Brasil na Segunda Guerra Mundial
O Brasil, embora, na época, estivesse sendo comandado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista (o Estado Novo getulista) dos Países do Eixo, acabou participando da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) junto aos adversários destes, os Países Aliados. Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica.
Durante o ano de 1942, em meio a incentivos econômicos e pressão diplomática, os americanos instalaram bases aeronavais ao longo da costa Norte-Nordeste brasileira. Após meses de torpedeamento de navios mercantes brasileiros o povo vai às ruas e o Governo Brasileiro declara guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, em agosto de 1942. Sendo, na época, um país com uma população majoritariamente analfabeta, vivendo no campo, com uma economia com foco principal voltado para exportação de commodities, uma política internacional tradicionalmente isolacionista com eventuais alinhamentos automáticos contra "perturbadores da ordem e do comércio internacionais", sem uma infraestrutura industrial-médico-educacional que pudesse servir de sustentação material e humana ao esforço de guerra que aquele conflito exigia[1], o Brasil não apenas se viu impedido de seguir uma linha de ação autônoma no conflito como encontrou dificuldades em assumir mesmo um modesto papel[2]. A Força Expedicionária Brasileira, por exemplo, teve sua formação definida na Conferência do Potengi, logo após a Conferência de Casablanca, mas sua criação foi protelada por um ano após a declaração de guerra.
Por fim, seu envio para a frente de batalha foi iniciado somente em julho de 1944, quase dois anos após a declaração. Tendo sido enviados cerca de 25 000 homens, de um total inicial previsto de 100 000. Mesmo com problemas na preparação e no envio, já na Itália, treinada e equipada pelos americanos, a Força Expedicionária Brasileira cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado.
Antecedentes[editar | editar código-fonte]
Em fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália, segundo os diários de Goebbels, à adesão do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático com qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potência extracontinental), o que tornava sua neutralidade apenas teórica.
De fundamental importância para que o governo brasileiro paulatinamente se alinhasse com os Estados Unidos e, consequentemente, com a causa aliada, a partir de Pearl Harbor, foram: as tentativas veladas de ingerência nos assuntos internos brasileiros por parte da Alemanha e Itália, especialmente a partir da implantação do Estado Novo; a progressiva impossibilidade, a partir do final de 1940, de manter relações comerciais estáveis e efetivas com esses países devido à pressão naval britânica e, posteriormente, americana; e a chamada política de boa vizinhança praticada pelo então presidente Franklin Delano Roosevelt, que, entre outros incentivos econômicos e comerciais, financiou a construção de uma gigantesca siderúrgica, a Companhia Siderúrgica Nacional.[3][4][5] Segundo informações da época, os Estados Unidos tinham supostamente planos para invadir a região Nordeste do Brasil, caso Getúlio Vargas insistisse em manter a neutralidade do país.[6][7]
Durante o ano de 1942, após as propostas feitas pelos EUA de financiar a construção da CSN, entre outras propostas de auxilio à economia nacional, os americanos instalaram bases aeronavais ao longo da costa Norte-Nordeste brasileira. A mais importante delas ficava no município de Parnamirim, vizinho à capital Natal, no estado do Rio Grande do Norte. Esta base, chamada de "Trampolim da Vitória", foi de especial importância para o esforço de guerra aliado antes do desembarque de tropas Anglo-Americanas no Norte da África, em novembro de 1942 na Operação Tocha.
A partir da estabilização da frente italiana em fins de 1943 e do enfraquecimento da campanha submarina alemã, as bases americanas em solo brasileiro foram sendo progressivamente desativadas ao longo de 1944-45, embora na da ilha de Fernando de Noronha os americanos tenham permanecido até 1960.[3]
A partir da estabilização da frente italiana em fins de 1943 e do enfraquecimento da campanha submarina alemã, as bases americanas em solo brasileiro foram sendo progressivamente desativadas ao longo de 1944-45, embora na da ilha de Fernando de Noronha os americanos tenham permanecido até 1960.[3]
Entrada na guerra[editar | editar código-fonte]
Apesar de meses dos torpedeamento de navios mercantes brasileiros, é apenas após o povo ir as ruas exigir a declaração de guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista, que, o Governo Brasileiro, por meio do decreto Nº 10.358, de 31 de agosto de 1942[8], reconhece o estado de guerra entre o Brasil e as potências do Eixo em agosto de 1942. Sendo na época, um país com uma população majoritariamente analfabeta, vivendo no campo, com uma economia com foco principal voltado para exportação de commodities, uma política internacional tradicionalmente isolacionista com eventuais alinhamentos automáticos contra "perturbadores da ordem e do comércio internacionais", sem uma infra-estrutura industrial-médico-educacional que pudesse servir de sustentação material e humana ao esforço de guerra que aquele conflito exigia[1], o Brasil não apenas se viu impedido de seguir uma linha de ação autônoma no conflito como encontrou dificuldades em assumir mesmo um modesto papel[2].
A Força Expedicionária Brasileira por ex. teve sua formação inicialmente protelada por um ano após a declaração de guerra. Por fim, seu envio para a frente de batalha foi iniciado somente em julho de 1944, quase 2 anos após a declaração. Tendo sido enviados cerca de 25 000 homens, de um total inicial previsto de 100 000.Mesmo com problemas na preparação e no envio, já na Itália, treinada e equipada pelos americanos, a FEB cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado.
No entanto, a participação do Brasil na guerra e a forma como a mesma se desenrolou contribuíram decisivamente para o fim do regime do Estado Novo, como já sinalizava o Manifesto dos Mineiros em 1943.
Assim, embora mais vigorosa que a participação na Primeira Guerra Mundial, considerando o jogo político e diplomático travado entre americanos e alemães pelo apoio brasileiro e os números da real contribuição tática e estratégica que o país proporcionou comparados aos de outros países aliados (a FEB, por exemplo, era apenas uma entre 20 divisões aliadas na Itália, tendo atuado num setor, embora relativamente importante, secundário na frente italiana, num momento em que esta mesma frente se tinha tornado de menor importância para ambos os lados); a modesta participação brasileira na Segunda Guerra pode no geral ser equiparada à do Japão na Primeira Guerra Mundial. Se de um lado, em termos numéricos e táticos, os brasileiros tiveram no segundo conflito mundial uma participação maior na causa aliada que os japoneses três décadas antes, por outro lado os nipônicos, entre as décadas de 1920 e 1930, souberam capitalizar melhor política e estrategicamente a nível internacional sua participação no conflito de 1914-18.
Força Aérea[editar | editar código-fonte]
Teve grande destaque o apoio oferecido pelo Brasil aos aliados, através do 1º Grupo de Aviação de Caça criado em 18 de dezembro de 1943. Após um período de treinamento em Aguadulce, no Panamá, voando o Curtiss P-40 Warhawk, onde participaram da campanha de defesa do Canal do Panamá, os pilotos brasileiros, todos voluntários, seguiram para Suffolk, onde foram apresentados ao P-47 Thunderbolt. Após a adaptação ao Republic P-47 "Thunderbolt" o grupo, que ficou conhecido como Senta a Pua! é enviado ao norte da Itália.[9]
O início das operações deu-se em 31 de outubro de 1944, no aeródromo de Tarquínia, depois mudou-se para Pisa, mais perto da linha de ação, onde o Grupo permaneceu até o fim da guerra, ficando subordinado ao 350th Fighter Group da USAAF, onde recebeu o codinome Jambock.[9]
Em 10 de fevereiro de 1945, uma esquadrilha do 1º G.Av.Ca. voltando de uma missão, descobriu uma grande concentração de caminhões, destruindo 80 deles e 3 edifícios. Em 20 de fevereiro o Grupo à FEB na conquista de Monte Castelo. Em 21 de março, mais uma vitória, no ataque a uma oficina de conserto de ferrovia, no Vale do Pó: um impacto direto destruiu quatro edifícios e no voo de regresso destruíram 3 Savoia-Marchetti SM.79, no Campo de Galarate.[9]
O Grupo era constituído inicialmente por 4 esquadrilhas, nas cores vermelha (letra A pintada no avião), amarela (B), azul (C) e verde (D). Posteriormente, devido ao grande número de baixas na esquadrilha Amarela, passaram a ser apenas três. As missões dadas aos brasileiros envolviam ataque a pontes, depósitos de munição e veículos de transporte, não havendo problemas quanto à superioridade aérea nessa região, em poder dos aliados, sendo a grande preocupação a artilharia antiaérea.[9]
Entre os oficiais pilotos que exerceram atividades aéreas no Grupo, no total de 48, houve 22 baixas, além de mais 4 oficiais, vítimas de acidentes de aviação:[9]
- 5 mortos em combate, abatidos pela artilharia antiaérea inimiga.
- 8 abatidos pela artilharia antiaérea inimiga e feitos prisioneiros.
- 6 afastados do serviço por prescrição médica em virtude de esgotamento físico.
- 3 mortos em acidentes de aviação.
Pós-guerra[editar | editar código-fonte]
Segundo o historiador Frank McCann,[10] o Brasil foi convidado a integrar a força de ocupação da Áustria.[11]
No entanto, mal terminada a guerra, temendo uma possível capitalização política da vitória aliada por membros da FEB, dada a contribuição desta à mesma, mesmo que modesta, decidiu o governo brasileiro desmobilizá-la oficialmente ainda em solo italiano.[12]
A seus membros, no retorno ao país, foram impostas restrições, os veteranos não militares (que deram baixa ao retornar) foram proibidos de utilizar em público condecorações ou peças do vestuário expedicionário, enquanto os (veteranos militares) profissionais foram transferidos para regiões de fronteira ou distantes dos grandes centros.
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