selvas semelhantes. Assim, pela necessidade, foi desenvolvido o M224, inicialmente para suprir a unidade de infantaria não-motorizada, unidades aeromóveis e aerotransportadas à nível de companhia e os Marines.

Então perceba que o M224 substituiu o M29A1 nas unidades que precisam de fogo leve e o M252 substituiu os M29A1 nas unidades de infantaria motorizada e o antigo M30 de 106,7 mm(4,2"), que era montado também nos M125A1 (uma versão do M106), quando, até certo momento, os EUA perceberam que precisavam, também, de um morteiro pesado, o que os levou a aquisição de morteiros de 120 mm para realmente substituir a lacuna deixada pelo M30.

Como morteiro pesado os EUA utilizam hoje o M120, de 120 mm, uma versão do israelense Soltam K6, em serviço desde 1997 e também usado pelos Fuzileiros Navais brasileiros.


Também em 4 partes: cano M298, bipé M190, placa-base M9 e aparelho de pontaria M67.




Cada M120 conta com uma guarnição de 5 integrantes.

Esse é o morteiro embarcado no chassi do M113 que é denominado M106 e no M1129 Stryker, Um chassi Stryker adaptado para ser mortar carrier.





Fichas Técnicas

M224
M252A2
M120
Calibre
60 mm
81 mm
120 mm
Pesos
Cano
6,5 kg
16 kg
50 kg
Placa-base
6,9 kg(M7) 1,6kg (M8)
13 kg
62 kg
Bipé
6,5 kg
12 kg
32 kg
Alcance
Máximo
3490 m
5935 m
7240 m
Mínimo
70 m
91 m
200 m
Aparelhos de pontaria

M64/M64A1
M64/M64A1
M67
Cadência de tiro
Normal
20 tpm
8-16 tpm
4 tpm
Máxima
30 tpm*
20-30 tpm*
16 tpm
* Em condições excepcionais e por curtos períodos de tempo.


E nos G.I.Joe?





Short-Fuse V1.5, 1983
Desde a primeira série do G.I.Joe em 1982 e na nossa segunda dos Comandos em Ação em 1985, temos um soldado morteiro, Short-Fuse, nos EUA e Furion, aqui no Brasil.

Na ficha do Short-Fuse diz que ele está habilitado para usar o M2 e o M29, no entanto sua arma lembra vagamente o M2 e a alavanca de manejo ou suporte era fechada na primeira versão e a posição inferior à parte mais larga do cano nos faz pensar que pudesse ser um gatilho, com no M224 (que não existia  na época) ou em um morteiro comando. Sua placa base retangular lembra mais o M19. Além do fato de o M19 ter substituído o M2 em serviço, o que torna estranho a não citação do M19, inclusive pela característica que os diferem: O M2 dispara somente pela munição em gravidade contra o percutor, enquanto o M19 também pode disparar por gatilho, característica mantida no M224.

M19
 Tem todas as características do morteiro leve e até nos faz pensar que é uma peça para ser usada por um único soldado. No entanto, tais armas precisam de uma guarnição de três ou mais homens, pois dois homens transportam o tubo, a base, o bipé e o sistema de mira e um terceiro ou mais, transportam a munição. Embora seja verdade que, depois de montado e com a munição à disposição, um único homem possa operar a arma sem maiores dificuldades, apenas reduzindo a cadência de tiro. 

Vale lembrar que, normalmente, unidades de morteiro não veem seus alvos e precisam de informação de olheiros, de unidades avançadas re reconhecimento ou mesmo da unidades que estejam solicitando o suporte de fogo de atilharia. 

Em 1984a Hasbro começou a lançar playsets do GI Joe. Esses playsets traziam vários itens que poderiam ser usados para criar cenários, bases e até mesmo dioramas do GI Joe, e a própria caixa já trazia o conceito de battlefield accessories, acessórios de campo de batalha.  Foi uma forma de a Hasbro estender a linha, com itens que complementassem as aventuras, como era feito com GI Joes de 12", tanto os militares quanto do Action Team. 

GI Joe Playset Mortar Defense Unit - Battlefield Accessories
Um deles foi o Mortar Defense Unit, Unidade de Morteiro Defensivo. Ou Unidade Defensiva de Morteiro. O que você achar mais conveniente. 

O playset trazia "sacos" de areia, tambores, jerry cans de combustível, uma caixa de munição e um morteiro comando, como se pode ver pela característica de não ter um bipé de apoio à parte anterior do tubo lançador.

Tendo o tubo um diâmetro menor do que o morteiro do Short-Fuse, podemos pensar em um morteiro de 50 mm, mas os EUA sempre usaram o 60 mm para não ter mais um calibre de munição. 

GI Joe Forward Observer Battlefield Accessories - 1985
M29
Em 1985, a Hasbro lançou outro playset com morteiro, o Forward Observer, o "Observador Avançado". Embora fora de escala, é nitidamente inspirado no M29 de 81 mm. Repare no cano estriado externo e pelo bipé de apoio. No entanto, pelo tamanho, parece mais o M95, de 120 mm, com a ressalva de o cano ser liso externamente, sem as características estrias, embora o moderno 120 mm rebocado usado pelo USMC tenha essas estrias, que na verdade são uma espiral de dupla função: servem para alterar a elevação do ângulo de tiro da peça e também para ajudar na dispersão do calor do tubo.
M95 120 mm

O playset também era acompanhado de uma pequena barraca, uma caixa de munição e uma luneta de mira e um rádio. Diga-se de passagem, na época, aquele modelo de rádio era ultrapassado, mas a ideia podia ser relativa ao reconhecimento imediato do equipamento. 

De certa forma, é uma pena que a Hasbro não tenha lanço ainda mais playsets nos dias de hoje, modernizados e especializados, uma vez que itens na escala são procurados e avidamente consumidos hoje pelos colecionadores e principalmente pelos customizadores.


 Em 1989 a Hasbro lançou nosso segundo soldado morteiro, Downtown.

L16
O morteiro é um modelo inexistente, baseado em um tripé que não parece muito bom para distribuir o recuo da arma no solo, como morteiros normalmente fazem pela placa base. É provavelmente um boca de fogo de 60 ou 81 mm, e pela munição apresentar aletas, sabemos que não é um tubo raiado. 

O visual do tripe é claramente inspirado no bipé do morteiro L16 britânico de 81 mm, que nos dá mais base para tentar estabelecer as especificações dessar arma fictícia que acompanha a figura. 

As cores da figura não ajudam em campo de batalha, com certeza, mas até o fato de qualquer valeta no campo pode abrigar um morteiro, podemos ignorar isso. 

Em 1990 a Hasbro nos apresentou ao Subzero, um dos novos soldados polares e o mesmo vem acompanhado de um morteiro commando de 60 mm, pelo que parecem as munições que acompanham o conjunto. 

Repare que é um morteiro comando pela ausência de bipé. 

Morteiro Commando
O bom detalhe dessa figura é que os equipamentos podem ser acoplados na mochila para a figura ser posicionada toda equipada. 

Também respeita o conceito da arma em ser utilizada por tropa especializada, já que normalmente toda tropa polar também tem especialização em montanha. 

O modelo é fictício, mas dentro da especificações. 


Iron Granadier V2
Talvez o melhor modelo de morteiro que a Hasbro lançou para uma figura foi o que acompanhou o Iron Granadier V2, em 2003. A peça é linda e dentro dos padrões de realismo que gostariamos de ter em todas as armas do GI Joe.
LLR F1 81 mm

Meio dificil identificar, mas parece muito com o LLR F1 de 81 francês.





Snow Serpents Missil Pod
Somente para citar, os Snow Serpents vinham com um lançador de foguete parecido com um morteiro. Parece mais com um lançador de sinalizador ou outro artefato, não um morteiro. No entanto, parecia ser uma alternativa de morteiro na época. Mas parece, mesmo, algum tipo de lançador de foguete ou míssil. 


Munições 60 mm - Repare a primeira de cima, claramente a inspiradora das que acompanham o Subzero.


Para saber mais sobre morteiros comando: clique aqui!

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[i] Gribeauval, Jean Baptiste Vaquette de – General de Artilharia francês (1715-1789),O sistema de Gribeauval (francês: système Gribeauval) era um sistema de artilharia introduzido pelo Tenente General Jean Baptiste Vaqueta de Gribeauval durante o século XVIII. Este sistema revolucionou o canhão francês, com um novo sistema de produção que permitiu armas mais leves e mais uniformes sem sacrificar o alcance. O sistema Gribeauval substituiu o sistema de Vallière. Essas armas contribuíram para as vitórias militares francesas durante as Guerras Napoleônicas; O sistema de Gribeauval era "indiscutivelmente o melhor sistema de artilharia na Europa naquela época".
[ii] Edgar William Brandt (1880 - 1960) foi um ferreiro francês, prolífico designer de armas e chefe de uma empresa que projetou  morteiro de 60 mm, 81 mm e 120 mm que foram muito amplamente copiados em toda e subsequentemente  à Segunda Guerra Mundial.
Edgar Louis Brandt
Ele também inventou capsulas de artilharia descartáveis e contribuiu substancialmente através do seu desenvolvimento de rifles para granadas HEAT e para o desenvolvimento de cabeças de guerra HEAT  antitanque eficazes para infantaria. Em 1902, Brandt criou os estabelecimentos comerciais  Brandt, onde produziu ferragens e armamentos leves;  Este foi baseado em 76 rue Michel-Ange em Paris. Sua empresa foi nacionalizada em 1936 e, posteriormente, comprou várias empresas de engenharia, incluindo a empresa Mécanique Industrielle de Précision (MIP), em Tulle, em 1938. No mesmo ano, Brandt abriu uma importante instalação em La Ferté-Saint-Aubin. Em 1956 a Hotchkiss et Cie fundiu-se com os hotéis Brandt para formar a empresa Hotchkiss-Brandt, que dez anos depois se fundiu com a Thomson e se tornou a Thomson-Brandt Armements. Após novas evoluções, a empresa passa a chamar-se TDA Armements SAS e faz parte do Grupo Thales. Ele também era um artista muito fino. Ele fez coisas de metal como o seu Firescreen muito fino que ele criou para uma lareira.
[iii] Lembrando que a matéria base original é de fev-mar de 1990, quando ainda existia uma União Soviética.
[iv] O Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia foi criado em 14 de maio de 1955 por países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países que também ficaram conhecidos como bloco do leste. O tratado correspondente foi firmado na capital da Polônia, Varsóvia, e estabeleceu o alinhamento dos países com Moscou, assumindo um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões militares e legalizando em prática uma experiência de milhões de militares soviéticos nos países do leste 1945. O organismo militar foi alegadamente instituído em contraponto à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização internacional que uniu as democracias da Europa Ocidental e os Estados Unidos para a prevenção e defesa dos países membros contra eventuais ataques vindos do Leste Europeu. O Pacto de Varsóvia foi oficialmente dissolvido em 1 de julho de 1991.
[v] Não encontrei referência à adoção por nossas Forças Armadas de um morteiro comando, o que leva a crer que a crise pela qual passou nosa indústria bélica no começo dos anos 90 tenha afetado esse projeto, assim como a permanente crise financeira pela qual passam nossas Forças Armadas. 

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